sexta-feira, 9 de julho de 2010

SHABAT SHALOM MAIL - PARASHIOT MATOT E MASSEI 5770

BS"D
 
ESCREVENDO NA PEDRA OU NA AREIA – PARASHIOT MATOT E MASSEI 5770 (9 de julho de 2009)
 
"Dois amigos, Jacó e José, viajavam juntos, acompanhados de seus ajudantes. Chegaram certa manhã às margens de um rio de forte correnteza e precisavam atravessá-lo. Quando o jovem José tentou saltar em uma pedra, escorregou e caiu na água. Jacó, sem um instante de hesitação, atirou-se à correnteza e, lutando furiosamente, conseguiu trazer a salvo o companheiro de jornada. O que fez José? Chamou, no mesmo instante, os seus mais hábeis ajudantes e ordenou-lhes que gravassem em uma grande pedra a seguinte frase: "Neste lugar, durante uma jornada, Jacó salvou heroicamente o seu amigo José". Isto feito, prosseguiram a viagem.
 
Alguns meses depois, quando regressavam, novamente se viram forçados a atravessar o mesmo rio, naquele mesmo lugar perigoso e trágico. Como se sentiam muito cansados, resolveram repousar algumas horas à sombra acolhedora da pedra que ostentava bem no alto a honrosa inscrição. Sentados na areia clara, puseram-se a conversar. Eis que, por um motivo fútil, surgiu de repente uma grave desavença entre os dois companheiros. Da discórdia passaram para uma acalorada discussão e Jacó, num ímpeto de raiva, deu um tapa na cara de seu amigo.
 
O que fez José? O que você faria no lugar dele? José não revidou a ofensa. Ergueu-se tranquilamente, pegou um galho seco e escreveu na areia clara: "Neste lugar, durante uma jornada, Jacó, por um motivo fútil, deu um tapa na cara do seu amigo José".
 
Surpreendido com o estranho comportamento, um dos ajudantes de José comentou:
 
- Senhor, para exaltar um bom ato de Jacó você nos mandou gravar para sempre na pedra o feito heróico. Mas agora, que ele acaba de te ofender gravemente, você se limita a apenas escrever na areia? A primeira escrita ficará para sempre, mas esta outra, riscada na areia, antes do cair da tarde já terá desaparecido!
 
Respondeu então José:
 
- O benefício que recebi de Jacó permanecerá para sempre em meu coração, como a frase escrita na pedra. Mas a ofensa, escrevo-a na areia para que se apague logo, pois desejo apagá-la da minha lembrança tão rapidamente quanto ela será apagada da areia"
 
Devemos aprender a gravar na pedra os favores e benefícios que recebemos, as palavras de carinho, simpatia e estímulo que ouvimos. Devemos aprender, porém, a escrever na areia as ofensas, as ingratidões, as enganações e as agressões que nos ferem pela estrada da vida.
 
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Nesta semana lemos duas Parashiot juntas, Matót e Massei. Na Parashá Matót, D'us ordena que o povo judeu guerreie contra o povo de Midian como um ato de vingança. Vingança do que? O povo de Midian havia tramado um plano para derrubar espiritualmente o povo judeu. Usando as próprias filhas como "iscas", eles conseguiram fazer com que muitos judeus cometessem relações ilícitas e idolatria, o que causou uma consequência desastrosa para o povo judeu: a morte de 24 mil homens em uma terrível praga. E assim a Torá descreve a ordem de D'us para Moshé: "Tome vingança dos Filhos de Israel contra os midianitas; depois você se reunirá aos teus antepassados" (Bamidbar 31:2). Segundo o Midrash (parte da Torá Oral), se Moshé quisesse cumprir a ordem de D'us somente depois de 20 ou 30 anos, ele teria permanecido vivo todo este tempo, pois D'us havia decretado que ele morreria apenas depois da vingança contra Midian.
 
Se soubéssemos o dia da nossa morte e tivéssemos a possibilidade de ganhar mais alguns anos, meses ou até mesmo dias, não faríamos de tudo para prolongar nossas vidas? Certamente que sim. Mas para nossa surpresa, a Torá nos ensina que Moshé cumpriu a ordem de D'us imediatamente. Por que ele não adiou a guerra para "ganhar um tempo"?
 
