sexta-feira, 12 de novembro de 2010

SHABAT SHALOM MAIL - PARASHÁ VAIETZE 5771

BS"D

           

AMOR PARA TODA A VIDA - PARASHÁ VAIETZE 5771 (12 de novembro de 2010)

 

Tudo começou treze anos antes, em uma biblioteca da Flórida. Ao retirar um livro da estante, um livro com capa de couro azul, John Blanchard ficou intrigado, não com as palavras impressas, mas com as anotações escritas à mão na margem. A letra delicada indicava ser a de uma pessoa ponderada e sensível. Na primeira página do livro, ele descobriu o nome da proprietária anterior: Srta. Hollies Maynell. Depois de algum tempo e de várias tentativas, conseguiu localizar o endereço dela. Morava em Nova York. Escreveu-lhe uma carta apresentando-se e propondo uma troca de correspondência. No dia seguinte, ele foi convocado para servir em uma base do outro lado do oceano. Era a Segunda Guerra Mundial. Durante os treze meses seguintes, os dois passaram a se conhecer por correspondência. Cada carta era uma semente caindo em um coração fértil. Blanchard pediu uma fotografia, mas ela recusou-se a enviar. Achava que, se ele realmente gostasse dela, não haveria necessidade da fotografia. Quando ele retornou da Europa, marcaram o primeiro encontro, às 19 horas na Estação Ferroviária Central de Nova York. "Você me reconhecerá", ela escreveu, "pela rosa que estarei usando na lapela". Assim, às 19 horas, Blanchard estava na estação à espera da moça cujo coração ele amava, mas cujo rosto nunca vira.

 

Em sua direção veio uma linda jovem alta e esbelta, vestindo uma roupa verde-claro. Começou a caminhar na direção dela, sem notar que não havia rosa em sua lapela. Quando se aproximou, um sorriso leve e provocante brotou-lhe nos lábios. "Gostaria de me acompanhar, marujo?" ela convidou. De maneira quase incontrolável, ele deu um passo em sua direção, e foi então que avistou Hollies Maynell. Ela estava em pé, atrás da jovem. Aparentava bem mais de quarenta anos, e seus cabelos, presos sob um chapéu surrado, deixavam entrever alguns fios brancos. Tinha tornozelos grossos e usava sapatos de salto baixo. A moça de roupa verde-claro começou a distanciar-se rapidamente. John sentiu-se dividido, desejando ardentemente segui-la, mas ao mesmo tempo, profundamente interessado em conhecer a mulher cujo entusiasmo o acompanhou e o sustentou durante todo o tempo de guerra. E lá estava ela. Seu rosto redondo e pálido estampava delicadeza e sensibilidade; os olhos cinzentos irradiavam meiguice e bondade.

John não hesitou. Pegou o pequeno livro azul, de capa de couro, para se identificar. Mesmo se não fosse um caso de amor, poderia ser algo precioso, uma grande amizade. Ele endireitou os ombros, cumprimentou e entregou o livro à mulher, apesar de sentir-se sufocado pela amargura do seu desapontamento enquanto lhe dirigia a palavra.

 

- Sou o Tenente John Blanchard, e você deve ser a Srta. Maynell. Estou satisfeito por você ter vindo encontrar-me. Aceita um convite para jantar?

 

No rosto da mulher surgiu um sorriso largo e bondoso.

 

- Não sei do que se trata, meu filho - ela respondeu - mas aquela jovem de roupa verde, que acabou de passar por aqui, pediu-me que usasse esta rosa na lapela. Ela instruiu-me também que, se você me convidasse para jantar, eu deveria dizer que ela está à sua espera no restaurante do outro lado da rua. Ela me contou que se tratava de uma espécie de teste!"


O que buscamos em um relacionamento? Será que somos atraídos apenas pelo lado físico ou buscamos conhecer o coração da pessoa com quem desejamos passar o resto de nossas vidas juntos?

 

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Na Parashá desta semana, Veietze, Yaacov viajou para Haran em busca de uma esposa. Lá vivia Lavan, o irmão de Rivka, e ele tinha duas filhas, Lea e Rachel. Chegando em Haran, Yaacov logo se deparou com Rachel, com quem quis se casar, como está escrito: "E Yaacov amou Rachel, e disse: 'Trabalharei 7 anos por Rachel, a sua filha pequena'" (Bereshit 29:18). Mas após os 7 anos de trabalho, Lavan enganou Yaacov e, no momento do casamento, trocou suas filhas. Quando Yaacov percebeu, estava casado com Lea. Então Yaacov foi reclamar com Lavan, exigindo que também Rachel lhe fosse dada como esposa. Lavan concordou, mas pediu para se esperassem os 7 dias de festividades do casamento, por respeito a Lea. Finalmente Yaacov se casou com Rachel, como está escrito: "Ele se uniu a Rachel, e amou Rachel ainda mais do que amou Lea" (Bereshit 29:30). Mas deste versículo fica uma grande dúvida. O casamento com Lea foi uma farsa tramada por seu sogro Lavan, e sete dias depois Yaacov se casou com Rachel, seu verdadeiro amor. Qual o relacionamento esperado entre Yaacov e Lea? Provavelmente de total desprezo. Como Yaacov era muito Tzadik (Justo), certamente esperaríamos que ele tratasse bem de Lea, mas nada mais do que atitudes externas para encobrir um sentimento interno de inimizade. Mas se a Torá nos diz que Yaacov amou Rachel mais do que Lea, significa que Yaacov também amava Lea. Em que momento ele começou a amá-la?

