quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

VALORIZANDO OS ACERTOS - SHABAT SHALOM M@IL - PARASHÁ VAIECHI 5778






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O E-mail desta semana foi carinhosamente oferecido pela Família Lerner em Leilui Nishmat de:
Miriam Iocheved bat Mordechai Tzvi z"l


Para dedicar uma edição do Shabat Shalom M@il, em comemoração de uma data festiva, no aniversário de falecimento de um parente, pela cura de um doente ou apenas por Chessed, favor entrar em contato através do e-mail efraimbirbojm@gmail.com.

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VALORIZANDO OS ACERTOS - PARASHAT VAIECHI 5778 (29 de dezembro de 2017)
"Certo dia Ronaldo, um excelente professor de matemática, com muitos anos de experiência, entrou na sala de aula e, sem dizer uma palavra, começou a escrever a tabuada do 9 no quadro:

9x1=9 9x2=18 9x3=29 9x4=36 9x5=45 9x6=54 9x7=63 9x8=72 9x9=81 9x10=90.

Logo começou a escutar risadinhas e cochichos entre os alunos. Ele tinha errado a equação 9x3, cuja resposta correta seria 27, não 29. Era algo contagioso, em pouco tempo todos os alunos da sala estavam rindo dele. Ronaldo então pediu silêncio, esperou todos se acalmarem e somente depois disse:

- Queridos alunos, vocês acabaram de participar de uma experiência social. Eu errei de propósito o resultado desta equação, para ensinar a vocês uma das lições mais importantes de suas vidas. Não uma lição de matemática, mas uma lição de como o mundo se comporta diante dos erros dos outros. Eu escrevi na lousa 10 equações, mas ninguém me elogiou por ter acertado nove vezes, ninguém me deu os parabéns pelos acertos. Porém, todos me ridicularizaram e zombaram porque eu errei apenas uma única vez.

- Assim é a vida - continuou o professor - Devemos aprender a valorizar as pessoas pelos acertos. Apesar das pessoas fazerem na vida muitos acertos, elas acabam sendo julgadas por um único erro. Ao invés de focarmos nos erros, devemos sempre valorizar os acertos".

Esta lição se aplica a todos nós. Devemos fazer mais elogios e menos críticas. Devemos olhar mais o lado positivo e menos o negativo. Devemos cultivar mais o amor e o carinho e menos o ódio e a crueldade.

Nesta semana lemos a última Parashat do Livro de Bereshit, chamada Vaiechi (literalmente "E viveu"). A Parashat conta que nosso patriarca Yaacov viveu por 17 anos no Egito, junto com toda a sua família, após o emocionante reencontro com seu filho Yossef, depois de 22 anos de separação. Era o início da formação do povo judeu, que ainda passaria pela terrível escravidão egípcia antes da entrega da Torá no Monte Sinai.

Antes de falecer, Yaacov guardou para cada um de seus filhos algumas últimas palavras de extrema importância. Porém, algumas das palavras de Yaacov são tão profundas que precisam de explicação para que possamos entender o que ele estava transmitindo aos filhos e futuros descendentes. Por exemplo, para seu filho Yehudá, de quem sairiam futuramente os reis de Israel, Yaacov disse: "Yehudá é um filhote de leão. Através da sua presa, meu filho, você se elevou" (Bereshit 49:9). O que significam estas palavras?

Explica Rashi (França, 1040 - 1105) que para entender as palavras de Yaacov, antes precisamos lembrar o que ocorreu entre Yossef e seus irmãos. Os irmãos de Yossef eram pessoas retas e tementes a D'us, em um elevado nível espiritual. Eles começaram a suspeitar que Yossef não era uma pessoa correta e que seus sonhos, nos quais toda a família se curvava para ele, demonstravam um desejo secreto de roubar a liderança. Os irmãos se reuniram e chegaram a um veredicto de que Yossef merecia a pena de morte. Reuven sugeriu atirá-lo em um poço e, posteriormente, Yehudá sugeriu vendê-lo como escravo. Mas o que eles diriam ao pai quando voltassem para casa sem o irmão? Eles tiveram a ideia de rasgar a túnica de Yossef, que havia sido presenteada por Yaacov, e mergulhá-la no sangue de um animal. Ao voltar para casa eles mostraram a Yaacov a túnica rasgada e ensanguentada, sugerindo que Yossef havia morrido, atacado por um animal feroz no caminho. E assim foi a reação de Yaacov quando viu a roupa de seu querido filho Yossef: "A túnica é do meu filho, algum animal selvagem o devorou. Certamente Yossef foi despedaçado" (Bereshit 37:33).

