quinta-feira, 15 de setembro de 2022

VOCÊ INVESTE NO MATERIAL OU NO ESPIRITUAL? - SHABAT SHALOM M@IL - PARASHÁ KI TAVÔ 5782

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MENSAGEM DA PARASHÁ KI TAVÔ

 
ASSUNTOS DA PARASHÁ KI TAVÔ
  • Primeiros Frutos (Bikurim).
  • Declaração pela separação dos Dízimos.
  • Relacionamento de D'us e o povo judeu.
  • O novo pacto: as pedras escritas.
  • Tornando-se uma Nação.
  • A Brachá e a Klalá.
  • A Brachá pela obediência.
  • A Klalá pela desobediência.
  • O Pacto.
  • O discurso final de Moshé.
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VOCÊ INVESTE NO MATERIAL OU NO ESPIRITUAL? - PARASHÁ KI TAVÔ 5782 (16/set/22)

Helena preparou sua mala por muito tempo, mas sua partida foi repentina. Chegando ao seu destino, foi parada na imigração, onde um homem bem vestido questionou sobre o conteúdo da mala. Helena abriu a mala e o homem retirou vestidos e sapatos, todos de grifes famosas, e entregou a uma auxiliar. Ele informou que naquele lugar elas não teriam utilidade. Ela vestiria apenas o que havia construído na vida com suas atitudes.

O homem então tirou da mala dois Iphones, um tablet e um notebook, e também entregou à sua auxiliar, explicando que ali não havia sinal de internet nem de telefone. A comunicação dependia do tipo de pessoa que cada um foi na vida.

O homem continuou sua revista e encontrou duas caixas cheias de maquiagens e cremes. Também entregou à auxiliar, para que ela se desfizesse do material. Helena ficou desesperada, pois como faria para parecer jovem? O homem informou que isso dependeria da pureza de sua alma.

Então, ele tirou da mala uma pasta cheia de papéis. Helena explicou que eram os contratos dos seus bens. Mansões, fazendas e carros importados. O homem explicou que naquele lugar os contratos não valiam nada e jogou os papéis no lixo. Helena ficou desesperada, sem saber onde iria morar. O homem respondeu que o lugar onde ela moraria dependia de como ela havia tratado seus familiares.

O homem pegou três porta-joias. Eram milhões em ouro e pedras preciosas, mas o homem explicou que naquele lugar o conceito de "precioso" tinha outro significado. Ele, então, pegou um pacote cheio de dinheiro e disse que naquele lugar a moeda era outra. Aqueles milhões não valiam nada agora. O homem jogou todo aquele dinheiro na lata do lixo. Como a mulher se sustentaria? De acordo com sua riqueza de espírito.

O homem, então, percebeu que a mala estava vazia. Faltavam algumas coisas básicas para sobrevivência naquele novo local, como amor ao próximo e arrependimento. Helena ficou revoltada. Havia feito de tudo para conseguir construir seu patrimônio. Aturou pessoas insuportáveis, abdicou de sua família e investiu quase toda a sua vida, e agora aquele homem dizia que de nada valeu! Ficou ainda mais irritada quando escutou que naquele lugar os valores que importavam eram os valores morais. Perguntou que lugar era aquele. O homem apontou para uma placa no caminho, que dizia: "Bem-vindos ao Céu".

Foi então que Helena caiu aos prantos. Ela conseguiu entender que mais do que um corpo bonito é preciso ter uma alma bela, e mais importante do que ter muito dinheiro é não ser pobre de espírito, pois, quando partimos dessa vida, o que vai com a gente não é o que carregamos no bolso, e sim no coração.

