sexta-feira, 8 de novembro de 2024

ATOS VALIOSOS - SHABAT SHALOM M@IL - PARASHÁ LECH LECHÁ 5785

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PARASHÁ LECH LECHÁ 5785



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MENSAGEM DA PARASHÁ LECH LECHÁ

Parashá Lech Lechá 5785 - R' Efraim Birbojm (AULA VIA ZOOM)
ASSUNTOS DA PARASHÁ LECH LECHÁ
  • 3º teste de Avraham: Abandonar tudo e ir para uma terra estranha (Lech Lechá).
  • 4º teste de Avraham: Fome em Eretz Knaan.
  • Avraham vai para o Egito.
  • 5º teste de Avraham: Sara é sequestrada pelo Faraó.
  • Avraham e Lot voltam com grandes riquezas.
  • Separação de Avraham e Lot.
  • A Guerra dos 5 reis contra os 4 reis.
  • Lot é sequestrado e Avraham é avisado.
  • 6º teste de Avraham: Luta contra os 4 reis.
  • O "Pacto entre as partes".
  • A promessa da Terra de Israel.
  • 7º teste de Avraham: D'us anuncia a Avraham o exílio dos seus descendentes.
  • Casamento com Hagar.
  • O nascimento de Ishmael.
  • 8º teste de Avraham: Brit-Milá.
 
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ATOS VALIOSOS - PARASHÁ LECH LECHÁ 5785 (08/nov/24)
 
"Quando Rabi Yossi ben Kisma ficou doente, Rabi Chanina ben Taradion foi visitá-lo. Rabi Yossi deu uma bronca no Rabi Chanina: "Você perdeu o juízo? Ensinar Torá publicamente vai contra o decreto romano e é passível de pena de morte!". Rabi Chanina não se abalou e disse: "Do Céu terão Misericórdia". O Rabi Yossi respondeu furioso: "Eu estou trazendo fatos e um argumento razoável, e você diz 'Do Céu terão Misericórdia'? Não ficarei surpreso se os romanos queimarem você e seu Sefer Torá no fogo!".
 
Infelizmente foi exatamente isso que aconteceu. O Talmud continua contando a famosa história de como os romanos queimaram o Rabi Chanina, enrolando-o com um Sefer Torá e envolvendo-o em tufos de lã molhada para retardar sua morte, aumentando a dor e prolongando sua angústia.
 
No entanto, antes de descrever o final trágico do Rabi Chanina, o Talmud continua o diálogo entre eles. Rabi Chanina perguntou ao Rabi Yossi: "Qual será meu destino no Mundo Vindouro?". Rabi Yossi então lhe perguntou: "Você já fez algo digno em sua vida?". Rabi Chanina respondeu que, de fato, havia um incidente do qual ele podia se orgulhar: "Uma vez, coletei dinheiro em Purim para distribuir aos pobres. No entanto, coloquei esse dinheiro no bolso errado e ele se misturou com o meu dinheiro particular. Como eu não sabia quanto daquele dinheiro era meu e quanto era dos pobres, dei tudo aos necessitados". Rabi Yossi ficou muito impressionado com aquela atitude nobre e disse: "Se for esse o caso, então certamente você está destinado a entrar no Mundo Vindouro. Não apenas isso, mas que seja a Vontade de D'us que minha porção no Gan Eden seja equivalente à sua porção lá". (História descrita pelo Talmud Avodá Zará 18a)"
 
Há algo difícil de entender nesta história. Por que Rabi Chanina ben Taradion, morrendo "Al Kidush Hashem", se questiona se merece entrar no Mundo Vindouro? Além disso, o incidente que ele mencionou, seu "bilhete para o Gan Eden", parece insignificante em comparação ao seu martírio! O que o Talmud está nos ensinando?
 
