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TRAZENDO O CÉU PARA A TERRA - PARASHÁ BALAK 5773 (21 de junho de 2013)
Havia em Israel um grupo de empresários que se reuniam todas as noites na sinagoga para estudar Torá. Certa vez o Rav Shlomo Wolbe zt"l escutou que o tema das aulas deste grupo era as leis relacionadas com a Mitzvá de Tsitsit. Ele ressaltou que estudar aquelas leis era algo realmente muito importante, mas sugeriu que o grupo, justamente por ser formado por empresários, deveria estudar o Choshen Mishpat, a parte do Shulchan Aruch (Código de leis judaico) que trata das leis relacionadas aos negócios.
Em um primeiro momento eles não gostaram muito da ideia. Eles preferiam estudar assuntos mais espirituais, não queriam assuntos "pequenos", que envolviam atividades do dia a dia. Queriam ser mais espiritualizados, queriam assuntos mais elevados. Mas como viram que o Rav Shlomo Wolbe insistia tanto, aceitaram a mudança.
Quando começaram as aulas de Choshen Mishpat, foi um grande choque. Eles começaram a perceber quantas leis eles desconheciam, quantas vezes eles haviam sido desonestos, com a melhor das intenções, e haviam prejudicado clientes e concorrentes! Foi então que eles perceberam que a espiritualidade verdadeira não está nos assuntos mais místicos e nem nas Mitzvót mais elevadas, e sim nos assuntos do nosso cotidiano. A espiritualidade está nos assuntos mais simples do dia a dia, justamente para que possamos, com cada pequeno ato, contribuir para que o mundo inteiro possa se elevar espiritualmente.
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Durante a história do povo judeu, poucas vezes tivemos inimigos tão perversos quanto Balak, o rei do povo de Moav, e Bilaam, o profeta de elevado nível espiritual que, ao invés de utilizar seu potencial para ajudar as pessoas, utilizou seu poder para amaldiçoar e destruir. E a Parashá desta semana, Balak, é inteira dedicada a descrever os esforços destes dois Reshaim (perversos), junto com o povo de Midian, para prejudicar o povo judeu. Eles entenderam que não poderiam vencer fisicamente os judeus e, por isso, utilizaram seus conhecimentos espirituais para tentar atingir seus objetivos abomináveis.
Mas de todos os esforços de Balak e Bilaam, ficam algumas dúvidas. Em primeiro lugar, ao utilizar seus conhecimentos espirituais, aparentemente eles queriam que D'us se voltasse contra o povo judeu para destruí-los. Isto parece um propósito fútil, até mesmo tolo, pois todos sabiam do relacionamento eterno e do pacto inquebrável criado entre D'us e o povo judeu, desde a época dos nossos patriarcas, Avraham, Yitzchak e Yaacov. Portanto, qual era a real intenção de Balak e Bilaam? Além disso, Balak declarou seu objetivo como sendo "talvez eu poderei golpeá-los e expulsá-los da terra" (Bamidbar 22:6). Explica o Midrash (parte da Torá Oral) que o objetivo de Balak era impedir o povo judeu de entrar na Terra de Israel. Mas as terras de Moav e Midian não estavam no caminho do povo judeu e, portanto, a entrada deles em Israel não oferecia nenhuma ameaça à Balak e Bilaam. Então por que esta obstinação em não permitir a entrada do povo judeu em Israel?
Há um interessante versículo nos Tehilim (Salmos), escritos por David Hamelech (Rei David), que nos ajuda a encontrar a resposta: "O Céu é de D'us, e a terra Ele deu ao ser humano" (115:1). Poderíamos pensar que este versículo significa que D'us cuida das coisas espirituais, e Ele nos deu a terra para que possamos nos dedicar ao que é apenas material. Mas explica o Rav Yitzchak Meir Rottenburg, mais conhecido como "Chidushei Harim", que o entendimento correto do versículo é completamente diferente. Neste versículo está contido o propósito da Criação do mundo. D'us deu ao ser humano a terra, isto é, tudo o que está contido no mundo material, para que possamos, através das Mitzvót que Ele nos ordenou, elevar o mundo material e transformá-lo em um "Céu", em espiritualidade.
Portanto, desta explicação, aprendemos que a meta de nossas vidas não é viver uma vida puramente espiritual. Devemos nos envolver com o mundo material, isto faz parte do nosso objetivo. E a missão do povo judeu é justamente transformar o uso do mundo material em algo espiritual. Quando este objetivo for atingido, chegará o Fim dos Tempos e toda a existência humana mudará completamente. Isto influenciará profundamente também as outras nações do mundo, forçando que todos abandonem qualquer forma de comportamento imoral e incorreto, e todos se esforcem para elevar sua existência física.
