sexta-feira, 25 de março de 2011

SHABAT SHALOM M@IL - PARASHÁ SHEMINI 5771

BS"D
 
SILÊNCIO DOS JUSTOS - PARASHÁ SHEMINI 5771 (25 de março de 2011)
 
"O Rav Eliahu Dovid Rabinowitz foi um grande rabino que viveu nos meados de 1800 e chegou a ser o Rabino Chefe de Jerusalém. Ele era muito conhecido por sua pontualidade e costumava ficar extremamente incomodado quando as pessoas não cumpriam os horários que haviam sido estabelecidos para algum evento.
 
Infelizmente o Rav Eliahu passou por uma grande desgraça familiar. Sua filha faleceu em uma idade muito jovem, pouco depois de se casar. Mas nunca ninguém escutou de sua boca uma única palavra de lamentação ou inconformismo com a vontade de D'us. Ao contrário, ele continuou por toda a vida com seu trabalho espiritual sem nunca perder o entusiasmo.
 
Mas o mais impressionante ocorreu no dia do enterro de sua filha. O Chevra Kadisha, sabendo da pontualidade do Rav Eliahu, deixou tudo pronto para que o enterro ocorresse exatamente no horário pedido pela família. Porém, quando chegou o horário, o Rav Eliahu entrou em uma sala, se trancou por 20 minutos e somente depois disso saiu e fez um sinal para que a cerimônia continuasse. Alguns dias depois ele explicou aos seus familiares o motivo do atraso no enterro:
 
- A lei judaica nos ensina a bendizer as coisas ruins com o mesmo entusiasmo que bendizemos as coisas boas. No momento em que o enterro ia começar, eu sabia que teria que dizer a Brachá "Baruch Daian HaEmet" (Bendito é o Juiz da verdade), mas senti que não estava pronto para dizer a Brachá com todo o coração. Então eu me fechei por algum tempo em uma sala e tentei lembrar e sentir novamente a alegria que eu senti quando minha filha havia nascido. Somente depois disso, sentindo o mesmo sentimento, eu fiz a Brachá "Baruch Daian HaEmet", reconhecendo que tudo o que D'us faz é para o nosso bem"
 
Há pessoas que, mesmo no auge da dor, conseguem superar e vencer o desânimo. Isto é apenas possível quando colocamos no coração que tudo o que D'us faz é para o nosso bem, mesmo quando não entendemos.
 
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Na Parashá desta semana, Shemini, o povo judeu ainda estava festejando a inauguração do Mishkan quando uma grande tragédia se abateu sobre Aharon, o Cohen Gadol (Sumo Sacerdote). Dois de seus filhos, Nadav e Avihu, que eram Cohanim, trouxeram uma oferenda de incenso que D'us não havia pedido e morreram imediatamente. Como a Torá descreve a reação de Aharon a esta tragédia? "E Aharon silenciou" (Vayikrá 10:3). Alguns versículos depois D'us apareceu para Aharon e ensinou uma lei de conduta dos Cohanim, que não podiam se embebedar antes de entrar para realizar os serviços sagrados.
 
Ficam algumas perguntas sobre este evento trágico. Se a grande maioria das Mitzvót foram ensinadas através de Moshé, por que justamente agora D'us escolheu ensinar esta através de Aharon? Além disso, será que este era o melhor momento para D'us ensinar algo a Aharon, quando ele estava provavelmente arrasado pela morte dos filhos? E finalmente, qual a relação entre o ensinamento da Mitzvá com o silêncio de Aharon?
 
A Torá, em várias ocasiões, nos ensina a importância da alegria em todos os momentos da vida, mesmo quando passamos por dificuldades. Por exemplo, Yaacov Avinu foi um dos maiores profetas do povo judeu e por diversas vezes a Torá descreve D'us falando diretamente com ele. Porém, durante os 22 anos em que seu Yossef esteve no Egito e Yaacov não sabia o que havia acontecido com seu filho, D'us não apareceu para Yaacov. Por que? Pois a presença de D'us só repousa sobre aqueles que estão felizes. Como Yaacov passou estes 22 anos imerso em sofrimento e tristeza, D'us não se revelou para ele durante todo este período.
 
Mas se este conceito da presença de D'us não repousar sobre quem está imerso em tristeza está correto, como pode ser que D'us falou diretamente com Aharon logo depois do falecimento de dois de seus filhos?
 