Há pessoas que amam o prazer intelectual de estudar Torá. Para eles, o maior prazer na vida não é comer ou beber, e sim adquirir conhecimento e sabedoria. Rabi Chanina ben Taradion tinha medo que talvez seu estudo de Torá era pelo prazer, não por D'us ter ordenado. Foi por isso que ele procurou outra fonte de mérito. A pergunta era: "Será que já tive que quebrar minha natureza para fazer algo bom?". Rabi Chanina encontrou algo. As pessoas naturalmente não gostam de se separar do seu dinheiro. Rabi Chanina conseguiu ir contra sua inclinação e deu seu dinheiro para a Tzedaká, um sinal de que seu Serviço a D'us era realmente pelo amor aos Céus e, portanto, merecedor de entrar no Mundo Vindouro.

Nesta semana lemos a Parashá Lech Lechá, que começa a descrever os difíceis testes com os quais Avraham teve que lidar durante sua vida, e que foram moldando seu caráter. Avraham passou por todos os seus testes com sucesso, e nos deixou de herança a força para superarmos as dificuldades que enfrentamos no nosso cotidiano.
 
Entre outros assuntos, a Parashá nos conta sobre a primeira grande guerra da humanidade, a guerra entre os cinco reis contra os quatro reis, que terminou com a derrota de Sdom, o lugar onde Lót, sobrinho de Avraham, havia decidido ir morar. Lót, que tinha muitas riquezas, foi sequestrado e seus bens foram levados como despojos de guerra. Porém, o curso dos eventos teve uma mudança drástica quando Avraham foi avisado sobre o que havia ocorrido com Lót, como está escrito: "E eles tomaram Lót, filho do irmão de Avram, e seus bens, e partiram, e ele estava morando em Sdom. E o refugiado veio e contou a Avram HaIvri" (Bereshit 14:13).
 
O Midrash explica que "refugiado" se refere ao gigante Og. Quando os quatro reis começaram a avançar em sua ofensiva triunfal, Og conseguiu se salvar da morte. Ele escapou do campo de batalha e foi até Avraham para contar o que havia acontecido. Porém, apesar de parecer um ato meritório, o Midrash afirma que ele não fez isto com boas intenções, ao contrário, seu plano era causar com que Avraham fosse morto para que ele pudesse se casar com Sara. Og conhecia a índole de Avraham e sabia que ele arriscaria a vida para salvar seu sobrinho, não se importando com os perigos envolvidos, o que seria uma missão suicida. E, realmente, se não fossem grandes milagres de D'us, Avraham nunca sobreviveria a uma guerra tão desequilibrada, pois seu exército contava apenas com 318 soldados.
 
O Midrash descreve, portanto, que as intenções de Og eram mesquinhas e egoístas. Porém, há uma aparente contradição com um ensinamento do Talmud (Nidá 61a), que afirma que este ato de Og foi considerado um grande mérito, graças ao qual ele viveu por mais de quatrocentos anos, além de ter se tornado um poderoso rei. Futuramente, Moshé e seiscentos mil homens do povo judeu temeram lutar contra Og no deserto, justamente por causa deste mérito. Como este ensinamento do Talmud se encaixa com as palavras do Midrash? Afinal, se ele teve intenções tão ruins, como pode ser que mereceu recompensas tão grandes?
 
Além disso, de onde o Midrash afirma, de forma tão contundente, que as verdadeiras intenções de Og eram cometer assassinato e adultério? É permitido suspeitar de uma pessoa, que está se ocupando de uma Mitzvá, de estar tramando coisas tão baixas?
 
Responde o Rav Yehuda Leib Chassman zt"l (Lituânia,1869 - Israel, 1935) que se refletirmos sobre esta aparente contradição, encontraremos uma resposta simples. Vimos na Parashá Bereshit que o ser humano foi criado do pó da terra, ou seja, com uma força material grosseira e obscura, que o arrasta para todos os tipos de desejos e perversões. Esta força foi internalizada no ser humano desde o seu nascimento, como está escrito: "O homem nasce como um burro selvagem" (Yov 11:12). À medida que uma pessoa cresce, esta força se enraíza nela e não há nada que ela pense, fale ou aja sem que esta força esteja envolvida. É isso que nós chamamos de "interesses".
 
