sexta-feira, 13 de julho de 2018

ELOGIAR SOMENTE A QUEM MERECE - SHABAT SHALOM M@IL - PARASHIÓT MATÓT E MASSEI 5778

BS"D
Para dedicar uma edição do Shabat Shalom M@il, em comemoração de uma data festiva, no aniversário de falecimento de um parente, pela cura de um doente ou apenas por Chessed, favor entrar em contato através do e-mail efraimbirbojm@gmail.com.
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ELOGIAR SOMENTE A QUEM MERECE - PARASHIÓT MATÓT E MASSEI 5778 (13 de julho de 2018)

"Um corvo voava tranquilamente, em uma manhã ensolarada, quando seus olhos viram um belo pedaço de queijo. Há muito tempo ele não saboreava algo tão delicioso. Pegou o queijo com seu bico e voou até o galho de uma árvore, onde poderia saborear seu banquete sem ser incomodado. Porém, naquele exato momento, passou pelo local uma esperta raposa e sentiu o delicioso aroma daquele queijo. Ao levantar os olhos, viu o corvo com o queijo no bico. Então a raposa, tomada pelo desejo de saborear aquele queijo, disse ao corvo:
 
- Sabe, meu querido corvo, nunca havia percebido como você é bonito. Que penas maravilhosas você tem, com um brilho extraordinário. Combinam com seus olhos maravilhosos. Como eu nunca tinha reparado nisso?
 
O corvo se alegrou ao escutar aqueles elogios e se encheu de orgulho. A raposa então continuou:
 
- Você é o mais sábio de todos os animais da floresta. E você tem uma qualidade inigualável: sua voz é doce, mais doce do que a voz de qualquer cantor profissional. Acho que ninguém no mundo canta com uma voz tão bela. Por favor, cante para mim uma canção, para que eu possa sentir o prazer de escutar a sua doce voz.
 
O corvo, ao escutar aquelas palavras, se sentiu lisonjeado e quis demonstrar suas aptidões musicais. Encheu o peito e começou a cantar. Porém, ao invés de um canto doce, saiu um canto grave e desafinado. O pior de tudo foi que, em sua empolgação, o corvo esqueceu completamente que o queijo estava em seu bico. Ao abri-lo para sua demonstração de canto, o queijo caiu no chão. Ligeira, a raposa correu, pegou o queijo em sua boca e correu para longe, onde pôde saborear tranquilamente seu queijo delicioso."
 
A Torá proíbe um comportarmos como o da raposa, de elogiar os outros com o único intuito de trazer algum benefício para nós mesmos. Isto se chama bajulação.

Nesta semana lemos duas Parashiót juntas, Matót (literalmente "Tribos") e Massei (literalmente "Viagens"). A Parashat Matót traz leis sobre promessas e juramentos, descreve a guerra de vingança contra o povo de Midian e o pedido das tribos de Reuven e Gad de se estabelecerem fora de Eretz Israel. Já a Parashat Massei descreve as viagens do povo judeu durante os 40 anos no deserto, detalhando cada ponto de parada, e as "Cidades de Refúgio", para onde deveriam ir as pessoas que haviam assassinado de forma acidental.
 
Após descrever sobre as "Cidades de Refúgio", a Parashat Massei ensina a proibição de recebermos suborno de um assassino não intencional para liberá-lo da sua punição. Logo em seguida a Parashat traz outra proibição, que é um pouco enigmática: "E vocês não devem corromper a terra onde vocês vivem, pois o sangue corrompe a terra..." (Bamidbar 35:33). A linguagem utilizada para "corromper" é "Tachanifu", que vem da mesma raiz de "Lehachnif", que significa "bajular". Qual é a conexão entre assassinatos não intencionais, a corrupção da terra e o ato de bajular?
 