Um conceito difícil para o ser humano entender racionalmente é que esta vida é apenas algo passageiro e que a vida verdadeira vem depois da separação do nosso corpo e alma. Mas D'us nos deu um modelo onde podemos enxergar este conceito. Se observarmos a gestação de um bebê, é óbvio que ele não foi criado para viver apenas dentro do ventre, pois se fosse este o propósito, para que serviriam seus órgãos e membros? Por exemplo, para que servem seus olhos, se ele nada vê? Para que serve sua boca, se ele não fala nem se alimenta? Para que serve seu nariz, se ele não consegue sentir nenhum cheiro? Sabemos que a gestação é apenas uma preparação para a vida verdadeira fora do útero. Todos os órgãos estão em formação para serem utilizados no momento em que o bebê sair. O mesmo ocorre em nossas vidas. Para que D'us colocou dentro de nós uma alma espiritual? O que ela nos acrescenta na nossa vida material? Nada. Isto é uma prova de que esta vida é apenas uma preparação para a vida verdadeira e infinita, que virá após a morte. É por isso que não comemoramos a data de nascimento dos grandes Tzadikim, somente o Yortzait (data de falecimento), pois o nascimento é o início de uma vida temporária, enquanto o falecimento é o início da nossa vida verdadeira.
 
Mas passar pelo teste de perder parentes não é um teste fácil. É necessário uma preparação e uma claridade muito grandes. Explica Rashi, comentarista da Torá, que o silêncio de Aharon foi uma demonstração de grandeza. E por este ato ele mereceu uma recompensa: em seu nome foi ensinada uma importante lei para todas as gerações do povo judeu. E por que D'us escolheu ensinar esta lei justamente neste momento difícil para Aharon? Para nos mostrar que o silêncio de Aharon não foi pelo choque da perda e sim por ter recebido o decreto de D'us com amor. Não foi um silêncio de tristeza, foi um silêncio de aceitação da vontade de D'us sem questionamentos. Aharon foi recompensado por ter chegado neste nível muito elevado, por ter passado neste teste tão difícil. Seu silêncio mostrou seu verdadeiro potencial.
 
Para nós parece um nível sobre-humano conseguir chegar a esta tranqüilidade em momentos de tamanho sofrimento. Como Aharon conseguiu chegar neste nível? Através de uma reflexão profunda sobre o propósito da vida neste mundo ele conseguiu chegar ao reconhecimento pleno da imortalidade da alma. Por isso ele entendia que não há motivos para tristeza quando alguém parte deste mundo.
 
Este conceito também aparece em outro versículo da Torá que fala sobre luto: "Vocês são filhos de Hashem, teu D'us. Não causem cortes em si mesmos e não arranquem o cabelo entre seus olhos por um morto" (Devarim 14:1). A Torá proíbe atos de desespero quando passamos por uma situação de perda de um ente querido. Mas por que o versículo começa com as palavras "vocês são filhos de Hashem"? Pois a forma de conseguirmos consolo e tranquilidade é refletir que somos filhos de D'us, e que Ele nos ama mais do que um pai ama seu filho. Da mesma forma que um pai sempre busca o bem de seu filho, não devemos nos desesperar pela perda de um ente querido ao ponto de causar ferimentos em nós mesmos, pois tudo o que Ele nos faz é para o nosso bem. E mesmo se não entendemos Seus atos, somos como filhos pequenos que não entendem os atos de seus pais, mas confiam neles. Devemos confiar em D'us, pois Ele nos criou apenas por amor.
 
D'us nos garantiu que nossa alma é infinita e, no momento em que sai deste mundo, volta para perto Dele. Por isso não há sentido algum em se desesperar, mesmo quando, D'us nos livre, pessoas partem deste mundo ainda jovens. Há Alguém, de bondade infinita, supervisionando tudo o que acontece. Alguém que nos ama mais do que amamos a nós mesmos, Alguém que sabe e vê coisas que nós não sabemos ou vemos.
 
O versículo da Torá proíbe o desespero, mas não proíbe o choro por uma perda. Por que? Pois o choro é uma reação natural que ocorre com a separação temporária entre pessoas que se amam. Quando o filho está no aeroporto, pronto para embarcar para seus estudos na Universidade de Harvard, a mãe chora sem parar. Por mais que ela sabe que será bom para o filho, que todo o futuro dele será melhor justamente por este passo que ele está dando, mesmo assim a dor da separação é grande. Segundo o Ramban (Nachmanides), aquele que tem Emuná (fé) verdadeira em D'us sabe que a morte é apenas uma passagem para um mundo melhor. O choro é apenas pela separação temporária.
 
Pedimos todos os dias para que D'us não nos mande testes. Mas devemos estar sempre prontos, colocando no coração que tudo o que Ele faz é para o nosso bem, mesmo quando, por nossa limitação, não conseguimos enxergar ou entender.
 
"Quando a pessoa nasce, ela está chorando, mas todos em volta estão rindo. Quando a pessoa morre, todos em volta estão chorando, mas ela está rindo"
 
SHABAT SHALOM
 
Rav Efraim Birbojm
 
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