quinta-feira, 17 de julho de 2025

SER GRATO NOS FAZ BEM - SHABAT SHALOM M@IL - PARASHÁ PINCHÁS 5785

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  • Moshé pede um sucessor (com intenção de que fossem seus filhos).
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SER GRATO NOS FAZ BEM - PARASHÁ PINCHÁS 5785 (18/jul/25)

Em um reino distante, havia um rei cruel, conhecido por seu temperamento impiedoso. Ele mantinha dez cães selvagens, criados para devorar qualquer súdito que o irritasse ou que cometesse qualquer tipo de deslize. Certo dia, um dos servos, que já havia servido o rei com lealdade por mais de dez anos, perdeu a cabeça e disse algo impróprio ao rei. Enfurecido pela ousadia, o rei ordenou: "Que seja imediatamente jogado aos cães!".
 
- Majestade, imploro por apenas mais dez dias de vida! - desesperou-se o servo, caindo de joelhos - Apenas dez dias, em reconhecimento aos dez anos de serviço fiel que lhe prestei.
 
Mesmo com o coração endurecido, o rei concordou. Seria divertido ver aquele servo desesperado com a aproximação da sua morte. Imediatamente o servo procurou o tratador dos cães e pediu permissão para cuidar pessoalmente dos animais. O tratador, embora surpreso, consentiu. O servo foi incansável naqueles dez dias. Alimentava os cães com as melhores carnes, banhava-os e proporcionava atenção, carinho e conforto.
 
Chegado o décimo dia, o rei ordenou que o servo fosse lançado aos cães, diante de toda a população reunida na praça central do reino. Queria que a punição fosse exemplar e aproveitaria para reforçar sua autoridade absoluta. Mas, quando o servo foi atirado aos cães, algo surpreendente aconteceu. Ao invés de o atacarem, os animais se aproximaram com docilidade, lamberam-lhe as mãos e se deitaram aos seus pés, mansos como cordeiros. O povo, que conhecia a ferocidade daqueles cães, ficou atônito. E o próprio rei, perplexo, exclamou:
 
- O que aconteceu com meus cães? Que feitiçaria foi essa que você fez?
 
Com um sorriso tranquilo, o servo respondeu:
 
- Nenhuma feitiçaria, Majestade. Apenas cuidei deles por dez dias. E isso bastou para que não se esquecessem o que fiz por eles. Já Vossa Majestade, a quem servi por dez anos, me condenou no primeiro erro que cometi.
 
Fez-se um grande silêncio. O rei abaixou a cabeça, envergonhado. Percebendo a injustiça que havia cometido, ordenou que o servo fosse poupado. E decretou que os cães nunca mais fossem usados para tortura ou execução.

Nesta semana lemos a Parashá Pinchás, que continua o assunto final da Parashá da semana passada. O líder da Tribo de Shimon, Zimri, apoiado pelos homens de sua Tribo, confrontou publicamente Moshé. Após uma praga mortal, que havia dizimado 24 mil judeus por terem cometido atos imorais com as mulheres de Midian e por terem adorado ídolos, Zimri se levantou e enfrentou Moshé, dizendo que queria se casar com Kosbi, uma princesa de Midian. Quando Moshé disse que era um casamento proibido, Zimri quis ridicularizar Moshé publicamente, questionando o fato de que ele próprio havia se casado com uma mulher de Midian, Tzipora, filha de Itró. O que Zimri esqueceu foi que o casamento de Moshé ocorreu antes da entrega da Torá, e obviamente Tzipora havia abandonado todas as idolatrias e aceitado o "jugo de Hashem" antes de se casar com Moshé. Era mais um capítulo na falta de gratidão do povo judeu com Moshé, após quase 40 anos de Messirut Nefesh pelo bem-estar do povo.
 
A Parashá também traz outro assunto interessante: a nova contagem do povo judeu. Uma das motivações era técnica, para a divisão das terras em Israel de acordo com o número de pessoas em cada Tribo. Como a contagem incluía apenas os homens, ficou subentendido que somente os homens receberiam porções de terra. Neste momento, cinco moças Tzadikot, cujo pai havia falecido no deserto, vieram reivindicar a porção de seu falecido pai, já que elas não tinham nenhum irmão. O louvável na atitude delas é que o povo estava desmotivado, após várias transgressões e castigos, muitos querendo escolher um novo líder e voltar ao Egito. Elas, caminhando em sentido contrário, nadando contra a correnteza, mostraram o amor que sentiam pela Terra de Israel, reivindicando um pedaço de terra como herança de seu falecido pai. Moshé foi se aconselhar com D'us.
 