Nesta semana lemos a Parashá Ki Tavô (literalmente "Quando vocês vierem"), que traz os últimos ensinamentos de Moshé, inclusive a repetição das Brachót e Klalót (maldições) que já haviam sido ensinadas na Parashá Bechukotai. Mas há algo muito interessante nesta repetição, pois Moshé nos acrescenta um motivo pelo qual estas Klalót podem recair sobre o povo judeu: "Pelo fato de vocês não terem servido a Hashem, teu D'us, com alegria e bom coração, mesmo com fartura" (Devarim 28:47). É compreensível alguém não conseguir fazer bem seu serviço espiritual em épocas de dificuldade, mas as épocas de tranquilidade e fartura são momentos de cobrança. Como fazemos para alcançar este nível elevado de servir a D'us com alegria?
 
A resposta está em um profundo ensinamento do Rabeinu Yona zt"l (Espanha, século 12) , em seu livro "Shaarei Teshuvá". Assim ele escreve: "E saibam que a alma do perverso, cujo desejo em vida são as coisas do corpo, cujo desejo é separado do serviço ao Criador e removido de suas raízes, descerá em sua morte ao solo, ao lugar do seu desejo. E seu destino será como a natureza do solo, isto é, descer e não subir". A que tipo de perverso o Rabeinu Yona se refere?

Explica o Rav Elyahu Lopian zt"l (Polônia, 1876 - Israel, 1970) que, se pararmos para refletir, perceberemos que certamente o Rabeinu Yona não está se referindo aos Reshaim Gmurim (completamente perversos), aqueles que absolutamente não se ocupam do Serviço a D'us, pois sobre eles é desnecessário se alongar e descrever seu triste fim. As palavras do Rabeinu Yona se referem às pessoas que podemos nos enganar em relação a elas e pensar que são pessoas retas, por se tratarem de pessoas que cumprem Mitzvót e rezam três vezes por dia. Apesar de servirem a D'us, fazem isso na categoria de "Mitzvót Anashim Melumadá", isto é, no "piloto automático". Elas rezam, cumprem Mitzvót e estudam Torá da mesma maneira que faziam em sua infância. Da mesma forma que naquela época só pensavam em diversões e vanidades, e cumpriam as Mitzvót apenas pelo medo do castigo ou para rapidamente tirar o "peso" das costas, assim continuam pelo resto de suas vidas. São pessoas que continuam focando apenas nas diversões, ocupadas com as vanidades do mundo material, e apenas ocasionalmente fazem Mitzvót e bons atos. Suas Tefilót e Brachót são feitas sem nenhuma atenção e Kavaná, apenas como um hábito, uma segunda natureza.

Viver a vida em "piloto automático" infelizmente nos tira da categoria de seres humanos. Animais também podem ser ensinados e adestrados para executar diferentes atividades. Do ser humano, o ápice de toda a criação, espera-se muito mais do que isso. Por ser o único que pode escolher entre o bem e o mal, é exigido que um ser humano faça seus atos de forma pensada, sem ser movido apenas pelo hábito.
 
Porém, talvez a pior faceta daquele que cumpre as Mitzvót apenas pelos hábitos é que, no momento em que ele se dedica à Torá e às Mitzvót, o faz sem vontade e atenção. Porém, os assuntos do mundo material, como comida, bebida e outros prazeres, recebem sua atenção total. Enquanto no mundo espiritual esta pessoa se contenta com pouco, em relação ao mundo material ela se esforça, nos seus pensamentos e atos, para chegar ao máximo. Cada aquisição material é comemorada. As joias, carros e propriedades são seu objetivo de vida, e neles ele investe de forma incansável. É a isso que se refere o Rabeinu Yoná ao dizer "E saibam que a alma do perverso, cujo desejo em vida é pelas coisas do corpo, cujo desejo é separado do Serviço ao Criador".

