| | PRIORIDADES CORRETAS NA VIDA E NA MORTE - PARASHAT BERESHIT 5776 (09 de outubro de 2015) "Um homem muito sábio chegou aos arredores de certa aldeia e, como o sol já estava quase se pondo, deitou-se para dormir sob uma árvore. De repente, chegou correndo um habitante daquela aldeia e disse, quase sem fôlego: - A pedra! Eu quero aquela pedra! - Mas de que pedra você está falando? - perguntou-lhe o sábio, um pouco assustado. - Ontem à noite eu tive um sonho, e vi que nos arredores da minha aldeia, exatamente no pôr do sol, estava um homem deitado sob uma grande árvore, e ele me dava uma pedra preciosa muito grande, que me faria rico para o resto da vida. E agora eu me lembro que o homem do meu sonho tinha exatamente o seu rosto. Me dê a pedra já! O sábio abriu o pacote que trazia e tirou de dentro dela uma pedra. Estendeu ao homem e disse: - É esta a pedra a qual você se refere? Encontrei-a numa trilha da floresta, alguns dias atrás. Parece ser realmente muito valiosa. Mas não vou brigar por ela, você pode levá-la. O homem da aldeia olhou maravilhado para a pedra. Era um diamante, o maior que já tinha visto na vida. Pegou o diamante e foi embora. Porém, de noite, ele virava de um lado para o outro na cama, sem conseguir dormir. Quando o dia clareou, foi novamente ver o sábio. Despertou-o e pediu: - Por favor, eu não quero o diamante. Eu quero que você me dê desta riqueza verdadeira, que lhe tornou possível desfazer-se de um diamante tão valioso assim com tanta facilidade..." Quem tem claridade sobre a vida, e sobre o que vem depois da vida, sabe o que deve priorizar: não os bens materiais, e sim as aquisições espirituais. **************************************************** Nesta semana recomeçamos a leitura da Torá com o primeiro livro, Bereshit, que descreve a criação do mundo e as primeiras gerações da humanidade. A Parashat desta semana, Bereshit, descreve a criação do primeiro ser humano, Adam Harishon, que logo após sua criação recebeu de D'us uma advertência: "Mas da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal não coma dela, pois no dia em que você comer dela, certamente morrerá" (Bereshit 2:17). Explica o Ramban zt"l (Nachmânides) (Espanha, 1194 - Israel, 1270) que a morte mencionada no versículo não se refere à morte imediata de Adam, e sim à perda de seu status imortal. Não apenas ele virou um ser mortal após comer do fruto proibido, mas também todos os seus descendentes se tornaram mortais. Porém, aparentemente o castigo recebido por Adam Harishon parece ser desproporcional ao seu erro. Quando pensamos na nossa morte ou na morte de um ente querido, normalmente ficamos tristes e depressivos. Frequentemente bloqueamos este tipo de pensamento por causa dos sentimentos negativos que ele nos causa. D'us ter infligido um castigo tão duro transmite o conceito de um Criador vingativo e punitivo, bem diferente do conceito judaico de um D'us misericordioso que criou o mundo por amor e bondade. Então como entender o castigo de Adam? Será que há alguma maneira de ver a morte de uma maneira mais positiva? Além disso, os povos do mundo demonstram um grande respeito aos mortos no momento do sepultamento. Pessoas com mais possibilidades financeiras costumam comprar caixões chiques, de madeira nobre e alta durabilidade. Isto traz um pouco de consolo para os parentes e amigos enlutados, pois é uma tentativa de retardar a decomposição do corpo do falecido. Porém, é estranho observar que a Halachá (Lei Judaica) nos ordena fazer justamente o contrário, isto é, enterrar