Desta demonstração de coragem das cinco moças foi ensinado ao povo judeu uma nova lei: "Se um homem morrer e não tiver filho, façam com que a sua herança passe à sua filha" (Bamidbar 27:8). Isso significa que os filhos têm direito a herdar os bens dos pais e, no caso de não haver filhos, esse direito passa para as filhas.
 
Porém, há um ensinamento dos nossos sábios que aparentemente contradiz este conceito do direito à herança. O Sefer HaChinuch (Mitzvá 400), ao tratar das leis de herança, estabelece o seguinte: "Não pense que, ao dizer que na questão da herança devemos agir conforme a Torá determinou, isso significa que um homem é ordenado por D'us a entregar seus bens a seus herdeiros em todos os casos. D'us não desejou retirar os bens de uma pessoa de seu controle por causa de seu herdeiro, de modo que ele não possa fazer com eles o que quisesse enquanto estiver vivo, como pensavam os sábios das nações". Em outras palavras, o Sefer HaChinuch está nos ensinando que embora a Torá forneça diretrizes sobre como lidar com a herança, não há obrigatoriedade de um pai deixar herança a um filho. Em vida, ele pode fazer o que quiser com seu dinheiro e com os seus bens.
 
Como entender este ensinamento? Está na natureza de todo pai judeu preocupar-se com o bem-estar financeiro de seus filhos, dando ênfase especial na garantia da segurança deles após o seu falecimento. A explicação do Sefer HaChinuch parece ir contra o caráter inato dos pais judeus de se preocupar com o futuro dos seus filhos!
 
O Talmud (Ketubot 49b) também traz um ensinamento que, à primeira vista, é difícil de entender. Nossos sábios afirmam que um pai só precisa se preocupar com o sustento financeiro de seu filho até os seis anos de idade. Como é possível conceber que um pai judeu espere que seu filho seja financeiramente independente aos seis anos de idade, quando a criança ainda é completamente dependente de seus pais e praticamente ainda não consegue fazer nada sozinha? Como esperar que uma criança de seis anos saia para trabalhar e consiga ganhar seu próprio sustento? E como seria nos dias de hoje, que a criança precisaria pagar a sua escola, seu seguro saúde e sua alimentação? Certamente ela seria enganada e explorada no mercado de trabalho! Como entender estes ensinamentos, tão contraditórios com a empatia, misericórdia e a bondade pregadas pela Torá?
 
Explica o Rav Yochanan Zweig shlita que o atributo da bondade define a natureza do judeu, como ensina o Talmud (Yevamot 79a): "David disse: Há três características marcantes desta nação, o povo judeu: eles são misericordiosos, envergonhados e praticam atos de bondade". O Rav Yehuda Loew zt"l (Polônia, 1525 - República Checa, 1609), mais conhecido como Maharal de Praga, escreve que cada uma dessas qualidades foi dominada por um dos nossos patriarcas e, posteriormente, transmitida como herança a cada membro do povo judeu ao longo da história. Avraham incorporou a característica do Chessed, a bondade amorosa. Yitzchak personificou a característica do temor e reverência a D'us, que se traduz em um senso de vergonha. A qualidade marcante de Yaakov foi a misericórdia. Essas três características fazem parte do "DNA judaico".
 
Portanto, pelas características inatas do povo judeu, não há nenhuma dúvida que um pai judeu assumirá a responsabilidade por seu filho de seis anos e continuará cuidando de todas as suas necessidades materiais, psicológicas e espirituais. Então por que o Talmud vem nos ensinar que os pais têm obrigação de sustentar seus filhos somente até a idade de seis anos? Para transmitir uma mensagem importante à criança: que ela valorize tudo o que seus pais fazem por ela, pois a ajuda financeira que ela recebe é fruto de compaixão, e não de obrigação. Compreender a motivação dos pais ao sustentá-la fortalecerá o amor da criança por eles.
 
Assim também podemos entender o ensinamento do Sefer HaChinuch. O fato de a Torá não exigir que os pais deixem uma herança transmite aos filhos o entendimento de que aquilo que receberam de seus pais foi motivado unicamente por amor, e não por obrigação. Isso aumenta ainda mais o amor entre eles e o sentimento de gratidão.
 
