quinta-feira, 12 de março de 2020

AMOR DE PAI E FILHO - SHABAT SHALOM M@IL - PARASHAT KI TISSÁ 5780

O e-mail desta semana é dedicado à elevação da alma de:

FRADE (FANY) BAT EFRAIM Z"L



Para dedicar uma edição do Shabat Shalom M@il, em comemoração de uma data festiva, no aniversário de falecimento de um parente, pela cura de um doente ou apenas por Chessed, entrar em contato através do e-mail 

efraimbirbojm@gmail.com.
   
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PARASHAT KI TISSÁ 5780:

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- O Pedido de Moshé
- Moshé implora pelo perdão
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- As Segundas Tábuas
- 13 Atributos de Misericórdia
- Primogênitos
- Moshé retorna com o rosto brilhando

AMOR DE PAI E FILHO - PARASHAT KI TISSÁ 5780 (13 de março de 2020)

 
Havia um homem muito rico, que possuía muitos bens e, entre eles, uma enorme fazenda com vários empregados. Ele tinha um único filho, que era extremamente mimado. O rapaz não gostava de trabalhar e nem de compromissos. Apreciava as festas e ser bajulado por todos. O pai sempre explicava que ele só tinha amigos interesseiros, mas o rapaz não dava ouvidos.
 
Quando o pai chegou a uma idade avançada, ordenou aos seus empregados que construíssem um pequeno celeiro. Dentro do celeiro, ele mesmo fez uma forca e uma placa com os dizeres: "Para você nunca mais desprezar as palavras do seu pai". Mais tarde, chamou o filho, levou-o até o celeiro e disse:
 
- Meu filho, já estou velho e, quando eu partir, você tomará conta de tudo que eu tenho. Não sou profeta, mas sei qual será o seu futuro. Você vai deixar a fazenda nas mãos dos empregados e gastará todo o dinheiro com seus amigos. Vai acabar vendendo todos os animais da fazenda e seus bens para manter seus vícios e, quando não tiver mais dinheiro, seus amigos desaparecerão. Neste momento, você se arrependerá amargamente por não ter me escutado. Foi por isso que construí essa forca para você. Se acontecer o que eu lhe disse, quero que me prometa que irá se enforcar nela.
 
O jovem riu, achando aquilo uma bobagem. Porém, para não contrariar o pai, fez a promessa, pensando que aquilo jamais aconteceria. O tempo passou, o pai faleceu e o filho tomou conta de tudo. Exatamente como o pai havia previsto, o jovem gastou toda a herança, perdeu os amigos e a própria dignidade. Começou a refletir sobre sua vida e percebeu como havia sido tolo. Lembrou-se do seu querido pai e começou a chorar, pensando: "Se eu tivesse ouvido os conselhos dele. Mas agora é tarde". Pesaroso, levantou os olhos e avistou o pequeno celeiro, uma das poucas coisas que haviam restado. Foi até lá e, vendo a forca e a placa empoeirada, meditou:
 
- Nunca segui as palavras do meu pai. Não pude alegrá-lo enquanto ele estava vivo, mas, pelo menos dessa vez, vou fazer a vontade dele, cumprindo minha promessa, pois não me resta mais nada.
 
Então, subindo nos degraus, colocou a corda no pescoço. Pensou que gostaria de ter uma nova chance, mas como já não lhe restava mais nada na vida, fechou os olhos e pulou. Sentiu por um instante a corda apertar sua garganta, mas o braço da forca era oco e quebrou facilmente. O rapaz caiu no chão e sobre ele caíram moedas de ouro, esmeraldas, pérolas e diamantes que estavam escondidos dentro da forca. Junto com toda aquela fortuna caiu também um bilhete que dizia: "Essa é sua nova chance, aproveite. Eu te amo muito. Seu pai".
 
Da mesma forma que o amor de um pai por seu filho é imenso, assim também é o amor de D'us por nós. D'us nunca desiste de Seus filhos. Por mais que tenhamos nos afastando Dele, sempre recebemos uma nova chance.

Nesta semana lemos a Parashat Ki Tissá que, entre outros assuntos, descreve o terrível equívoco do povo judeu de construir um bezerro de ouro ao se desesperar com a demora de Moshé, que havia subido no Monte Sinai para receber a Torá e não havia voltado dentro da data combinada. Aos olhos de D'us esta falha foi tão grave que Ele quis exterminar todo o povo judeu e recomeçá-lo através de Moshé. Porém, após muitas rezas e súplicas de Moshé, D'us perdoou o povo e novamente pediu para que Moshé subisse no Monte Sinai para receber novas Tábuas, já que as primeiras haviam sido quebradas quando ele se deparou com o povo judeu dançando e se alegrando diante do bezerro de ouro.
 
Porém, junto com a entrega das novas Tábuas contendo os 10 Mandamentos, D'us também ensinou para Moshé o segredo dos "13 Atributos de Misericórdia Divina", que deveria ser utilizado pelo povo judeu nos momentos em que suas vidas estivessem em perigo, conforme está escrito: "E D'us passou diante dele e proclamou: 'Hashem, Hashem, D'us benevolente, que é compassivo e gracioso, lento para se enfurecer e abundante em bondade e verdade, guardando bondade para milhares, perdoando iniquidade, rebelião e pecado" (Shemot 34:6,7). Estes 13 Atributos de Misericórdia despertam níveis de misericórdia Celestial muito elevados, ajudando o povo judeu a passar por momentos difíceis de julgamento, após cometerem graves transgressões como o bezerro de ouro.
 
Os comentaristas da Torá trazem muitas explicações sobre o que significam os 13 Atributos de Misericórdia Divina. Entre eles, há um que nos chama a atenção, o Atributo de "Chanun" (gracioso), que significa que D'us nos dá "presentes gratuitos", isto é, mesmo quando não merecemos.
 
