quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

O MUNDO TEM UM DONO - SHABAT SHALOM M@IL - PARASHÁ VAIESHEV E CHANUKA 5784

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Avraham Yaacov ben Miriam Chava

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Sr. Gabriel David ben Rachel zt"l 
    Aharon Yitzhack ben David Calman z"l 

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PARASHÁ VAIESHEV 5784



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MENSAGEM DA PARASHÁ VAIESHEV

ASSUNTOS DA PARASHÁ VAIESHEV
  • Yaacov se assentou em Eretz Knaan.
  • Yossef fala mal dos irmãos (Contato com mulheres, chamar irmãos de "filhos das escravas", comer sem Shechitá).
  • 2 sonhos de Yossef: trigos e estrelas.
  • Yossef sai para procurar seus irmãos, a pedido de Yaacov, e encontra homem no caminho.
  • Irmãos de Yossef querem matá-lo.
  • Por sugestão de Reuven, Yossef é jogado no poço.
  • Reuven se ausenta.
  • Por sugestão de Yehudá, Yossef é vendido como escravo e levado ao Egito em caravana de especiarias.
  • Yehudá e Tamar.
  • Yossef é vendido ao Potifar.
  • A esposa do Potifar e a tentação de Yossef.
  • Yossef é enviado para a prisão.
  • Yossef interpreta os sonhos dos dois prisioneiros.
  • A interpretação de Yossef se cumpre.
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O MUNDO TEM UM DONO - PARASHÁ VAIESHEV E CHANUKA 5784 (08/dez/23)
 
"A Yeshivá de Novardok tinha cerca de 200 alunos. O Rosh Yeshivá era um homem de Emuná inabalável. Quando começou a 2ª Guerra Mundial, com ela veio uma grande escassez de alimentos. O Rosh Yeshivá já não conseguia mais doações para manter a Yeshivá. Para se alimentar, os alunos precisavam ficar buscando comida nas famílias da cidade. Às vezes, o máximo que conseguiam era uma única refeição por dia.
 
Porém, a preocupação ficou maior quando Pessach começou a se aproximar. Como conseguiriam comprar Matzót? Eles não tinham dinheiro! A solução seria fabricar suas próprias Matzót. Os alunos saíram pela cidade, tentando juntar farinha e, após muitos dias e um enorme esforço, finalmente conseguiram a quantidade necessária. Mas onde guardariam toda aquela farinha? Decidiram colocar em um galpão, onde a farinha estaria protegida da chuva e das intempéries. Quando Pessach estivesse mais perto, fariam suas Matzót.
 
Certo dia, a cidade foi castigada por uma forte tempestade, com pedras de granizo que atingiam as casas com força, quebrando telhados e janelas. Quando a tempestade passou, os alunos da Yeshivá foram ver se estava tudo bem com a farinha que haviam guardado. Para o desespero deles, perceberam que o granizo havia quebrado algumas telhas do galpão. A chuva havia entrado, molhando toda a farinha. Ao invés de farinha para as Matzót, agora eles tinham uma enorme quantidade de Chametz! Desesperados, muitos alunos chegaram a chorar com a possibilidade de não conseguir cumprir a Mitzvá. Não haveria mais tempo para novamente recolher farinha e não tinham dinheiro para comprar Matzót. Pensaram em mandar alguns alunos para as cidades vizinhas, mas para isso ficariam muitos dias sem estudar Torá. O que fazer? O Rosh Yeshivá, percebendo a tristeza dos alunos, juntou todos na sinagoga. Fez então um discurso emocionado:
 
- Queridos alunos, vejo que vocês estão muito tristes e preocupados. Mas gostaria de fazer a vocês algumas perguntas. Quem nos ordenou comer Matzá, não foi D'us? E quem nos fez conseguir farinha, não foi D'us também? E quem mandou um granizo tão forte, não foi D'us? E quem fez a água entrar e molhar toda a farinha, não foi D'us? D'us fez, D'us faz e D'us sempre fará tudo. Então não entendo por que vocês estão tão preocupados e tristes. Se foi Ele que nos ordenou comer Matzá em Pessach, Ele nos ajudará a termos Matzá em Pessach. Já fizemos a nossa parte. Tudo o que precisamos a partir de agora é confiar Nele, e Ele nos ajudará.
 
