quinta-feira, 13 de setembro de 2018

PARE DE FAZER MAL A VOCÊ MESMO - SHABAT SHALOM M@IL - PARASHAT VAYELECH E YOM KIPUR 5779

BS"D
Para dedicar uma edição do Shabat Shalom M@il, em comemoração de uma data festiva, no aniversário de falecimento de um parente, pela cura de um doente ou apenas por Chessed, favor entrar em contato através do e-mail efraimbirbojm@gmail.com.
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VÍDEO DA PARASHAT VAYELECH
MENSAGEM DE YOM KIPUR 5779
 
Yom Kipur é um dia de misericórdia, uma das maiores demonstrações do amor de D'us pelo povo judeu. Neste dia podemos abrir nossos corações e implorar para que D'us nos perdoe pelos nossos erros. Mas não podemos nos esquecer de que não é apenas contra D'us que transgredimos durante o ano. Erramos muito com as pessoas. Enganamos, não nos importamos com as dificuldades e sofrimentos dos outros, ofendemos, fizemos piadas de mau gosto. Nossos sábios ensinam que, apesar da enorme força de expiação das transgressões que existe em Yom Kipur, ela somente funciona para limpar os erros que cometemos contra D'us. Os erros que cometemos contra o próximo não são perdoados por D'us até que sejamos perdoados pela pessoa com quem erramos. Por isso, a Halachá (Lei Judaica) nos ensina que é necessário apaziguar a pessoa que machucamos, prejudicamos ou magoamos através de um sincero pedido de perdão.

Portanto, gostaria de aproveitar a oportunidade para pedir perdão a qualquer um de vocês, leitores do "Shabat Shalom M@il", tanto aqueles que eu conheço pessoalmente quanto aqueles cujo meu único contato é através dos e-mails semanais, por qualquer atitude que possa ter ofendido ou magoado, ou por ter causado qualquer tipo de tristeza. Tanto os erros intencionais quanto os não intencionais, tanto os erros que eu me lembro quanto aqueles que eu já me esqueci, de todos eles eu me arrependo profundamente e espero que vocês me perdoem. Se alguém tiver alguma mágoa, por favor me escreva para que eu possa pedir perdão pessoalmente.

Existe uma incrível fórmula para sermos perdoados em Yom Kipur: "Todo aquele que passa por cima da sua honra e perdoa a alguém que lhe fez mal, D'us passa por cima de todas as suas transgressões e o perdoa". Portanto, eu perdoo de todo o coração a qualquer um que possa ter feito algum mal para mim, intencionalmente ou não intencionalmente.

Que possamos ter um ano doce, com muita saúde, crescimento espiritual, paz e respeito ao próximo. Que possamos ter paz dentro do povo judeu, que possamos voltar a ser um povo unido, um povo que ama ao próximo como a si mesmo, para que tenhamos o mérito da vinda imediata do Mashiach e possamos receber todas as Brachót que D'us, há mais de 2 mil anos, aguarda para nos mandar.

Shaná Tová e Gmar Chatimá Tová

Com carinho,

R' Efraim Birbojm

PARE DE FAZER MAL A VOCÊ MESMO - PARASHAT VAYELECH E YOM KIPUR 5779 (14 de setembro de 2018)

"Rafael era um bom menino, com ótimos traços de caráter, mas o que estragava era a sua gula. Ele comia de forma compulsiva. Certo dia, quando passava por uma feirinha no parque, viu uma barraquinha cheia de comidas mexicanas. Seus olhos brilharam quando viram docinhos deliciosos. Mal sabia que, na verdade, eram pimenta pura.
 
Rafael comprou uma grande quantidade daqueles "doces". Muito contente, sentou-se tranquilamente em um banco do parque para saboreá-los. Porém, logo após a primeira mordida, percebeu que havia algo errado. Sentiu sua boca pegando fogo e lágrimas escorriam no seu rosto enquanto ele mastigava. Porém, apesar do sofrimento, ele continuou colocando os "doces" na boca. Espirrava, chorava, fazia caretas, mas continuava comendo. Uma pessoa que passava se assustou com a cena. Curioso, se aproximou e disse a Rafael:
 
- Amigo, desculpe me intrometer, mas você não sabe que pimenta deve ser comida em pequenas quantidades?
 
- Bem, senhor, agradeço pelo seu conselho - disse Rafael, com um sorriso envergonhado - A verdade é que eu não sabia que eram pimentas. Mas realmente eu tinha percebido que havia algo errado com meus doces.  
 
- Entendo - disse o homem - Mas agora que você já sabe que não são doces, por que continua comendo?
 
Entre tosses e soluços, Rafael ainda conseguiu responder:
 
- Investi meu dinheiro neles, por isso não quero jogá-los fora."

Podemos dar risada da atitude de Rafael, mas fazemos isto em nossas vidas. Precisamos aprender com as nossas experiências e jogar fora tudo o que nos faz mal, mesmo que tenhamos investido muito dinheiro ou tempo nelas. Isto é parte do processo de Teshuvá, quando "jogamos fora" tudo o que nos faz mal.

