sexta-feira, 10 de maio de 2019

O INDIVIDUAL E O COLETIVO - SHABAT SHALOM M@IL - PARASHAT KEDOSHIM 5779

BS"D
Para dedicar uma edição do Shabat Shalom M@il, em comemoração de uma data festiva, no aniversário de falecimento de um parente, pela cura de um doente ou apenas por Chessed, favor entrar em contato através do e-mail efraimbirbojm@gmail.com.
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O INDIVIDUAL E O COLETIVO - PARASHAT KEDOSHIM 5779 (10 de maio de 2019)


"Alguns garotos estavam brincando às margens de uma lagoa, onde viviam tranquilamente algumas rãs. Os garotos, que inicialmente apenas corriam animadamente, começaram a se divertir atirando pedras na lagoa, de modo que elas plainavam sobre a superfície da água. Logo os garotos se empolgaram e começaram a fazer uma competição para ver quem atirava a pedra mais longe. A superfície da lagoa ficou repleta de pedras que voavam por todos os lados. Os garotos mal conseguiam se conter de tanta alegria, eles estavam se divertindo muito.
 
Porém, para as pobres rãs, a situação começou a ficar desesperadora. Elas ficaram apavoradas com a possibilidade de tomarem uma pedrada. Por fim, uma das rãs colocou a cabeça para fora da água e pediu: 
 
- Por favor, crianças, parem com esta brincadeira. Sei que está sendo muito divertido para vocês, mas para nós está sendo um tormento. Estas pedras que estão sendo atiradas podem causar a nossa morte. Não acredito que seja correta uma situação na qual alguns estão se divertindo, enquanto outros estão sofrendo tanto"

Se o bem-estar não for coletivo, então não é bem-estar. É considerado um ato de crueldade quando a autossatisfação vem à custa do sofrimento alheio.

Nesta semana lemos a Parashat Kedoshim (literalmente "Sagrados"), que traz muitos ensinamentos sobre o nosso relacionamento "Bein Adam Lehaveiró" (da pessoa com o próximo), entre eles um dos mais importantes fundamentos da Torá: "Ame ao próximo como a si mesmo" (Vayikrá 19:18). O Rambam (Maimônides) (Espanha, 1135 - Egito, 1204) explica que esta é a fonte da Torá de que devemos andar nos caminhos de D'us. O Talmud (Sotá 14a) nos ensina que da mesma forma que D'us veste os desnudos, como Ele fez com Adam e Chavá no Gan Eden, assim também devemos doar roupas aos necessitados. Da mesma forma que D'us visita os doentes, como Ele fez com Avraham Avinu depois do Brit Milá, também devemos visitar e confortar os doentes. Da mesma forma que D'us consola os enlutados, como Ele fez a Ytzchak após a morte de seu pai Avraham, também devemos consolar os enlutados. E da mesma forma que D'us enterra os mortos, como Ele fez a Moshé Rabeinu, nós também devemos participar da Mitzvá de enterrar os mortos.

Em relação ao versículo "Ame ao próximo como a si mesmo", há uma discussão interessante no Midrash (parte da Torá Oral). De acordo com Rabi Akiva, este versículo é a fundação de toda a Torá. O Rambam ensina que o propósito da Torá é trazer paz e harmonia ao mundo. Para conquistar este objetivo, a pessoa deve conduzir sua vida de maneira a não causar aos outros o que consideramos detestável para nós mesmos, como nos ensinou o grande sábio Hilel: "O que você odeia, não faça aos outros" (Shabat 31a).