A criação do ser humano se assemelha a uma árvore que nasceu a partir de uma semente enterrada no solo. Quando D'us criou o ser humano, "plantou" dentro do seu corpo material, feito do pó da terra, uma alma. Enquanto o corpo material tem suas raízes conectadas com a terra, a alma tem suas raízes conectadas com os mundos superiores, os mundos espirituais. Portanto, o ser humano está conectado a dois opostos. Quando ele se comporta de maneira adequada, de acordo com os ensinamentos da Torá, ele reforça suas raízes espirituais, e as raízes materiais praticamente se anulam. A pessoa se eleva e a fonte da sua vitalidade e dos seus prazeres é o mundo espiritual. Porém, quando a pessoa se inclina para o lado material, ela enfraquece suas raízes espirituais, que acabam se anulando perante as raízes materiais, e os únicos desejos passam as ser os prazeres materiais. Desta forma, as atividades espirituais serão feitas sem nenhuma vontade nem vitalidade, e a pessoa não sentirá nenhum prazer com elas.
 
Normalmente este perverso acaba tropeçando em transgressões graves e, com isso, acaba causando uma interrupção total entre as raízes da sua alma e os mundos superiores. É a isso que a Torá se refere quando fala sobre o castigo de "Caret", que significa literalmente "corte", e se refere a um desligamento espiritual. E pelo fato de ter se desconectado do mundo espiritual, fortalece ainda mais o envolvimento com o mundo material.
 
A pessoa que anda por um caminho reto, conectado de forma forte e consistente com suas raízes espirituais, pelo fato de lá ser "o lugar da força e da alegria" (Divrei Haiamim 16:27), estará sempre imersa em alegrias, em especial nos momentos em que estiver servindo a D'us, através do estudo da Torá, da Tefilá ou do cumprimento das Mitzvót, como nos ensinou David HaMelech: "Os comandos de D'us são corretos e alegram o coração" (Tehilim 19:9). Já o contrário acontece com aqueles que se afundam no mar dos desejos materiais, pois desta maneira eles se desconectam das raízes espirituais. Estas pessoas nunca conseguirão saciar seus desejos, e estarão sempre imerso em tristeza e descontentamento, por não ter alcançado o que tanto buscavam e pela preocupação com as coisas que desejam alcançar no futuro.
 
A alegria é adquirida através da Emuná, pois é a Emuná que nos conecta com D'us. Quando a pessoa confia plenamente em D'us, não tem mais motivos para se preocupar com o futuro nem sofrer pelo passado. Portanto, aqueles que estão conectados com D'us vivem com serenidade, todos os dias de suas vidas, mesmo nos momentos em que surgem dificuldades.
 
O que deve fazer alguém que já caiu nas redes dos desejos e do Yetser Hará (má inclinação)? Nossos sábios já nos ensinaram a solução: "E disse D'us ao povo judeu: 'Eu criei o Yetser Hará, e Eu criei a Torá como um antídoto contra ele'". O estudo da Torá conserta as raízes que foram desconectadas, como está escrito: "Pois o Seu orvalho é um orvalho de luzes" (Yeshayahu 26:19). O Talmud (Ketubót 111b) aprende deste versículo que todo aquele que utiliza a luz da Torá, a luz da Torá o revive. Se mesmo depois da morte a luz da Torá tem força para reviver os mortos, muito mais reviver aqueles que ainda estão vivos. É apenas através da Torá que a pessoa reconstrói suas conexões espirituais e dá de volta à sua alma a verdadeira vitalidade. 

SHABAT SHALOM - QUE SEJAMOS INSCRITOS E SELADOS NO LIVRO DA VIDA 

R' Efraim Birbojm

 
Este E-mail é dedicado à Refua Shlema (pronta recuperação) de: Chana bat Rachel, Pessach ben Sima.
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Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Ben Tzion (Benjamin) ben Shie Z"L e Frade (Fany) bat Efraim Z"L, que lutaram toda a vida para manter acesa a luz do judaísmo, principalmente na comunidade judaica de Santos. Que possam ter um merecido descanso eterno.
 
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Meir ben Eliezer Baruch Z"L e Shandla bat Hersh Mendel Z"L, que nos inspiraram a manter e a amar o judaísmo, não apenas como uma idéia bonita, mas como algo para ser vivido no dia-a-dia. Que possam ter um merecido descanso eterno.
 
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de minha querida e saudosa tia, Léa bat Meir Z"L. Que possa ter um merecido descanso eterno.
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