segunda-feira, 20 de setembro de 2021

O VERDADEIRO VALOR DAS MITZVÓT - SHABAT SHALOM M@IL - SUCÓT 5782

Para dedicar uma edição do Shabat Shalom M@il, em comemoração de uma data festiva, no aniversário de falecimento de um parente, pela cura de um doente ou apenas por Chessed, entrar em contato através do e-mail 
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SHABAT CHOL HAMOED DE SUCÓT



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O VERDADEIRO VALOR DAS MITZVÓT - SUCÓT 5782 (19 de setembro de 2021)

 
"O Rabi Pinchas ben Yair era um homem muito bom e, embora fosse pobre, todos o respeitavam por sua honestidade e sabedoria. Uma vez, dois homens pobres vieram à cidade implorando por Tzedaká. As pessoas da cidade também eram pobres e só puderam dar-lhes um pouco de cevada, para que pudessem assar pães. Os dois pobres decidiram tentar a sorte em outro lugar. Mas o que fariam com seus dois sacos pesados de cevada? Eles pediram para o Rabi Pinchas ben Yair guardá-los e disseram que voltariam em breve para pegá-los.
 
Mas os dois homens também não se deram bem na cidade seguinte. Então eles viajaram para uma terceira cidade, e depois para uma quarta, e se esqueceram de sua cevada. O Rabi Pinchas esperou, mas os homens não voltaram. Depois de um ano, ele pensou: "Se eu deixar a cevada por mais tempo, ela estragará ou os ratos a comerão. Quando esses pobres voltarem, não haverá mais nada". Então Rabi Pinchas arou seu campo e plantou os grãos de cevada dos dois sacos. As chuvas vieram e belas espigas de cevada nasceram. Rabi Pinchas colheu a safra e guardou em sacos maiores. Como os homens não voltaram, mais uma vez Rabi Pinchas semeou e colheu. Desta vez, a safra foi ainda maior. Todos os anos, o Rabi Pinchas arava, semeava e colhia os grãos. Finalmente, ele teve que construir um grande armazém para guardar toda a cevada cultivada.
 
Sete anos se passaram. Por acaso, os dois homens pobres voltaram para a cidade do Rabi Pinchas. Um deles lembrou que haviam deixado um pouco de cevada na casa do rabino e foram buscar. O Rabi Pinchas disse:
 
- Venham pegar seus grãos. Mas vocês vão precisar de muitos burros e camelos para levar tudo embora.
 
Em seguida, ele mostrou a eles o armazém repleto de grãos e explicou que tudo aquilo veio dos dois sacos de cevada. Ele não cobrou um centavo por seus sete anos de trabalho árduo. Os homens ficaram muito gratos. Eles conseguiram vender os grãos, abriram um negócio e nunca mais precisaram implorar por Tzedaká"

Da mesma forma, quando um judeu realiza uma Mitzvá, D'us a "semeia" nos Céus, e no Mundo Vindouro Ele nos mostrará os resultados frutíferos dessa "semente".

Estamos chegando na próxima Festa do Calendário Judaico, Sucót, também conhecida como "Zman Simchateinu" (A época da nossa alegria). Sucót é simbolizada principalmente por duas Mitzvót: a Sucá, uma cabana temporária na qual habitamos por uma semana, e os Arbaat HaMinim, as quatro espécies: Etróg (Fruto cítrico), Lulav (folha de palmeira), Adass (Mirta) e Aravá (Salgueiro).
 
Em relação aos Arbaat HaMinim, há algo que nos incomoda. Eles são produtos agrícolas simples, como frutas e folhas, mas quem já os adquiriu uma vez sabe que os preços são muito elevados. O que D'us quer de nós, nos ordenando a cumprirmos esta Mitzvá na qual acabamos pagando tão caro por algo tão simples?
 
