| | ASSUNTOS DA PARASHÁ SHEMINI - O Oitavo Dia - Inauguração do Mishkan.
- Consagração dos Cohanim.
- A Presença de D'us desce sobre o Mishkan.
- A morte dos filhos de Aharon, Nadav e Avihu (Incenso Estranho, Embriagados, Halachá diante do Rav, Não queriam se casar).
- Advertência contra embriaguez no Serviço Divino.
- Completando o Serviço de inauguração.
- Discussão entre Moshé e Aharon e humildade de Moshé.
- Leis alimentares (Kashrut): Animais, Peixes, Pássaros e Insetos.
| | | POTENCIAL NÃO APROVEITADO É UMA TRAGÉDIA - PARASHÁ SHEMINI 5785 (25/abr/25) Moses Mendelssohn nasceu em 1729, na cidade de Dessau, Alemanha, em uma família judaica tradicional. Desde jovem, demonstrou uma inteligência extraordinária e uma profunda dedicação aos estudos da Torá. Sua educação começou nos moldes clássicos judaicos, com estudo de Guemará e Halachá, e ele rapidamente se destacou como um estudante excepcional. Seu rabino ficou impressionado com suas capacidades e o levou para Berlim, onde Mendelssohn mergulhou ainda mais nos estudos. Porém, aos poucos, ele começou também a explorar o mundo da filosofia e da cultura geral europeia. Em Berlim, Mendelssohn aprendeu por conta própria alemão, latim, grego e matemática. Passou a ler os grandes filósofos da época e se tornou parte do círculo intelectual da cidade. Seu nome ganhou respeito não apenas entre judeus, mas também entre os pensadores não judeus, e ele se tornou um símbolo do que parecia ser a possibilidade de um judeu religioso participar plenamente da sociedade moderna. Mendelssohn acreditava que razão e fé não eram opostas, e que os judeus poderiam, e até deveriam, se integrar culturalmente ao mundo ao seu redor, sem abrir mão de sua identidade religiosa. Seu mantra era "Seja um bom judeu em casa, mas um bom alemão na rua". Em nome dessa ideia, ele tomou uma decisão que mudaria o curso da história judaica moderna: traduziu a Torá para o alemão, com comentários em hebraico. Por um lado, isso permitiria que os judeus da Alemanha aprendessem alemão e se inserissem melhor na sociedade, e por outro lado, manteria a ligação dos judeus com o texto sagrado da Torá por meio de explicações em uma linguagem clara e acessível. Essa tradução, feita com boas intenções, gerou uma enorme controvérsia. Muitos sábios da geração viam nela uma perigosa abertura à assimilação. Para eles, colocar o texto sagrado em uma língua estrangeira era um passo rumo à perda da identidade judaica e da reverência pela Torá. E eles estavam certos. Mendelssohn se manteve observante. Ele guardava o Shabat, cumpria as Mitzvót e frequentava a sinagoga. No entanto, as ideias que ele difundiu abriram caminho para um movimento muito mais radical que ele jamais teria imaginado: a Haskalá, ou Iluminismo Judaico, que em poucas gerações daria origem à assimilação em massa, ao abandono da prática religiosa e aos movimentos reformistas que romperiam com princípios centrais do judaísmo. A ironia mais dolorosa da vida de Mendelssohn foi que, apesar de seus esforços para mostrar que era possível conciliar o "mundo moderno" com o judaísmo, nenhum de seus filhos permaneceu fiel à Torá. Alguns se converteram ao cristianismo, outros simplesmente abandonaram a prática judaica. Seu neto mais famoso, Felix Mendelssohn, um grande compositor de música clássica, que compôs a famosa "Marcha Nupcial", foi batizado e criado completamente fora da tradição judaica. Para muitos sábios, a decadência familiar foi vista como um reflexo do erro mais profundo da proposta de Moses Mendelssohn: a tentativa de preservar a identidade judaica apenas por meio da razão e da cultura, sem o compromisso visceral e constante com a vida da Torá e das Mitzvót. Moses Mendelssohn não foi um herege nem um rebelde. Ele era um homem de boas intenções, que desejava proteger e elevar seu povo. Mas, ao confiar demais no poder da razão e da aceitação social, acabou sendo o início de um caminho que levou muitos para longe das fontes vivas do judaísmo. Ele poderia ter canalizado suas energias