Aparentemente o plano dos irmãos havia funcionado, pois de acordo com suas palavras, Yaacov havia acreditado que Yossef tinha morrido ao ser atacado por um animal feroz. Porém, o Midrash (parte da Torá Oral) explica que as palavras "certamente Yossef foi despedaçado" tinham outra conotação. Yaacov secretamente suspeitou que Yehudá, que é comparado ao leão, um animal que despedaça suas vítimas, estava envolvido na morte de Yossef.

É por isso que Yaacov utilizou em seu discurso as palavras "Yehudá é um filhote de leão", para deixar claro que ele suspeitava do envolvimento de Yehudá na suposta morte de Yossef. Porém, logo as palavras de Yaacov se tornaram um louvor para Yehudá: "Da sua presa, meu filho, você se elevou". De acordo com Rashi, Yaacov estava louvando Yehudá por ter se elevado acima das suspeitas e ter se tornado o principal responsável pela salvação de Yossef.

Mas por que Yehudá foi considerado o responsável pela salvação de Yossef? Quando os irmãos de Yossef decidiram matá-lo, condenado pela acusação de roubo da liderança, Reuven sugeriu aos irmãos jogá-lo em um poço, com a intenção de posteriormente salvá-lo. Mas os irmãos não sabiam que a intenção de Reuven era salvar a vida de Yossef. Aos olhos deles, a sugestão de Reuven era matar Yossef, mas de forma indireta, deixando-o morrer em um poço, sem que eles derramassem com suas mãos o sangue de seu irmão. Foi Yehudá que disse: "Que ganho teremos se nós matarmos nosso irmão e escondermos seu sangue? Venham, vamos vendê-lo aos Ishmaelitas" (Bereshit 37:26,27). Portanto, Yehudá foi quem abertamente quis substituir a pena de morte de Yossef pela sua venda, poupando assim sua vida.

Porém, se prestarmos atenção nas palavras de Yehudá, perceberemos que, apesar dele ter salvado a vida de Yossef, seus atos não parecem ter sido muito altruístas. As palavras "o que ganharemos" demonstram um aparente lado egoísta, de quem queria ganhar algo com a desgraça dos outros. Yehudá certamente tinha boas intenções ao querer salvar Yossef de um decreto de morte, mas por que sugeriu vendê-lo, ao invés de dá-lo de graça aos Ishmaelitas, se toda a intenção era que a pena de morte fosse substituída por um decreto de escravidão? E se o ato dele foi tão egoísta quanto parece, por que Yaacov o louvou em suas palavras finais?

A resposta está no entendimento mais profundo da psicologia do ser humano. Quando uma pessoa recebe algo de graça, ela não guarda da mesma forma cuidadosa como faria caso tivesse pago por isso. Quando não precisamos pagar por um objeto, nossa apreciação por ele diminui. Yehudá conseguiu convencer seus irmãos que vendê-lo como escravo substituiria a pena de morte que eles haviam decretado. Se a suspeita era que Yossef queria roubar a liderança e governar sobre seus irmãos, não seria necessário matá-lo, era suficiente que ele se transformasse em um simples escravo em uma terra distante. Porém, Yehudá queria garantir que Yossef seria bem tratado como escravo. Ele sabia que, caso Yossef tivesse sido dado de graça, isto é, se aqueles que o compraram não tivessem que gastar uma soma considerável, eles não se preocupariam em tratar bem Yossef e até mesmo perdê-lo não faria nenhuma diferença para eles. Portanto, pensando no bem estar de Yossef, Yehudá definiu um preço para a venda dele, garantindo que seus compradores teriam bastante interesse de preservá-lo e cuidar bem dele. Yaacov percebeu este pensamento nobre de Yehudá e, por isso, desejou louvá-lo por sua atitude digna.

