sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

SHABAT SHALOM M@IL - PARASHÁ ITRÓ 5771

BS"D
MEDIDA POR MEDIDA - PARASHÁ ITRÓ 5771 (21 de janeiro de 2011)
"Durante alguns meses Yanki se preparou para ler a Parashá (trecho semanal da Torá) no dia do seu Bar-Mitzvá. O tão sonhado dia finalmente chegou, mas junto com ele veio uma grande dor de cabeça. Quando a família de Yanki chegou à sinagoga no Shabat de manhã, todos ficaram surpresos ao ver que havia outro rapaz que também estava comemorando seu Bar-Mitzvá, e que também havia se preparado para ler a Parashá. O Gabai (responsável pela sinagoga) equivocadamente havia programado duas comemorações de Bar-Mitzvá para o mesmo Shabat. Percebendo que seria impossível realocar uma das famílias em outra sinagoga, o Gabai tentou negociar para ver se uma das famílias estaria disposta a renunciar à leitura da Torá. Em um primeiro momento, ambas as famílias se recusaram terminantemente a ceder. Finalmente, após algum tempo de discussão, a mãe de Yanki conseguiu convencer sua família a deixar o outro garoto ler a Torá. As rezas continuaram e Yanki ficou sem a sonhada leitura de Torá de seu Bar-Mitzvá, após meses de esforço e dedicação. Por muito tempo Yanki questionou D'us sobre os motivos pelos quais aquilo havia acontecido.
A resposta veio alguns anos mais tarde quando, em uma véspera de Shabat, a mãe de Yanki teve que ser levada às pressas para o hospital, sentindo fortes dores no peito. Como o hospital era longe de casa, Yanki foi o escolhido da família para ficar com a mãe durante todo o Shabat. Na sala de emergência, os médicos diagnosticaram uma doença cardíaca grave, mas eles queriam o consentimento da família antes de decidir qual o procedimento a ser usado. Depois de ouvir o diagnóstico, Yanki, em um estado de choque, não sabia o que fazer. Ele precisava se aconselhar com alguém, mas com quem? Era Shabat, o hospital ficava muito longe de casa e ele não conhecia ninguém que morava naquela região.
De repente, um rabino muito idoso deu entrada no pronto-socorro, acompanhado por muitos familiares. Poucos minutos depois, Yanki descobriu que o rabino era uma das maiores autoridades de Torá, o Rav Yossef Shalom Eliyashiv. O rabino tinha sido levado às pressas ao hospital porque também sentia dores no peito, e embora o diagnóstico não apontasse nada grave, os médicos preferiam que ele permanecesse no hospital, em observação.
Quando Yanki soube que o Rav Eliyashiv iria permanecer no hospital durante o Shabat, se alegrou por ter encontrado a pessoa perfeita para se aconselhar sobre sua mãe. O único obstáculo que restava era como chegar até o Rav, que estava o tempo inteiro cercado por sua família, que tentava garantir que ele descansasse o máximo possível. Uma idéia então surgiu na sua cabeça. Ele foi até um dos membros da família e disse que, se fosse necessário, ele poderia ler pela manhã a Parashá. Ele explicou que a leitura daquele Shabat era a mesma da Parashá de seu Bar-Mitzvá e, por isso, ainda se lembrava muito bem. A família do Rav Eliyashiv imediatamente concordou.
No dia seguinte, após a reza, o Rav Eliyashav veio agradecer pessoalmente a Yanki pela excelente leitura da Torá. Yanki aproveitou a oportunidade para perguntar sobre sua mãe. O rabino escutou atentamente e aconselhou-o a prosseguir com a cirurgia proposta pelos médicos, e deu várias Brachót (bênçãos) para uma recuperação completa. Na semana seguinte, a mãe de Yanki foi operada e, finalmente, teve uma recuperação completa"
Em pequenos detalhes, a série de "coincidências" que ocorreram revelaram a Mão de D'us. A mãe de Yanki foi hospitalizada justamente no mesmo Shabat que o Rav Eliyashiv estava no hospital. E era justamente o Shabat em que era lida a mesma Parashá do Bar-Mitzvá de Yanki. Por causa destas duas "coincidências" Yanki foi capaz de obter o aconselhamento do Rav Eliyashiv e a sua Brachá, que eventualmente salvaram  a vida de sua mãe. Hashem estava enviando uma mensagem clara: pelo fato da mãe de Yanki ter buscado a paz no dia do Bar-Mitzvá de seu filho, abrindo a mão de escutar a sonhada leitura da Torá de seu filho e passando por cima de suas características, então D'us, Midá Kenegued Midá (medida por medida), também passou por cima de Suas características e deu à mãe de Yanki um novo sopro de vida (História Real).