O discurso tranquilizou um pouco os alunos, que puderam voltar a sentar e estudar Torá. Na noite da Bedikat Chametz, o Rosh Yeshivá recebeu uma entrega pelo correio. Era estranho, pois ele não estava esperando receber nada. Quando abriu o pacote, levou um susto. Havia uma grande quantidade de dinheiro. E o mais misterioso é que a entrega não tinha nenhum remetente! Aquele dinheiro foi suficiente para que todos os alunos da Yeshivá pudessem comer, na noite de Pessach, Matzá Shmura da melhor qualidade."
 
Aquele que mandou o problema pode solucioná-lo. Aquele que é o Dono do mundo pode fazer o que bem entender. Nosso trabalho não é fazer acontecer, é saber que é Ele, e apenas Ele, que faz as coisas acontecerem.

Nesta semana lemos a Parashá Vaieshev (literalmente "E habitou"), que começa a nos descrever detalhes da vida dos filhos do nosso terceiro patriarca, Yaacov. Após anos de dificuldades na casa de seu sogro Lavan, um reencontro conturbado com seu irmão Essav e uma tragédia familiar na cidade de Shechem, com o sequestro e a desonra de sua filha Diná, Yaacov pensou que seus sofrimentos na vida já haviam terminado. Mal ele sabia que seu pior pesadelo estava apenas começando: o desaparecimento de seu filho preferido, Yossef.
 
Apesar de todos os filhos de Yaacov serem muito Tzadikim, merecedores de formar as 12 Tribos de Israel, eles acabaram sentindo inveja de Yossef por causa do tratamento especial que ele recebia de Yaacov. Além disso, Yossef trazia relatos negativos sobre seus irmãos para Yaacov. Yossef tinha boas intenções, queria que Yaacov chamasse a atenção deles para que pudessem melhorar, mas ele falhou em não dar o benefício da dúvida. Isso fez com que os irmãos começassem a odiá-lo. Para completar, Yossef começou a ter sonhos de grandeza, nos quais seus irmãos apareciam se curvando para ele. Os irmãos o consideraram um perigo para a estabilidade da família e para as fundações do Povo Judeu, que estava em formação, e decidiram que o correto seria matá-lo.
 
Porém, não é a nossa vontade, e sim a vontade de D'us, que sempre se cumpre. Yossef foi salvo da mão dos irmãos e acabou sendo vendido como escravo e levado ao Egito, chegando ao fundo do poço. Lá, foi comprado por Potifar, um ministro do Faraó, e começou a experimentar um período de tranquilidade e ascendência, tornando-se o segundo no comando da casa de Potifar. Mas logo seu sossego seria chacoalhado pela esposa de Potifar, que o acusou falsamente de agressão e o fez ser enviado para a prisão. Após voltar ao fundo do poço, Yossef novamente começou a crescer, se tornando o segundo no comando da prisão.
 
O ápice ocorre apenas na Parashá da semana que vem, quando Yossef interpretou o sonho de Faraó e deu uma solução para a situação problemática prevista. A Torá descreve a reação do Faraó: "E a coisa foi boa aos olhos do Faraó e aos olhos de todos os seus servos. E o Faraó disse aos seus servos: 'Será que encontraremos outro homem como Yossef, em quem está o espírito de D'us?'" (Bereshit 41:38,39). O Faraó então nomeou Yossef como supervisor da campanha para guardar alimentos, em uma preparação para os anos de fome. Em um único dia Yossef passou, de prisioneiro na masmorra, para o segundo homem mais poderoso do Egito.
 
