quinta-feira, 30 de setembro de 2021

SUBORNOS DIÁRIOS - SHABAT SHALOM M@IL - PARASHÁ BERESHIT 5782

Para dedicar uma edição do Shabat Shalom M@il, em comemoração de uma data festiva, no aniversário de falecimento de um parente, pela cura de um doente ou apenas por Chessed, entrar em contato através do e-mail 
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PARASHÁ BERESHIT



         São Paulo: 17h46                  Rio de Janeiro: 17h32 

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VÍDEOS DA PARASHÁ BERESHIT
ASSUNTOS DA PARASHÁ BERESHIT
  • Dia um: Luz e Escuridão.
  • Segundo dia: Separação das águas de baixo e de cima. 
  • Terceiro dia: Terra firme e Vegetais.
  • Quarto dia: Sol, Lua e Estrelas.
  • Quinto dia: Animais aquáticos.
  • Sexto dia: Animais da terra e Adam Harishon.
  • Shabat.
  • Adam e Chavá no Gan Éden.
  • A cobra engana Chavá.
  • A transgressão de Adam e Chavá.
  • D'us aparece no Gan Éden.
  • A maldição da cobra.
  • A maldição de Chavá.
  • A maldição de Adam.
  • A expulsão do Gan Éden.
  • Cain e Hevel: Oferendas e assassinato.
  • Julgamento e castigo de Cain.
  • 10 gerações de Adam a Noach.
  • Os filhos de Noach: Shem, Ham e Yefet.
  • Os gigantes e as transgressões.
  • Decreto de destruição do mundo.
BS"D

SUBORNOS DIÁRIOS - PARASHÁ BERESHIT 5782 (01 de outubro de 2021)

 
"O Rav Israel Salanter zt"l (Lituânia, 1810 - Prússia, 1883) estava certa vez em uma cidade distante, onde as pessoas não o conheciam. Um judeu muito simples, ao ver o distinto rabino, pensou tratar-se de um shochet que estava de passagem. Ele quis aproveitar a oportunidade e pediu para que o rabino fizesse shechitá em sua galinha, para que pudesse preparar o almoço. O Rav Salanter imediatamente recusou, explicando que não era um shochet. O Rav Salanter então continuou conversando com aquele homem. Após alguns momentos, ele perguntou ao homem se ele poderia lhe emprestar por uma semana a quantia de mil moedas. Ao escutar aquele pedido, o homem se assustou e respondeu:

- Mas eu nem te conheço! Como posso confiar em você? Como posso saber se você realmente vai me devolver o dinheiro daqui a uma semana?
 
O Rav Salanter abriu um sorriso e ensinou ao homem uma importante lição:
 
- Se você não me conhece e não confia em mim para me emprestar mil moedas, então como é que você confiou em mim para realizar a shechitá na sua galinha? Seu Mundo Vindouro vale menos do que mil moedas?"
 
É interessante perceber como muitas vezes temos dois pesos e duas medidas nas decisões que tomamos na vida. Isso acontece principalmente quando temos interesses envolvidos. O homem queria tanto comer o frango que estava disposto a confiar na shechitá de um completo desconhecido, mas não confiava na mesma pessoa para emprestar dinheiro, já que nesta área ele não tinha nenhum interesse envolvido.

Acabamos de passar pela Festa de Simchá Torá, na qual completamos o ciclo anual de leitura da Torá, e demonstramos o amor pelos ensinamos de D'us ao reiniciarmos imediatamente sua leitura. Portanto, nesta semana lemos a primeira Parashá da Torá, Bereshit (literalmente "No princípio"), que descreve a criação do mundo e dos primeiros seres humanos, Adam e Chavá. Eles foram criados e colocados no Gan Éden, um lugar paradisíaco, e D'us deu a eles um único mandamento: eles poderiam usufruir de todos os frutos que havia no Gan Éden, menos do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal.
 
Infelizmente, poucas horas depois de terem sido criados, Adam e Chavá transgrediram o comando de D'us ao comerem do fruto proibido e foram duramente castigados, sendo expulsos do Gan Éden para sempre e perdendo o seu caráter imortal. Além destes castigos gerais, todos os envolvidos na transgressão, isto é, Adam, Chavá e a cobra, receberam castigos particulares, de acordo com a participação de cada um na transgressão. Mas como aconteceu este erro tão grosseiro, poucas horas depois de Adam e Chavá terem sido criados? Eles eram seres muito elevados, estavam muito próximos de D'us! O que os levou a tropeçarem tão rapidamente?
 