Toda pessoa tem muito amor próprio, isto é, sempre busca atividades que deem prazer a ela, e quando encontra, imediatamente desejos surgem nela para alcançar este prazer. Se a pessoa não se esforça no sentido contrário, o natural é ela se afundar no materialismo e na busca de preenchimento dos seus desejos. Somente aquele que se esforça para chegar à raiz dos seus maus hábitos conseguirá fazer com que sua alma domine o materialismo do seu corpo. Somente a pessoa sábia, temente e que se afasta do mal é capaz de se elevar acima dos seus interesses.
 
Devemos saber que a palavra "Torá" vem de "Horaá", que significa "ensinamento". A Torá ensina o homem a direcionar seus caminhos. Entre outras coisas, a Torá nos ensina a como descobrir dentro de nós os traços de caráter negativos e os desejos, para que possamos arrancá-los. Aqui também, no ato de Og, nossos sábios ensinam a não nos enganarmos pensando que somos completamente puros. A pessoa deve aprender daqui que mesmo que na prática pense que não é um assassino nem um ladrão, ainda assim isso não é prova de retidão e integridade. A razão pela qual não cometemos más ações está, na maioria das vezes, no medo do castigo que um juiz ou que a sociedade podem aplicar. E a prova disso é o fato de que na mente e no coração de uma pessoa, que estão ocultos aos olhos do mundo, aparecem todos os tipos de pensamentos estranhos e ruins.
 
Pode parecer uma ideia extrema, mas vamos pegar um exemplo para entender o quanto isso é real. Imagine uma pessoa que tem um parente rico, que deixará de herança uma grande fortuna para seus herdeiros após a sua morte. Exteriormente, a pessoa certamente respeita seu parente e busca sua segurança e seu bem-estar. Porém, em seu coração, às vezes ela é assombrada por pensamentos sobre o que futuramente herdará. Em sua imaginação, às vezes ela se vê voltando do funeral do parente rico com uma enorme riqueza nas mãos. Se examinarmos cuidadosamente, parece que há algo de assassinato e roubo neste pensamento. Afinal, todo assassino e ladrão não age exceto para o seu próprio prazer e benefício. De certa maneira, esta pessoa está interessada na morte de seu parente para alcançar seus desejos. Ninguém revelaria este tipo de pensamento, pelo medo do julgamento da sociedade. Porém, ela não tira isso do coração, onde ninguém pode ver. Por isso, o ser humano está muito mais próximo das transgressões do que imagina. E foi isso o que o Midrash percebeu na atitude de Og.
 
O único remédio para esta deficiência é o uso da sabedoria e da moralidade. Devemos chegar ao nível de termos o controle, não apenas sobre os nossos atos, mas também sobre o nosso pensamento, as nossas vontades e os desejos do nosso coração. Somente o temor de D'us leva a pessoa a dominar seus instintos, como ensina Shlomo Hamelech: "O sábio teme e se afasta do mal, mas o tolo passa com confiança e escorrega" (Mishlei 14:16).
 
Aprendemos, portanto, dois ensinamentos importantes nesta Parashá. Em primeiro lugar, é assustador perceber até onde chega a força da corrupção moral do ser humano. E, se formos mais a fundo na reflexão, perceberemos que mesmo ações que parecem superficialmente boas e puras, às vezes estão enraizadas no mal e na corrupção moral. Portanto, se não nos livrarmos dos maus hábitos e dos maus pensamentos, eles atuarão em nós.
 
Mas podemos aprender também algo bom, no que diz respeito à magnitude da força dos nossos bons atos. Apesar de toda a intenção de Og ser apenas ruim, para que Avraham morresse e ele pudesse ficar com Sara, como no final acabaram saindo apenas coisas boas para Avraham, Og recebeu uma enorme recompensa por isso. E se isso vale para atos com más intenções, quão maravilhosa será a recompensa guardada para aqueles cujos atos e intenções são boas e puras? Portanto, vale a pena se esforçar, não apenas que nossos atos sejam bons, mas também para que as intenções sejam sempre as mais puras possíveis. 