Explica o Rav Yossef Dov Soloveitchik zt"l (Bielorrússia, 1820 - 1892), mais conhecido como Beis Halevi, que este conceito é ressaltado por um interessante versículo escrito por David Hamelech: "Eis que, como os olhos do escravo estão voltados à mão de seu dono, como os olhos da escrava estão voltados para as mãos da sua dona, assim também nossos olhos estão voltados para Hashem, nosso D'us, até que Ele seja gracioso conosco. D'us, seja gracioso conosco, pois estamos já repletos de desprezo" (Tehilim 123:3).
 
Explicam nossos sábios que este capítulo do Tehilim se refere à época do Exílio da Babilônia. Porém, o que este versículo está nos ensinando, nos comparando a escravos olhando para as mãos de seu dono? E por que o povo judeu pede a D'us apenas que termine o sentimento de desprezo? Era a única coisa que faltava ao povo judeu naquele difícil momento de exílio, no qual fomos levados à Babilônia amarrados em correntes?
 
De acordo com a lei, o dono pode dizer para seu escravo: "trabalhe para mim e eu não tenho obrigação nem mesmo de te alimentar". Nesta situação, na qual o dono tem o poder de retirar do seu escravo qualquer tipo de recompensa pelo seu trabalho, até mesmo a sua comida, fica claro que tudo o que o dono dá para o seu escravo é um presente gratuito. É com este sentimento que devemos pedir as coisas para D'us. Em nossas rezas e súplicas, devemos pedir que D'us seja gracioso conosco e nos ajude. Não pelos nossos méritos, mas pela Sua bondade ilimitada, que nos dá tudo de graça.
 
Isto ajuda a resolver um equívoco que acabamos cometendo no nosso entendimento sobre as coisas que recebemos de D'us. Normalmente associamos que o que recebemos de D'us é uma recompensa pelas Mitzvót que cumprimos. Porém, David Hamelech deixou claro que somos comparados a um escravo, que não recebe nada pelo seu trabalho, e sim por causa da bondade de seu dono. Assim também funciona em relação à D'us, não recebemos nada Dele por causa do nosso trabalho, pois D'us não nos deve absolutamente nada. Tudo o que Ele faz é como um presente gratuito.
 
Porém, encontramos uma aparente contradição com outro ensinamento de David Hamelech: "E para Você, Hashem, é a bondade, pois Você paga a cada pessoa de acordo com os seus atos" (Tehilim 62:13). Este ensinamento é um pouco confuso por dois motivos. Em primeiro lugar, após um trabalhador se esforçar durante todo o mês, ele recebe seu salário. Pagar ao trabalhador não é considerado uma bondade do patrão, pois o trabalhador está recebendo de acordo com o seu esforço. Se D'us nos paga de acordo com os nossos atos, então por que está escrito que isto é uma bondade, se o pagamento é feito de acordo com o que nos esforçamos? Além disso, de acordo com o que aprendemos no ensinamento anterior, se tudo o que recebemos na vida é um presente gratuito de D'us, um ato de bondade Dele, então o que nós recebemos não depende absolutamente dos nossos atos. Então por que o versículo associa o que nós recebemos de D'us com os nossos esforços?
 
De acordo com o Zohar, o propósito da criação do mundo é a vontade de D'us de fazer bondade com Suas criaturas. Porém, se recebêssemos as bondades de forma completamente gratuita, ela viria acompanhada de um sentimento de vergonha, por termos recebido algo que não merecíamos. Então D'us criou um sistema através do qual a pessoa se ocupa do estudo da Torá e do cumprimento das Mitzvót, e a recompensa vem em forma de pagamento pelo seu trabalho, tirando de nós a vergonha de receber algo sem ter merecido. Portanto, a bondade de D'us é dupla, pois Ele faz uma enorme bondade conosco e ainda evita que possamos ter qualquer sentimento de vergonha.
 
É justamente isto o que David Hamelech escreveu no fim do versículo. O dono não tem obrigação nenhuma de dar ao seu escravo nem mesmo alimento, e mesmo quando dá, o faz por bondade e não por obrigação. Ainda assim, o dono não tem permissão de envergonhar seu escravo, dando a ele trabalhos degradantes. É isto o que pedimos a D'us, que Ele cuide de nós e nos dê tudo o que precisamos, mas não pelos nossos méritos, e sim por Sua bondade ilimitada. E que Ele faça isto de maneira que não nos cause nenhum tipo de vergonha.
 
Mais do que D'us é um "Dono" que cuida de seus escravos com bondade, Ele é um "Pai" que ama Seus filhos. Ele nos dá sempre novas chances, mesmo quando erramos e O abandonamos, como ocorreu com o povo judeu quando eles fizeram o bezerro de ouro. Ele é Misericordioso e nos ajuda a levantarmos mesmo após as piores quedas. Mesmo que um filho se desvie muito do caminho correto, um pai nunca desiste dele. D'us não desiste de nós e, apesar de não conseguirmos retribuir todas as bondades que Ele faz conosco, Ele continua mandando bondades gratuitas o tempo inteiro. Que possamos saber reconhecer e agradecer as Suas bondades, que recebemos como resultado da Sua Misericórdia infinita, e não como fruto do nosso esforço.
 

 SHABAT SHALOM
 

R' Efraim Birbojm

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Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Meir ben Eliezer Baruch Z"L e Shandla bat Hersh Mendel Z"L, que nos inspiraram a manter e a amar o judaísmo, não apenas como uma idéia bonita, mas como algo para ser vivido no dia-a-dia. Que possam ter um merecido descanso eterno.
 
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de minha querida e saudosa tia, Léa bat Meir Z"L. Que possa ter um merecido descanso eterno.
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