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TRANSMISSÃO DOS NOSSOS ANTEPASSADOS - PARASHAT TERUMÁ 5778 (16 de fevereiro de 2018)
"Yossef era um homem de muita Emuná (fé), mas estava atravessando uma fase difícil na vida. Além das dificuldades financeiras, seu avô, já idoso, estava muito doente. Por isso, ele rezava diariamente pedindo a D'us que o ajudasse a sair daquela situação. Porém, certo dia o pior aconteceu: seu avô faleceu, deixando Yossef desolado. Antes de morrer, seu avô lhe deu uma mochila e falou: - Meu querido neto, se você quiser ter sucesso na vida, coloque nesta mochila o máximo de pedras que conseguir e carregue-as com você, sem tirar a mochila das costas nem por um único dia sequer. Se você fizer isso, após algum tempo, ao abrir a mochila, D'us lhe mandará uma grande alegria. Yossef ficou bastante confuso e até mesmo revoltado. Por que seu avô estava brincando com ele daquela maneira? Já não bastavam os tormentos e dificuldades que estava passando, carregaria ainda nas costas uma mochila cheia de pedras? Ao contar para sua esposa o estranho pedido do avô, ela sugeriu seguir as determinações dele e disse: - Seu avô era um homem muito sábio, que andava nos caminhos de D'us. Talvez seja bom escutá-lo. Além disso, sabemos que tudo o que D'us faz é para o bem. Yossef estava tão bravo que havia decidido não fazer o que seu avô pediu. Porém, após ouvir a recomendação da sua esposa, por desencargo de consciência, resolveu fazer pelo menos algo. Assim, colocou duas pedras pequenas dentro da mochila dada por seu avô e carregou-a nas costas por um longo tempo. Quando Yossef finalmente resolveu abrir a mochila, descobriu que as duas pedras tinham se transformado em ouro. Porém, para sua decepção, eram apenas duas pequenas pedras. Se tivesse escutado seu avô, estaria agora com uma mochila cheia de ouro". Apesar de as Mitzvót nos trazerem responsabilidades e esforços na vida, elas também trazem muita riqueza espiritual. Recebemos dos nossos antepassados a transmissão da nossa Torá, de geração em geração. Muitas vezes, infelizmente, ao invés de seguirmos os caminhos dos nossos antepassados, nos sentimos mais sábios do que eles e queremos criar os nossos próprios caminhos, mais "leves", sem o "peso" das Mitzvót. Porém, acabamos descobrindo, tarde demais, o tesouro que perdemos para sempre...
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Nesta semana lemos a Parashat Terumá (literalmente "Porção"), que começa listando os materiais necessários para a construção do Mishkan, o Templo Móvel. A construção era feita de maneira que o Mishkan pudesse ser montado e desmontado quando necessário, durante as viagens do povo judeu. Entre os materiais doados havia metais nobres, como o ouro e a prata, além de outros materiais valiosos, como madeira, couros, tecidos tingidos e pedras preciosas. Há um enigmático Midrash (parte da Torá Oral) que afirma que, quando D'us ordenou aos judeus que juntassem os materiais para a construção do Mishkan, o povo respondeu "Shemá Israel, Hashem Elokeinu, Hashem Echad" (Escute, Israel. Hashem é nosso D'us, Hashem é Um). Qual mensagem o povo judeu estava transmitindo quando respondeu desta maneira ao comando de D'us? Qual é a conexão entre os dois assuntos? Além disso, há uma parte da nossa Tefilá de Shacharit (reza da manhã) chamada "Tachanun" (súplicas), na qual nós pronunciamos a seguinte estrofe: "Guardião de Israel, proteja os remanescentes de Israel, não permita que Israel seja destruído, aqueles que proclamam 'Shemá Israel'". E na próxima estrofe pronunciamos: "Guardião da nação única, proteja os remanescentes do povo único. Não permita que a nação única seja destruída, aqueles que proclamam 'Hashem Elokeinu, Hashem Echad'". Com esta Tefilá nós suplicamos que D'us nos salve da destruição. Porém, não é um pedido de proteção gratuito, e sim baseado em méritos especiais do povo