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PACOTE SOB MEDIDA – PARASHÁ VEETCHANAN 5770 (23 de julho de 2009)
"Um marceneiro muito competente decidiu contratar um aprendiz. O rapaz era muito esforçado e aprendia rapidamente a nova profissão. O que mais lhe encantava era a serra que o marceneiro utilizava para cortar as grandes tábuas de madeira em pequenos pedaços, com os quais fazia lindos móveis. Era uma serra simples e barata, mas que realizava com perfeição os cortes necessários.
Certo dia, o aprendiz estava passando pela rua e, diante de uma joalheria, viu um homem lapidando com perfeição um lindo diamante utilizando uma pequena serra. Encantado, ele entrou e começou a perguntar sobre aquela maravilhosa serra. Descobriu que era um instrumento de precisão, muito valioso. A partir desse dia seu sonho era comprar uma serra daquelas. Ele estava muito agradecido pelos ensinamentos que recebia do marceneiro e por isso desejava retribuir de alguma maneira. Desejou com todas as suas forças contribuir para que o marceneiro pudesse ter uma serra daquelas na sua oficina.
Todos os meses o aprendiz separava uma parte do seu salário e guardava em uma caixinha embaixo da cama. Até que finalmente conseguiu, depois de muitos meses, juntar o dinheiro necessário para comprar uma serra igual à do joalheiro.
Quando o marceneiro chegou para trabalhar no dia seguinte, imediatamente notou que sua serra havia desaparecido. Desesperado, ele perguntou ao aprendiz se ele sabia algo sobre a serra. O aprendiz, abrindo um grande sorriso, contou que havia vendido a serra. O marceneiro quase desmaiou ao escutar estas palavras. Com o rosto vermelho de raiva, pediu explicações imediatas ao rapaz. O aprendiz não perdeu a calma, mostrou a serra que havia comprado e explicou:
- Não fique bravo, você vai se orgulhar de mim. Você não vai mais precisar usar aquela serra simples e barata. Por muitos meses eu juntei dinheiro e finalmente consegui trocar aquela serra simples e grosseira por esta serra de precisão, igual à dos joalheiros. Seu trabalho, que já era maravilhoso, agora vai ficar melhor ainda.
O marceneiro não conseguia acreditar no que seus ouvidos escutaram. Irritado, ele falou:
- Seu tolo, você não entende que existe uma serra específica para cada profissão? De que me adianta esta serra de precisão, que é caríssima, se ela corta apenas diamantes? Ao contrário, a minha serra, apesar de ser simples e barata, faz o trabalho que eu necessito com perfeição. Você não me fez um favor, você acabou me causando um grande prejuízo!"
Este é o erro que cometemos quando desejamos que nossa vida fosse diferente. Gostaríamos de ter mais dinheiro, um carro como o do vizinho, uma casa como daquele ator de cinema. Mas precisamos saber que cada um recebe um "pacote" específico e, se fosse diferente, não apenas não seria bom, mas na realidade nos atrapalharia no nosso trabalho espiritual.
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Na Parashá desta semana, Veetchanan, a Torá traz um dos versículos que nunca abandonou a boca do povo judeu, mesmo nos momentos de maior dificuldade: o "Shemá Israel" ("Escute, Israel. Hashem é o nosso D'us, Hashem é um"), que contém a afirmação da nossa crença em um D'us único que nunca nos abandonará. E assim diz a continuação do versículo: "E amarás a Hashem, teu D'us, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas posses" (Devarim 6:5).
Nos ensina o Midrash (parte da Torá Oral) que deste versículo aprendemos que amar a D'us é um ato incondicional, isto é, se refere tanto aos momentos bons quanto aos momentos ruins e, portanto, mesmo quando nos acontece algo ruim devemos receber isto com alegria. Mas como pode alguém que passa dificuldades receber isto com alegria? Como pode alguém cujo sustento vem com tremendas dificuldades ou quem passa por duros sofrimentos amar incondicionalmente D'us? Além disso, por que está escrito "teu coração" e "tua alma" e não apenas "E amarás a Hashem, teu D'us, com todo coração e toda alma"?