Nesta semana lemos a Parashat Vayelech (literalmente "E foi"), que traz o último discurso de Moshé antes de sua morte. E a partir da próxima 3ª feira (18/setembro) começamos a reviver uma das datas mais sagradas do ano: Yom Kipur, o Dia do Perdão. Neste mesmo dia o povo judeu foi finalmente perdoado pelo gravíssimo erro do bezerro de ouro, transgressão que quase custou a destruição de todo o povo. Através das rezas de Moshé e do arrependimento do povo, D'us foi misericordioso e revogou o mau decreto.
 
Portanto, a principal Mitzvá de Yom Kipur é a Teshuvá. Muitas vezes traduzimos "Teshuvá" como "arrependimento". Porém, esta não é uma tradução correta. Teshuvá significa "retornar". O ser humano foi criado correto, ele tem uma essência pura, mas se desvia do caminho. Teshuvá significa voltar ao caminho correto. Existem quatro passos fundamentais na Mitzvá de Teshuvá: Parar a transgressão, Arrependimento pelo que fizemos de errado, Compromisso de não voltar a errar e Vidui, a confissão verbal dos nossos erros.
 
De acordo com os nossos sábios do Talmud (Taanit 26b), Yom Kipur é um dos dias mais felizes do ano. Ensina o Rambam zt"l (Espanha, 1135 - Egito, 1204) que a Teshuvá é sempre algo bonito aos olhos de D'us. Porém, entre Rosh Hashaná e Yom Kipur, período conhecido como "Asseret Yemei Teshuvá" (os 10 dias do Retorno), a Teshuvá é ainda mais bonita e é aceita por D'us imediatamente, como está escrito: "Procure D'us quando Ele está disponível" (Yeshaiahu 55:6).
 
Porém, como Yom Kipur pode ser alegre? Se é um dia de Teshuvá, no qual passamos o dia confessando nossos erros, imersos em Tefilót e nos abstendo dos prazeres materiais, onde está a alegria? Ao entender com mais profundidade os quatro passos da Teshuvá, então entenderemos a alegria que existe no dia de Yom Kipur.
 
O primeiro passo é abandonar a transgressão. Isto inclui também começar a fazer o que deveríamos estar fazendo. Este primeiro passo da Teshuvá exige a consciência do que é certo e o que é errado. Isto envolve o estudo de Torá e o aconselhamento constante com os sábios. Além disso, devemos estar conscientes do que estamos fazendo, pois podemos saber que algo é errado e, ao mesmo tempo, não perceber que nós estamos cometendo este erro. É fácil encontrar as falhas nos outros, mas é difícil assumir os nossos próprios erros. Não precisamos nos cobrar de maneira que isto se torne algo pesado demais para ser carregado. Porém, é necessária uma introspecção sincera e honesta sobre as nossas atitudes e uma avaliação de como está o nosso comportamento, os nossos traços de caráter, o uso da nossa fala e até mesmo os nossos pensamentos.
 
O segundo passo é o arrependimento pelos nossos maus atos. Há uma enorme diferença entre sentir culpa e se arrepender. Sentir culpa normalmente nos leva a pensamentos negativos, tristeza e o abandono das nossas metas na vida. Um exemplo da diferença entre arrependimento e culpa é quando uma pessoa guarda dinheiro no bolso da calça, sem perceber que no bolso há um furo. Quando a pessoa percebe que perdeu o dinheiro, ela tem duas escolhas. Uma opção é ela se sentir culpada e se cobrar, pelo resto da vida, por seu erro. Outra opção é ela sentir a dor pela perda, mas esta dor causar com que ela conserte imediatamente o furo da calça e passe a ser mais cuidadosa daqui para frente com a forma como ela transporta dinheiro. Nos dois casos há a dor pela perda, mas no caso do arrependimento, esta dor pode ser utilizada com propósitos construtivos, em especial quando sabemos que esta dor levará a um processo de perdão e limpeza espiritual, salvando a pessoa das consequências do seu erro.
 
O terceiro passo é o compromisso de nunca mais voltar a fazer o que é errado, isto é, uma real decisão de mudar. Nós sabemos o quanto é difícil mudar. Porém, há diversos níveis de mudança. Não é necessariamente "tudo ou nada" na vida. As mudanças podem começar com uma decisão de querer que as coisas sejam diferentes, com mudanças em pequenas atitudes, com um trabalho específico sobre certo traço de caráter ou hábito negativo. Devemos tentar ser práticos, tentar reconhecer quais são os "gatilhos" que despertam as nossas tentações para as transgressões e fazer de tudo para evitá-los. Por exemplo, devemos evitar nos colocar em situações de teste, nas quais sabemos que dificilmente conseguiremos superar nossa tentação. Muitas vezes nosso compromisso de não tropeçar novamente em uma transgressão significa planejar formas de como não se colocar em situações de teste. A força para conseguirmos manter nosso compromisso é acreditar no nosso próprio potencial de mudança e acreditar que D'us pode nos ajudar a fazer desta mudança algo real em nossas vidas.
 