Porém, se pararmos para refletir, estes cenários na vida de Yossef parecem muito improváveis, em especial o que ocorreu em relação ao Faraó. Como o líder de uma nação tão poderosa pôde escolher um prisioneiro e elevá-lo, em um instante, para ser o segundo em comando no Império? Ele não tinha outros conselheiros de confiança, como um Secretário da Agricultura ou do Comércio, que poderiam ter implementado as sugestões de Yossef? Como um criminoso de repente se torna "vice-presidente"? O que o Faraó viu de especial em Yossef?
 
Para responder esta pergunta, o Rav Yssocher Frand traz uma interessante analogia com a política. Quando George W. Bush foi presidente dos Estados Unidos, ele escolheu Dick Cheney para ser seu vice-presidente. Dick Cheney era a pessoa encarregada de encontrar o candidato certo para concorrer na chapa de Bush para o cargo de vice-presidente, mas Bush acabou escolhendo o próprio Cheney, pois ele tinha algumas qualidades. Ele era muito inteligente e compartilhava as visões de Bush em muitos assuntos. Porém, Dick Cheney trouxe para o cargo algo que nenhum outro candidato teria trazido. Era a qualidade mais admirável que um candidato presidencial poderia procurar ao escolher um vice-presidente: Dick Cheney não queria se tornar presidente!
 
Geralmente, as pessoas se tornam vice-presidentes porque querem um dia se tornar presidentes. Sempre que um presidente vai para um segundo mandato, isso causa problemas, pois o vice-presidente não quer ser manchado pelo histórico de seu chefe. Então, durante o segundo mandato, ele começa a se "distanciar" da pessoa que lhe deu o emprego. É sempre problemático escolher como vice-presidente uma pessoa que quer ser presidente. Dick Cheney trouxe essa qualidade para o cargo, pois ele não queria ser presidente.
 
O Rav Chaim Shmuelevitz zt"l
(Lituânia, 1902 - Israel, 1979) explica que o Faraó viu em Yossef esta qualidade, que o fez dizer: "Este é o homem que eu quero como o segundo no comando". Quando o Faraó disse a Yossef: "Ouvi dizer que você tem essa habilidade incomum de interpretar sonhos", Yossef respondeu: "Não faço isso sozinho, D'us responderá pelo bem do Faraó" (Bereshit 41:16). Em outras palavras, ele disse ao Faraó: "Meu único poder é que, às vezes, D'us me presenteia com a habilidade de interpretar sonhos".
 
Por que isso teve tanto impacto no Faraó? Yossef havia acabado de sair da prisão. Se causasse uma boa impressão, poderia ser libertado e até mesmo fazer parte do governo. O Faraó lhe deu um enorme elogio. Qualquer pessoa teria reagido de maneira a ressaltar seu talento, dizendo: "Bem, é isso que dizem, senhor. Eu realmente tenho esse talento. Já fiz isso antes...". Esperaríamos de Yossef atos de autopromoção. Mas o que Yossef disse? "Não posso fazer nada sozinho...". O Faraó viu em Yossef um indivíduo altruísta, humilde e sem pretensões de auto engrandecimento. Então ele disse: "Esse homem pode ter sido um prisioneiro. Mas uma pessoa tão honesta, humilde e altruísta é a pessoa em quem confio para ser meu segundo no comando".
 
Isso se conecta com a próxima festa do Calendário Judaico, Chanuka, que começa na noite desta 5ª feira (07/dez/2023). Revivemos dois grandes milagres: o azeite para o acendimento da Menorá, que era suficiente para apenas uma única noite, durou 8 noites; e a vitória do povo judeu na batalha contra os gregos, o maior império da época. A vitória na batalha era improvável, com soldados bem armados contra poucos indivíduos que nunca haviam segurado uma arma. Mas os Chashmonaim, uma família de Cohanim, tiveram a humildade de saber que tudo estava nas Mãos de D'us. Foi por isso que D'us os ajudou e os salvou. Eles não atribuíram a vitória milagrosa à sua coragem e determinação. Eles fizeram louvores a D'us, o verdadeiro Dono da vitória.
 