Mas há algo que nos chama a atenção no comportamento de Yaacov e que deve servir de modelo para nós. Yehudá e seus irmãos haviam cometido um erro grave. Apesar de serem Tzadikim, eles se deixaram cegar pela inveja e se equivocaram em seu julgamento. Certamente Yossef era uma pessoa correta e não mereceria a pena de morte, pois nunca quis roubar a liderança. Seus sonhos eram reflexos de sua pureza, pois eram profecias de que ele alcançaria a grandeza, o que realmente se concretizou no Egito. Porém, apesar deste grave erro de seus filhos, Yaacov preferiu concentrar seu foco no ato meritório de Yehudá, de ter se preocupado com o bem estar do seu irmão, e não no erro que ele cometeu. Yaacov poderia ter utilizado suas últimas palavras para criticar Yehudá por seu erro, mas preferiu utilizá-las para incentivar e apontar os acertos de seu filho.

Esta é uma característica que precisamos trabalhar muito no nosso comportamento. O natural do ser humano é notar nos outros somente os defeitos e os erros, enquanto os acertos e qualidades são vistos como "ele não fez mais do que sua obrigação". Precisamos fazer o contrário, focar nos acertos e nas qualidades, enquanto os defeitos e erros devem ficar em segundo plano. A dica prática para conseguir chegar neste nível vem de uma importante Mitzvá: "Ame ao seu próximo como a você mesmo" (Vayikrá 19:18). Da mesma maneira que não gostamos quando os outros ignoram nossos acertos e apontam os nossos erros, assim devemos nos comportar em relação ao próximo. Enxergar erros é algo que qualquer pessoa pode fazer, mas para enxergar os acertos é necessário ter grandeza espiritual.

Shabat Shalom

R' Efraim Birbojm
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quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

PARAQUEDAS ESPIRITUAL - SHABAT SHALOM M@IL -  PARASHAT VAYIGASH 5778 






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PARAQUEDAS ESPIRITUAL - PARASHAT VAYIGASH 5778 (22 de dezembro de 2017)
"Um soldado novato do exército estava aprendendo a saltar de paraquedas. Durante o voo para o primeiro salto, o sargento começou a repassar as principais instruções:

- Vocês vão ficar preparados e, quando eu der o aviso, vocês vão saltar. Após o salto, contem até 10 e então puxem a corda para abrir o paraquedas. Se a primeira corda não funcionar, puxem a corda de emergência. Vocês pousarão na área demarcada e um caminhão estará esperando para levá-los de volta para a base.

Quando o avião chegou ao local do treinamento, o general deu a ordem para que todos saltassem. O soldado novato tomou coragem e saltou. Contou até 10 e, em seguida, puxou a corda, mas nada aconteceu. Ele então começou a ficar preocupado e puxou a corda de emergência, mas novamente nada aconteceu. Descobriu, desesperado, que seu paraquedas não funcionava. Caindo em queda livre, ele começou a lamentar sua má-sorte.

- Que ótimo - queixou-se consigo mesmo - o que mais pode dar errado? Aposto que o caminhão também não estará esperando no lugar combinado..."

Da mesma forma que o mundo material tem leis rígidas, assim também acontece com o mundo espiritual. Quando alguém salta com um paraquedas defeituoso, independentemente se o caminhão estará esperando ou não, as consequências serão desastrosas. O paraquedas do povo judeu é a Torá, enquanto o caminhão são as nossas necessidades materiais. De que adianta o caminhão estar esperando se o paraquedas não abrir? Da mesma forma, de que adianta tudo o que juntamos no mundo material se não nos prepararmos para a nossa vida verdadeira, a vida eterna no Olam Habá (Mundo Vindouro)?