e dons para transmitir a Torá e trazer judeus para mais perto de D'us, mas infelizmente ele acabou causando o efeito contrário. A história de Moses Mendelssohn é, assim, uma narrativa profundamente dolorosa e trágica: a de um judeu brilhante, com um imenso potencial espiritual, que tentou construir uma ponte entre dois mundos e acabou sendo o primeiro a cair dela. | | A Parashá desta semana, Shemini (literalmente "Oitavo"), descreve a inauguração do Mishkan, o Templo Móvel, um momento mágico na história do povo judeu. Os judeus entenderam que uma construção material podia trazer ao mundo a Presença Divina, desde que tudo fosse feito exatamente da forma como D'us instruiu. O Mishkan era, portanto, um portal entre o mundo material e o mundo espiritual. E assim começa a nossa Parashá: "E foi, no oitavo dia, Moshé chamou Aharon, seus filhos e os anciãos de Israel" (Vayikrá 9:1). A montagem do Mishkan é introduzida com a expressão "E foi", em hebraico "Vayehi". Esta mesma expressão foi utilizada na Criação do mundo: "E foi noite e foi manhã" (Bereshit 1:5). Qual é a conexão entre os dois acontecimentos? O Talmud (Meguilá 10b) explica que o dia da montagem do Mishkan foi uma ocasião tão alegre quanto o dia em que D'us criou o mundo. Porém, o próprio Talmud questiona este ensinamento, pois, com base na transmissão oral, sempre que um evento é precedido pela expressão "Vayehi", isso indica uma tragédia iminente. Então, se a montagem do Mishkan é precedida pela expressão "Vayehi", como pode ter sido descrita como uma ocasião tão alegre quanto a Criação do mundo? O Talmud explica que, apesar de a montagem do Mishkan ter sido um evento muito alegre, algo triste também aconteceu. Como Nadav e Avihu, os filhos mais velhos de Aharon, morreram nesse dia, uma enorme tragédia, então "Vayehi" é a expressão apropriada para introduzir esse evento. Porém, o Talmud está ensinando duas coisas completamente contraditórias. Como a palavra "Vayehi" pode refletir, por um lado, algo tão alegre que se compara com a Criação do mundo e, por outro lado, um evento tão trágico? A Torá relata que Nadav e Avihu trouxeram um "fogo estranho", isto é, um incenso, para o Kodesh Hakodashim, um Serviço que apenas o Cohen Gadol estava autorizado a realizar, e apenas uma vez por ano, em Yom Kipur. Aparentemente foi um erro muito grave, um desrespeito pelo Serviço Divino e pelo lugar mais sagrado do Mishkan. Porém, como Moshé consolou Aharon? Ele disse ao seu irmão que já havia sido anunciado no Monte Sinai a morte de dois grandes Tzadikim. Então como entender este ato, que parece ser tão pequeno, ter vindo de Nadav e Avihu, pessoas em um nível espiritual tão elevado? A pergunta fica ainda mais difícil de acordo com outro Midrash que afirma que Nadav e Avihu entraram no Mishkan após terem bebido vinho. Aparentemente eles violaram a Mitzvá que proíbe uma pessoa de realizar os Serviços do Mishkan estando embriagada. Como um comportamento tão leviano, de entrar em um lugar tão sagrado estando embriagado, pode ser atribuído a pessoas tão elevadas? Na Parashá Ki Tissá, Rashi comenta que as instruções sobre a montagem do Mishkan foram transmitidas apenas após a transgressão do Bezerro de Ouro. Por que? O Rav Ovadia Sforno zt"l (Itália, 1475-1550) explica que o Mishkan foi necessário para recuperar o nível espiritual atingido no momento da revelação de D'us no Monte Sinai, descrito como o "ápice da criação". Na entrega da Torá o povo alcançou o nível de Adam no momento da criação, antes da transgressão de comer o fruto da "Árvore do conhecimento". Porém, após o Bezerro de Ouro, o povo caiu e voltou ao nível de Adam após sua transgressão. De certa maneira, a construção do Mishkan seria uma renovação da criação do mundo, uma oportunidade de recuperar o nível espiritual do Monte Sinai. Isso é refletido na comparação feita pelo Talmud entre a alegria da construção do Mishkan e a da criação do mundo. De acordo com as fontes místicas, o número oito refere-se ao Mundo Vindouro e, por isso, definem os