Estamos novamente no meio de uma batalha do bem contra o mal, de pessoas com boa índole contra pessoas que não têm respeito pela vida. Precisamos entender que não será nossa força, nossos equipamentos ou nossa sabedoria que vencerá esta guerra, e sim a Mão de D'us. Que possamos ter humildade, nos concentrarmos na nossa união e nas nossas Mitzvót, para que neste Chanuka novamente D'us possa nos salvar dos nossos inimigos, com milagres que demonstram o amor pelo Seu povo. 

SHABAT SHALOM 

R' Efraim Birbojm

 

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MENSAGEM DA PARASHÁ VAISHLACH

ASSUNTOS DA PARASHÁ VAISHLACH
  • Yaacov envia mensageiros.
  • Yaacov teve medo e se prepara para o reencontro com Essav.
  • Yaacov fica sozinho.
  • A luta com o anjo.
  • Yaacov encontra Essav.
  • Chegada a Shechem, Diná é sequestrada e desonrada.
  • Shimon e Levi vingam a honra da irmã, Yaacov fica furioso.
  • Yaacov viaja para Beth El.
  • A morte de Rivka e Dvora.
  • D'us muda o nome de Yaacov para Israel.
  • Rachel tem mais um filho: Biniamin.
  • A morte de Rachel e o enterro no caminho, em Beth Lechem.
  • Reuven mexe na cama de seu pai.
  • A morte de Itzchak.
  • A Linhagem de Essav, de Seir e reis de Edom.
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VOLTE PARA A REALIDADE - PARASHÁ VAISHLACH 5784 (01/dez/23)
 
"Para Shlomo, a beleza da vida se resumia aos passeios de moto. Ele vivia no Galil, no norte de Israel, e sempre que tinha um tempo livre, montava em sua moto e guiava pelas estradas e ruelas que circundavam as maravilhosas montanhas. Ele conhecia cada cidade e vilarejo da região.
 
Certa tarde, enquanto estava passeando em uma pequena cidade, Shlomo passou por um cruzamento e decidiu virar à direita. Ele estava em alta velocidade e não teve tempo de se desviar de uma garotinha que estava em seu caminho. Ela caiu no chão, inconsciente. Shlomo, sob os histéricos gritos da mãe da menina, correu em direção à criança. Após alguns minutos a ambulância chegou e levou a menina para um hospital na cidade mais próxima. A menina permaneceu em coma por vários dias. A família estava arrasada, assim como Shlomo. Ele estava inconformado, mesmo sabendo que a culpa não era dele, já que testemunhas haviam dito que a menina havia se soltado da mão da mãe e corrido para o meio da rua. Shlomo não conseguia dormir de noite e nem se concentrar.
 
Certa tarde, a menina despertou do coma. Aos poucos, foi se recuperando. Alguns dias depois, o médico disse à mãe que a menina não sofreria danos permanentes e que seria liberada do hospital em breve. No último dia no hospital, apesar da vergonha, Shlomo quis ir visitá-la. Ao aproximar-se do quarto, percebeu que a mãe da menina estava sentada do lado de fora. Ele sabia que ela o reconheceria e, portanto, foi direto ao assunto.
 
- Quero que você saiba - disse Shlomo, quase sussurrando - que sinto muito pelo ocorrido. Apesar de não ter sido minha culpa, gostaria de fazer algo por você e pela sua filha. Não sou uma pessoa rica, mas o que você disser, estou disposto a fazer.
 
- O dia do acidente, no qual você estava dirigindo sua moto, era Shabat - disse a mãe, em um tom de voz muito calmo - Tudo o que eu quero é que você me prometa que nunca mais andará de moto no Shabat.
 
Shlomo ficou atordoado. Era tudo o que queriam dele? A mãe da menina explicou que aquilo significaria muito para ela e para sua filha. Shlomo acenou com a cabeça e então se foi. Ele deixou o hospital confuso. No Shabat seguinte, quando já ia ligar sua moto, lembrou-se da promessa. Mas como ficaria sem andar de moto, o maior prazer da sua vida? Desesperado, bateu na primeira porta em que viu que havia uma Mezuzá. Uma criança abriu a porta e convidou-o a entrar. Ele viu uma família reunida na mesa, no meio da refeição de Shabat.
 