Nesta semana lemos a Parashá Vayigash (literalmente "se aproximou"), que descreve o momento em que Yossef, o vice-rei do Egito, se revelou aos seus irmãos. O encontro foi um grande choque para os irmãos de Yossef, pois eles haviam passado os últimos 22 anos acreditando que haviam acertado no seu julgamento e que a venda de Yossef havia sido correta e justificada. Porém, a revelação de Yossef demonstrou que os sonhos dele não eram uma vontade subconsciente de roubar a primogenitura, e sim uma profecia que estava se materializado. Yossef, diferente do que eles pensavam, era um grande Tzadik (Justo). Foi a decepção de entender, 22 anos depois, que eles haviam errado gravemente.

Como a fome ainda duraria mais alguns anos, Yossef pediu para que seus irmãos voltassem para Israel, buscassem suas famílias e viessem morar com ele no Egito, onde havia muita comida, pois ele havia armazenado durante os anos de fartura. Os irmãos voltaram para Israel e, com Yaacov e suas famílias, foram todos ao Egito, dando início ao processo que culminaria na escravidão do povo judeu.

A ida de Yaacov e sua família ao Egito traz um detalhe interessante, como está escrito: "E na frente ele (Yaacov) enviou Yehudá para Yossef, para direcioná-lo a Goshen" (Bereshit 46:28). Por que Yaacov mandou um dos seus filhos na frente? Normalmente quem muda de país se preocupa com os detalhes de como será o assentamento no novo lugar. Por isso, pensaríamos que certamente Yaacov enviou Yehudá na frente para cuidar das necessidades materiais, como procurar um local adequado para estabelecer suas casas, um local bom para os animais e outros detalhes. Porém, Rashi (França, 1040 - 1105) explica que Yaacov mandou Yehudá na frente para estabelecer um Beit Midrash (Centro de Estudos), onde sua família poderia estudar Torá. Mas se o versículo diz somente que Yaacov mandou Yehudá na frente, sem explicitar com que intenções, como Rashi pode afirmar, com tanta certeza, que o motivo era para construir um Beit Midrash, e não para cuidar das necessidades materiais?

Há um Midrash (parte da Torá Oral) que traz uma prova de que esta foi a verdadeira intenção de Yaacov. Quando os filhos de Yaacov voltaram do Egito, contando que Yossef estava vivo e era o vice-rei, Yaacov a princípio não acreditou. Os filhos tentaram trazer diversos tipos de argumentos para convencê-lo, mas nada adiantava. Somente quando Yaacov viu algumas carroças de mantimentos que Yossef havia mandado ele finalmente acreditou que Yossef estava vivo. Mas qual é a relação entre as carroças de mantimentos e o fato de Yossef estar vivo? Não era suficiente o testemunho dos próprios filhos? Além disso, aparentemente o Midrash está juntando dois assuntos que não tem nenhuma conexão entre si. Por que a história das carroças de Yossef é trazida como uma prova de que Yaacov mandou Yehudá na frente para montar um Beit Midrash, e não para cuidar das necessidades materiais da família?   

Explica o Rav Yehuda Leib Chasman zt"l (Lituânia, 1869 - Israel, 1935) que a resposta está em um comentário de Rashi, que explica que a palavra "carroça", em hebraico "Agalá", contém as mesmas letras da palavra "Eglá", que significa bezerro. O último assunto que Yaacov havia estudado junto com Yossef antes da sua venda era sobre bezerros sacrificados. Quando Yaacov se separou de Yossef, este último assunto de Torá que eles haviam estudado ficou guardado em seus corações, apesar dos 22 anos em que ficaram separados. Portanto, Yossef não estava mandando ao pai apenas uma carroça cheia de presentes, ele estava mandando ao pai uma bela mensagem: "Pai, apesar de estar 22 anos no Egito, um lugar de idolatrias e promiscuidades, e apesar de ser o segundo homem mais poderoso de todo o Egito, eu não me esqueci qual foi o nosso último estudo de Torá juntos". Somente então Yaacov realmente acreditou que Yossef estava vivo, não apenas fisicamente, mas também espiritualmente. Porém, como isto prova que o envio de Yehudá foi com o intuito de construir um Beit Midrash?