Porém, o Midrash traz a opinião de outro sábio, chamado Ben Azai. Ele não concorda com a opinião do Rabi Akiva, pois temia que a definição do padrão de conduta de uma pessoa em relação aos outros e a definição do que é detestável para cada um fosse baseado em sentimentos subjetivos. Por exemplo, uma pessoa que constantemente sofre vergonhas e humilhações pode perder a sensibilidade em relação ao que significa  humilhar os outros. Portanto, Ben Azai opina que a fonte mais abrangente para nossas obrigações em relação ao nosso companheiro é o versículo "O ser humano foi criado à imagem de D'us" (Bereshit 5:1)

Ambos os versículos aparentemente se aplicam exclusivamente aos relacionamentos interpessoais. Porém, em um comentário do Talmud (Shabat 31a), Rashi explica que a expressão "ao próximo" também se aplica a D'us, nos ensinando que também com D'us devemos nos relacionar com paz e harmonia. Além disso, o relacionamento da nossa alma com o nosso corpo também deve ser harmoniosa. Portanto, o versículo "Ame ao próximo como a si mesmo" se aplica aos três tipos de relacionamento: Entre o homem e D'us, entre o homem e o seu companheiro e entre a pessoa e ela mesma. Este versículo, portanto, abrange toda a Torá.
 
O Rabi Akiva concorda com Ben Azai, que é essencial apreciarmos o valor intrínseco de cada ser humano. Porém, ele entende que este conceito já está implícito nas palavras "como a você mesmo". A pessoa deve inicialmente ter um entendimento adequado de seu próprio valor intrínseco para poder valorizar o seu companheiro.
 
Há duas razões pelas quais a Torá exige que demonstremos respeito pelos outros. Um lado é a parte comunitária do povo judeu, enquanto o outro lado é o foco no próprio indivíduo. O respeito com foco na comunidade surge do desejo de trazer paz e harmonia ao mundo. O respeito com foco no indivíduo surge do fato que cada ser humano intrinsecamente merece respeito e honra adequados a alguém criado à imagem e semelhança de D'us. Portanto, vemos que, por um lado, a Torá está preocupada com o indivíduo e o desenvolvimento da imagem Divina que há nele e, por outro lado, a Torá está preocupada com a comunidade e com a interação social entre as pessoas.

Algumas vezes estas preocupações são harmoniosas, isto é, o que é bom ao indivíduo também é bom para a comunidade e vice versa. Porém, há vezes em que estas preocupações entram em conflito, quando as necessidades individuais divergem das necessidades comunitárias. Nesta situação, o que é o correto a se fazer?

Explica o Rav Zev Leff que algumas vezes a comunidade deve ceder em favor do indivíduo, enquanto em outras vezes o indivíduo deve fazer um sacrifício pela comunidade. O segredo para o sucesso é o equilíbrio entre o indivíduo e a comunidade, que é fundamental para a observância correta das leis da Torá e o desenvolvimento de cada um rumo à perfeição.

Podemos perceber este equilíbrio nas Mitzvót listadas na nossa Parashat. Há muitas Mitzvót que ressaltam a importância do indivíduo, porém sem perder o foco da importância do indivíduo como parte da comunidade. Por um lado, a comunidade não se torna o valor supremo, roubando do indivíduo sua importância intrínseca. Ao mesmo tempo, o indivíduo deve reconhecer que ele não existe no vácuo. Ele é o membro de uma sociedade, que é profundamente afetada por cada um de seus atos.
 
Por exemplo, a Parashat nos adverte a não falarmos Lashon Hará (informações negativas, que podem prejudicar outra pessoa), respeitando a privacidade do indivíduo. Também nos ensina a não ficarmos parados diante do sangue derramado do nosso companheiro, demonstrando que devemos estar dispostos a fazer esforços em prol da vida dos outros, pois cada ser humano vale um mundo inteiro. Por outro lado, a Parashat também nos ensina a não perdermos de vista a importância da união e da interação entre as pessoas, nos ordenando a não guardarmos rancor no coração, pois isto causa separação e divisão. Da mesma forma, a Torá nos ordena a nos importarmos com os outros, repreendendo as pessoas quando isto for necessário, pelo bem dela, para que ela possa corrigir algum tipo de desvio.
 
Através destas Mitzvót, a Torá está despertando dentro de nós um sentimento de responsabilidade social. É proibido para uma pessoa dizer "Me preocupo apenas com os meus próprios problemas", pois a Torá nos ensina que o problema dos outros também fazem parte dos nossos problemas. Quando a Torá nos comanda a não nos vingarmos, também está nos forçando a reconhecer a natureza comunitária do povo judeu. O Talmud Yerushalmi (Nedarim 30b) ensina que um ato de vingança é algo tão ilógico quanto uma pessoa que acidentalmente machucou sua mão esquerda com um martelo e, em um ato de descontrole, pega o martelo com a mão esquerda e machuca a sua mão direita para se vingar.