SHABAT SHALOM 

 R' Efraim Birbojm

 

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sexta-feira, 1 de novembro de 2024

NUNCA SUBESTIME A FORÇA DA TEFILÁ - SHABAT SHALOM M@IL - PARASHÁ NOACH 5785

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MENSAGEM DA PARASHÁ NOACH

ASSUNTOS DA PARASHÁ NOACH
  • Noach encontra graça aos olhos de D'us.
  • Construção da Arca.
  • O grande Dilúvio e um ano na Arca.
  • O corvo e a pomba.
  • Noach e a família saem da Arca.
  • Noach oferece um Korban.
  • O pacto: Arco-Íris.
  • Noach fica bêbado e é envergonhado por seu filho Ham.
  • Knaan, filho de Ham, é amaldiçoado.
  • Descendentes de Yafet, Ham, Knaan e Shem.
  • A Torre de Babel e a dispersão.
  • 10 Gerações de Noach a Avraham.
  • 1º teste de Avraham: 13 anos escondido de Nimrod.
  • 2º teste de Avraham: Ur Kassdim.
 
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NUNCA SUBESTIME A FORÇA DA TEFILÁ - PARASHÁ NOACH 5785 (01/nov/24)
 
"Casais que não conseguem ter filhos não medem esforços para conseguirem engravidar. Estão dispostos a viajar milhares de quilômetros para se consultarem com médicos especialistas que moram em países longínquos ou tentar tratamentos alternativos. Porém, nossos sábios dão um conselho de como resolver este problema sem precisar gastar fortunas e nem fazer longas viagens.
                       
O Rav Baruch Mordechai Ezrachi zt"l (Israel, 1929 - 2023), diretor da Yeshivat Ateret Israel, contou que certa vez testemunhou quando um jovem estudante de Torá aproximou-se de um importante rabino e começou a desabafar, lamentando a difícil situação pela qual estava passando. Ele chorou muito, dizendo que ele e sua esposa estavam sofrendo por ainda não terem filhos, apesar de estarem casados há alguns anos, e pediu para que o rabino lhe desse uma Brachá para reverter aquela situação desesperadora. Imediatamente o rabino segurou a mão do rapaz e disse com muita emoção:
 
- Saiba que um dos meus filhos, que vive nesta cidade, também está casado há muitos anos e ainda não foi abençoado com filhos. Acabei de pensar em algo que, com a ajuda de D'us, vai ajudar vocês dois. Por favor, vá até a casa do meu filho agora e diga para ele que nossos sábios ensinam no Talmud (Baba Kama 92a) que "todo aquele que pede misericórdia por seu companheiro, mesmo necessitando pessoalmente da mesma coisa, ele será atendido primeiro". Eu quero que vocês façam um contrato, assinado pelos dois, onde constará que de hoje em diante todas as rezas que vocês fizerem relacionadas a esse assunto serão destinadas exclusivamente ao outro.
 
O rapaz escutou com atenção as palavras do rabino. Sem perder tempo, apesar de já ser bem tarde da noite, ele dirigiu-se à casa do filho do rabino e saiu de lá com o contrato na mão. E o Rav Ezrachi contou que não passou um ano até que as duas famílias tiveram o mérito e a alegria de ganhar um filho."
 
A força da Tefilá, aliada à força de se preocupar com o próximo, podem fazer muitos milagres acontecerem.

Nesta semana lemos a Parashá Noach, que descreve as consequências trágicas de quando a humanidade escolheu se desviar dos caminhos corretos. D'us mandou um dilúvio que apagou toda a vida na Terra. Somente Noach e sua família encontraram graça aos olhos de D'us, como está escrito: "Mas Noach encontrou graça aos olhos de D'us... Noach era um homem justo, íntegro em sua geração. Noach andava com D'us" (Bereshit 6:8,9).
 