nossos mortos em caixões que se decomponham com facilidade. E é ainda mais difícil entender o costume praticado em Israel de não utilizar caixões, sendo o corpo colocado diretamente na terra, envolto apenas por uma mortalha. Isto não é uma desonra para o corpo? Será que a Halachá não é insensível com o sentimento dos enlutados? Outro grande questionamento surge quando observamos as palavras de um Midrash (parte da Torá Oral), que afirma que D'us já havia criado o potencial de morte antes mesmo do erro de Adam Harishon. Quando D'us terminou a criação do mundo está escrito: "E viu D'us tudo o que Ele fez, e eis que era muito bom" (Bereshit 1:31). O Midrash explica que "bom" se refere ao potencial de vida, e "muito bom" se refere ao potencial de morte. Como pode ser que a Torá se refere à vida como sendo algo "bom", mas à morte como sendo algo "muito bom"? Finalmente, quando a Parashá descreve a criação de Adam Harishon, está escrito: "D'us formou o homem do pó da terra" (Bereshit 2:7). Rashi (França, 1040 - 1105) explica que D'us reuniu o pó dos quatro cantos do mundo para garantir que, em qualquer lugar que o ser humano for enterrado, a terra de lá absorverá seus restos mortais. Mas o que significa esta explicação de Rashi? Aparentemente ele quis dizer que se o ser humano não tivesse sido criado a partir do pó dos quatro cantos do mundo, seu corpo poderia ser "rejeitado" pela terra após a sua morte. Mas sabemos que todas as criaturas vivas se decompõem no solo após a morte, por causa da interação do solo com a matéria orgânica, independente de terem sido criadas a partir do pó dos quatro cantos do mundo ou não. Então por que Rashi aparentemente associa o fato do ser humano ter sido criado com o pó dos quatro cantos do mundo com a sua decomposição depois da morte? Explica o Rav Yohanan Zweig que a resposta está em um incrível ensinamento do Talmud (Sanhedrin 90b), que descreve uma conversa entre o Rabi Meir e Cleópatra, a rainha do Egito. Ela questionou o Rabi Meir se, quando chegar o momento da ressurreição dos mortos, o ser humano emergirá da terra nu ou vestido. O Rabi Meir respondeu que se até mesmo uma simples semente de trigo plantada "nua" na terra brota revestida por várias camadas de casca, assim também o ser humano certamente emergirá da terra bem vestido. O que parece uma simples analogia do Rabi Meir na verdade nos ensina a visão judaica sobre o enterro de um falecido. O propósito do sepultamento não é descartar de forma desonrosa o corpo, ao contrário, o enterro é o início de um processo de recriação. Da mesma maneira que a semente floresce depois de ter sido enterrada, o sepultamento de um corpo reconecta o ser humano à sua fonte, permitindo que ele possa ser recriado e possa emergir da terra de uma forma aperfeiçoada, cada um de acordo com os atos praticados enquanto ele ainda estava vivo. É sabido que nem toda semente pode ser plantada em qualquer solo, pois há solos mais e menos propícios para o desenvolvimento de uma planta. Foi por isso que D'us criou o ser humano com o pó dos quatro cantos do mundo, para garantir que o "plantio" deste corpo depois do seu enterro não seria inibido pelo solo do lugar de sepultamento. O enterro não é somente um processo de decomposição e desintegração do corpo. É um processo que permite que o corpo aperfeiçoado possa renascer e "brotar", pronto para receber de volta sua alma no momento da ressurreição. A palavra em hebraico para túmulo é "Kever", a mesma palavra utilizada pelo Talmud para se referir ao útero. Da