Ser grato é uma das características mais desejáveis em uma pessoa. Não há nada mais infame do que alguém que recebe bondades e não sabe reconhecer e agradecer, como a Tribo de Shimon fez com Moshé. E aquele que não é grato com as pessoas em volta certamente também será um negador de bondades em relação a D'us, cujas bondades muitas vezes vêm de forma oculta, sendo percebidas somente por aqueles que prestam atenção. Da mesma forma que um filho deve ser grato aos seus pais, pois toda a bondade que eles fazem não é uma obrigação, e sim um ato de amor, assim também devemos ser agradecidos a D'us, cujos atos são de bondade ilimitada, de doação sem receber nada em troca. D'us não tem nenhuma dívida conosco, somos nós que temos uma dívida com Ele. E, apesar de não podermos pagar nada para Ele, que ao menos possamos ser devidamente agradecidos.
 
Além dos benefícios espirituais de sermos agradecidos, há também benefícios para o corpo. Seus efeitos positivos foram descritos em um artigo publicado por uma associação de ex-alunos da Wharton School of the University of Pennsylvania, que cita diversos estudos comprovando os benefícios de pensar pelo menos uma vez por dia em coisas pelas quais somos gratos. Um deles, feito no Massachusetts General Hospital, sugere uma relação grande entre o estado de gratidão, isto é, estar agradecido pela vida, e a melhora de doenças cardiovasculares. Em 2015, neurocientistas comprovaram que pessoas que mantinham um "diário de gratidão" por oito semanas, escrevendo diariamente coisas pelas quais estavam agradecidas, apresentaram menos problemas de saúde. Ser grato nos ajuda a dormir melhor, a ter um coração mais saudável e a evitar um quadro de depressão. Portanto, seja agradecido, reconheça as bondades que recebe, nem que seja por saúde.

SHABAT SHALOM

 R' Efraim Birbojm

 

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NEM TUDO É O QUE PARECE - SHABAT SHALOM M@IL - PARASHÁ BALAK 5785

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  • Balak, rei de Moav, contrata Bilaam.
  • Bilaam pede permissão a D'us.
  • Mula de Bilaam e o anjo no caminho.
  • 3 tentativas de amaldiçoar o povo judeu convertidas em 3 Brachót.
  • A transgressão do povo judeu com as mulheres de Midian.
  • A transgressão pública de Zimri (Shimon) e Kosbi (Midian)
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NEM TUDO É O QUE PARECE - PARASHÁ BALAK 5785 (11/jul/25)

Era uma manhã clara e quente em Nova York. Como sempre, executivos, vendedores, corretores e consultores caminhavam rapidamente pelas ruas movimentadas de Manhattan, apressados para não perder nenhuma oportunidade. Entre eles estava Avraham, um empresário judeu ortodoxo, que tinha uma importante reunião marcada para antes das 9h00 em um famoso edifício comercial da região.
 
A reunião havia sido marcada com semanas de antecedência. Era uma chance rara de fechar um contrato que poderia mudar o rumo de sua carreira. Naquela manhã, Avraham vestiu seu melhor terno, pegou sua pasta e saiu de casa, confiante de que tudo daria certo. Para não correr riscos, decidiu sair um pouco mais cedo.
 
Ao sair, ele rapidamente chamou um táxi. Entrou e deu o endereço ao motorista. Porém, por algum motivo que até hoje ele não entende, o motorista não seguiu a rota correta. Ao invés de ir rumo ao sul, para o centro financeiro, o táxi seguiu para o norte. Ao perceber, Avraham começou a reclamar, mas o motorista parecia confuso, falava pouco inglês e não entendia o que Avraham dizia. Era desesperador, mas eles não conseguiam se comunicar.
 
Quando finalmente o motorista entendeu o erro, já estavam muito longe. O trânsito agora estava carregado e o relógio implacável. O suor escorria, e Avraham consultava o relógio a cada minuto, sentindo que um grande negócio escapava de suas mãos. Finalmente, sem mais chances de chegar na hora, ligou para o escritório e ouviu o inevitável: "Não podemos esperar. A reunião está cancelada".
 