Ensinam os nossos sábios na Mishná: "O Olam Hazé (mundo material) se assemelha a um corredor diante do Olam Habá (Mundo Vindouro). Prepare-se no corredor para entrar no palácio" (Pirkei Avót 4:21). O Pirkei Avót está nos transmitindo que, da mesma forma que um corredor é apenas algo secundário diante do palácio, que é o principal, assim também a alma desce para o mundo material, apenas um corredor temporário, para se preparar com Torá e Mitzvót para sua entrada no palácio eterno no Olam Habá.

De acordo com este ensinamento da Torá, as pessoas podem se comportar de três maneiras distintas. O primeiro grupo é composto pelas pessoas mais simples e tolas, que invertem a importância das coisas, considerando o secundário como principal e o principal como secundário. Estas pessoas colocam todas as suas preocupações e seus esforços direcionados a como aproveitar o Olam Hazé, sem se importar com sua espiritualidade e com o fato que, depois dos 120 anos, a vida neste mundo termina e começa a nossa vida verdadeira no Olam Habá, e que nossa eternidade depende justamente dos nossos esforços neste mundo para adquirir espiritualidade.

O segundo grupo é composto por pessoas em um nível um pouco mais alto, que acreditam na Torá e tem temor a D'us. Porém, apesar de elas não esquecerem de se preocupar com os assuntos espirituais, o principal dos seus esforços são os assuntos materiais. A prova disso é que durante a vida elas investem a maior parte do seu tempo, esforços e preocupações no seu sustento, na sua saúde, na sua moradia e em outros assuntos que se referem ao mundo material. Muito do que elas também se ocupam com o mundo espiritual é pelo medo que o castigo de D'us possa atingir seus bens e sua saúde. Portanto, são pessoas que se preocupam com a espiritualidade, mas que esquecem que esta vida é limitada e que tudo o que conquistamos de bens materiais não será utilizado em nossa vida eterna.

O terceiro grupo é composto por pessoas mais sábias, que vivem pensando no futuro, nos frutos eternos de cada ato. Estas pessoas colocam no coração a certeza de que seus dias na Terra são limitados e passageiros e, por isso, direcionam seus principais esforços no conserto de suas almas, preparando-as para a vida eterna. E mesmo os esforços que elas precisam fazer no mundo material estão apenas na categoria de "manter a vida durante o corredor temporário".

Mas como sabemos em qual das três categorias uma pessoa se encontra? O que a pessoa pensa e os atos que ela faz acabam, com o tempo, se transformando em sua natureza. Por exemplo, quando uma pessoa quer se recordar de coisas que ocorreram no passado, o que ela mais lembra? Certamente as coisas que eram mais importantes e significativas para ela, enquanto as coisas secundárias, que não ocupavam espaço em seu coração, certamente já foram esquecidas e apagadas de sua memória.

Portanto, é isto o que o Midrash está nos ensinando. Yaacov e sua família faziam parte do terceiro grupo de pessoas. Através dos presentes enviados por Yossef, fica claro que em todos os lugares onde Yaacov e seus filhos se encontravam, o centro de suas vidas era o estudo de Torá. Suas vidas giravam em torno do cumprimento das Mitzvót e do estudo da Torá mesmo nas situações mais difíceis. Dos 22 anos em que Yossef passou no Egito, alguns foram como escravo, outros foram na prisão e os últimos foram como vice-rei. Não faltaram sofrimentos, dificuldades e desafios em sua vida, mas mesmo assim ele se lembrava do último estudo de Torá com seu pai, demonstrando que a Torá era parte de sua natureza, era a parte principal do que ele colocava em seu coração.

Além disso, por que os vários argumentos que os filhos de Yaacov tentaram utilizar para provar que Yossef ainda estava vivo não foram aceitos por Yaacov? Pois suas vidas eram tão centradas na Torá que ele sabia que se Yossef estivesse vivo, mandaria uma mensagem recordando o seu estudo de Torá. Foi o que aconteceu, através do envio das carroças. Ver as carroças, que remetiam ao último estudo de Torá que eles tiveram juntos, foi o único argumento que conseguiu convencer Yaacov. O episódio das carroças demonstrou que Yaacov pertencia ao terceiro grupo de pessoas, daqueles que tem claridade total sobre o propósito da vida passageira neste mundo material e que vivem de acordo com este propósito. Por isso o Midrash pôde afirmar, com certeza, que o ato de Yaacov de mandar seu filho Yehudá na frente estava de acordo com a sua principal motivação na vida: o estudo da Torá.

