quinta-feira, 25 de junho de 2020

FLORES E FRUTAS - SHABAT SHALOM M@IL - PARASHAT KORACH 5780

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PARASHAT KORACH 5780:

São Paulo: 17h11                   Rio de Janeiro: 16h59
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ASSUNTOS DA PARASHAT
- A Rebelião de Korach.
- Moshé intercede por Israel.
- A Punição de Korach, Datan e Aviram.
- Os Incensários e a morte dos 250 seguidores.
- Temor e Queixa.
- Epidemia mortal.
- Aharon salva o povo com incenso.
- O Teste dos cajados.
- O cajado de Aharon.
- Temor do Santuário.
- Deveres dos Cohanim e Leviim.
- Presentes dos Cohanim
- Pidion Haben.
- Presentes dos Leviim.
FLORES E FRUTAS - PARASHAT KORACH 5780 (26 de junho de 2020)
                  
"Em um fim de semana dedicado à busca de espiritualidade, voltado a jovens afastados do judaísmo, houve uma sessão final chamada "Pergunte ao Rabino". Era o momento de os jovens abrirem seu coração e questionarem tudo o que tinham vontade de saber e nunca tiveram oportunidade. Uma moça, chamada Berenice, que infelizmente havia sido criada em uma casa sem valores judaicos, foi a primeira a falar:

- Rabino, eu amei este final de semana, certamente mudou completamente a minha vida. Cada aula que eu escutei encheu meu coração de alegria. Eu estou me sentindo iluminada. Porém, preciso confessar algo. Nesta manhã eu fiquei frustrada, mais do que jamais me senti em toda a minha vida...

O rabino ficou assustado com aquelas palavras. O discurso, tão bonito, de repente havia se tornado um desabafo sobre frustrações e tristezas! Visivelmente emocionada, com os olhos cheios de lágrimas, Berenice continuou:

- Hoje eu acordei muito cedo, enquanto todos ainda estavam dormindo, e resolvi sair do quarto para dar uma volta e refletir sobre tudo o que eu havia aprendido neste maravilhoso final de semana. Foi quando eu passei por uma sala e percebi que lá dentro haviam pessoas rezando. Muito curiosa, entrei e vi vocês, com seus livros de reza na mão, concentrados, silenciosamente falando com D'us. Queria me juntar a vocês, mas eu não sabia como. Minha família não é religiosa e nunca fomos à sinagoga, então eu não sei nada sobre as rezas. Queria muito ficar, pegar um livro de rezas e também falar com D'us, mas não sabia o que fazer. Nunca me senti tão triste e vazia na minha vida como naquele momento. Imediatamente saí da sala, enquanto as lágrimas corriam pelo meu rosto.

- Berenice - disse carinhosamente o rabino - deixe-me entender sua tristeza. Você ficou frustrada porque nos viu rezando, mas não sabia como rezar? Porém, saiba que assim são as coisas apenas na sua perspectiva. Vamos ver as coisas na perspectiva de D'us. Quando Ele nos viu entrando na sala para rezar, Ele deve ter pensado: "Olha só quem está vindo. Novamente aquelas pessoas com seus pedidos egoístas: "D'us, me dê isso" ou "D'us, me dê aquilo". Tudo o que eles pensam é apenas em suas próprias necessidades!". Então D'us viu você do lado de fora da sala, com o coração partido, querendo desesperadamente rezar, mas sem saber como. D'us então deve ter pensado: "Olhe para Minha filha Berenice, angustiada por querer se conectar Comigo e não saber como!".

- Agora, Berenice - concluiu o rabino - Diga-me, qual Tefilá é mais sincera: as minhas Tefilót egoístas, pedindo pelas coisas que eu desejo, ou a sua silenciosa Tefilá, pedindo desesperadamente para se aproximar um pouco mais de D'us? Ele não vê apenas os nossos atos, mas também o nosso coração, a nossa vontade, o nosso esforço. Sinceramente, tenho inveja da sua Tefilá, tão pura e sincera. Que um dia eu possa rezar assim, não apenas usando o livro de rezas, mas, principalmente, usando o coração."

No mundo material, a única coisa que importa são os resultados. Porém, no mundo espiritual, nosso esforço e nossas intenções têm tanta importância quanto os frutos dos nossos atos.
Nesta semana lemos a Parashat Korach, que nos ensina a enorme força da inveja e da busca pela honra, capazes de derrubar mesmo aqueles que são espiritualmente elevados. Korach, o primo de Moshé, um integrante da tribo de Levi, apesar de seu nível elevado, iniciou uma rebelião no deserto contra Moshé e Aharon. Uma das acusações de Korach foi que Aharon e seus filhos não tinham direito legítimo ao sacerdócio. Porém, ele não tentou argumentar de forma lógica, preferiu ir pelo caminho do sarcasmo e do deboche, tentando convencer o povo de que Moshé e Aharon haviam escolhido sozinhos seus cargos de liderança, e não através de uma indicação Divina. Portanto, além dos seus argumentos estarem completamente equivocados, a forma como Korach lidou com o assunto também foi totalmente errada. Ao invés de tentar conversar de forma civilizada, questionando Moshé de uma maneira educada e pacífica, ele preferiu partir para as agressões públicas, de forma a manchar a reputação impecável de Moshé. Infelizmente ele conseguiu, causando um descontentamento generalizado do povo.

O resultado da atitude de Korach foi trágico. Ele e sua família foram punidos por D'us de maneira milagrosa, sendo engolidos por uma boca da terra, algo que nunca havia acontecido antes, enquanto seus seguidores morreram através de um fogo Celestial. Era mais uma terrível mancha na história do povo judeu.