Talvez o próprio questionamento já é uma indicação de que não sabemos dar o devido valor às nossas Mitzvót. Para demonstrar a importância dos Arbaat HaMinim para o povo judeu, o Talmud (Sucá 41b) conta a seguinte história: "Aconteceu com Raban Gamliel, Rabi Yehoshua, Rabi Elazar ben Azaria e Rabi Akiva, que se encontravam em um navio, e somente Raban Gamliel possuia um Lulav, que ele havia adquirido pela quantia de mil zuz". Zuz era uma moeda da época, e mil zuz era um valor exorbitante. De acordo com algumas opiniões, representava o salário anual de uma pessoa! O próprio Talmud questiona: sabemos que nada foi registrado no Talmud apenas como curiosidade. Então por que foi necessário ressaltar o valor pelo qual Raban Gamliel comprou os Arbaat Haminim? Responde o Talmud que é para mostrar o quanto as Mitzvót eram importantes para eles. O Talmud quer trazer um enorme louvor por Raban Gamliel ter pago pelos Arbaat HaMinim um valor muito alto, cumprindo as palavras que falamos diariamente no Shemá Israel: "E amarás a Hashem, teu D'us, com todo teu coração, com toda tua alma e com todo o teu dinheiro" (Devarim 6:5). Amar D'us com todo o nosso dinheiro significa estar disposto a gastar muito dinheiro para cumprir a vontade Dele.
 
Porém, desta resposta do Talmud surge um enorme questionamento. Quando o Talmud fala "as Mitzvót são importantes para eles", se refere a todo o povo judeu. Porém, se foi o Raban Gamliel que pagou tanto dinheiro pelos Arbaat Haminim, por que o Talmud diz que isto é um ensinamento do amor de todo o povo judeu pelas Mitzvót? O Talmud deveria ter dito o quanto as Mitzvót são importantes para Raban Gamliel!
 
Explicam nossos sábios que o preço de qualquer produto é estabelecido de acordo com a demanda e a oferta. Quando há escassez de um produto e a demanda é muito grande, então os preços sobem. Ao contrário, quando há fartura de um produto e a demanda é muito pequena, os preços caem. Assim funciona o mercado de compra e venda de qualquer produto, inclusive os objetos com os quais cumprimos Mitzvót.
 
Isto fica ainda mais evidente em uma interessante história que aconteceu nos Estados Unidos. Nas ruas de Nova York, um indivíduo não judeu, de aparência suspeita, se aproximou de um rabino querendo lhe vender um par de Tefilin. O rabino achou esquisito e suspeitou se tratar de um objeto roubado. Ele perguntou quanto o homem estava cobrando pelos Tefilin, e o indivíduo respondeu que queria cem dólares. O rabino disse que não aceitava pagar mais do que dez dólares, mas o homem se recusou a vender por aquele preço, já que imaginava ter um lucro bem maior com o fruto do seu roubo. Por outro lado, o rabino não queria deixar aquele objeto sagrado nas mãos de um homem que certamente não saberia como tratá-lo com o devido respeito. O que ele fez? O rabino disse ao ladrão que aceitava pagar os cem dólares, porém antes queria experimentar os Tefilin, para ver se cabiam nele. O ladrão, que não sabia nada sobre os Tefilin, aceitou. O rabino colocou um Tefilin no braço, o outro na cabeça, e ficou esperando. Quando o ladrão perguntou o que ele estava esperando, o rabino disse que já tinha colocado o Tefilin do braço esquerdo e o Tefilin da cabeça, mas estava faltando o mais importante, que era o Tefilin do braço direito. O ladrão ficou olhando para o rabino, desconcertado, sem saber o que dizer. Finalmente, ele respondeu que era apenas isso que ele tinha disponível, que não tinha o Tefilin para o braço direito. O rabino balançou a cabeça e disse: "Infelizmente está incompleto. Sem o conjunto completo, não vale nada. Ninguém vai comprar de você estes Tefilin faltando o principal!". No final das contas, o rabino acabou adquirindo os Tefilin por apenas um dólar, resgatando-os das mãos do ladrão.
 