De acordo com os ensinamentos da Parashá, devemos fazer algumas reflexões importantes: A qual dos grupos nós pertencemos? Fazemos da Torá o centro das nossas vidas ou vivemos e dedicamos nossos esforços ao mundo material, limitado e passageiro? Nossos atos demonstram nossa claridade de que nossa essência é espiritual e que nossa ocupação com o mundo material deve ser apenas para nos manter neste "corredor" no qual vivemos atualmente, ou nossos atos demonstram que, com as dificuldade e desafios da nossa vida, acabamos facilmente perdendo o foco?

Como na história, a Torá é o nosso paraquedas espiritual, que nos fará chegarmos com segurança ao nosso objetivo. O caminhão se assemelha aos preparativos que fazemos no mundo material. Sem a Torá, estes preparativos são completamente vãos. Não precisamos nos desconectar do mundo material, vivendo uma vida de miséria e abstinência. Porém, precisamos manter o foco e, em todos os instantes, lembrar que estamos apenas em um corredor temporário. As aquisições materiais um dia acabam, mas as aquisições verdadeiras, as espirituais, levaremos para a eternidade.

Shabat Shalom

R' Efraim Birbojm
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quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

O VERDADEIRO DONO DA VITÓRIA - SHABAT SHALOM M@IL - PARASHAT MIKETZ E CHÁNUKA 5778

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O VERDADEIRO DONO DA VITÓRIA - PARASHAT MIKETZ E CHÁNUKA 5778 (15 de dezembro de 2017)

No ano de 1995, um judeu que trabalhava como executivo de marketing teve uma ideia brilhante. E se o "The New York Times", considerado o jornal mais importante do mundo, publicasse semanalmente o horário de acendimento das velas de Shabat? Alguém teria que pagar pelo espaço, mas imagine o orgulho e a conscientização judaica que resultariam de uma menção tão importante do Shabat toda semana. Ele entrou em contato com um filantropo judeu e expôs a ideia. Custava quase dois mil dólares por semana, mas mesmo assim o filantropo aceitou. E, durante quase cinco anos, a cada sexta-feira, judeus em todo o mundo podiam ler: "Mulheres judias, o horário para o acendimento das velas de Shabat nesta sexta-feira em New York é…". Por fim, o filantropo teve que cortar alguns de seus projetos. E, em junho de 1999, o pequeno anúncio de Shabat deixou de aparecer no "The New York Times" para, a partir daquela semana, nunca mais aparecer de novo. Exceto uma vez…
 
No dia 1º de janeiro de 2000, o "The New York Times" publicou uma "Edição do Milênio", com um tema especial nas três primeiras páginas. A primeira página trazia notícias de 1º de janeiro de 1900, a segunda página mostrava as notícias do próprio dia, 1º de janeiro de 2000, enquanto a terceira página projetava futuros eventos para o dia 1º de janeiro de 2100. Esta terceira página incluía coisas bem humoradas, como as boas-vindas ao estado americano de número 51, Cuba. Havia também uma discussão sobre a permissão de robôs votarem nas eleições, entre outros artigos interessantes. Porém, havia algo mais. Ao pé da terceira página estava o horário de acendimento de velas em Nova York para o dia 1º de janeiro de 2100. Mas quem teria pagado por este anúncio, já que aquele filantropo há muito tempo havia parado de doar dinheiro para isso?
 
A verdade logo veio à tona: ninguém havia pagado pelo anúncio, ele simplesmente foi colocado lá de forma gratuita pelo jornal. Quando o gerente de produção do "The New York Times", um católico irlandês, foi questionado a respeito daquele anúncio, ele respondeu:
 
- Não sabemos o que acontecerá no ano de 2100. É impossível prever o futuro. Porém, de uma coisa vocês podem estar certos: no ano de 2100, mulheres judias ainda estarão acendendo as velas de Shabat…"
 
Qual é o segredo da imortalidade do povo judeu?

