quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

REFLEXÕES SINCERAS - SHABAT SHALOM M@IL - PARASHAT VAERÁ 5780


Para dedicar uma edição do Shabat Shalom M@il, em comemoração de uma data festiva, no aniversário de falecimento de um parente, pela cura de um doente ou apenas por Chessed, favor entrar em contato através do e-mail efraimbirbojm@gmail.com.
   
HORÁRIO DE ACENDIMENTO DAS VELAS DE SHABAT

PARASHAT VAERÁ 5780:

São Paulo: 18h37                   Rio de Janeiro: 18h22 
Belo Horizonte: 18h19                  Jerusalém: 16h30
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ASSUNTOS DA PARASHAT VAERÁ

- Hashem garante novamente a Moshé que o povo será salvo.
- As 4 expressões de libertação.
- Genealogia de Moshé e Aharon.
- O cajado vira uma serpente.
- Sangue: A 1ª Praga.
- Rãs: A 2ª Praga.
- Piolho: A 3ª Praga.
- Hordas de animais selvagens: A 4ª Praga.
- Epidemia: A 5ª Praga.
- Sarna: A 6ª Praga.
- Granizo: A 7ª Praga.

REFLEXÕES SINCERAS - PARASHAT VAERÁ 5780 (24 de janeiro de 2020)

 
Durante a Guerra do Golfo, em 1991, houve um violento ataque de mísseis vindos do Iraque contra Ramat Gan, uma cidade muito próxima de Bnei Brak, na noite de Shabat. Um parente do Rav Elazar Man Shach zt"l (Lituânia, 1899 - Israel, 2001) foi falar com ele no dia seguinte, impressionado por ter percebido que os ataques atingiram a cidade de Ramat Gan, onde poucas pessoas cumprem Mitzvót, mas não atingiram a "cidade santa" de Bnei Brak, onde muitos se ocupam do estudo e do cumprimento da Torá. Este parente disse ao Rav Shach:
 
- Veja, Rav, que incrível. Estamos testemunhando o cumprimento das palavras do versículo: "E separarei a Terra de Goshen (onde viviam os judeus no Egito)... para que a praga dos animais ferozes não esteja lá, para que você saiba que eu sou D'us no meio da terra" (Shemot 8:18).
 
Porém, ao escutar isto, o Rav Shach balançou a cabeça e disse:
 
- A minha reação a este ataque foi exatamente o contrário. Reagi da mesma forma que o profeta Yoná. Quando ele estava em um barco, fugindo da missão que D'us lhe havia designado, e o barco foi atingido por uma forte tempestade, cada um dos marinheiros pegou seu pequeno ídolo e começou a rezar para ele. Porém, Yoná se levantou e anunciou: "É por minha causa que esta grande tempestade veio a vocês" (Yoná 1:12). Mas por que Yoná pensou isso? O barco estava cheio de idólatras, cujas atitudes certamente também desagradavam a D'us. Então por que ele assumiu que a tempestade era uma mensagem para ele?
 
- Por que você acha que os foguetes caíram justamente na noite de Shabat? - continuou o Rav Shach - As explosões ocorreram por volta das 19h00, um horário no qual as pessoas deveriam estar sentadas estudando Torá, revisando o que estudaram durante a semana. Porém, em vez disso, o que a maioria dos judeus de Bnei Brak estava fazendo? Estavam sentados, conversando. O fato dos foguetes terem caído na noite de Shabat bem ao lado de Bnei Brak foi uma mensagem Divina de que os judeus de Bnei Brak não estavam fazendo o que deveriam estar fazendo no Shabat. 
 
- É sempre mais fácil apontar o dedo para os outros como sendo a causa dos nossos problemas - concluiu o Rav Shach - É mais fácil pensar, quando ocorre alguma tragédia, que ela aconteceu por causa dos que estão mais afastados de D'us. É mais tentador pensar que o problema é deles e, portanto, a culpa também é deles. Porém, esta não é a forma de pensar da Torá. A Torá exige que uma pessoa julgue seus próprios atos antes de julgar os atos dos outros. Portanto, da mesma forma que o profeta Yoná disse "Por minha causa esta grande tempestade veio a vocês", mesmo estando rodeado por idólatras, assim nós também devemos nos comportar, e precisamos enxergar este ataque de mísseis como sendo por nossa culpa, não deles.