A força do sarcasmo de Korach foi tão grande que mesmo estas mortes milagrosas, além de uma epidemia que atingiu milhares do povo judeu, não foram suficientes para acalmar os ânimos, e o povo continuou se queixando da escolha de Aharon como Cohen Gadol. Para acabar com qualquer dúvida e nunca mais haver nenhum questionamento em relação ao Cohanim, D'us quis deixar uma marca no coração das pessoas por todas as gerações, propondo uma prova milagrosa que tiraria qualquer dúvida da escolha Divina de Aharon, conforme está escrito: "Fale aos Filhos de Israel e pegue deles um cajado da casa de cada pai, de todos os seus líderes, de acordo com a casa de seus pais, doze cajados. O nome de cada homem você deve inscrever de acordo com a sua tribo" (Bamidbar 17:17).

A prova que D'us estava propondo era que cada tribo apresentasse, através de seu líder, um cajado devidamente identificado, e um sinal milagroso apontaria o escolhido por D'us para os Serviços Divinos. Os cajados foram deixados durante a noite diante do Aron HaKodesh, dentro do Mishkan (Templo Móvel).

Na manhã seguinte, o cajado de Aharon havia florescido. Era a prova Divina, diante dos olhos de todo o povo, de que ele havia sido escolhido diretamente por D'us. A Torá descreve que, além das flores, o cajado também havia produzido amêndoas. Mas por que foram necessárias as amêndoas no milagre de D'us? Não era suficiente terem nascido flores em um pedaço "morto" de madeira, desconectado do solo, da noite para o dia?

Além disso, este ensinamento desperta uma pergunta ainda maior. De acordo com os conhecimentos da botânica, em qualquer árvore frutífera, primeiro nascem as flores. Caso esta flor seja "fecundada", seu ovário se transforma no fruto, enquanto as pétalas murcham e caem. Portanto, quando o fruto se desenvolve e cresce, a flor já não existe mais. Porém, no cajado de Aharon, o milagre foi ainda maior, pois a flor permaneceu intacta, mesmo com as amêndoas já presentes. De fato, o Talmud (Yoma 52b) menciona que o cajado ficou guardado para sempre, junto com suas flores e amêndoas, diante do Aron HaKodesh.

Isto foi claramente uma extensão do milagre que D'us precisava fazer para convencer o povo da escolha Divina de Aharon. Sabemos que não existe nenhum milagre que ocorre sem que haja alguma necessidade e, principalmente, alguma mensagem. Qual era o significado daquele milagre das flores continuarem intactas, mesmo depois do nascimento dos frutos?

O Rav Moshé Feinstein zt"l (Lituânia, 1895 - EUA, 1986) sugere uma linda resposta, que ensina uma lição importante para nossas vidas. Quando alguém planta uma árvore frutífera, normalmente seu objetivo é obter frutas. Porém, sempre antes das frutas surgem flores na árvore. Apesar da beleza das flores, que é outra enorme bondade de D'us, elas não são simplesmente enfeites na árvore. As flores são, na realidade, a preparação necessária para que o fruto possa surgir no futuro. O nascimento dos frutos é parte de um processo de várias etapas. Em primeiro lugar, a planta floresce e passa por um período de transformação, e somente depois o fruto emerge. A mensagem transmitida pelo milagre de D'us é que os preparativos, as intenções e os esforços que ocorrem antes de obtermos os resultados são tão importantes quanto o próprio resultado dos nossos atos.

Foi por isso que D'us fez com que as flores permanecessem no cajado. Ele estava nos transmitindo uma mensagem sobre produtividade. Obviamente que o resultado final é importante, mas é igualmente importante o que fazemos para chegar lá. Esta mensagem é especialmente importante nos nossos dias. Vivemos em uma sociedade onde as pessoas estão interessadas apenas no fruto, isto é, no que a pessoa efetivamente produziu. Não importa quanto esforço a pessoa investiu, quanta intenção foi injetada em seu ato, a única coisa que importa é o resultado final. Porém, o judaísmo nos ensina que exatamente o oposto é verdadeiro. O resultado depende apenas de D'us e, portanto, os frutos saem de acordo com a Sua vontade. Portanto, o que Ele quer de nós é o esforço, a intenção, a dedicação e o aprendizado com a jornada espiritual que estamos empreendendo. Mesmo quando trata-se de estudar Torá, a preparação e a vontade são tão importantes quanto o que é aprendido no final.

Por que a reafirmação de Aharon como o Cohen Gadol foi o momento escolhido por D'us para transmitir esta mensagem? Possivelmente por Aharon ter conquistado seu incrível nível espiritual com muito esforço e dedicação. Suas incríveis qualidades foram fruto de uma intensa preparação espiritual. Isto foi ressaltado pela beleza das flores, que deram um toque especial aos frutos que surgiram milagrosamente em seu cajado. Talvez D'us quis ressaltar que a principal beleza de Aharon não estava no cargo que ele havia conquistado, mas em todo o esforço e dedicação que ele havia feito para chegar lá.

Devemos nos esforçar para cumprir todas as Mitzvót que D'us nos ordenou. Porém, tão importante quanto a quantidade de Mitzvót que cumprimos é a qualidade delas. Devemos tentar cumprir as Mitzvót com pureza, dedicação e, principalmente, alegria. É a melhor forma de nos conectarmos a D'us de maneira realmente sincera.
 
SHABAT SHALOM
 
R' Efraim Birbojm

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