judeu. Mas percebemos que nossos sábios separaram o "Shemá Israel" do "Hashem Elokeinu Hashem Echad", como se fossem dois méritos independentes. O que isto significa? Outro ensinamento interessante relacionado ao "Shema Israel" é trazido pelo Talmud (Pessachim 56a), que afirma que Yaacov Avinu, em seu leito de morte, quis revelar aos seus filhos quando seria o momento da Redenção Final do povo judeu. Porém, a Presença Divina se afastou e ele não pôde fazer a revelação aos seus filhos. Yaacov teve medo que a Presença Divina havia se afastado por um dos seus filhos não ser digno daquela revelação. Diante da preocupação do pai, todos os filhos de Yaacov garantiram a ele que eram Tzadikim (justos), proclamando "Shemá Israel, Hashem Elokeinu, Hashem Echad". Neste caso, o "Shemá Israel" significava "Escute, nosso pai Israel", pois Israel era outro nome de Yaacov. Porém, se os filhos de Yaacov estavam diante de seu pai, por que tiveram que iniciar sua declaração de Emuná completa em D'us e em Sua unicidade com as palavras "Escute, nosso pai Israel"? Uma pergunta semelhante se aplica a nós também. Se o Shemá Israel é uma declaração da nossa Emuná completa em D'us e em Sua unicidade, por que não iniciamos diretamente das palavras "Hashem Elokeinu, Hashem Echad"? Por que acrescentamos em nossa declaração de Emuná as palavras "Shemá Israel"? Explica o Rav Yohanan Zweig que nossa obrigação de cumprir as Mitzvót da Torá provém de um duplo senso de responsabilidade. A mais óbvia é certamente a responsabilidade que temos com o nosso Criador. Entretanto, existe uma responsabilidade adicional, que é a responsabilidade de manter as tradições e a herança dos nossos antepassados. Um elemento essencial na honra aos nossos pais, aqueles que nos deram a vida, é honrar os valores e tradições que eles receberam como legado de seus pais. Consequentemente, quando abandonamos a observância da nossa herança, não estamos afrontando apenas o Criador do mundo, mas também os nossos antepassados. Quando os filhos de Yaacov começaram a sua declaração de que eram Tzadikim com as palavras "Escute, nosso pai Israel", eles estavam proclamando seu compromisso de manter as tradições e valores que Yaacov havia ensinado durante toda a vida. Somente depois de declararem o compromisso com os seus antepassados, então eles acrescentaram: "Nós estamos obrigados a manter nossa herança pois Hashem, nosso D'us, exige isto de nós". De maneira semelhante, quando nós proclamamos duas vezes por dia o "Shemá Israel, Hashem Elokeinu, Hashem Echad", nós estamos afirmando que o nosso compromisso de servir a D'us é duplo: ele é composto pela nossa responsabilidade com D'us, mas também é composto pela nossa responsabilidade em manter os valores transmitidos pelo nosso patriarca Yaacov. É por isso que também no nosso "Tachanun" separamos o "Shemá Israel" do "Hashem Elokeinu, Hashem Echad", pois na realidade são dois méritos diferentes para o povo judeu, e cada um deles traz uma proteção especial de D'us. Este ensinamento nos ajuda a entender a enigmática resposta do povo judeu ao comando de D'us de juntar os materiais necessários para a construção do Mishkan. O povo judeu estava afirmando a D'us que eles estavam comprometidos a construir uma "moradia" para a Presença Divina porque Ele os havia comandado a fazer isto. Porém, eles quiseram enfatizar também que já haviam aceitado de seu patriarca Yaacov esta responsabilidade, quando ele enraizou em seus filhos e descendentes a importância de construir esta "moradia" para a Presença Divina. Mas quando Yaacov ensinou aos seus descendentes sobre o Mishkan? Quando observamos os materiais necessários para a construção do Mishkan, há um que nos chama a atenção: as madeiras. De onde vieram as madeiras, se o povo judeu estava no meio do deserto, um local onde não há árvores? Além disso, a Torá descreve que era um tipo específico de madeira, chamado "Atsei Shitim", traduzido como "madeiras de acácia". Toda a estrutura do Mishkan era feita de madeira, além de alguns dos utensílios, como o Mizbeach (Altar) e o Aron Hakodesh (Arca Sagrada). Portanto, se foi necessária esta enorme quantidade de madeira, de onde ela surgiu? A resposta está no versículo que descreve a estrutura do Mishkan, composta por tábuas verticais de madeira, onde está escrito "E você fará as tábuas para o Mishkan" (Shemot 26:15). Rashi questiona o fato de estar escrito "fará as tábuas" e não apenas "fará tábuas", como ocorreu nas outras partes do Mishkan. Rashi explica que a Torá estava se referindo a uma madeira específica. Yaacov Avinu já sabia profeticamente que seus descendentes teriam que construir um Mishkan para D'us no deserto. Por isso, ele pessoalmente plantou madeiras de acácia no Egito e ordenou aos seus descendentes que, quando chegasse o momento da redenção, as madeiras fossem levadas com eles para o deserto, para que estivessem prontas para o uso quando D'us ordenasse a construção do Mishkan. Portanto, Yaacov já havia transmitido aos seus descendentes a importância da futura construção da "moradia" da Presença Divina. Atualmente vemos um fenômeno interessante que ocorre com os nossos jovens, especialmente na Cultura Ocidental: as gerações anteriores são desprezadas pelas novas gerações. Ao invés de aproveitarem os ensinamentos de seus antepassados, que contém muita sabedoria e experiência de vida, os jovens olham com desprezo para os seus pais e avós, que não sabem mexer nos "smartphones" e nem navegar com habilidade pela internet e, por isso, são vistos como antiquados, pessoas que não tem nada a oferecer às gerações tecnologicamente mais avançadas. O judaísmo nos ensina justamente o contrário. Cada geração é espiritualmente mais baixa do que a anterior e, portanto, precisamos muito dos conhecimentos das gerações anteriores. Nossos antepassados literalmente deram a vida pelo judaísmo. Muitos dos nossos avós e bisavós morreram para manter viva a Torá. Se eles deram a vida pela Torá, isto significa que eles sabiam do enorme valor espiritual de cada Mitzvá que cumprimos. Apesar disso, nossa geração vem abandonando o judaísmo, no triste "holocausto espiritual" da assimilação. Por desconhecimento ou até mesmo por descaso e falta de compromisso, a Torá vem sendo deixada de lado pelas novas gerações. É verdade que o cumprimento das Mitzvót deve ser, em última instância, dedicado a D'us. Porém, não podemos esquecer o orgulho que causamos aos nossos antepassados quando continuamos a transmissão de sua herança, uma herança pela qual eles deram a vida. Em nossa geração pode haver muitas novidades tecnológicas, mas eram os nossos antepassados que conheciam os verdadeiros tesouros da vida.
"Um povo que não conhece seu passado é um povo que não tem futuro"
Shabat Shalom R' Efraim Birbojm
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Este E-mail é dedicado à Refua Shlema (pronta recuperação) de: Chana bat Rachel, Pessach ben Sima, Rachel bat Luna, Eliahu ben Esther, Moshe ben Feigue, Laila bat Sara.
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Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Ben Tzion (Benjamin) ben Shie Z"L e Frade (Fany) bat Efraim Z"L, que lutaram toda a vida para manter acesa a luz do judaísmo, principalmente na comunidade judaica de Santos. Que possam ter um merecido descanso eterno. Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Meir ben Eliezer Baruch Z"L e Shandla bat Hersh Mendel Z"L, que nos inspiraram a manter e a amar o judaísmo, não apenas como uma idéia bonita, mas como algo para ser vivido no dia-a-dia. Que possam ter um merecido descanso eterno. Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de minha querida e saudosa tia, Léa bat Meir Z"L. Que possa ter um merecido descanso eterno.
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