Explica o Ramban zt"l (Nachmânides) (Espanha, 1194 - Israel, 1270) que, da mesma forma que inicialmente a Torá veio nos advertir a não recebermos suborno para inocentar um assassino, a Torá também veio nos advertir sobre a grave transgressão de bajular um transgressor. Caso haja bajulação dos transgressores, a Torá nos ensina que isto corromperá toda a terra. Portanto, aquele que bajula um transgressor é considerado como se estivesse impurificando a terra e está transgredindo a proibição de "E vocês não devem corromper a terra".
 
Há muitas fontes da Torá que nos ajudam a entender o quanto é grave a transgressão da bajulação. O Talmud (Sotá 42a) nos ensina que: "Toda a congregação onde há bajulação, no final será exilada". O Talmud continua e afirma que: "Quatro grupos de transgressores não receberão a "face da Presença Divina": os palhaços (que zombam dos outros), os bajuladores, os mentirosos e aqueles que falam Lashon Hará (maledicência)". Outra passagem do Talmud (Sotá 41a) traz uma história do Rei Agripas que ocorreu durante a comemoração do "Hakel", uma festividade que ocorria a cada 7 anos, quando todo o povo judeu se reunia no Beit Hamikdash (Templo Sagrado) para escutar o rei de Israel lendo trechos do Sefer Devarim. Quando o Rei Agripas estava lendo publicamente a Torá e chegou ao trecho "Vocês colocarão um rei sobre vocês, aquele a quem D'us escolher. Dentre seus irmãos você deve estabelecer um rei sobre vocês. Não designarão um estrangeiro sobre vocês, alguém que não seja seu irmão" (Devarim 17:15), ele começou a chorar, pois tinha problemas em sua ascendência e, portanto, não poderia ser o rei de Israel. Ao verem o rei chorando, os sábios que estavam presentes, ao invés de ficarem em silêncio, o consolaram dizendo: "Você é nosso irmão. Você é nosso irmão". Isto foi considerado por D'us um terrível ato de bajulação, pois os sábios tinham a consciência de que ele realmente não poderia ser o rei, mas o consolaram apenas para ganhar favor aos olhos dele. O Talmud afirma que naquele momento D'us decretou um duro castigo ao povo judeu.
 
Portanto, todas estas fontes demonstram o quanto a bajulação é algo abominável aos olhos de D'us. Mas por que a bajulação é tão grave? E será que nós também cometemos esta terrível transgressão? De acordo com o Chafetz Chaim zt"l (Bieloríssia, 1838 - Polônia, 1933) infelizmente esta transgressão está muito mais presente em nossas vidas do que imaginamos. Por exemplo, é comum estarmos conversando com um grupo de amigos quando alguém começa a falar mal de outra pessoa, normalmente alguém que não está presente. O correto seria imediatamente nos levantarmos para advertir o transgressor pelo seu mau ato, como nos ensina a Torá "Advirta o seu companheiro" (Vayikrá 19:17). Porém, muitas pessoas, para não se indisporem com o transgressor e com as outras pessoas presentes, balançam a cabeça de forma afirmativa. Apesar de parecer que a pessoa não fez nada de grave com este ato, pois ela nem mesmo abriu a boca, a Torá nos ensina que isto é uma enorme transgressão, causando inclusive um tropeço ao transgressor. Balançar a cabeça para concordar com um transgressor é um ato de bajulação e causa com que o transgressor não se arrependa de seus maus atos e não peça desculpas a quem ele fez mal. Portanto, em última instância, o bajulador causa sofrimentos e contribui para que injustiças se perpetuem.
 
