quinta-feira, 4 de novembro de 2021

SE AFASTE DOS CAMINHOS ERRADOS - SHABAT SHALOM M@IL - PARASHÁ TOLDOT 5782

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VÍDEOS DA PARASHÁ TOLDOT
ASSUNTOS DA PARASHÁ TOLDOT
  • Ytzchak e Rivka fazem Tefilá.
  • Rivka engravida.
  • Bebê se mexe.
  • Profecia.
  • Nascimento de Yaacov e Essav.
  • Venda da primogenitura.
  • Fome na terra.
  • Ytzchak e os Plishtim.
  • Disputa pelos poços.
  • O Casamento de Essav.
  • Ytzchak fica cego.
  • Ytzchak dá a Brachá de primogenitura para Yaacov.
  • Ytzchak dá Brachá para Essav.
  • Yaacov vai para a casa de seu tio Lavan procurar uma esposa.
  • Essav se casa com a filha de Ishmael.
BS"D

SE AFASTE DOS CAMINHOS ERRADOS - PARASHÁ TOLDOT 5782 (05 de novembro de 2021)

 
"O Sr. Yossef era um comerciante que estava passando por dificuldades. As vendas estavam caindo e ele já não estava mais conseguindo bons fornecedores. Foi então que, certo dia, a sorte pareceu mudar. O Sr. Yossef escutou que um fabricante no país vizinho estava procurando novos parceiros comerciais. Era uma oportunidade de ouro, mas ele precisava ser rápido, pois logo todos escutariam aquela notícia e ele perderia a chance de recomeçar. Empolgado, ele embarcou em um trem em direção ao país vizinho.
 
No meio da viagem, ao conversar com um senhor que estava sentado ao seu lado, o Sr. Yossef descobriu que ele estava indo para a direção oposta à que desejava. Ele simplesmente havia entrado no trem errado! Desesperado com a possível perda daquela oportunidade, ele levantou-se e começou a correr, dentro do trem, na direção correta. O senhor que estava ao lado dele se levantou, o alcançou e pacientemente explicou:
 
- Não seja tolo! De que adianta correr na direção certa se você ainda está no trem que está indo na direção errada? Mas não se desespere. O que você deve fazer é descer na próxima estação e embarcar no trem que vai para o lado certo. Você não chegará imediatamente ao seu destino, mas ao menos estará na direção correta"
          
Esta é uma parábola para nossa vida. Às vezes despertamos dos nossos erros e decidimos que queremos mudar. Porém, enquanto continuarmos com a vida igual, na mesma direção, nada mudará de verdade.

Nesta semana lemos a Parashá Toldot (literalmente "Gerações"), que traz alguns assuntos importantes, como a recordação do casamento de Ytzchak, nosso segundo patriarca, com Rivka; a gravidez difícil de Rivka e o nascimento de seus filhos, Yaacov e Essav. A Parashá finalmente descreve os caminhos que cada um deles escolheu na vida.
 
A Parashá começa nos relembrando quem era Rivka: "Rivka, filha de Betuel, o Arameu, de Padan Aram, e irmã de Lavan, o Arameu" (Bereshit 25:20). Mas todas estas informações sobre Rivka já haviam sido transmitidas na Parashá da semana passada, quando a Torá descreveu com detalhes o momento no qual Eliezer, o servo de Avraham, foi para Padan Aram procurar uma esposa para Rivka. Então por que foi necessário repetir os detalhes familiares de Rivka? Explica Rashi (França, 1040 -1105) que a Torá está trazendo um grande louvor à Rivka, pois apesar de ser filha de um homem perverso, irmã de um homem perverso e ter vindo de um lugar de pessoas perversas, ainda assim ela não aprendeu com os maus atos deles.
 