 

Os jovens vivem atualmente um grande dilema: casar ou não casar? Por um lado, quando encontram alguém com quem querem passar o resto de suas vidas junto, pensam em se casar. Por outro lado, os casos de fracasso são tantos que muitos desanimam. Será que vale a pena casar? Será que o amor vai durar por toda a vida? Há alguma maneira de "forçar" um sentimento de amor? A própria "despedida de solteiro", tão comum hoje em dia, é um sinal de que, na cabeça dos jovens, o casamento é o fim de uma fase de curtição. O que vem daqui para frente? Uma vida séria e sem graça. Será que o casamento verdadeiro e o amor estão em extinção? Será que o correto são os "casamentos descartáveis", que já começam com data marcada para terminar?

 

Além disso, quando falamos sobre amor, outra pergunta precisa ser respondida. Existem Mitzvót que estão ligadas a sentimentos. Por exemplo, a Torá nos ordena: "Ame ao teu próximo como a ti mesmo". Como D'us pode exigir um sentimento? Como eu posso me obrigar a amar outra pessoa? É possível forçar um sentimento?

 

Explica o rabino Simcha Barnett que a resposta está na Parashá desta semana. Quando Yaacov se casou com Lea, realmente ele não a amava, pois nem mesmo a conhecia. Mas durante os 7 dias de festividades após o casamento eles começaram a se conhecer, não apenas de uma maneira superficial, mas Yaacov começou a enxergar todas as maravilhosas qualidades de Lea, que era realmente uma mulher muito virtuosa. Cada qualidade que Yaacov encontrava em Lea criava entre eles uma conexão mais forte. Passada aquela semana, Yaacov conhecia tanto sua nova esposa que já havia chegado ao ponto de amá-la.

 

A Torá está nos contando um grande segredo sobre como manter um relacionamento conjugal com amor por toda a vida. Um segredo que vale a pena guardar no coração e colocar na prática para colher bons frutos. Por que os relacionamentos se deterioram com o tempo? Pois a paixão, aquela magia inicial que nos cega, termina, e então começamos a perceber cada vez mais os defeitos do outro. O sonho vira um pesadelo. Portanto, se queremos amar alguém por toda a vida, precisamos nos comprometer a constantemente buscar no outro suas qualidades.

 

Qual é a prova de que isto realmente funciona? Quando pensamos em um amor verdadeiro e duradouro, automaticamente nos vem à cabeça o amor dos pais e filhos. Por que os pais amam tanto seus filhos, mesmo quando eles têm inúmeros defeitos? Pois os pais automaticamente olham os filhos como pessoas essencialmente boas e com potencial, e os defeitos são vistos apenas como pequenas manchas na roupa, pontos negativos com os quais os filhos precisam aprender a lidar. Um dos motivos pelo qual D'us nos dá filhos é para que possamos aprender com eles a amar os outros. Pois o amor vem de enxergarmos o que o outro tem de bom. Nos filhos isso vem automaticamente, mas com os outros isto precisa ser trabalhado e investido.

 

Portanto, quando D'us nos comanda a amar ao próximo, Ele não está exigindo de nós emoções. Ele está exigindo atitudes que levarão às emoções. Ele está nos comandando a buscar as qualidades e virtudes nos outros. Este é o segredo do amor.  

 

As estatísticas atuais realmente não são animadoras. Mas não somos obrigados a aceitar. Não somos obrigados a nos resignar a casamentos de aparências. Podemos e devemos nadar contra a correnteza. A chave do sucesso é o nosso comprometimento em ver o lado bom do outro. Uma dica prática é refletir um pouco e fazer uma lista de tudo o que o nosso marido ou esposa têm de bom. É garantido que ficaremos impressionados ao encontrar inúmeras qualidades que nunca tínhamos prestado atenção.

 

O amor verdadeiro não cai do céu, ele é alcançado através do nosso esforço. É uma conquista. Por isso, temos que nos conscientizar que, se um relacionamento não está indo bem, o problema não é com o amor, é conosco. Cada um precisa receber sobre si a responsabilidade de fazer o relacionamento dar certo. Somente assim garantiremos que a história terá um final feliz. Não nos filmes, mas na vida real.

 

SHABAT SHALOM

 

Rav Efraim Birbojm

 

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