- Eu estava pensando - disse Shlomo, hesitante, dirigindo-se ao homem sentado na cabeceira da mesa - Talvez você saberia me explicar o motivo pelo qual não é permitido guiar uma moto no Shabat?
 
O homem começou a explicar. Iniciou-se um bate papo entre os dois, até que o homem sugeriu a Shlomo que fosse à casa de um rabino que morava naquela rua e que poderia lhe explicar tudo sobre o Shabat. Shlomo gostou da ideia e foi até lá. O rabino o recebeu de braços abertos, convidando-o a participar da refeição de Shabat com sua família. Durante a refeição, conversaram sobre diversos assuntos e o rabino convidou-o a voltar em outra oportunidade. Shlomo começou a visitá-lo regularmente e, em pouco tempo, estavam estudando duas vezes por semana. No entanto, após alguns meses, Shlomo lhe disse que estava saindo de férias. Ele precisava de uma mudança de ares e queria viajar pelo país. O rabino sugeriu que ele passasse um Shabat em Jerusalém. Indicou a Yeshivá Or Sameach, especializada em ensinar jovens afastados da Torá, onde poderia tirar todas as suas dúvidas. Shlomo achou interessante a ideia e acabou ficando lá por duas semanas, o que abriu para ele novos horizontes, um mundo que ele não conhecia. A moto logo deixou de ser o objetivo principal de sua vida, sendo substituída pelo estudo da Torá e o cumprimento das Mitzvót. Shlomo mudou-se definitivamente para a Yeshivá, onde acabou estudando por vários anos, até se tornar um grande estudioso de Torá, mudando o curso de sua vida para sempre. Aquele jovem rapaz pegou uma estrada que nunca havia pego antes: a estrada de volta para casa".

Nesta semana lemos a Parashá Vaishlach (literalmente "E enviou"), que começa a descrever a volta de Yaacov Avinu para casa, após 34 anos. Preocupado com o reencontro com seu irmão Essav, Yaacov enviou mensageiros, que voltaram com más notícias: Essav vinha ao seu encontro, acompanhado de 400 homens armados. Yaacov fez então três preparativos: rezou, enviou presentes para acalmar Essav e se preparou para a batalha, dividido o acampamento em dois, para que ao menos parte da família sobrevivesse ao ataque de Essav.
 
Porém, na noite anterior ao encontro com Essav, Yaacov teve outra dura batalha, como está escrito: "E Yaacov foi deixado sozinho, e um homem lutou com ele até o amanhecer" (Bereshit 32:25). Rashi explica que este "homem" era, na realidade, o anjo da guarda de Essav, o próprio Satan, o Yetser Hará. Mas apesar dos seus esforços, o anjo não conseguiu vencer Yaacov. Quando começou a amanhecer, o anjo quis escapar. Yaacov então perguntou ao anjo seu nome, e ele respondeu: "Por que você pergunta o meu nome?" (Bereshit 32:30).
 
Este ensinamento levanta alguns questionamentos. Em primeiro lugar, por que Yaacov se interessou em saber o nome do anjo? O que este conhecimento acrescentaria em sua vida? Além disso, por que o anjo não quis responder? E, finalmente, se o anjo não tinha permissão de revelar seu nome, poderia ter simplesmente falado para Yaacov que ele não podia revelar. Então por que ele questionou o motivo de Yaacov ter perguntado?
 
Nossos sábios explicam que, em Lashon HaKodesh, cada nome carrega uma essência. Isso se aplica aos objetos, aos animais, aos seres humanos e também aos anjos. Por exemplo, o nome do anjo "Rafael" vem da raiz "Refua", que significa "cura". Isto significa que a missão do anjo Rafael, isto é, sua essência, é curar pessoas. Yaacov sabia que estava lutando contra o Yetser Hará. Ele conseguiu vencer esta dificílima luta, mas queria transmitir também aos seus descendentes a sabedoria de como vencê-lo. Para isso, Yaacov queria conhecer a essência do Yetser Hará através do seu nome. Mas por que o anjo não quis responder?
 