Nesta semana lemos a Parashá Miketz (literalmente "Ao fim de"), que continua descrevendo a história de Yossef no Egito. Ele já estava há 12 anos na prisão, acusado falsamente de ter seduzido a esposa de Potifar, um dos ministros do Faraó. Após tantos anos preso injustamente, ele já não tinha mais perspectivas de ser libertado. O Faraó então teve dois sonhos, muito reais, que o deixaram assustado, mas nenhum dos magos egípcios conseguia interpretá-los. Foi então que o copeiro-chefe lembrou-se que, dois anos antes, quando ele e o padeiro-chefe estavam na prisão, eles também haviam sonhado e não conseguiam entender o que os sonhos significavam. Ele mencionou ao Faraó que havia certo judeu, também preso junto com eles, que interpretou os sonhos com sucesso e tudo o que ele falou realmente havia acontecido, com todos os detalhes.
                 
Assim começava mais um capítulo na história de Yossef. Em um piscar de olhos ele foi libertado da prisão e levado ao palácio do Faraó. Após as boas indicações do copeiro-chefe, o Faraó estava confiante no sucesso de Yossef, e assim ele disse: "Eu tive um sonho, mas ninguém consegue interpretá-lo. Porém, agora eu escutei que você consegue escutar um sonho e interpretá-lo" (Bereshit 41:15).
 
Aquele foi um momento especial para Yossef. Era a chance da sua vida, a possibilidade de uma virada. Ele estava diante do rei do Egito, a pessoa mais poderosa do mundo, e aquele homem poderoso precisava dele. Yossef poderia ter pedido o que quisesse: dinheiro, poder, honra. Yossef poderia ter aproveitado aquele momento para garantir sua liberdade ou para se vingar daqueles que haviam feito mal a ele. Porém, apesar de poder atribuir a si mesmo o dom da interpretação dos sonhos, ganhando respeito e a sonhada liberdade, Yossef preferiu deixar claro que não era ele quem interpretava, e sim D'us, como está escrito: "Isto está além de mim. D'us responderá pelo bem estar do Faraó" (Bereshit 41:16).
 
Mas é difícil entender a atitude de Yossef. Ele estava arriscando tudo ao atribuir o sucesso a D'us. O Faraó poderia simplesmente ter dito a ele: "Se é D'us que faz a interpretação, então você pode voltar para a prisão, não preciso de você". Era um risco muito alto, talvez Yossef nunca mais teria outra oportunidade como aquela! Por que ele não aproveitou para garantir a sua liberdade?

A reação de Yossef em relação ao seu sucesso foi algo incrível, que mostrou sua verdadeira grandeza. Yossef venceu um dos maiores testes da sua vida. Ele sabia que a interpretação de sonhos era um dom de D'us e não uma conquista sua. Ele quis dar os verdadeiros créditos para D'us, especialmente diante do homem mais poderoso do mundo, para que fosse divulgado ao mundo inteiro o poder e a sabedoria de D'us, mesmo sabendo que isto poderia significar o risco de ser mandado de volta para a prisão, sem receber nenhum reconhecimento ou benefício do Faraó.
                                                                             
A Parashá Miketz sempre é lida junto com a Festa de Chánuka, pois há algo incrível que conecta as duas. Em Chánuka revivemos a incrível vitória militar do povo judeu sobre os gregos, o maior e mais poderoso império da época. Através da tática de guerrilhas, um pequeno grupo da família dos Chashmonaim, Cohanim (sacerdotes) responsáveis pelos Serviços do Beit HaMikdash (Templo Sagrado), liderados por Matitiahu, conseguiram a incrível proeza de expulsar os gregos e reestabelecer o Serviço de D'us. Eles poderiam ter facilmente observado a impressionante e improvável vitória militar sobre os gregos como um reflexo de sua proeza e de sua brilhante estratégia. Não seria algo impossível de acontecer, tanto que o poderoso exército dos Estados Unidos saiu humilhado e derrotado da Guerra do Vietnã, quando os combatentes vitnamitas, muito mais fracos em número e em poderio militar, optaram pela tática de guerrilhas e conseguiram causar pesadas perdas aos americanos. Certamente não faltariam estrategistas militares que explicariam a genialidade das táticas utilizadas pelos Chashmonaim.
 