Explicam os nossos sábios que Adam, ao receber o comando de D'us que o proibia de comer certo fruto do Gan Éden, quis acrescentar uma proteção extra ao comando de D'us. Ao transmitir a proibição para sua esposa, ele acrescentou também a proibição de tocar no fruto. Com isso, Adam estava fazendo uma proteção para a Mitzvá, pois se eles evitassem encostar no fruto, certamente nunca chegariam a comê-lo. Porém, a falha de Adam foi não ter explicado para Chavá que a proibição de encostar no fruto era apenas um cerco de proteção da Mitzvá. Ele transmitiu para Chavá como se fosse parte do comando de D'us, de forma que Chavá entendeu que morreria se comesse do fruto proibido ou se apenas encostasse nele. A cobra aproveitou-se desta pequena falha para enganar Chavá, empurrando-a para que ela encostasse no fruto. Como nada aconteceu, a cobra disse para Chavá: "Da mesma forma que nada aconteceu por você ter encostado no fruto, então certamente nada acontecerá caso você coma dele". Desta maneira a cobra conseguiu convencer Chavá a transgredir a vontade de D'us. Logo depois de ter comido o fruto proibido, Chavá levou para que Adam também comesse dele.
 
Entendemos que Chavá quis comer do fruto proibido por ter sido enganada pela cobra e por achar que não havia nenhum problema. Mas por que ela também levou do fruto para que seu marido Adam comesse? Explica Rashi (França, 1040 - 1105) que foi por uma motivação completamente egoísta. Chavá não queria morrer e deixar seu marido vivo, pois sabia que ele se casaria com outra mulher. Então ela levou o fruto para que ele também comesse e, caso ela morresse, ele também morreria.
 
Porém, esta explicação de Rashi desperta um enorme questionamento. Chavá somente comeu do fruto proibido pois estava completamente convencida de que não morreria caso comesse. Então por que imediatamente após ter comido ela teve medo de morrer? O que mudou?

A resposta está em uma interessante parábola. Havia um país no qual os governantes de cada província se reuniam periodicamente para discutir assuntos de interesse comum. Certa vez, em um destes encontros, um dos governantes de uma das menores províncias começou a contar que perto do seu palácio vivia um judeu, muito justo e temente a D'us, que podia prever o futuro. Muitas de suas profecias haviam se concretizado de forma completa e precisa. Quando o governante da maior província escutou aquilo, não conseguiu suportar a ideia de que um governante de uma província tão pequena se gabasse daquela maneira. Por isso, ele sugeriu que o judeu fosse trazido na próxima reunião, para que pudessem testar se a informação era verdadeira. Quando chegou a época da próxima reunião, o judeu foi convidado. Ele começou a tremer muito, imaginando que algo ruim pudesse estar sendo tramado. E ele estava certo. O governante da maior província, que era um homem extremamente orgulhoso, tinha preparado um plano secreto. Ele convidou o judeu, diante de todos, a subir no palco, e fez a ele uma simples pergunta: "Se você pode prever o futuro, então nos diga: quando será o dia da sua morte?". Se o judeu dissesse uma data qualquer, o governante orgulhoso sacaria do bolso uma arma e mataria o judeu, provando que ele estava errado. E mesmo se ele dissesse "Hoje", o governante esperaria anoitecer e o mataria, provando que ele havia errado a previsão. O judeu, apavorado, rezou para que D'us o iluminasse. De repente, ele respondeu: "Não sei a data exata, mas sei que vou morrer exatamente no mesmo dia que você". O governante colocou a mão no bolso para pegar a arma, mas sua mão paralisou. Os outros governantes, que sabiam do plano, o incentivavam, mas ele não conseguia se mexer. Após alguns longos minutos, o governante arrogante mandou o judeu descer do palco e ir embora. Quando os outros governantes vieram questionar o motivo pelo qual ele não havia aproveitado a oportunidade, ele disse: "Vocês são tolos? Não escutaram o que ele disse, que eu vou morrer no mesmo dia que ele? E se ele estiver certo?".
 
