sexta-feira, 2 de julho de 2010

SHABAT SHALOM MAIL - PARASHÁ PINCHÁS 5770

BS"D

 

SUBORNANDO O JUIZ - PARASHÁ PINCHÁS 5770 (02 de julho de 2010)

 

"Um homem muito sábio tinha quatro filhos muito inteligentes, porém muito teimosos. Quando eles colocavam uma idéia na cabeça, não havia quem conseguisse tirar. Não estavam abertos a escutar o que os outros diziam quando eram contrariados. Mas o pior de tudo é que eles não conseguiam enxergar que eram teimosos. O pai então bolou uma maneira engenhosa de ensinar uma lição para eles. Enviou os quatro para uma viagem, cada um em uma estação diferente do ano, para observar uma determinada árvore que havia em um lugar distante. O primeiro filho foi no inverno, o segundo foi na primavera, o terceiro foi no verão e o quarto foi no outono.

 

Depois de um ano o pai juntou os quatro filhos e pediu para que cada um deles descrevesse o que viu. O primeiro informou que havia visto uma árvore feia, seca e sem vida. O segundo filho deu risada e disse que devia ser outra árvore, pois a que ele tinha vista era justamente o contrário, uma árvore bem viva, carregada de botões. O terceiro filho contestou a informação dos dois irmãos e afirmou que havia visto uma árvore coberta de lindas flores e exalando um perfume delicioso. Finalmente, o quarto filho afirmou que os irmãos estavam todos enganados, pois a árvore não era algo seco e sem vida e também não tinha flores, e sim muitas frutas saborosas.

 

O pai, então, ensinou uma grande lição aos filhos: explicou que todos haviam visto exatamente a mesma árvore, mas em épocas do ano diferentes. Por que nenhum deles havia conseguido chegar à simples conclusão de que era uma única árvore em estações diferentes? Pois cada um estava tão focado em suas próprias idéias que não conseguia expandir sua visão para enxergar algo maior"

 

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O povo judeu cometeu muitas transgressões durante os anos em que permaneceu no deserto: o bezerro de ouro, o choro por causa do relato dos espiões, as constantes reclamações por comida e água e a promiscuidade com as mulheres de Midian, entre outras. Os judeus estavam muito desanimados por causa das severas punições que receberam de D'us. Mas enquanto muitos do povo pensavam em voltar ao Egito, a Parashá desta semana, Pinchás, louva cinco mulheres que demonstraram em público o seu amor incondicional pela terra de Israel. As cinco mulheres, filhas de um homem chamado Tzlofchad, vieram publicamente reivindicar de Moshé uma porção na terra de Israel. A divisão da porção de cada família havia sido feita de acordo com a quantidade de homens em cada casa, mas como Tzlofchad havia morrido sem deixar filhos homens, as cinco mulheres haviam ficado sem nenhuma porção. E assim elas argumentaram com Moshé: "Nosso pai morreu no deserto. Ele não estava entre os membros do partido de Korach que protestou contra D'us, mas ele morreu por causa de seu próprio pecado, sem deixar filhos... Dá-nos uma porção da terra junto com os irmãos do nosso pai" (Bamidbar 27:3,4).

 

Moshé era o grande juiz do povo judeu e todos os casos difíceis eram levados para ele julgar. Mas neste caso Moshé teve uma conduta diferente, como está escrito: "Moshé trouxe o caso delas diante de D'us" (Bamidbar 27:5). D'us falou para Moshé que a reclamação era realmente justa e que elas também tinham direito de receber uma porção na terra de Israel. O ato delas foi tão louvável que, por este mérito, a Torá logo em seguida nos ensina todas as leis sobre herança. 

 

Mas surgem duas perguntas sobre este caso. Primeiro, por que as filhas de Tzlofchad não disseram apenas que seu pai havia morrido sem deixar filhos homens? Por que foi importante mencionar que ele não havia participado da rebelião de Korach? E, além disso, Moshé encaminhava para D'us apenas as perguntas que eram muito difíceis, mas esta era aparentemente uma pergunta simples. Por que ele não respondeu sozinho?

 

Nos nossos dias infelizmente estamos acostumados com a corrupção. Somos bombardeados por todos os meios de comunicação com a realidade de que os nossos representantes, eleitos para protegerem nossos direitos, se aproveitam dos cargos públicos para se beneficiarem. Nisso se inclui nosso sistema judicial, onde não faltam escândalos de suborno e corrupção. Pessoas que deveriam estar aplicando a lei e fazendo justiça se vendem e mudam o rumo de julgamentos. E ao assistirmos a tudo isso, acabamos achando que é normal. Porém, segundo o judaísmo, nós não devemos nos conformar. Suborno é muito grave, pois o único que pode nos julgar de verdade é D'us, mas Ele deu aos juízes o poder de representá-Lo no mundo para que a justiça seja feita. Portanto não há nada pior do que um juiz que aceita subornos para desviar um julgamento.