Entretanto, por que a Torá escreveu que Noach era íntegro "em sua geração"? Rashi explica que há uma forma de entender isto como um louvor, pois era extremamente difícil ser íntegro em uma geração tão perversa. Mas Rashi diz que também este versículo pode ser entendido em um contexto negativo. Noach, em comparação com as pessoas de sua geração, era íntegro. Porém, se estivesse na geração de Avraham, teria sido considerado alguém sem nenhuma importância. Mas como entender esta ideia? Em que sentido Avraham era tão maior do que Noach, a ponto de ofuscá-lo completamente?
 
A pergunta fica ainda mais forte ao observarmos um importante detalhe da Haftará lida após a Parashat Noach, que traz palavras do profeta Yeshayahu: "Pois com uma leve ira Eu escondi Meu semblante de você por um momento, mas com eterna bondade lhe mostrarei misericórdia - disse seu Salvador, D'us - Pois isso será para Mim como as "águas de Noach": assim como jurei nunca mais trazer as "águas de Noach" sobre a terra, assim jurei não ficar irado com você ou repreendê-lo" (Yeshayahu 54:8,9). Percebemos que o profeta se refere ao dilúvio como sendo "as águas de Noach". Por que o dilúvio não foi chamado de "águas da geração de Noach"?
 
De acordo com o Zohar, a Torá está fazendo uma crítica a Noach, por não ter pedido a D'us misericórdia para sua geração. Em outras palavras, o Zohar está dizendo que o dilúvio é chamado pelo nome de Noach porque ele não rezou o suficiente por seus contemporâneos. Mas Noach não deveria ter sido culpado por isso. D'us veio a Noach e anunciou que as pessoas daquela geração eram perversas e que por isso Ele iria destruí-las. D'us ordenou que Noach construísse uma arca para salvar sua família e os pares selecionados de cada espécie de animais, pois mais ninguém merecia ser salvo. Então por que Noach deveria ter questionado o decreto de D'us? Por que ele deveria ter feito Tefilá para suspender os planos do Criador? E, além disso isso, como sabemos que tal Tefilá teria revertido a determinação Divina de acabar com a corrupção humana, que havia se arrastado por tantos anos?
 
Explica o Rav Yssocher Frand que a prova de que as Tefilót de Noach poderiam ter salvado sua geração está nos versículos que lemos após o fim do dilúvio: "Então Noach construiu um altar para D'us, e tomou de todo animal puro e de toda ave pura, e ofereceu oferendas sobre o altar. D'us sentiu o aroma agradável, e disse em Seu coração: 'Não continuarei a amaldiçoar a terra novamente por causa do homem... Nem continuarei a ferir todo ser vivo como fiz'" (Bereshit 8:20,21). A Tefilá de Noach foi aceita e D'us admitiu que ele estava certo: "Nunca mais Eu trarei um dilúvio para destruir a terra" (Bereshit 9:11). Se Noach tivesse construído tal altar e feito tal Tefilá antes do dilúvio, provavelmente a destruição poderia ter sido evitada. Noach poderia ter salvado toda a humanidade. Porém, Noach não rezou. Talvez ele não se importou como deveria, não sentiu a dor dos outros. Ou talvez ele não acreditou no poder das suas próprias Tefilót e, por isso, não pediu. Como castigo, o dilúvio foi chamado pelo seu nome: "as águas de Noach".
 
Esta era a grande diferença entre Avraham e Noach. Enquanto Noach não rezou pela humanidade, Avraham se "indispôs" com D'us, implorando repetidas vezes para que Ele poupasse a cidade de Sdom da destruição. Sdom não era uma cidade de Tzadikim, muito pelo contrário, era uma cidade de pessoas perversas e cruéis. Mesmo que D'us havia avisado a Avraham que destruiria Sdom por causa da maldade de seus habitantes, ainda assim Avraham se importou com eles e rezou muito para que fossem poupados da destruição. Não havia nenhuma garantia de que aquela Tefilá realmente funcionaria para salvar Sdom, mas Avraham conhecia a força da Tefilá, e por isso tentou. De fato, aquela Tefilá não funcionou para salvá-los, pois D'us entendeu, em Sua sabedoria infinita, que o mundo seria melhor sem a cidade de Sdom. Mas Avraham teve o mérito de ter se importado e ter tentado. Já Noach infelizmente nem tentou.
 