Explica o Rabino Leib Chassman que a resposta está na forma como Moshé convocou o povo para a guerra: "E falou Moshé com o povo: armem homens dentre vocês... para tomar a vingança de D'us contra Midian" (Bamidbar 31:3). Moshé chamou a guerra de "vingança de D'us", isto é, ele entendeu a importância desta guerra como uma forma de santificar o nome de D'us que havia sido denegrido com a promiscuidade e a idolatria do povo judeu. Moshé então prontamente cumpriu a Mitzvá, pois para ele a honra de D'us estava acima de sua própria vida.
 
Porém, surge uma grande pergunta. A Torá diz que Moshé não foi pessoalmente para a guerra, ele enviou Pinchás como líder, como está escrito "E Moshé enviou os 1.000 homens de cada tribo para o exército, eles e Pinchás..." (Bamidbar 31:6). Se era uma Mitzvá tão importante, por que Moshé não liderou pessoalmente o exército? Explicam os nossos sábios que Moshé, quando matou um egípcio para salvar o judeu que estava sendo covardemente espancado por ele, precisou fugir da fúria do faraó e refugiou-se em Midian. Portanto ele sabia que tinha uma obrigação de "Acarat Hatóv" (reconhecer a bondade recebida). Como ele poderia atirar uma pedra no poço onde havia bebido água, isto é, como ele poderia infligir sofrimentos a quem havia feito coisas boas para ele?
 
Mas Moshé estava realmente obrigado a ter "Acarat Hatóv" com o povo de Midian? Apesar de realmente ter recebido coisas boas, eles haviam causado muitos sofrimentos ao povo judeu! Até onde vai nossa obrigação de agradecer por uma bondade recebida?
 
Muitas vezes recebemos muitas bondades de pessoas que, em algum momento, "pisam na bola" conosco. Imediatamente esquecemos todo o bem que recebemos destas pessoas e guardamos para sempre o rancor. Esta é a natureza do ser humano, esquecer as coisas boas e guardar no coração as coisas ruins que recebemos dos outros, mesmo que as bondades tenham sido muitas e as coisas negativas tenham sido poucas. Mas de Moshé aprendemos o contrário, quanto é grande a obrigação que o ser humano tem de "Acarat Hatóv" com o próximo. Mesmo que os midianitas tinham feito algo tremendamente ruim, isso não apagou as coisas boas que eles fizeram no passado, e Moshé sentiu a obrigação de se lembrar delas. Moshé nos ensinou que, mesmo quando alguém nos faz algo ruim, isto não nos isenta da obrigação de reconhecermos as coisas boas que recebemos dele.
 
Com quem Moshé aprendeu a se comportar assim? Com o próprio Criador do mundo. O judaísmo nos ensina que a nossa meta na vida é se assemelhar ao Criador. Da mesma forma que Ele é bondoso com todas as criaturas, assim nós também devemos ser bondosos. Da mesma forma que Ele é misericordioso, assim também devemos ser misericordiosos. Ensina o Rabino Moshé Cordovero, em seu livro "Tomer Dvora", que quando um ser humano cumpre uma Mitzvá ou faz um bom ato, D'us as guarda nos mundos espirituais mais elevados, diante de Seus olhos. Mas quando um ser humano faz uma transgressão, D'us não deixa que ela fique guardada no mesmo nível espiritual elevado, ele a "esconde" para que não fique diante de Seus olhos. Por que? Por misericórdia, para que uma Mitzvá não seja anulada com uma transgressão. Pois por cada Mitzvá que fazemos teremos uma recompensa eterna, e D'us não quer nos fazer perder nossa eternidade por causa de momentos de fraqueza, quando cometemos erros. D'us "cobra" pelos nossos erros, através de sofrimentos que passamos no mundo físico ou no mundo espiritual (após a morte), para depois poder nos pagar, no Mundo Vindouro, a recompensa de cada Mitzvá que fizemos. Nenhuma Mitzvá é "descontada" pelos nossos maus atos. Moshé aprendeu, com esta característica de misericórdia de D'us, a guardar as coisas boas recebidas e a "ignorar" as coisas ruins.
 
Assim devemos nos comportar com os outros, nos esforçando para esquecer e perdoar as pessoas pelas coisas ruins que nos fizeram e, por outro lado, nos esforçando para guardar para sempre cada pequena bondade que recebemos dos outros. Devemos escrever em pedras as coisas boas e na areia as coisas ruins. Esse é o verdadeiro "Acarat Hatóv". Assim nos comportamos de verdade como D'us.
 
SHABAT SHALOM
 
Rav Efraim Birbojm
 
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