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SANTIFICANDO O NOME DE D'US - PARASHÁ EMOR 5772 (11 de maio de 2012)
"O Sr. Grunenbaum era o chefe de uma família ortodoxa que vivia na cidade de Bnei Brak, em Israel. Além de cumprir com alegria as Mitzvót da Torá, ele tinha uma vontade muito grande de ajudar pessoas afastadas a conhecer um pouco mais dos preciosos ensinamentos da Torá. Mas infelizmente uma das famílias que ele tinha mais dificuldade em ajudar eram justamente seus cunhados, os Weisberg, que não aceitavam seus convites para o Shabat e não estavam abertos para escutar o que ele tinha para ensinar.
Depois de diversas recusas, certa vez os Weisberg aceitaram o convite de passar um Shabat em Bnei Brak. Eles comeram todas as refeições juntos, conversaram bastante, foi um dia muito agradável, mas os Weisberg não queriam nem escutar nada sobre Torá e Mitzvót.
Quando o Shabat terminou, os Grunenbaum acompanharam os Weisberg até o ponto de ônibus, e não sentiram neles nenhuma abertura ou vontade de conhecer mais sobre o judaísmo. De repente, a Sra. Weisberg parou e perguntou para a Sra. Grunenbaum:
- Que ruído é este? - referindo-se a um forte som de vozes que ficava cada vez mais alto.
- Este ruído vem de uma das sinagogas do bairro - respondeu a Sra. Grunenbaum - Tem alguém na cidade muito doente, e centenas de pessoas se juntaram na sinagoga para dizer Tehilim (Salmos) pela recuperação dela. Na verdade, depois de deixar vocês no ponto de ônibus, eu pretendo me juntar a eles também.
- Mas você sabe quem é a pessoa doente? - Perguntou a Sra. Weisberg.
- Não. E a grande maioria das pessoas que estão agora na sinagoga também não a conhecem. Todos sabem apenas que é alguém muito doente que precisa das nossas rezas - respondeu a Sra. Grunenbaum.
- Quer dizer que você vai abrir mão do seu Sábado à noite por alguém que você nem mesmo conhece? - perguntou a Sra. Weisberg, espantada.
- Sim, pois é isto o que a Torá nos ensina que é correto fazer nesta situação – respondeu, com simplicidade, a Sra. Grunenbaum
O contraste era tão grande entre as pessoas de Bnei Brak, tão desprendidas e prontas para ajudar ao próximo, das pessoas egoístas que moravam no bairro da Sra. Weisberg, em Tel Aviv, que isto tocou o coração dela profundamente. E alguns anos depois os Weisberg haviam voltado para suas raízes judaicas"
As pessoas que naquela noite foram à sinagoga de Bnei Brak rezar pela cura física de um doente também ajudaram outra família a encontrar o seu caminho espiritual. Eles fizeram um grande "Kidush Hashem" (Santificaram o nome de D'us).
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Um dos assuntos da Parashá desta semana, Emor, é a santidade com a qual devem ser tratadas as oferendas do Beit-Hamikdash (Templo). Por exemplo, a Torá descreve algumas imperfeições que desqualificavam um animal de ser oferecido como Korban (sacrifício). Depois disso a Torá novamente menciona algumas leis sobre o "Korban Todá", que era oferecido por uma pessoa que havia escapado de algum perigo de vida. E assim está escrito: "Quando vocês oferecerem um Korban Todá para D'us, vocês devem oferecê-lo de forma que seja aceito em favor de vocês... Eu sou D'us. Vocês devem observar Meus mandamentos e cumpri-los, Eu sou D'us. Você não deve denegrir Meu nome sagrado, ao contrário, Eu devo ser santificado diante dos filhos de Israel, Eu sou D'us" (Vayikrá 22:29-32).
Mas destes versículos surgem algumas perguntas interessantes. Em primeiro lugar, quando todos os Korbanót foram descritos na Parashá Vayikrá, para cada um deles está escrito que ele deve ser sacrificado "de forma que seja aceito em favor de vocês". O que há de especial no Korban Todá, já que a Torá precisou enfatizar outra vez que este Korban deveria ser feito "de forma que seja aceito em favor de vocês"? Além disso, por que a frase "Eu sou D'us" é repetida tantas vezes? E finalmente, qual a conexão entre o Korban Todá e o ato de Santificar o nome de D'us?