Este é um exemplo de demanda e oferta. Ao perceber que não haveria procura pelo Tefilin "defeituoso", o ladrão imediatamente abaixou o preço. Esta história pode ser a resposta para o nosso questionamento. Explica o Rav Shlomo Levenstein que, se o preço dos Arbaat HaMinim estava tão alto na época de Raban Gamiel, a ponto de ser necessário pagar mil zuz por eles, isto significa que a oferta era baixa e a demanda era muito alta. Portanto, podemos aprender daqui que as Mitzvót eram queridas para todo o povo judeu, pois se não houvesse demanda e se os judeus não estivessem dispostos a pagar muito dinheiro por uma Mitzvá, os donos dos Arbaat HaMinim teriam que vendê-los por um ou dois shekalim, e nunca por um valor tão alto. Mas o amor pelas Mitzvót era tão grande que isto acabou "inflacionando" o mercado.
 
O mesmo ocorre nos nossos dias. Quando pagamos um valor alto pelos nossos Arbaat HaMinim, isto é uma demonstração do amor que sentimos pelas Mitzvót. Os mercados de Arbaat HaMinim costumam estar lotados, com pessoas procurando cumprir mais uma Mitzvá da Torá com amor. Muitos não procuram apenas os Arbaat HaMinim que são "Kasher", eles procuram embelezar a Mitzvá comprando Arbaat HaMinim "Mehudarim", mais bonitos, sem manchas nem defeitos, mesmo que isto signifique pagar ainda mais por eles.
 
Ao reclamarmos do preço dos Arbaat HaMinim, demonstramos o quanto nossas escolhas são voltadas ao mundo material, não ao mundo espiritual. Quando vamos ao Shopping ou a um evento, não nos importamos em gastar muito dinheiro, já que queremos nos divertir ou adquirir nossos sonhos de consumo. Já quando se trata de Mitzvót como Tzedaká, achamos que não podemos doar muito, pois pode faltar dinheiro no final do mês. Quando vamos comprar um Iphone, queremos sempre o melhor, com mais recursos, que custam os olhos da cara. Mas quando vamos comprar os Arbaat HaMinim, Tefilin ou Mezuzá, procuramos o mais baratinho, não nos importamos em embelezar a Mitzvá. Em relação ao Arbaat HaMinim muitos dizem: "É muito caro pagar tudo isso por uma Mitzvá que vamos cumprir por apenas uma semana!". Porém, esta mesma pessoa não se importa de gastar uma enorme quantia para devorar, em poucos minutos, um barco de Sushi.
 
No deserto, os judeus perguntaram a Moshé: "Quando D'us nos recompensará por cumprirmos Suas Mitzvót?". Moshé explicou, "Neste mundo aproveitamos apenas uma pequena compensação por cumprir a Torá. A verdadeira recompensa fica guardada para o Mundo Vindouro. E saibam que D'us é um guardião confiável, pois a quem poderíamos confiar a recompensa por um tempo tão longo?". Se Tzadikim como o Rabi Pinchas ben Yair são totalmente confiáveis em guardar o que é dos outros, muito mais ainda é D'us.
 
Precisamos ter claridade sobre qual é a importância das Mitzvót nas nossas vidas e o quanto devemos estar dispostos a usar o nosso dinheiro para poder cumpri-las. Sucót vem logo depois de Yom Kipur, o dia em que pedimos perdão para D'us por todos os nossos erros. Um dos principais erros pelo qual pedimos perdão é por não vivermos nossas vidas com as prioridades corretas. Sucót é a oportunidade de mostrar para D'us que estávamos realmente arrependidos em Yom Kipur. Que esta claridade possa nos acompanhar o ano inteiro.
 

CHAG SAMEACH
 

R' Efraim Birbojm

Este E-mail é dedicado à Refua Shlema (pronta recuperação) de: Chana bat Rachel, Pessach ben Sima.
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Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Ben Tzion (Benjamin) ben Shie Z"L e Frade (Fany) bat Efraim Z"L, que lutaram toda a vida para manter acesa a luz do judaísmo, principalmente na comunidade judaica de Santos. Que possam ter um merecido descanso eterno.
 
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Meir ben Eliezer Baruch Z"L e Shandla bat Hersh Mendel Z"L, que nos inspiraram a manter e a amar o judaísmo, não apenas como uma idéia bonita, mas como algo para ser vivido no dia-a-dia. Que possam ter um merecido descanso eterno.
 
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de minha querida e saudosa tia, Léa bat Meir Z"L. Que possa ter um merecido descanso eterno.
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