Frustrado, nervoso, humilhado e com um senso de fracasso, ele pediu que o taxista o levasse de volta para casa. Estava irritado consigo mesmo, com o motorista, com o universo. Ele chegou em casa por volta das 9h20. Jogou a pasta no sofá, soltou o nó da gravata e ligou o rádio para escutar as notícias e tentar se distrair. Foi então que escutou uma notícia da qual nunca mais se esqueceria. Um avião havia se chocado contra a Torre Norte do World Trade Center. Logo depois, outro avião atingiu a Torre Sul. Era o dia 11 de setembro de 2001.
 
Avraham começou a tremer. A Torre Norte era onde sua reunião deveria ter acontecido. Ela foi atingida exatamente no horário em que ele estaria na reunião. O escritório onde o encontro estava marcado estava nos andares superiores da Torre Norte, justamente onde o impacto e as chamas tornaram a fuga impossível.
 
Naquele instante, tudo mudou. O que antes era raiva virou perplexidade. O que era decepção virou tremor. E o que parecia um erro revelou-se uma salvação com assinatura Divina. Dias depois, Avraham encontrou o Rav Paysach Krohn shlita e, com lágrimas nos olhos, contou: "Na hora, eu pensei: 'Como D'us pode estar fazendo isso comigo? Eu precisava tanto dessa reunião!'. Mas, agora, eu só consigo agradecer. D'us me mandou um anjo com sotaque estranho e um péssimo senso de direção. E esse anjo salvou a minha vida".
 
Quantas vezes, em nossas vidas, as coisas parecem dar errado quando, na verdade, estão dando muito certo, só que de um jeito que ainda não conseguimos enxergar?

Nesta semana lemos a Parashá Balak, que descreve um dos personagens de personalidade mais complexa de toda a Torá: Bilaam. Por um lado, ele tinha um nível espiritual compatível com o de Moshé, podendo se aconselhar com D'us sempre que quisesse, além de ter o dom de amaldiçoar ou abençoar povos inteiros. Mas, por outro lado, ele se entregava à busca de honra, luxúria e prazeres, mesmo moralmente abomináveis. Por exemplo, ele aceitou a proposta de Balak, rei do povo de Moav, de amaldiçoar o povo judeu, incluindo mulheres, crianças e idosos.
 
Apesar de D'us ter falado para Bilaam explicitamente que ele não deveria amaldiçoar o povo judeu, já que era um povo abençoado, ainda assim ele foi. D'us então mandou um anjo para impedir que a jumenta na qual Bilaam montava continuasse o caminho, como está escrito: "Bilaam levantou-se cedo, selou sua jumenta e acompanhou os emissários de Moav. A ira de D'us se acendeu porque ele foi, e D'us colocou um anjo no caminho para impedi-lo" (Bamidbar 22:22). Que anjo era esse? Rashi (França,1040 - 1105)
 identifica o ser celestial como um "anjo de misericórdia". D'us tentou impedir Bilaam, pois queria evitar que ele fizesse algo que o conduzisse à sua autodestruição. Caso ele fosse amaldiçoar o povo judeu, estaria se envolvendo em uma conduta que o levaria à morte.
 
Porém, o próximo versículo diz: "A jumenta viu o anjo de D'us parado na estrada, com a espada desembainhada na mão" (Bamidbar 22:23). A imagem aterrorizante de um anjo com a espada desembainhada não combina com nosso conceito de "anjo de misericórdia". Talvez esperaríamos um ser angelical com auréola na cabeça e um sorriso, não uma espada. Então, como entender que este anjo assustador era um anjo de misericórdia?
 
O Rav Avraham Yaacov Pam zt"l (Lituânia, 1913 - EUA, 2001) explica que um anjo de misericórdia pode se apresentar sob diferentes formas e disfarces. Inclusive, às vezes ele pode parecer a criatura mais assustadora que já vimos. Como isso é possível? O que define a misericórdia de um anjo não é a sua aparência, e sim a sua função. O papel deste anjo era deter Bilaam, para o bem dele. E, para cumprir sua missão, ele fez o que era necessário. O aspecto misericordioso do anjo não está na aparência, e sim no fato de ele estar impedindo alguém de causar dano a si mesmo, não importando qual disfarce utilize para isso.
 