Explica o Rav Shmuel Bornsztain, mais conhecido como "Shem MiShmuel", que isto poderia acontecer no momento em que o povo judeu entrasse na Terra de Israel. Por que eles não poderiam atingir este nível tão elevado ainda no deserto? Pois durante os 40 anos em que estavam no deserto, os judeus viveram uma vida completamente desconectada das necessidades do mundo material, já que elas eram supridas de maneira sobrenatural e eles estavam livres para se dedicar integralmente ao serviço Divino. Como a existência espiritual do povo judeu estava completamente desconectada do mundo material, eles ainda não tinham conseguido atingir o objetivo da Criação. Mas no momento em que o povo entrasse na Terra de Israel, eles passariam por uma mudança significativa em seu estilo de vida. Eles precisariam lutar pela sua subsistência, elevando o mundo físico, principalmente através das Mitzvót conectadas com a agricultura.
Com esta explicação podemos entender melhor qual era a motivação verdadeira de Balak e Bilaam. Eles sabiam que quando o povo judeu entrasse na Terra de Israel eles poderiam atingir o propósito da Criação, e todas as outras nações se sentiriam obrigadas a mudar também seus estilos de vida. Balak e Bilaam se sentiram pessoalmente ameaçados pelo povo judeu, pois desejavam manter separado o mundo material do mundo espiritual. Apesar de terem um potencial espiritual muito grande, eles não queriam abrir mão de suas vidas completamente conectadas ao mundo material, repleta de prazeres momentâneos. Balak, e principalmente Bilaam, eram pessoas que buscavam prazeres de maneira incessante, e desejavam manter a espiritualidade afastada do mundo material, como se fosse possível se comportar como um animal e, ao mesmo tempo, ser elevado espiritualmente.
Portanto, Balak e Bilaam não queriam necessariamente destruir o povo judeu. O que eles queriam era evitar que o povo judeu conectasse o material com o espiritual. Eles não haviam entendido que parte fundamental do propósito do povo judeu é justamente se envolver com o mundo material para santificá-lo, elevando os elementos da terra, o mundo material, ao status de "Céu", injetando espiritualidade em cada pequeno ato cotidiano. Por isso eles tentaram evitar que o povo judeu entrasse em Israel. Se eles permanecessem no deserto, o propósito de elevação do mundo material nunca seria alcançado e eles não teriam suas vidas alteradas.
Após algumas vezes tentar amaldiçoar o povo judeu, Bilaam finalmente entendeu seu grande erro, o que pode ser percebido em uma das Brachót (Bençãos) que saiu de sua boca: "Quem contou o pó de Yaacov?" (Bamidbar 23:10). Explica o Midrash que Bilaam está se referindo às inúmeras Mitzvót relacionadas ao pó da terra, isto é, as leis que envolvem a agricultura. As leis agrícolas são aquelas que estão relacionadas à vida no mundo material, que representam a forma mais básica de buscar a subsistência. É justamente por isso que D'us nos deu tantas Mitzvót relacionadas com a agricultura, para que mesmo as atividades mais mundanas possam ser elevadas a atos de santidade.
Não apenas Balak e Bilaam cometeram este erro, de tentar separar o mundo material do mundo espiritual, como se fossem duas coisas contraditórias. Infelizmente nós também cometemos este grande erro conceitual. A espiritualidade não está apenas dentro da sinagoga ou do Beit Midrash (centro de estudos de Torá). Nossas atividades cotidianas também contém muita espiritualidade. Por exemplo, existem muitas Halachót (leis) que nos ajudam a sermos honestos nos negócios. O simples ato de comer requer um significativo conhecimento das leis de Kashrut e das Brachót (bênçãos) que devem ser pronunciadas antes e depois de cada tipo de alimento. E entre centenas de religiões existentes no mundo, apenas o judaísmo tem uma Brachá especialmente pronunciada após a utilização do banheiro. Mesmo um dos atos mais baixos e animalescos do ser humano, de expulsar os restos da comida que não foram absorvidos pelo corpo, pode ser transformar em espiritualidade e santidade. De todas as Brachót estabelecidas pelos nossos sábios, a Brachá dita depois de irmos ao banheiro é a única que menciona o "Kissê HaKavód" (Trono Celestial de D'us), o ápice de santidade e elevação espiritual. Tudo isto para nos ensinar que, mesmo os atos mais mundanos, e até mesmo os aparentemente mais baixos, são queridos aos olhos de D'us, pois podem ser transformados em espiritualidade.
A Parashá nos ensina que temos duas escolhas de como viver nossas vidas. Quando a pessoa se conecta de forma desenfreada ao mundo material, termina se afundando, como Bilaam, e se torna completamente dependente dos prazeres físicos, que não nos preenchem. Mas quando a pessoa utiliza o mundo material com controle, com direcionamento, ela transforma a terra em Céu. Este é o papel do povo judeu e, portanto, o papel de cada um de nós.
SHABAT SHALOM
Rav Efraim Birbojm
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Muito bom o artigo.
ResponderExcluirViver a espiritualidade é vivê-la em todos os âmbitos: desde o bom-dia ao zelador até as orações.
Se a pessoa não percebe isto não vive de fato a sua espiritualidade, mas sim uma ideia de espiritualidade o que é muito diferente.