quinta-feira, 7 de agosto de 2014

SHABAT SHALOM M@IL - PARASHÁ VEETCHANAN 5774

BS"D

CUIDADOS COM O PRÓXIMO - PARASHÁ VEETCHANAN 5774 (08 de agosto de 2014)

"Certa vez um "Shochet" (açougueiro judeu, que faz o abate de acordo com as leis de Kashrut) procurou o Rav Chaim Soloveitchik (Bielorússia, 1853 - 1918), um grande sábio de Torá, pois estava com dúvidas em relação ao abate de um animal e queria que o rabino decidisse se, de acordo com a Halachá (Lei judaica), a carne estava permitida ao consumo. Após analisar bem o caso, o rabino chegou à conclusão de que o animal não estava Kasher. O parecer do Rav Chaim Soloveitchik causou um enorme prejuízo ao Shochet, mas ele aceitou com serenidade a decisão do rabino e não se queixou de sua enorme perda.

Poucos meses depois, o mesmo Shochet se envolveu em uma disputa monetária com outro judeu e ambos foram procurar o Rav Chaim Soloveitchik para escutar seu parecer. O rabino escutou os dois lados com atenção e deu um veredicto desfavorável ao Shochet. Apesar da quantia em questão ser bem menor do que o prejuízo anterior, desta vez o Shochet ficou furioso, chegando até mesmo a insultar o rabino.

Uma pessoa que havia presenciado os dois casos estranhou o fato de o Shochet ter ficado tranquilo da primeira vez, quando houve um enorme prejuízo, mas ter perdido a cabeça da segunda vez, quando havia muito menos dinheiro envolvido. O Rav Chaim Soloveitchik explicou:

- É muito simples. Desta vez ele "perdeu" o julgamento para alguém. O que incomodou não foi a perda financeira, mas o fato dele ter sido "derrotado" por outra pessoa" (História Real).

É interessante perceber o quanto é difícil a área dos relacionamentos humanos. É muito fácil tropeçar em transgressões que envolvem outras pessoas, e por isso temos que tomar muito cuidado.

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Na Parashá desta semana, Veetchanan, os 10 Mandamentos entregues por D'us ao povo judeu no Monte Sinai são novamente repetidos. Nossos sábios explicam que D'us entregou os 10 Mandamentos em duas tábuas para separá-los em categorias. Em uma das tábuas D'us colocou os Mandamentos que são "Bein Adam LaMakom" (entre o ser humano e D'us), como não fazer idolatria e cumprir o Shabat, e na outra tábua Ele colocou os Mandamentos que são "Bein Adam Lehaveiró" (entre o ser humano e seu companheiro), como não matar, não roubar e não cobiçar.

A Torá descreve que as duas tábuas, quadradas, eram exatamente do mesmo tamanho. Porém, a escrita não era igual dos dois lados. Observando os versículos da Parashá nos quais os Mandamentos estão escritos, percebemos que os Mandamentos "Bein Adam LaMakom" são muito mais extensos, isto é, utilizam muito mais palavras do que os Mandamentos "Bein Adam Lehaveiró". Portanto, para preencher o espaço das tábuas, as letras utilizadas nos Mandamentos "Bein Adam Lehaveiró" precisavam ser muito maiores dos que as letras utilizadas nos Mandamentos "Bein Adam LaMakom".

Explica o Rav Moshé MiTrani (Grécia, 1505 - Israel, 1585), mais conhecido como Mabit, que D'us poderia ter enunciado os 10 Mandamentos da maneira que quisesse. Portanto, se Ele fez desta maneira, é porque intencionalmente queria nos transmitir alguma informação muito importante. Ao escrever as letras dos Mandamentos "Bein Adam LeHaveiró" maiores, D'us queria que estes Mandamentos ficassem mais destacados e fossem mais visíveis do que os Mandamentos "Bein Adam LaMakom". Mas por que esta diferença? As duas áreas não são igualmente importantes para chegarmos à perfeição? Então por que dar mais destaque aos Mandamentos "Bein Adam LeHaveiró"?

Responde o Mabit que certamente é muito importante estarmos sempre nos esforçando no nosso relacionamento com D'us, mas na área do relacionamento entre as pessoas temos um Yetser Hará (má inclinação) muito mais forte e, por isso, é necessário dar muito mais atenção às Mitzvót "Bein Adam LeHaveiró". Este conceito é reforçado por um ensinamento do Talmud (Baba Batra 165a), que afirma que "uma maioria tropeça nas transgressões de roubo, uma minoria tropeça nas transgressões de relações ilícitas, e todos tropeçam na transgressão de "Avak Lashon Hará" (literalmente "pó de Lashon Hará", uma forma mais sutil de fala difamatória)". Isto quer dizer que naturalmente as pessoas se cuidam mais das transgressões "Bein Adam LaMakom", como é o caso das relações ilícitas, mas não se cuidam das transgressões "Bein Adam LeHaveiró", como o roubo e o Lashon Hará. Mas por que isso acontece? Por que as pessoas estão mais propensas a tropeçar na área de "Bein Adam LeHaveiró" do que na área de "Bein Adam LaMakom"? Por que o Yetser Hará é tão forte na área dos relacionamentos humanos?