Explica o Rav Rafael Yom Tov Lipman Hilfrin que devemos nos lembrar em todos os instantes que D'us nos criou a partir do nada, isto é, sem Ele nem mesmo existiríamos. Todas as nossas forças e aptidões, físicas e espirituais, recebemos Dele. Além disso, além Dele ter nos criado, é Ele que nos mantém a cada instante, e não haveria possibilidade de vida na Terra sem que a vitalidade fluísse Dele de maneira constante e ininterrupta.
De acordo com estes princípios, racionalmente não teríamos nenhuma possibilidade de nos levantar contra D'us e fazer algo contra Sua vontade, já que toda a nossa vitalidade e o movimento dos nossos membros dependem Dele. Mas D'us nos fez uma grande bondade. Quando Ele criou o Mundo material, Ele colocou dentro de nós a livre escolha, isto é, a possibilidade de fazer atos contra a Sua vontade. Porém, que tipo de bondade é esta? O que a possibilidade de fazer o que vai contra D'us nos acrescenta?
Se não tivéssemos livre escolha, não teríamos nenhum mérito pelos nossos bons atos. Com o surgimento da possibilidade de nos desviarmos dos caminhos corretos, cada vez que fazemos as escolhas corretas e cumprimos a vontade de D'us, recebemos uma recompensa pela nossa escolha. Assim conseguiremos meritar nossa eternidade no Mundo Vindouro através dos bons atos que escolhermos acumular.
O Korban Todá era trazido por uma pessoa que queria agradecer a D'us por ter se salvado após ter passado por alguma situação em que sua vida esteve em perigo, como em uma doença ou uma viagem perigosa. Mas qual a definição judaica de vida? Será que uma pessoa que anda e fala é chamada de viva? Não, pois segundo o judaísmo, o conceito de vida verdadeira vai muito além dos sinais vitais. Como a passagem neste mundo é algo apenas temporário e nossa vida verdadeira será no Mundo Vindouro, nossa eternidade depende de como nos comportaremos neste mundo.
Por que no Korban Todá está escrito outra vez "de forma que seja aceito em favor de vocês"? A linguagem "Todá" vem da mesma raiz de "Hodaá", que significa admitir. Somente é considerado que alguém admitiu algo quando existe a possibilidade da negação. O Korban é uma declaração de que, apesar da possibilidade de se voltar contra D'us, de negar os caminhos corretos, a pessoa estava escolhendo seguir os caminhos de D'us. É a admissão de que tudo vem Dele, Ele é a causa de todas as causas, o motivo de todos os motivos. Não queremos que apenas nosso Korban seja aceito, mas sim que nossas escolhas de vida sejam aceitas por D'us em nosso favor, em benefício da nossa vida verdadeira, a vida eterna.
É por isso que o termo "Eu sou D'us" se repete tantas vezes. Antes do comando de cumprir as Mitzvót ele aparece duas vezes, uma pelo reconhecimento de que D'us é o Criador, que nos criou a partir do nada, e a outra é pelo reconhecimento de que é Ele quem nos mantém a cada instante. Declaramos que o propósito de nossa vida é seguir as Mitzvót e os ensinamentos Daquele que nos criou e nos mantém a cada instante.
Portanto, quando a pessoa trazia um Korban Todá, não estava apenas agradecendo que D'us a manteve viva. Estava agradecendo a oportunidade de seguir vivendo uma vida verdadeira, uma vida de reconhecimento, uma vida com os princípios éticos e morais da Torá. De nada adiantaria a pessoa escapar de um acidente e continuar, por dezenas de anos, indo contra o que o seu Criador ensinou, sem acumular méritos para sua vida verdadeira.
Quando a pessoa chega neste nível de entendimento, de que toda sua existência depende de D'us, esta pessoa está pronta a santificar o nome de D'us em todas as situações, sendo em vida e, se necessário, morrendo por isso. Pois o versículo termina com "Eu sou D'us" para nos ensinar que Ele, e apenas Ele, é o dono da vida e da morte.
Não precisamos morrer em um ato de heroísmo para santificarmos o nome de D'us. Se for necessário, devemos estar prontos para dar a vida por isso, mas podemos viver de maneira a santificar o nome de D'us a cada instante. Ao cumprirmos as Suas leis, nos transformamos em pessoas melhores a cada dia. Podemos nos tornar exemplos de bondade, de preocupação com o próximo e de respeito, em um mundo cada vez mais egoísta. Assim, além de ajudar a nós mesmos, ajudaremos a tantos outros que ainda não conhecem os caminhos corretos mas que, de maneira subconsciente, estão em busca de respostas.
SHABAT SHALOM
R' Efraim Birbojm