Porém, estas palavras do Rashi são difíceis de serem entendidas. Rashi explicou que a Torá quis trazer um louvor para Rivka, mas parece que a grandeza de Rivka está sendo minimizada. Imagine se pedíssemos a alguém que elogiasse um dos grandes rabinos da nossa geração, e a pessoa simplesmente dissesse: "Ele não se comporta mal". Isso seria um elogio à altura deste grande sábio? Certamente que não! Aparentemente é o que a Torá está dizendo sobre Rivka. Será que ela não realizou muito mais do que simplesmente não aprender com as más ações das pessoas em volta? Ela foi uma das nossas matriarcas, e para alcançar este nível certamente teve que fazer muito mais do que simplesmente não aprender com as más ações dos perversos. Talvez ela precisou chegar ao ponto de quebrar sua herança, como se sua família e seu povo já não fizessem mais parte da sua essência, e anular as características que havia herdado deles. Então por que Rashi diz que o louvor dela foi apenas não ter aprendido com as más ações das pessoas à sua volta?
 
Segundo o Rav Yaacov Weinberg zt"l (EUA, 1923 - 1999), Lavan, Betuel e os moradores daquela região tinham um enorme potencial de grandeza e traços de caráter incríveis. É por isso que Avraham enviou Eliezer para buscar uma esposa para Itzchak justamente naquela região, por causa dos excelentes traços de caráter dos moradores. Porém, eles estragaram seu potencial espiritual. Eles tinham bondade e retidão em sua natureza, mas destruíram seus traços de caráter com suas más ações. O potencial daqueles habitantes era tão grande que tudo o que Rivka precisou fazer foi não imitar as más ações deles e, desta maneira, ela manteve a grandeza e a retidão. Na realidade, ela não teve que quebrar seu vínculo com suas origens, pois suas origens eram boas.
 
Esse mesmo potencial de Rivka, junto com o potencial de Itzchak, foi passado para seus dois filhos, Essav e Yaacov. Yaacov seguiu nos bons caminhos de seus pais, mas Essav resolveu seguir as vontades e desejos do seu coração, tornando-se um grande perverso, alguém que desprezava a espiritualidade. Talvez a maior demonstração deste descaso com a espiritualidade foi Essav ter vendido a sua primogenitura, que incluía a responsabilidade futura de seus descendentes com os serviços do Templo Sagrado, por um prato de lentilhas.

Porém, apesar deste desprezo, percebemos que diversas vezes uma faísca de espiritualidade se acendia no coração de Essav. Por exemplo, apesar de ter trocado sua primogenitura por um prato de lentilhas, Essav chorou um choro amargo quando percebeu que Yitzchak já havia dado a Brachá para Yaakov. Essav entendeu a grandeza e a espiritualidade que estavam envolvidas na Brachá de Yitzchak, e ficou triste com a oportunidade perdida. Essav estava dando valor à espiritualidade e se arrependendo de suas escolhas equivocadas.
 
A Teshuvá (arrependimento) de Essav fica ainda mais evidente no final da Parashá. De forma profética, Rivka foi avisada que Essav queria matar Yaacov por causa da Brachá de primogenitura. Ela então orientou Yaacov a fugir para a casa de seu irmão, Lavan. Rivka também buscou o apoio de Ytzchak, argumentando que queria que Yaacov procurasse uma esposa entre seus familiares de Padan Aram, pois preferia morrer a ver seu filho se casando com mulheres de Knaan. Ytzchak concordou, abençoou Yaacov e o enviou para a casa de Lavan. Naquele momento, Essav percebeu que Yitzchak não gostava de suas duas esposas, Bassmat e Yehudit, mulheres de Knaan, que eram amaldiçoadas. Rashi explica que eram mulheres de péssima índole, que fingiam na frente de Ytzchak serem mulheres corretas e virtuosas, mas secretamente continuavam fazendo incensos e oferendas para as idolatrias. Essav então teve novamente uma fagulha de arrependimento e procurou uma esposa correta e decente. Ele então se casou com Machalat, a filha de Ishmael. 
 
Rashi explica que o nome "Machalat" vem do verbo "Limchol", que significa "perdoar". Isso significa que Essav fez uma Teshuvá tão forte quando se casou com Machalat que suas transgressões foram perdoadas por D'us. Mas de onde veio a força para essa Teshuvá? Afinal, Essav havia se afundado em uma vida de transgressões. O Midrash nos ensina que Essav havia até mesmo planejado, junto com Ishmael, matar Yitzchak e Yaakov! Então como ele conseguiu juntar forças para fazer Teshuvá?
 