Nesta semana lemos a Parashat Vaerá (literalmente "E apareceu"), quando finalmente iniciou-se o processo de salvação do povo judeu da escravidão egípcia. D'us começou a mandar as pragas que, aos poucos, foram destruindo completamente toda a infraestrutura do maior império da época. Porém, apesar de toda a morte e destruição que as pragas causavam, o Faraó continuava em sua obstinação de não deixar o povo judeu sair. Em certo momento Moshé ameaçou o Faraó, afirmando que, caso ele se recusasse a libertar o povo judeu, D'us golpearia todo o país com uma peste que dizimaria todo o gado. Moshé ainda avisou ao Faraó: "D'us fará uma distinção entre o gado de Israel e o gado do Egito, de modo que nenhum animal morrerá dentre o gado dos Filhos de Israel" (Shemot 9:4). E foi exatamente o que aconteceu. Porém, apesar das palavras de Moshé, o Faraó ainda enviou uma delegação pessoal para investigar o que havia acontecido em Goshen. Eles viram com seus próprios olhos que nenhum animal dos judeus havia morrido durante aquela praga.
 
Isso não seria suficiente para derreter o coração endurecido de qualquer pessoa normal? Não seria razoável, depois de testemunhar este fenômeno milagroso, o Faraó desistir e libertar o povo judeu? Porém, qual foi a reação do Faraó? "O Faraó endureceu seu coração e ele não enviou o povo" (Shemot 9:7). O que significa este comportamento completamente ilógico do Faraó?
 
O Rav Simcha Zissel Ziv Broida zt"l  (Lituânia, 1824 - 1898), mais conhecido como Alter MiKelem, explica que se todo o gado do Egito tivesse morrido, o Faraó teria ficado realmente nervoso. Agora, porém, que o gado dos judeus não havia morrido durante a praga, o Faraó disse a si mesmo: "Não tem problema o gado egípcio ter morrido, eu ainda posso usar o gado dos judeus. Eu tenho espaço para manobras. Não me sinto acuado contra a parede. Já que tenho uma solução, por que me preocupar?".

O mesmo pode ser visto em relação à praga dos sapos. Quando o Faraó se rebaixou e pediu a Moshé que retirasse os sapos, D'us fez com que todos os sapos morressem. O Egito ficou completamente tomado de sapos mortos, exalando um cheiro insuportável. O versículo então declara qual foi a reação do Faraó: "E o Faraó viu que havia alívio, e ele endureceu seu coração" (Shemot 8:11). Mas a que alívio o versículo se refere? 
 
A explicação mais simples é que o Faraó se sentiu aliviado ao ver que a praga havia finalmente terminado. Porém, o Rav Shlomo Ephraim zt"l (Polônia, 1550 - Praga, 1619), mais conhecido como Kli Yakar, ressalta que a expressão "E o Faraó viu que havia alívio" não é repetida em nenhuma das outras pragas, mesmo depois que elas cessaram. Então o que significa "E viu que havia alívio"?
 
O Kli Yakar explica que em todas as outras pragas, quando elas terminavam, o problema se resolvia. A única praga na qual os problemas continuaram mesmo após o seu término foi a praga dos sapos, pois depois que a praga terminou, o país ficou infestado com montanhas de sapos mortos. Após o fim desta praga, o Faraó viu que havia um "alívio". A expressão "Harvachá", que pode ser traduzida como alívio, também significa "amplidão, espaço". O Faraó estava declarando que a praga dos sapos não o havia incomodado, pois o Egito era um país amplo, isto é, eles tinham muitas terras para onde escapar do cheiro dos sapos mortos.
 
A reação do Faraó diante das tragédias que assolaram todo o seu povo é impressionante. Depois dos sapos ele disse: "Não tem problema, podemos ir para as partes do país onde não há sapos fedendo". Depois da peste ele disse: "Não tem problema que os animais egípcios morreram, eu posso me virar com os animais dos judeus".  Como entender este tipo de reação? E o que isto ensina para as nossas vidas?
 