Qual é a receita para que nossa Tefilá realmente possa ser atendida? O Talmud (Rosh Hashaná 18a) traz um ensinamento importante a este respeito. O Rabi Meir costumava dizer que duas pessoas que adoeceram com a mesma doença ou dois criminosos condenados pelo mesmo crime, é possível que um melhore e o outro não melhore, que um seja absolvido e o outro não seja absolvido, que um viva e o outro morra. Por que isso acontece? Pois um fez Tefilá e suas rezas foram atendidas, enquanto o outro fez Tefilá mas suas rezas não foram atendidas. O Talmud explica que aquele que fez uma "Tefilá completa" foi atendido, enquanto aquele que não fez uma "Tefilá completa" não foi atendido. Mas o que significa uma "Tefilá completa"? É difícil dizer que a diferença seja na Kavaná. É improvável que uma pessoa reze sem Kavaná quando sua vida está em perigo ou ela está em seu leito de morte.
 
O Rav Elyahu Lopian zt"l (Polônia, 1876 - Israel, 1970) explica que o Talmud não está dizendo que um deles rezou com concentração e o outro não. Segundo ele, uma "Tefilá completa" se refere a uma pessoa que acredita no poder de sua Tefilá. Ela acredita no Poder ilimitado de D'us e na comunicação com Ele através das rezas e, portanto, quando ela reza, ela é atendida. A outra pessoa, entretanto, não tinha confiança de que sua Tefilá seria atendida e, por isso, realmente não foi atendida.
 
Nossos sábios utilizam este conceito na prática, não apenas como teoria. Certa vez a irmã do Rav Menachem Mendel Morgensztern zt"l (Polônia 1787 - 1859), mais conhecido como Kotzke Rebe, estava muito doente e nenhum tratamento funcionava para curá-la. Ela foi até a casa de seu irmão, bateu na porta e, quando ele abriu, ela pediu para que o Rebe rezasse pela saúde dela. Porém, para a surpresa dela, o Rebe disse: "Não há nada que eu possa fazer por você", e fechou a porta de casa na cara dela. A irmã, desesperada, olhou para o céu e começou a chorar. Com lágrimas escorrendo no rosto, ela disse: "Mestre do Universo, até meu próprio irmão me abandonou. Só sobrou Você para me ajudar! Por favor, não me abandone!". O Rebe então novamente abriu a porta e disse: "Era isso o que eu queria ouvir. Não é um rabino ou um médico que podem ajudar você, somente o Todo Poderoso. Eu só queria levar você a essa realização. Uma vez que você chegou a esta conclusão, então você ficará bem". Esta foi uma "Tefilá completa".
 
Nossos sábios descrevem que a Tefilá é algo que "está nas alturas do mundo, mas mesmo assim as pessoas a desprezam". Nossas Tefilót têm um impacto cósmico, mesmo quando parece que elas não foram atendidas. Avraham não conseguiu salvar Sdom, mas certamente suas Tefilót ficaram guardadas, beneficiando outras pessoas. Nem sempre vemos os resultados imediatos das nossas Tefilót, pois às vezes o efeito delas não será sentido a não ser após muitas gerações. Achamos que quando fazemos Tefilá por um familiar doente, a Tefilá ajuda apenas aquele doente, mas não conhecemos o verdadeiro poder da Tefilá. Mesmo que a pessoa por quem rezamos possa falecer, nossas Tefilót não foram em vão, e certamente salvarão muitas outras vidas. Por isso, nunca desista da Misericórdia Divina. Reze, mesmo quando tudo parecer impossível. Acredite no poder da sua Tefilá. Certamente ela será recebida por D'us e ficará guardada para ser utilizada em uma ocasião especial. 

SHABAT SHALOM 

 R' Efraim Birbojm

 

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