Explica o Rav Yaacov Weinberg que essa força deve ter vindo da Mitzvá que Essav cumpriu com perfeição: Honrar o pai. Nossos sábios ensinam que ninguém será capaz de cumprir a Mitzvá de honrar o pai como Essav cumpria. Isso nos ensina que uma Mitzvá cumprida de forma completa pode despertar o coração até mesmo de alguém como Essav. Temos que aspirar cumprir todas as Mitzvót da Torá, mas que ao menos uma Mitzvá possamos cumprir de forma completa e plena. O Rambam (Maimônides) (Espanha, 1135 - Egito, 1204) ensina que fazer uma Miztvá de forma completa dá para a pessoa o Olam Habá. O poder de uma única Mitsvá é incrível, e está muito acima do nosso entendimento do quanto ela pode nos elevar e purificar.
 
Nossos sábios explicam que Essav tinha o potencial de um patriarca. A prova disso é que, segundo o Midrash, sua cabeça foi enterrada na Mearat HaMachpelá, junto com os outros patriarcas, enquanto seu corpo foi enterrado fora. Isto significa que sua cabeça, isto é, seu intelecto, tinha claridade do seu potencial, mas seu corpo, isto é, seus desejos materiais, o dominaram e ofuscaram sua luz espiritual. O que faltou para ele consertar seus erros e viver de uma maneira correta e verdadeira sua vida?
 
Explica o Rav Meir Rubman zt"l (Lituânia - Israel, 1967) que quando Essav se casou com Machalat, ele realmente despertou seu máximo potencial de Teshuvá. Naquele momento, se ele tivesse se separado de suas primeiras esposas, que eram indignas, ele teria crescido muito espiritualmente. Porém, ele as manteve, como está escrito: "E (Essav) casou-se com Machalat, filha de Ishmael... além de suas esposas" (Bereshit 28:9). Com isso, ele acrescentou maldade sobre maldade, e nunca atingiu seu objetivo.
 
Deste detalhe na vida de Essav aprendemos um importante ensinamento para nossas vidas. Às vezes uma pessoa desperta e decide melhorar seu comportamento. Essa pessoa se esforça para elevar seu nível espiritual e acrescentar bons atos em seu cotidiano. Apesar disso, não vemos nenhum crescimento espiritual real. Por que? Pois a pessoa não arrancou pela raiz o que estava estragado nele, tanto em relação aos seus traços de caráter quanto em relação aos seus atos. Isto representa o mesmo que fez Essav, que casou-se com Machalat, mas não quis se separar de suas outras esposas, que eram más influencias em sua vida.
 
É isso que nos ensina David Hamelech: "Se afaste do mal e faça o bem" (Tehilim 34:15). Se queremos crescer de verdade, precisamos mudar de direção. Isso inclui nos afastarmos das más influências e do que nos puxa para baixo. A primeira coisa que um agricultor deve fazer é arrancar as ervas daninhas. Caso ele plante sem arrancá-las, elas acabam roubando espaço e nutrientes, fazendo com que a qualidade da plantação seja pior. Também nas Mitzvót, para que elas sejam puras, precisamos arrancar o lado negativo que há dentro de nós. Assim, as Mitzvót nos elevam e nos ajudam a aprimorar nosso comportamento, até chegarmos à perfeição.

                       

SHABAT SHALOM
 

R' Efraim Birbojm

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Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Meir ben Eliezer Baruch Z"L e Shandla bat Hersh Mendel Z"L, que nos inspiraram a manter e a amar o judaísmo, não apenas como uma idéia bonita, mas como algo para ser vivido no dia-a-dia. Que possam ter um merecido descanso eterno.
 
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de minha querida e saudosa tia, Léa bat Meir Z"L. Que possa ter um merecido descanso eterno.
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