mesma maneira que o útero é o local de desenvolvimento da vida, de preparação do feto para o momento de nascer, assim também o túmulo é o local de preparação e desenvolvimento do nosso corpo para a vida eterna. Adam Harishon foi criado com seu corpo e alma perfeitos, permitindo a ele experimentar um inigualável nível de relacionamento com D'us. Mas sua transgressão o distanciou do Criador e introduziu imperfeição em seu corpo e em sua alma. Portanto, a morte não foi um ato punitivo de um D'us vingativo, ao contrário, foi um processo através do qual Adam Harishon e seus descendentes poderiam mais uma vez se reconectar ao seu Criador e remover todas as imperfeições que impediam um relacionamento completo com Ele. Permitir ao ser humano se reconectar, mesmo após o erro de Adam Harishon, foi uma bondade sem limites. Por isso D'us viu que o processo de morte era algo "muito bom", pois permite que nossa alma e nosso corpo se reconectem a Ele. Como muitos veem a morte como o último estágio da vida, eles se esforçam na preservação do corpo, tentando deste modo manter os últimos vestígios da existência de seu ente querido. A Halachá nos ensina justamente o contrário, pois o sepultamento é o processo através do qual nós recriamos nosso corpo, livrando-o de suas impurezas. Preservar o corpo em seu estado atual nos privaria de um dos maiores atos de bondade de D'us. Longe de ser um desrespeito com o corpo e uma falta de sensibilidade com os familiares, a Halachá traz uma forte mensagem de consolo e esperança, através da certeza de que aquele momento doloroso não é o final de nada, é apenas o começo da preparação para a nossa vida verdadeira. Entender a morte não nos traz apenas consolo. Entender a morte nos ajuda a aproveitar melhor a vida, nos ajuda a definir o que é o principal e o que é secundário, nos ajuda a planejar melhor onde devemos colocar nossos esforços e onde devemos saber abrir mão. Pessoas brigam ou se tornam desonestas por causa de dinheiro e bens materiais, coisas que não serão levadas conosco quando nossa existência neste mundo terminar. Somente os nossos bons atos, as nossas Mitzvót e o refinamento do nosso caráter nos acompanharão para sempre e ajudarão a reconstruir o nosso corpo, aperfeiçoado, para a nossa vida verdadeira, a vida eterna. SHABAT SHALOM Rav Efraim Birbojm | | ************************************************************************ HORÁRIO DE ACENDIMENTO DAS VELAS DE SHABAT: São Paulo: 17h48 Rio de Janeiro: 17h34 Belo Horizonte: 17h35 Jerusalém: 17h39 *********************************************************************** | | | Este E-mail é dedicado à Refua Shlema (pronta recuperação) de: Chana bat Rachel, Pessach ben Sima, Rachel bat Luna, Avraham ben Chana, Bentzion ben Chana, Ester bat Rivka, Rena bat Salk, Duvid ben Rachel, Chaia Lib bat Michle, Michle bat Enque, Miriam Tzura bat Ite, Fanny bat Vich, Zeev Shalom ben Sara Dvorah, Pece bat Geni, Salomão ben Sara, Tamara bat Shoshana, Yolanda bat Sophie, Chai Shlomo ben Sara, Eliezer ben Esther, Lea bat Sara, Debora Chaia bat Gueula, Felix ben Shoshana, Moises Ferez ben Sara, Zelda bat Sheva, Yaacov Zalman bat Tzivia, Yitzchak ben Dinah, Celde bat Lea, Geni bat Ester, Lea bat Simi, Ruth bat Messoda, Yaacov ben Ália, Chava bat Sara, Moshe David ben Chaia Rivka, Levi Itzchak ben Reizel, Lulu Chana bat Rachel, Haia Yona bat Sara, Shulem ben Chaia Sara, Daniel ben Yonit, Chai bat Rivka, Nitzchia bat Yafa. -------------------------------------------- Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Ben Tzion (Benjamin) ben Shie Z"L e Frade (Fany) bat Efraim Z"L, que lutaram toda a vida para manter acesa a luz do judaísmo, principalmente na comunidade judaica de Santos. Que possam ter um merecido descanso eterno. Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Meir ben Eliezer Baruch Z"L e Shandla bat Hersh Mendel Z"L, que nos inspiraram a manter e a amar o judaísmo, não apenas como uma idéia bonita, mas como algo para ser vivido no dia-a-dia. Que possam ter um merecido descanso eterno. Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de minha querida e saudosa tia, Léa bat Meir Z"L. Que possa ter um merecido descanso eterno. ------------------------------------------- Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de: Avraham ben Ytzchak, Joyce bat Ivonne, Feiga bat Guedalia, Chana bat Dov, Kalo (Korin) bat Sinyoru (Eugeni), Leica bat Rivka, Guershon Yossef ben Pinchas; Dovid ben Eliezer, Reizel bat Beile Zelde, Yossef ben Levi, Eliezer ben Mendel, Menachem Mendel ben Myriam, Ytzhak ben Avraham, Mordechai ben Schmuel, Feigue bat Ida, Sara bat Rachel, Perla bat Chana, Moshé (Maurício) ben Leon, Reizel bat Chaya Sarah Breindl; Hylel ben Shmuel; David ben Bentzion Dov, Yacov ben Dvora; Moussa HaCohen ben Gamilla, Naum ben Tube (Tereza); Naum ben Usher Zelig; Laia bat Morkdka Nuchym; Rachel bat Lulu; Yaacov ben Zequie; Moshe Chaim ben Linda; Mordechai ben Avraham; Chaim ben Rachel; Beila bat Yacov; Itzchak ben Abe; Eliezer ben Arieh; Yaacov ben Sara, Mazal bat Dvóra, Pinchas Ben Chaia, Messoda (Mercedes) bat Orovida, Avraham ben Simchá, Bela bat Moshe, Moshe Leib ben Isser, Miriam bat Tzvi, Moises ben Victoria, Adela bat Estrella, Avraham Alberto ben Adela, Judith bat Miriam, Sara bat Efraim, Shirley bat Adolpho, Hunne ben Chaim, Zacharia ben Ytzchak, Aharon bem Chaim, Taube bat Avraham, Yaacok Yehuda ben Schepsl, Dvoire bat Moshé, Shalom ben Messod, Yossef Chaim ben Avraham, Tzvi ben Baruch, Gitl bat Abraham, Akiva ben Mordechai, Refael Mordechai ben Leon (Yehudá), Moshe ben Arie, Chaike bat Itzhak, Viki bat Moshe, Dvora bat Moshé, Chaya Perl bat Ethel, Beila Masha bat Moshe Ela, Sheitl bas Iudl, Boruch Zindel ben Herchel Tzvi, Moshe Ela ben Avraham, Chaia Sara bat Avraham, Ester bat Baruch, Baruch ben Tzvi, Renée bat Pauline, Menia bat Toube, Avraham ben Yossef, Zelda bat Mechel, Pinchas Elyahu ben Yaakov, Shoshana bat Chaskiel David, Ricardo ben Diana, Chasse bat Eliyahu Nissim, Reizel bat Eliyahu Nissim, Yossef Shalom ben Chaia Musha, Amelia bat Yacov, Chana bat Cheina, Shaul ben Yoshua, Milton ben Sami, Maria bat Srul, Yehoshua Reuven ben Moshe Eliezer, Chaia Michele bat Eni, Arie Leib ben Itschak, Chaia Ruchel bat Tsine, Malka bat Sara, Penina bat Moshe, Schmuel ben Beniamin, Chaim ben Moshe Leib, Avraham ben Meir, Shimshon ben Baruch, Yafa bat Salha, Baruch ben Yaacov, Sarita bat Miriam, Michael Ezra ben Esther, Clarice Chaia bat Israel, Moshe ben Yaacov, Dov ben Michel, Alberto ben Michel, Malaka bat Chalom, Ita bat Avraham, Meir ben Avraham, Miriam bat Iechiel, Avraham ben Meir, Shirley Mary bat Avraham Israel. -------------------------------------------- Para inscrever ou retirar nomes da lista, para indicar nomes de pessoas doentes ou Leilui Nishmat (elevação da alma), e para comentar, dar sugestões, fazer críticas ou perguntas sobre o E-mail de Shabat,favor mandar um E-mail para ravefraimbirbojm@gmail.com (Observação: para Refua Shlema deve ser enviado o nome do doente e o nome da mãe. 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