Foi por isto que a Torá precisou de duas fontes diferentes para nos obrigar a fazermos atos de bondade. Por um lado, a pessoa deve fazer bondades pelo reconhecimento do valor intrínseco de cada ser humano, que foi criado à imagem e semelhança de D'us. Além disso, devemos levar em consideração o impacto dos nossos atos na sociedade como um todo e fazer atos de bondade para promover a paz em um nível comunitário. Ambos aspectos são fundamentais e decisivos para fazermos nosso serviço a D'us de forma apropriada.

Estamos em uma época de luto pelo falecimento de 24 mil alunos do Rabi Akiva. Nossos sábios explicam que eles faleceram, mesmo estando em um nível espiritual gigantesco, pois falharam em se comportar uns com os outros com a honra que cada um deles merecia. Apesar de terem aprendido de seu professor que a Mitzvá de "Amar ao próximo como a si mesmo" era uma das principais fundações de toda a Torá, eles falharam em dar a devida honra à imagem Divina que havia em cada um de seus companheiros, falhando também em reconhecer que todos eram parceiros no desenvolvimento de uma sociedade mais harmônica e equilibrada.
 
O luto pela morte dos alunos do Rabi Akiva nesta época do ano reforça o nosso reconhecimento de que o respeito pelo próximo é a base do nosso relacionamento com D'us. Devemos apreciar nosso próprio valor como seres criados à imagem e semelhança de D'us, bem como apreciar o valor intrínseco individual de cada ser humano. Ao mesmo tempo, devemos reconhecer a importância da nossa convivência comunitária, que deve ser embasada na busca de união, harmonia e paz.

SHABAT SHALOM

R' Efraim Birbojm

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HORÁRIO DE ACENDIMENTO DAS VELAS DE SHABAT - PARASHAT KEDOSHIM 5779:

São Paulo: 17h15  Rio de Janeiro: 17h03  Belo Horizonte: 17h08  Jerusalém: 18h50
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Este E-mail é dedicado à Refua Shlema (pronta recuperação) de: Chana bat Rachel, Pessach ben Sima, Rachel bat Luna, Eliahu ben Esther, Moshe ben Feigue, Laila bat Sara, Chana Mirel bat Feigue, Eliezer ben Shoshana, Mache bat Beile Guice, Feiga Bassi Bat Ania.
 
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Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Ben Tzion (Benjamin) ben Shie Z"L e Frade (Fany) bat Efraim Z"L, que lutaram toda a vida para manter acesa a luz do judaísmo, principalmente na comunidade judaica de Santos. Que possam ter um merecido descanso eterno.
 
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Meir ben Eliezer Baruch Z"L e Shandla bat Hersh Mendel Z"L, que nos inspiraram a manter e a amar o judaísmo, não apenas como uma idéia bonita, mas como algo para ser vivido no dia-a-dia. Que possam ter um merecido descanso eterno.
 
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de minha querida e saudosa tia, Léa bat Meir Z"L. Que possa ter um merecido descanso eterno.
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Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de: Moussa HaCohen ben Gamilla z"l, Renée bat Pauline z"l, Eliezer ben Arieh z"l; Arieh ben Abraham Itzac z"l, Shmuel ben Moshe z"l, Chaia Mushka bat HaRav Avraham Meir z"l, Dvora Bacha bat Schmil Joseph Rycer z"l, Alberto ben Esther z"l, Malka Betito bat Allegra z"l, Shlomo ben Salha z"l, Yechiel Mendel ben David z"l, Faiga bat Mordechai HaLewy z"l.
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(Observação: para Refua Shlema deve ser enviado o nome do doente e o nome da mãe. Para Leilui Nishmat, os Sefaradim devem enviar o nome do falecido e o nome da mãe, enquanto os Ashkenazim devem enviar o nome do falecido e o nome do pai).
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