Explica o Rav Yehuda Leib Chassman zt"l (Lituânia,1869 - Israel, 1935) que, na realidade, o anjo sim respondeu ao questionamento de Yaacov. Isto significa que ao dizer "Por que você pergunta o meu nome?", ele estava respondendo qual era o seu nome. Mas o que isto significa? Que tipo de nome é este?
 
Para responder este questionamento, precisamos entender uma diferença marcante entre os prazeres espirituais e os prazeres materiais. De acordo com o Rav Chassman, a Torá é representado pelo conceito de "Emet", e "Emet" representa a realidade. Tudo o que D'us quer de nós é que "provemos" o gosto da "Emet", pois todo aquele que prova, automaticamente sente a doçura de D'us. Percebemos isso, por exemplo, no estudo da Torá e no serviço espiritual. Quanto mais a pessoa aprende, quanto mais ela se aprofunda, mais ela sente prazer, além da elevação e aperfeiçoamento. E, ao contrário, em relação ao afastamento espiritual está escrito "Se você me abandonar por um dia, eu te abandonarei por dois dias". Isto quer dizer que aquele que começa a se afastar dos prazeres da Torá, no final acabará se afastando completamente, trocando o prazer da doçura pela amargura do vazio espiritual.
 
Já em relação aos prazeres do mundo material, a realidade é exatamente o oposto. Quanto mais alguém se acostuma com os prazeres, aos poucos começa a não sentir nenhum preenchimento. Assim ensinam os nossos sábios: "Os perversos estão sempre cheios de arrependimentos". Os desejos cegam os olhos e entropecem o coração, fazendo com que a pessoa crie em sua imaginação uma enorme expectativa. Mas quando o desejo é saciado, a vida sai da imaginação e volta para a realidade. Neste momento, a pessoa percebe a amarga realidade de que aquele prazer não a preencheu. Esta pessoa então se questiona: "o que eu ganhei com isso?", e se enche de arrependimento. É como alguém que quer fazer regime, mas não resiste ao bolo de chocolate. Após terminar de comer, ela cai na real de que não deveria ter comido. E mesmo quando a pessoa está afundada nos prazeres materiais, no fundo ela sente que realmente não há um proveito real neles, só algo momentâneo. Isso explica o crescente movimento dos "Baalei Teshuvá", aqueles que estavam imersos nos prazeres do mundo material, pessoas muito bem sucedidas em suas profissões, mas que abandonaram tudo para viver uma vida de "Emet".
 
Com este conceito, podemos entender a resposta do anjo. Essav representa justamente o materialismo, uma vida baseada em imaginação e fuga da realidade. Por isso o anjo da guarda de Essav respondeu que seu nome era "Por que você pergunta meu nome?". O nome representa a essência de algo, mas os prazeres mundanos não tem nenhuma "substância", eles são apenas imaginários. Ou seja, o anjo estava dizendo: "Não tente entender e verificar minha essência real, pois a minha arma é justamente a imaginação e a vanidade".
 
A cura para tudo isso é, portanto, vencer o Yetser Hará através do racional. Isso se assemelha a uma pessoa que vê de noite, na parede de sua casa, lindas luzes que brilham como pedras preciosas. Porém, na realidade, os brilhos são apenas o reflexo das luzes da cidade. Quando a pessoa pega uma lanterna e se aproxima da parede, todos os brilhos desaparecem, e ela percebe que não há nada ali além de uma simples parede branca. Esta é a nossa geração, deslumbrada com os prazeres mundanos. Uma geração de pessoas que caminham no escuro para desfrutar prazeres imaginários, que não preenchem de verdade. Apesar de tanta fartura, as pessoas estão cada vez mais vazias. Apenas quando a pessoa acende a luz da sua razão, ela percebe que não há nada real nestes prazeres, era apenas imaginação. Somente assim poderem pegar o caminho de volta para casa, de volta para a "Emet", de volta para os prazeres verdadeiros, que nos preenchem, tanto neste mundo quanto no Mundo Vindouro.

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R' Efraim Birbojm

 

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