O último passo, um dos pontos centrais de Yom Kipur, é o Vidui. Apagar transgressões e consertar erros do passado é algo que apenas D'us pode fazer. Além disso, quando fazemos algo errado, não estamos causando danos apenas a nós mesmos e ao próximo, mas, de certa maneira, também estamos atingindo D'us. Ele nos ama e espera muito de nós. Ele nos criou com um imenso potencial. Quando nos desviamos, impedimos D'us de nos mandar a verdadeira chuva de Brachót que Ele, como um Pai misericordioso, gostaria. Toda vez que transgredimos estamos, de certa maneira, atrapalhando os planos de D'us. É como um pai que se sente frustrado após ver seu filho cometendo maus atos, apesar de todo o esforço em educá-lo. Ao fazer uma transgressão, estamos indo contra a vontade Daquele que construiu e governa o mundo todo. Por isso, se queremos consertar o que erramos, o primeiro passo é "fazermos as pazes" com D'us. Isto é o Vidui, quando nos voltamos para Aquele contra quem transgredimos e nos rebelamos e, em um ato de respeito, pedimos a Ele perdão de forma sincera.
 
Qualquer mau ato que cometemos causa imediatamente uma mudança na realidade física, mas também causa uma mudança na realidade espiritual. Por exemplo, quando fazemos mal a alguém, mais do que o mal que infligimos ao outro é o mal que infligimos à nossa própria alma. Há consequências neste mundo e no Mundo Vindouro. Há um "estrago" na nossa conexão com D'us. Precisamos da misericórdia de D'us para consertar as consequências dos nossos maus atos, em especial o impacto espiritual negativo. De acordo com a Justiça estrita de D'us, deveríamos ser punidos imediatamente. Quando nos rebelamos contra D'us, deveríamos ser eliminados do mundo. Além disso, não deveria haver conserto dos nossos erros, pois fomos avisados sobre as "regras do jogo". Porém, a misericórdia Divina decretou que, ao arrancarmos a vontade de rebeldia e os desejos que nos induziram ao erro, o próprio erro também é arrancado. O prazer que veio com a transgressão é "trocado" pela tristeza e o sofrimento do arrependimento. Os Asseret Yemei Teshuvá são dias nos quais a misericórdia de D'us é elevada a níveis máximos. É uma oportunidade que não podemos desperdiçar.
 
Há duas diferentes motivações que podem nos levar à Teshuvá. Uma delas é o medo. O medo do castigo ou da perda é uma boa motivação, pois funciona. Quando fazemos Teshuvá sincera por temor, somos perdoados, purificados e elevados a um status de como se nunca tivéssemos transgredido. Porém, há uma motivação ainda maior para a Teshuvá: o amor por D'us. Se nós fizermos Teshuvá não apenas pelo medo da espada que paira sobre nossas cabeças, mas por percebermos que estamos deixando D'us "triste" e por querermos ser pessoas melhores, então isto é considerado uma Teshuvá por amor. Não apenas as transgressões são apagadas, mas elas são transformadas em Mitzvót. Isto ocorre pois, ao nos sentirmos mal por termos feito algo errado, implorarmos para que D'us nos perdoe e nos comprometermos a melhorar, estamos nos aproximando de D'us. A transgressão se torna o veículo que nos trouxe mais próximos de D'us e, portanto, se transforma em uma Mitzvá. Isto pode ser visto de uma maneira impressionante na Teshuvá após o grave erro do bezerro de ouro no deserto. O ápice desta Teshuvá foi o dia de Yom Kipur. No dia seguinte, o povo judeu recebeu a Mitzvá de construir o Mishkan, o Templo Móvel, para que D'us pudesse estar mais próximo de nós. A diferença entre a Teshuvá por temor e a Teshuvá por amor é que a Teshuvá feita por temor é apenas para "salvar a nossa pele", isto é, algo egoísta, enquanto a Teshuvá por amor é feita pensando em consertar o nosso relacionamento com D'us.
 
Ao refletirmos sobre quantas bondades e misericórdia de D'us há no nosso processo de Teshuvá, então entenderemos que Yom Kipur é realmente um dos dias mais felizes do ano. O dia em que podemos reconstruir a nossa conexão com D'us. Devemos preparar para Yom Kipur uma lista de tudo o que vamos nos esforçar de verdade para mudar. Não será uma tarefa fácil, mas trará para nossas vidas a alegria verdadeira.

 "QUE SEJAMOS SELADOS NO LIVRO DA VIDA"

Shabat Shalom

R' Efraim Birbojm

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Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Ben Tzion (Benjamin) ben Shie Z"L e Frade (Fany) bat Efraim Z"L, que lutaram toda a vida para manter acesa a luz do judaísmo, principalmente na comunidade judaica de Santos. Que possam ter um merecido descanso eterno.
 
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Meir ben Eliezer Baruch Z"L e Shandla bat Hersh Mendel Z"L, que nos inspiraram a manter e a amar o judaísmo, não apenas como uma idéia bonita, mas como algo para ser vivido no dia-a-dia. Que possam ter um merecido descanso eterno.
 
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de minha querida e saudosa tia, Léa bat Meir Z"L. Que possa ter um merecido descanso eterno.
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