O Rav Pam trazia este conceito aos seus alunos da Yeshivá para explicar como lidar com as decepções da vida. Como muitos de seus alunos já estavam em idade de se casar, ele explicava que várias desilusões poderiam ocorrer no processo de buscar a pessoa certa. Um jovem pode conhecer uma moça e achar que este é o melhor Shiduch que poderia encontrar. Ele fica empolgado, cheio de expectativa, e então algo acontece e tudo desmorona. De repente, o iminente "Lechaim" é cancelado. Naturalmente, o rapaz e sua família ficam muito abalados e desapontados. Por que D'us fez isso? Ela parecia ser a pessoa perfeita! Tudo estava indo tão bem! O Rav Pam ensinava que mesmo nestas situações devemos ter uma Emuná completa. Isso inclui saber que muitas vezes na vida uma decepção momentânea foi a melhor coisa que poderia ter nos acontecido. D'us sabe muito mais do que nós. Ele sabia que aquela primeira pessoa não era a certa. O verdadeiro par, mais adequado, só apareceria depois. No momento em que o Shiduch desmorona, tudo parece uma tragédia, um desastre, como um anjo com sua espada desembainhada diante de nós. Mas, na verdade, trata-se de um anjo de misericórdia.
 
O anjo da misericórdia nem sempre vem com uma auréola na cabeça. Às vezes, ele se apresenta de forma assustadora. Na forma de um fracasso, de uma oportunidade perdida, de um cancelamento de voo. Nós enxergamos somente o momento, o instante, mas D'us enxerga longe. Ele sabe a verdadeira consequência das nossas escolhas. Às vezes o anjo de misericórdia vem vestido de tropeços, parece um anjo de destruição. Porém, ao nos impedir de nos prejudicarmos com nossas escolhas, ele cumpre com sucesso sua "missão de misericórdia".
 
E isso obviamente não se aplica apenas a casamentos. Isso vale para todas as áreas da vida. Nos negócios, empregos ou investimentos, nos qual a pessoa coloca muitas esperanças, apenas para ver tudo fracassar. A expectativa inicial é seguida de um balde de água fria. Quem nunca passou por isso? Mas, muitas vezes, aquela frustração de curto prazo, que levou a pessoa a mudar seus planos ou metas, se revela mais tarde como a maior Brachá que poderia ter ocorrido.
 
Um exemplo marcante provavelmente mudou a história do judaísmo americano. Antes de o Rav Yaacov Kamenetzky zt"l (Lituânia, 1891 - EUA, 1986) vir para os Estados Unidos, ele se candidatou a um cargo rabínico em uma cidade da Europa. Após passar por entrevistas e criar uma enorme expectativa, ele acabou perdendo a vaga para outro candidato. O Rav Kamenetzky ficou extremamente desapontado. Precisando de sustento, não teve escolha a não ser viajar para a América. Por um tempo, esteve em Seattle, Washington, e depois em Toronto. Terminou sua saga em Nova York, na Yeshivá Torá Vadaat, onde se tornou seu grande Rosh Yeshivá, inspirando ao longo dos anos milhares de alunos. Por outro lado, o rabino que ficou com a vaga na Europa, bem como todos os habitantes da cidade onde o Rav Kamenetzky queria trabalhar, foram dizimados pelos nazistas.
 
Se prestarmos atenção, encontraremos histórias assim em nossas vidas. Quantas vezes criamos expectativas, mas nos frustramos com fracassos. Pensamos que estávamos sendo bloqueados pelo Yetzer Hará, que nossos planos estavam sendo arruinados por "forças do mal". Mas muitas vezes nos enganamos, pois aquele que julgamos ser o Yetzer Hará pode ser, na verdade, um anjo de misericórdia.
 
O tempo mostrou que D'us tinha planos muito maiores para o Rav Kamenetsky, mesmo quando diante dele estava um anjo com a espada desembainhada. Mas é preciso tomar cuidado para também não nos decepcionarmos caso futuramente a Brachá que esperávamos não apareça. Se a pessoa perdeu uma oportunidade, ela deve saber que isto foi o melhor que deveria acontecer, mesmo caso não consiga futuramente enxergar a Brachá. Muitas coisas apenas entenderemos após sairmos deste mundo, quando D'us se revelará e as luzes se acenderão, nos permitindo enxergar o quadro completo. As Brachót não necessariamente estão onde imaginamos. O sucesso não está sempre onde esperamos. Devemos confiar, com plena tranquilidade, que tudo o que D'us faz é para o bem. Nós somos limitados, mas Ele vê o todo. Suas Brachót podem vir disfarçadas, mas certamente virão.

SHABAT SHALOM

 R' Efraim Birbojm

 

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