Até que ponto devemos nos cuidar da bajulação? Um exemplo incrível nos foi dado pelo Rav Yossef Dov Soloveitchik (Bielorrússia, 1820 - 1892), mais conhecido como Beit HaLevi. Ele foi o rabino da cidade de Slutzk, na Bielorrúsia, por quase 10 anos. Certa vez, um dos governantes da cidade, um homem muito afastado da Torá, convidou o Beit Halevi para o Bar Mitzvá de seu filho. Ele queria fazer uma festa suntuosa, para muitos convidados, e a presença do rabino seria fundamental para mostrar a todos o seu poder. Para se promover ainda mais, o governante foi pessoalmente no dia da festa buscar o rabino em sua casa, em uma luxuosa carruagem contratada especialmente para aquele dia. Quando eles estavam saindo da casa do rabino, o Beit HaLevi, para iniciar uma conversa, perguntou ao governante sobre qual assunto seu filho falaria na sua tradicional "Drashá" (discurso com ensinamentos de Torá) de Bar Mitzvá. O governante disse: "Rabino, os tempos mudaram. Hoje em dia os jovens não discursam mais no dia do seu Bar Mitzvá. Isto é coisa do passado". Imediatamente o Beit HaLevi anunciou que não participaria mais da festa, pois uma festa luxuosa, com comida e bebida fartas, mas sem palavras de Torá, não era algo desejado por D'us. O governante, que era muito poderoso, ainda insistiu, dizendo que a recusa do rabino seria para ele uma grande humilhação pública. Após nova recusa, o governante ameaçou prejudicar a vida do rabino, mas mesmo assim ele não cedeu à pressão. Poucos minutos depois, um homem muito pobre veio convidar o Beit HaLevi para a festa de Bar Mitzvá de seu filho. Apesar de ser uma festa muito simples, para poucos convidados, quando o Beit HaLevi escutou que o jovem falaria uma "Drashá" durante a festa, ele aceitou participar. Isto deixou o governante ainda mais enfurecido. Depois da festa, em um ato de vingança, o governante conseguiu com que o Beit HaLevi fosse mandado embora da cidade. Porém, o Beit HaLevi saiu de cabeça erguida, cumprindo o que os nossos sábios ensinam: "A pessoa está obrigada a até mesmo colocar sua vida em risco para não transgredir em bajulação".
 
A transgressão de bajulação é algo fácil de tropeçarmos no dia a dia. Quando estamos com um grupo de amigos, não queremos parecer os "caretas" da turma. Não queremos passar a vergonha de sermos os "estraga prazeres". Porém, justamente sobre isto ensina o Talmud (Ediót 5:6): "É melhor que a pessoa seja chamada de tonto todos os dias da sua vida do que seja chamada de Rashá (maldoso) por D'us por apenas um instante".
 
É interessante notar que os bajuladores estão agrupados junto com os palhaços, os mentirosos e os que falam Lashon Hará. Qual é o ponto em comum entre estes tipos de transgressores? Todos eles se especializam em distorcer a verdade para o seu benefício pessoal. O bajulador é aquele que quer agradar os outros em troca de algum benefício ou para evitar problemas. O bajulador chega até mesmo a "passar a mão na cabeça" do transgressor, elogiando-o e defendendo-o mesmo quando sabe que ele está errado. Bajular um transgressor é como receber um suborno para inocentá-lo. É por isso que a bajulação pode trazer corrupção para toda a terra, pois os bajuladores causam com que os transgressores sejam louvados e a justiça perca sua força.
 
Elogiar os outros é muito importante. Um elogio pode incentivar, pode dar forças, pode reanimar. Da mesma forma que gostamos de ser elogiados, também devemos sempre elogiar os outros. Porém, a regra é somente elogiar uma pessoa quando ela realmente merece o elogio, quando fez algo bom e positivo. E, para que não seja um ato de bajulação, o elogio deve sempre ser feito pelo bem do próximo, não para o nosso próprio benefício.

Shabat Shalom

R' Efraim Birbojm

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São Paulo: 17h17  Rio de Janeiro: 17h05  Belo Horizonte: 17h12  Jerusalém: 19h11
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Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Meir ben Eliezer Baruch Z"L e Shandla bat Hersh Mendel Z"L, que nos inspiraram a manter e a amar o judaísmo, não apenas como uma idéia bonita, mas como algo para ser vivido no dia-a-dia. Que possam ter um merecido descanso eterno.
 
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de minha querida e saudosa tia, Léa bat Meir Z"L. Que possa ter um merecido descanso eterno.
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