Explica o livro "Lekach Tov" que esta é a força dos interesses que movem uma pessoa. Todo momento em que os interesses que moviam o governante era a inveja e o orgulho, ele se recusava a acreditar que o judeu realmente podia prever o futuro. Ele acreditava que era uma farsa, não podia aceitar que havia na província pequena algo melhor do que em sua enorme província. Porém, quando os interesses mudaram e passaram a ser a vontade que o ser humano tem de ficar vivo, então seu entendimento mudou de um extremo para o outro, e ele começou a acreditar que talvez realmente aquele judeu soubesse prever o futuro.
 
Isto também explica a mudança de comportamento de Chavá. Em um primeiro momento, ela estava sendo movida pelo seu desejo de comer a fruta, conforme está escrito: "E a mulher viu que a árvore era boa para comer e era um deleite para os olhos" (Bereshit 3:6). Como seu interesse era o desejo de comer, ela se deixou enganar pelas palavras da cobra e realmente acreditou que nada aconteceria caso ela comesse do fruto proibido. Porém, imediatamente após ter comido o fruto, o interesse baseado no desejo desapareceu, e entrou na cabeça de Chavá a dúvida: "E se as palavras da cobra não forem verdadeiras? Neste caso, eu vou morrer! E se eu morrer, então meu marido se casará com outra mulher!". Portanto, naquele momento entrou em Chavá um novo interesse, o de não permitir que seu marido se casasse com outra mulher. Foi por isso que ela deu a ele o fruto proibido, para que ele também comesse e morresse.
 
Esta mesma luta de interesses acontece o tempo todo dentro de nós. Quando a Torá nos ensina: "Não aceite suborno, pois o suborno cega os olhos dos sábios e perverte as palavras justas" (Devarim 16:19), normalmente pensamos que não é algo que se aplica a nós. Porém, quando a Torá nos proíbe de recebermos suborno, não se refere apenas a recebermos propinas em uma transação comercial ou um juiz receber um presente para julgar um caso de forma parcial. Suborno é tudo aquilo que nos desvia de fazer o que é correto. Suborno são os nossos interesses e desejos, que nos levam a procurar justificativas para nossas condutas incorretas. A verdade é que nossos atos e pensamentos são influenciados o tempo todos pelos nossos interesses. Se prestarmos atenção, perceberemos que estamos o tempo inteiro sendo subornados. Então como não cair no mesmo erro de Chavá?
 
A resposta está em um importante ensinamento dos nossos sábios: "Faça para você um rabino e adquira para você um amigo" (Pirkei Avót 1:6). Amigo verdadeiro é aquele que quer o nosso bem e, ao nos ver tomando as decisões erradas, chama a nossa atenção. O amigo não compartilha dos mesmos interesses e subornos e, portanto, pode nos ajudar a enxergar a verdade. Da mesma forma, o rabino é alguém que nos olha "de fora" e, portanto, pode nos ajudar a tomar as decisões corretas. Além disso, o rabino tem o conhecimento das leis da Torá, e pode nos orientar e nos ajudar a tomarmos sempre as decisões corretas. Somente desta maneira, com muito aconselhamento e a constante busca pela verdade, poderemos garantir que não teremos apenas boas intenções, e sim que estaremos fazendo o que realmente é o correto.
 

SHABAT SHALOM
 

R' Efraim Birbojm

Este E-mail é dedicado à Refua Shlema (pronta recuperação) de: Chana bat Rachel, Pessach ben Sima.
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Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Ben Tzion (Benjamin) ben Shie Z"L e Frade (Fany) bat Efraim Z"L, que lutaram toda a vida para manter acesa a luz do judaísmo, principalmente na comunidade judaica de Santos. Que possam ter um merecido descanso eterno.
 
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Meir ben Eliezer Baruch Z"L e Shandla bat Hersh Mendel Z"L, que nos inspiraram a manter e a amar o judaísmo, não apenas como uma idéia bonita, mas como algo para ser vivido no dia-a-dia. Que possam ter um merecido descanso eterno.
 
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de minha querida e saudosa tia, Léa bat Meir Z"L. Que possa ter um merecido descanso eterno.
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