Uma possível resposta está baseada em um dos ensinamentos do Rabino Eliahu (Lituânia, 1720 - 1797), mais conhecido com Gaon MiVilna, que afirma que nossas Midót (traços de caráter) influenciam muito a nossa espiritualidade. Ele ensina que cada Mitzvá que fazemos deriva de um traço de caráter positivo, enquanto cada transgressão que fazemos deriva de um traço de caráter negativo. Isto não quer dizer que alguém que tem Midót negativas não consegue cumprir Mitzvót. Por exemplo, alguém com um mau temperamento, que estoura com facilidade, não necessariamente será prejudicado por seu traço de caráter negativo no cumprimento do Shabat, de Kashrut e de outras Mitzvót "Bein Adam LaMakom". Porém, os traços de caráter negativo certamente prejudicam de maneira expressiva na área de "Bein Adam LeHaveiró". A mesma pessoa com mau temperamento, quando perde a calma com outra pessoa e levanta a voz de forma inapropriada, provavelmente estará cometendo a transgressão de "Onaat Devarim" (machucar o próximo com palavras ofensivas). Se fizer isto na frente dos outros, estará ainda cometendo a gravíssima transgressão de envergonhar o próximo em público. Outro exemplo é a característica negativa de "Ain Raá" (focar o lado negativo das pessoas). Aquele que não se esforça para melhorar nesta característica tão negativa certamente poderá rezar três vezes por dia com fervor ou estudar Torá, mas provavelmente tropeçará na Mitzvá de julgar os outros favoravelmente. Isto quer dizer que, enquanto as Mitzvót "Bein Adam LaMakom" são pouco afetadas por algumas Midót ruins, as Mitzvót "Bein Adam Lehaveiró" são diretamente influenciadas e prejudicadas por elas.

Além disso, mesmo aqueles traços de caráter negativos que dificultam e prejudicam o cumprimento das Mitzvót "Bein Adam LaMakom" certamente também causam efeitos negativos nas Mitzvót "Bein Adam Lehaveiró". Por exemplo, uma pessoa preguiçosa pode perder várias oportunidades de cumprir Mitzvót "Bein Adam LaMakom". Por sua tendência de deixar tudo para depois, ela pode perder o horário das Tefilót (rezas), pode acabar se "esquecendo" de colocar o Tefilin e pode acabar desprezando muitas outras Mitzvót. Porém, este traço de caráter negativo também causa danos aos seus relacionamentos pessoais. A pessoa que é preguiçosa certamente falhará em cumprir suas obrigações domésticas, causando problemas em seus relacionamentos. Outro exemplo é a característica do desejo desenfreado, que normalmente causa problemas em Mitzvót "Bein Adam LaMakom", mas também compromete os relacionamentos humanos. Um marido que é excessivamente ligado à comida, por exemplo, pode se comportar de uma maneira inadequada com sua esposa caso ela lhe sirva alguma comida que não o agrade, ofendendo-a com palavras grosseiras e tropeçando na transgressão de "Onaat Devarim".

Isto nos ajuda a entender por que temos um Yetzer Hará tão forte em relação aos nossos relacionamentos com as outras pessoas. Os nossos traços de caráter negativos nos fazem tropeçar nestes tipos de transgressão, enquanto é quase natural tomarmos mais cuidado com as Mitzvót "Bein Adam LaMakom". Por exemplo, dificilmente encontraremos pessoas mais religiosas que desprezam o jejum de Yom Kipur ou a proibição de comer Chametz em Pessach. Porém, infelizmente acaba sendo comum ver estas mesmas pessoas tropeçarem em seus relacionamentos com o próximo. Por isso, precisamos de esforços e cuidados extras nas Mitzvót "Bein Adam LeHaveiró". E como a principal fonte destes tropeços são os nossos traços de caráter negativos, como o nervosismo, a inveja e a tendência de julgar os outros para o mal, precisamos nos concentrar em vencê-los.

Apesar de ser difícil, mudar traços de caráter negativos é possível. O Rav Shmuel Eliezer Halevi Eidels (Polônia, 1555 - 1632), mais conhecido como Maharsho, explica que a afirmação do Talmud de que "todos tropeçam na transgressão de Avak Lashon Hará", se refere apenas às pessoas que não se esforçam para melhorar nesta área. Porém, todo aquele que se esforça em melhorar seus traços de caráter, com esforço e constância, certamente conseguirá superar seu Yetzer Hará e se tornará uma pessoa verdadeiramente completa.

SHABAT SHALOM

Rav Efraim Birbojm

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