eventos do dia da montagem do Mishkan, pois nesse dia uma nova realidade espiritual foi iniciada. O erro de Nadav e Avihu foi resultado de seu entendimento equivocado de que essa nova realidade espiritual já indicava a perfeição espiritual do mundo. Em um mundo perfeito, tudo poderia ser usado para servir a D'us no mais alto nível. Desta maneira, nenhuma limitação de tempo ou santidade impediria uma pessoa de entrar no Kodesh Hakodashim para servir a D'us. O erro deles foi não ter entendido que a construção do Mishkan marcou apenas o início de um processo rumo ao mundo perfeito, um elo com o Mundo Vindouro, mas as limitações ainda existiam. Explica o Rav Yochanan Zweig shlita que a proibição de realizar os Serviços do Mishkan após beber vinho não está ligada à possibilidade de o Cohen estar embriagado, pois a quantidade que torna um Cohen inapto é muito inferior à necessária para embriagá-lo. Além disso, segundo opiniões do Talmud (Zevachim 17b), a proibição se aplica apenas ao vinho, e não a outras bebidas alcoólicas. Claramente, a preocupação não é com a embriaguez. O Talmud (Brachot 40a) ensina que o vinho é o símbolo da "Árvore do conhecimento", e o vinho guardado do Gan Éden será servido aos justos na vinda do Mashiach (Brachot 34b). Até lá, uma pessoa não está autorizada a servir a D'us no nível mais elevado após beber vinho. O fato de Nadav e Avihu terem bebido vinho antes do Serviço refletia sua percepção de que o tempo da perfeição já havia chegado. O termo "Vayehi", portanto, reflete tanto a alegria quanto a tragédia, pois a alegria se manifesta quando a pessoa tem consciência de seu potencial espiritual. No entanto, se esse potencial é utilizado de forma inadequada, a tragédia ocorre na mesma medida do crescimento que poderia ter sido alcançado. Portanto, alegria e tragédia emanam do mesmo potencial. A alegria do dia, que emanava do potencial de uma nova realidade espiritual, transformou-se em uma tragédia quando esse potencial foi mal interpretado e mal utilizado. Temos um potencial espiritual gigantesco, mas muitos o canalizam de forma equivocada, não preenchendo seu objetivo na vida. Não há tragédia maior do que alguém que poderia crescer, mas escolhe os caminhos errados na vida. Não temos que buscar "reformas" no nosso Serviço espiritual, apenas cumprir o que D'us nos transmitiu, de forma clara e direta, na Sua Torá. Esse é o único e verdadeiro mapa para o Gan Éden. SHABAT SHALOM R' Efraim Birbojm | | Este E-mail é dedicado à Refua Shlema (pronta recuperação) de: Chana bat Rachel, Pessach ben Sima. --------------------------------------------  Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Ben Tzion (Benjamin) ben Shie Z"L e Frade (Fany) bat Efraim Z"L, que lutaram toda a vida para manter acesa a luz do judaísmo, principalmente na comunidade judaica de Santos. Que possam ter um merecido descanso eterno. Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Meir ben Eliezer Baruch Z"L e Shandla bat Hersh Mendel Z"L, que nos inspiraram a manter e a amar o judaísmo, não apenas como uma idéia bonita, mas como algo para ser vivido no dia-a-dia. Que possam ter um merecido descanso eterno. Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de minha querida e saudosa tia, Léa bat Meir Z"L. Que possa ter um merecido descanso eterno. -------------------------------------------  Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de: Moussa HaCohen ben Gamilla z"l, Renée bat Pauline z"l. -------------------------------------------- Para inscrever ou retirar nomes da lista, para indicar nomes de pessoas doentes ou Leilui Nishmat (elevação da alma), e para comentar, dar sugestões, fazer críticas ou perguntas sobre o E-mail de Shabat,favor mandar um E-mail para ravefraimbirbojm@gmail.com (Observação: para Refua Shlema deve ser enviado o nome do doente e o nome da mãe. Para Leilui Nishmat, os Sefaradim devem enviar o nome do falecido e o nome da mãe, enquanto os Ashkenazim devem enviar o nome do falecido e o nome do pai). | | | | | | |