 

Explica o rabino Isroel Meir HaCohen, mais conhecido como Chafetz Chaim, que na verdade Moshé sabia qual era a resposta ao pedido das filhas de Tzlofchad. Porém, ele teve dúvidas se seu julgamento estava correto. Por que? Pois ele se sentiu subornado pelas filhas de Tzlofchad e por isso preferiu encaminhar o julgamento diretamente para D'us. Mas se procurarmos em toda a Parashá, não encontraremos nenhum versículo descrevendo que elas deram um "presentinho" para incentivar Moshé a julgar favoravelmente o caso. Afinal, de que suborno estamos falando?

 

Quando as filhas de Tzlofchad foram reivindicar a terra, elas fizeram questão de mencionaram o motivo da morte do pai para que Moshé soubesse que ele não havia morrido por ter se rebelado contra D'us, o que poderia ter causado a perda do direito de uma porção na terra em Israel. Ao contrário, elas ressaltaram que ele havia morrido por outro pecado que ele havia cometido, onde não houve nenhuma rebeldia pública contra D'us. Porém, Moshé logo percebeu que as filhas de Tzlofchad eram mulheres muito sábias e, quando escutou elas explicando que a morte do pai não estava conectada com a rebelião de Korach, achou que elas estavam mencionando este fato para bajulá-lo. Ele pensou que elas queriam que ele, indiretamente, entendesse que elas sempre estiveram ao seu favor, mesmo durante a disputa com Korach, conseguindo assim um julgamento mais favorável. E Moshé era tão reto e tão justo que sentiu que aquilo já era um suborno, pois esta simples informação "a mais" já seria suficiente para que ele não fosse completamente imparcial. Apesar dele saber, de acordo com a lei judaica, que elas estavam corretas em seu argumento e mereciam uma porção em Israel, ele teve medo de que sua decisão tivesse sido influenciada pelo "suborno" delas e por isso decidiu se afastar do caso, encaminhando-o diretamente para D'us.

 

É interessante refletir que este conceito não se aplica apenas a juízes que atuam no tribunal. Em nossas decisões do cotidiano, quando decidimos o que é certo e o que é errado, também somos juízes dos nossos atos e por isso também temos que tomar cuidado com os nossos subornos. Quais são os nossos subornos? As nossas vontades, a nossa honra, a busca por prazeres imediatos. Quando queremos muito fazer algo, encontramos brechas até mesmo nas nossas maiores convicções. Por exemplo, ninguém tem dúvida de que uma das coisas mais importantes é a nossa saúde. Também ninguém tem dúvida de que comer muitos doces faz mal à saúde e pode causar muitas doenças. Mas quantos conseguem se controlar diante de uma mesa repleta de doces? Apesar do prazer de comer um doce durar apenas alguns segundos e os malefícios durarem uma vida inteira, mesmo assim não resistimos. Mas e a nossa convicção de que a saúde é tão importante? A vontade de sentir o prazer imediato de comer o doce vence a batalha. E na grande maioria das vezes, vence facilmente.

 

Algo muito semelhante acontece quando nos deparamos com as leis da Torá. Começamos a ver que tudo faz sentido, que as Mitzvót nos levam a uma vida mais regrada e equilibrada, que podemos viver com mais sentido e aproveitando melhor cada instante da vida. Mas quando vamos dar mais um passo, travamos. Por que? Apesar de racionalmente fazer sentido, ficamos com medo de perder nossos prazeres.

 

O que precisamos entender é que o judaísmo não nos tira prazeres, ao contrário, nos ajuda a aproveitá-los melhor. Não podemos ir ao barzinho na Sexta de noite, mas podemos construir uma família com pessoas unidas, que se sentam à mesa durante o Shabat para conversar e cantar juntas. Não podemos comer tudo o que temos vontade, mas aprendemos a ter autocontrole, a saber dizer "não" para as nossas vontades. Não saímos para namorar e "ficar", mas construímos casamentos felizes e estáveis, que duram a vida inteira. Abrimos mão de prazeres pequenos para conseguir prazeres muito maiores.

 

Desta Parashá aprendemos de Moshé o quanto temos que tomar cuidado com o suborno. Principalmente se o que está em jogo é o resto da nossa eternidade.

 

SHABAT SHALOM

 

Rav Efraim Birbojm

 

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