Nos ensina o rabino Israel Meir HaCohen, mais conhecido como Chafetz Chaim, que passamos a vida pensando "Não seria mal se eu tivesse um pouco mais". Mas quem nos garante que não seria mal? Nos últimos anos tivemos alguns exemplos de que ter mais do que temos atualmente pode ser catastrófico. Vários acertadores de sorteios milionários tiveram fins trágicos. Um deles, que era paraplégico, foi assassinado pela própria esposa, que estava mais interessada na herança milionária do que na felicidade matrimonial. Outro ganhador também foi assassinado pouco depois de ter se tornado milionário. E um recente ganhador quase foi assassinado pelo próprio pai. Vemos que junto com os milhões de reais eles receberam também várias maldições. Se eles pudessem ver o filme de suas vidas no futuro, não estariam mais contentes com o que tinham antes?
Por que questionamos tanto a bondade de D'us? Pois temos uma visão muito limitada. Esquecemos que nossas vidas estão nas mãos de um Criador bondoso que tem controle sobre tudo o que acontece. Ele poderia mandar para cada um de nós alguns milhões a mais, mas Ele sabe o que cada um realmente necessita. Nossa passagem neste mundo não é um passeio. Não viemos para o "Carpe Diem", o conceito grego de aproveitar os prazeres físicos a qualquer custo, filosofia atualmente adotada por muitas na nossa sociedade ocidental. Viemos para um trabalho espiritual. Cada um de nós tem um "conserto" espiritual específico e D'us é o único que conhece a alma de cada uma de suas criaturas e, portanto, sabe exatamente o que cada um precisa. Cada um necessita passar por testes diferentes para conseguir, ao vencer as dificuldades, completar seu trabalho espiritual neste mundo. Por exemplo, enquanto alguns precisam passar pelo teste da pobreza, outros precisam passar pelo teste da riqueza.
Com certeza qualquer um diria que o teste mais difícil é o da pobreza. Mas Shlomo Hamelech (Rei Salomão), o mais sábio de todos os homens, nos ensina exatamente o contrário. O teste da pobreza é muito difícil, mas as dificuldades aproximam a pessoa de D'us, pois nos momentos de desespero clamamos por Sua ajuda e nos voltamos a Ele. Já o teste da riqueza é muito mais difícil, pois a pessoa sente que não precisa mais de D'us em sua vida e se afasta cada vez mais Dele. A riqueza pode afastar muito mais a pessoa de seu propósito espiritual do que a pobreza.
Nos ensina o Pirkei Avót (Ética dos Patriarcas): "Quem é o rico? Aquele que está contente com sua porção". Por que está escrito "contente com sua porção" e não está escrito "contente com o que tem"?
Pois cada pequeno detalhe da vida da pessoa é minuciosamente escolhido por D'us, esta é a sua "porção", a ferramenta que ele, e somente ele, necessita para o seu trabalho de conserto espiritual. O que o vizinho tem não serve para ele. É por isso que, segundo o judaísmo, a inveja é uma tolice tão grande, pois de que adianta desejar algo que não serve para o nosso trabalho espiritual? Rico é aquele que está contente com sua porção, com seu "pacote", que contém coisas boas e coisas "ruins". Quando as dificuldades surgem, ele não se desespera nem desanima, ele sabe que faz parte do seu "pacote" e que é para o seu próprio bem, que é parte de suas ferramentas de trabalho. Se ele não tem algo é porque não precisa. Com isso ele consegue até mesmo se alegrar com as dificuldades da vida e enxergar tudo como uma grande bondade e oportunidade que D'us nos manda.
Diz o Chafetz Chaim que D'us não nos manda um teste que não podemos vencê-lo. D'us exige de cada um de acordo com suas forças. Por isto está escrito "teu coração e tua alma", pois os testes são de acordo com a capacidade de cada um. Se nossos testes estão difíceis, é sinal de que D'us sabe que temos um grande potencial adormecido dentro de nós.
Quando sabemos que um piloto é realmente é bom, em momentos de paz ou momentos de guerra? É durante as batalhas que ele pode mostrar sua destreza, sua bravura, suas habilidades. É durante as dificuldades da vida que, ao vencermos, mostramos para D'us e para nós mesmo o quanto nós podemos de verdade. Os grandes méritos de nossa estadia neste mundo são recebidos justamente nos momentos de superação.
Que possamos nos alegrar com a oportunidade de estarmos vivos, aprendendo e crescendo com cada erro e com cada dificuldade que surgem no nosso caminho.
SHABAT SHALOM
Rav Efraim Birbojm
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