Porém, os Chasmonaim tiveram a mesma reação de Yossef diante do sucesso. Eles entenderam que a verdadeira fonte da força do povo judeu e do sucesso militar vinha de D'us, não de seus esforços. Em comemoração à vitória militar, os Chashmonaim não estabeleceram uma parada militar anual, com desfile de armas e demonstração do poderio militar dos judeus. Em lembrança daquela vitória, os Chashmonaim estabeleceram a Festa de Chánuka. Eles acenderam a Menorá, algo que divulgou o supremo controle de D'us sobre o mundo, pois o óleo que era suficiente para um único dia durou oito dias. Foi uma enorme declaração de que a vitória contra os gregos só havia sido possível graças à ajuda de D'us, e não pela força e sabedoria dos combatentes.
 
Isto também pode ser percebido nas palavras da reza "Al Hanissim", que nossos sábios acrescentaram, durante todos os dias de Chánuka, na "Amidá" (reza silenciosa, que fazemos três vezes ao dia). O "Al Hanissim" descreve os milagres que ocorreram durante a guerra contra os gregos. Nos chama a atenção que esta reza não fala sobre a nossa força e poder, ao contrário, nos descreve como fracos diante de um poderoso exército. E terminamos esta reza afirmando que o propósito de Chánuka é expressar o agradecimento e o louvor a D'us.
 
O sucesso na batalha contra os gregos não foi apenas uma vitória militar, mas também envolveu uma enorme vitória na área espiritual. A filosofia grega enfatizava e endeusava a força e a sabedoria do ser humano. Em todos os lugares que os gregos chegavam, eles eram vistos como amigos pelos habitantes locais, pois traziam seus incríveis avanços tecnológicos e pregavam suas ideias da supremacia do homem através da ciência, dos esportes e das artes. Porém, em Israel os gregos encontraram um povo que não estava interessado em atribuir o sucesso a eles mesmos e nem em idolatrar o ser humano, e sim servir, agradecer e engrandecer D'us. Os gregos não podiam tolerar este tipo de atitude. É por isso que eles queriam tanto derrotar os judeus, pois esta visão judaica colocava em risco toda a existência da filosofia grega. Os gregos estavam determinados a apagar do mapa o judaísmo e todo o seu sistema de crenças.
 
Chánuka, portanto, não é uma celebração da coragem dos que resistiram à dominação dos tiranos e nem da força do exército judaico. Chánuka celebra D'us e Sua dedicação em ajudar o povo judeu contra seus inimigos. Celebra a derrota da civilização grega, que queria apagar a palavra "D'us" de todos os dicionários do mundo.
 
A batalha contra os gregos foi vencida, mas a guerra continua. Não a guerra física, mas a guerra espiritual. Quando somos atacados covardemente pelos nossos inimigos, através de atos terroristas e atentados suicidas, devemos rezar e nos apoiarmos apenas em D'us, não em nossa força. É um grande erro atribuir nossas vitórias aos nossos avanços tecnológicos e à coragem dos nossos combatentes. A vitória verdadeira está apenas nas mãos de D'us.
 
Todos os povos que se apoiaram em sua própria força e sabedoria estão hoje nos livros de história e nos museus. Os babilônios, gregos e romanos, que acreditavam na força e na sabedoria do ser humano, desaparecerem. Os gregos queriam apagar D'us do mundo e foram completamente apagados. O segredo da imortalidade do povo judeu é que acreditamos na força e na sabedoria de D'us, não do ser humano. Devemos respeitar o ser humano, que foi criado à imagem e semelhança de D'us, mas devemos ter claro que o único e verdadeiro dono da vitória é D'us.

Shabat Shalom

R' Efraim Birbojm

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