Explica o Alter MiKelem que estas reações do Faraó representam um padrão de comportamento encontrado entre os Reshaim (perversos). Eles têm uma "miopia" ao julgar o que está ocorrendo em suas vidas, de forma que conseguem apenas enxergar o "aqui e agora", sem pensar nas implicações futuras do que aconteceu. Se em determinado momento eles podem sair do problema, então eles assim o fazem, ignorando as implicações mais amplas de suas atitudes, mesmo que elas o levem a um final desastroso. Os Reshaim ignoram o futuro e o contexto verdadeiros das questões.
 
De acordo com o Rav Yssocher Frand, este ponto de vista do Faraó é compartilhado por outros Reshaim da história. Talvez uma das atitudes mais simbólicas deste tipo de comportamento foi apresentada por Essav. Ele voltou do campo, cansado e faminto.  Ele disse a Yaakov, que cozinhava: "Despeje em minha boca desta coisa muito vermelha, porque estou exausto" (Bereshit 25:30). Yaakov ofereceu a ele um prato de lentilhas, mas em troca pediu a primogenitura. Essav disse: "Eu vou morrer, então para que me serve a primogenitura?" (Bereshit 25:32). Essav demonstrou só se importar com o agora, sem pensar nas consequências futuras de seu ato.
 
Isto fica ainda mais evidente na resposta de Yaakov: "Jura-me, como este dia" (Bereshis 25:33). O que significa "como este dia"? Segundo o Rav Ovadia Sforno zt"l (Itália, 1475-1550), Yaakov estava dizendo ao seu irmão: "Essav, você é do tipo de pessoa que só está interessada no 'agora', no momentâneo. Você é alguém que não consegue distinguir entre os prazeres imediatos de uma tigela de sopa e o valor a longo prazo da primogenitura". Esta é a filosofia de vida de Essav. Esta é a filosofia de vida do Faraó. Esta é a filosofia de vida dos tolos que só estão interessados em comer, beber e aproveitar os prazeres momentâneos, sem refletir sobre o que ocorrerá no dia seguinte.
 
Infelizmente não são poucos os que atualmente vivem desta maneira. Jovens que entram no mundo das drogas por alguns instantes de prazer e pessoas cada vez mais ligadas aos prazeres gastronômicos, sem se importar com a saúde. Muitos vivem de maneira vã, se preocupando apenas com os prazeres imediatos, mas esquecendo do verdadeiro objetivo da vida. Vivem como se não houvesse amanhã, sem se importar com as futuras consequências de seus atos, sem refletir que as consequências dos nossos atos neste mundo serão eternas.
 
Além disso, esta atitude de não pensar na consequência futura dos nossos atos também impede a pessoa de enxergar seus erros, fazendo com que ela viva sempre de maneira a justificar suas atitudes, jogando sobre os outros a responsabilidade pelos fracassos. Pessoas assim nunca consertam seus erros, pois a culpa é sempre dos outros, nunca dela. Se há uma fuga, um "alívio" imediato, então não tem problema. Já a Torá nos ensina o contrário. Devemos assumir a responsabilidades pelos nossos atos. Ao invés de buscar a culpa nos outros, procurar o que nós podemos e devemos mudar. Refletir sobre as consequências de longo prazo dos nossos atos. Somente assim um dia poderemos consertar os nossos atos e chegar à perfeição.

 

SHABAT SHALOM


R' Efraim Birbojm

Este E-mail é dedicado à Refua Shlema (pronta recuperação) de: Chana bat Rachel, Pessach ben Sima, Rachel bat Luna, Eliahu ben Esther, Moshe ben Feigue, Laila bat Sara, Eliezer ben Shoshana, Mache bat Beile Guice, Feiga Bassi Bat Ania, Mara bat Chana Mirel, Dina bat Celde, Celde bat Lea, Rivka Lea bat Nechuma.
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Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Meir ben Eliezer Baruch Z"L e Shandla bat Hersh Mendel Z"L, que nos inspiraram a manter e a amar o judaísmo, não apenas como uma idéia bonita, mas como algo para ser vivido no dia-a-dia. Que possam ter um merecido descanso eterno.
 
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de minha querida e saudosa tia, Léa bat Meir Z"L. Que possa ter um merecido descanso eterno.
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