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Nesta semana lemos a Parashá Itró, que contém um dos eventos mais importantes da história da humanidade: a entrega da Torá no Monte Sinai. No começo da Parashá, Itró, o sogro de Moshé, foi ao deserto para se encontrar com o povo judeu. Moshé o recebeu e contou, com todos os detalhes, tudo o que havia acontecido no Egito, desde as 10 pragas até o incrível milagre da abertura do Mar Vermelho. Ao escutar todos os detalhes, imediatamente Itró exclamou: "Agora eu sei que Hashem é maior do que os outros deuses" (Shemot 18:11). O que significa esta expressão utilizada por Itró? A Torá nos ensina que ele já havia escutado anteriormente sobre os milagres que D'us fez para salvar o povo judeu. O que ele escutou desta vez que mexeu tanto com ele?
A resposta parece estar na continuação do versículo: "Pois (os egípcios foram punidos) da mesma forma que conspiraram contra eles (os judeus)". A Torá está nos ensinando que os egípcios foram punidos "Midá Kenegued Midá" (medida por medida), isto é, foram castigados exatamente da mesma maneira que causaram sofrimentos ao povo judeu. Mas ainda assim fica difícil entender qual foi a grande surpresa de Itró, pois esta característica de D'us, de julgar Midá Kenegued Midá, também já era conhecida por todos.
Explica o Midrash (parte da Torá Oral) que o faraó tinha três conselheiros: Bilaam, Itró e Yov (Jó). O faraó quis se aconselhar para saber como destruir o salvador dos judeus que, segundo os astrólogos egípcios, estava para nascer. Bilaam apoiou a destruição dos bebês judeus, Yov se calou e Itró fugiu e foi viver em Midian. Dentre as formas de matar os bebês, as idéias sugeridas foram queimar os bebês, matá-los com espadas ou atirá-los na água. Por que no final a decisão foi atirar os bebês na água? Justamente pelo fato de todos conhecerem a característica de D'us de julgar Midá Kenegued Midá. Eles sabiam que se matassem com fogo, D'us causaria um grande incêndio no Egito. Se eles matassem com espada, D'us mandaria um povo inimigo matá-los com espada. Mas eles achavam que se matassem com água, D'us não poderia fazer nada. Por que não? Pois Ele havia prometido, após o dilúvio, que nunca mais destruiria o mundo com água. Portanto, o Midrash nos ressalta que Itró já conhecia esta característica de D'us. Então com o que ele se surpreendeu ao escutar o relato de Moshé?
Uma das demonstrações da força de D'us que fascinou Itró foi o fato da punição Midá Kenegued Midá com água sim ter ocorrido. É verdade que D'us não poderia mandar um dilúvio, mas Ele fez melhor. Ao invés de levar a água até os egípcios, Ele abriu as águas, levou os egípcios até o meio do mar e fechou as águas sobre eles, matando todos afogados, Midá Kenegued Midá.
Mas explica o Rav Yossef Salant que o que mais surpreendeu Itró, ao escutar os detalhes contados por Moshé, foi que D'us castigou os egípcios Midá Kenegued Midá também pelo que eles haviam apenas planejado. Quando os Reshaim (malvados) têm maus pensamentos, D'us considera como se já tivessem realizado maus atos. Como eles haviam pensado em matar os judeus com fogo, D'us mandou fogo do céu junto com a praga do granizo. Como eles haviam pensado em matar os judeus com espadas, D'us fez com que um grupo de primogênitos egípcios se rebelasse antes da última praga e iniciasse uma guerra civil, na qual 600 mil egípcios foram mortos com espadas. Midá Kenegued Midá.
Quando Itró refletiu sobre estes eventos, lembrou-se que os únicos que conheciam as sugestões de destruição para o povo judeu eram os três conselheiros e o próprio faraó. O castigo de D'us Midá Kenegued Midá mostrava, além da Sua força, o Seu total conhecimento de tudo o que acontecia no mundo. Não apenas D'us sabia de cada pequeno ato realizado, mas até mesmo o pensamento das pessoas era completamente conhecido por Ele. Nenhum detalhe escapava do Seu julgamento. Até aquele momento Itró ainda era um idólatra, e havia buscado entender todos os tipos de idolatria do mundo. Mas através daqueles pequenos detalhes, Hashem havia provado que era realmente muito maior que qualquer outro deus (as pessoas costumavam idolatrar as forças da natureza, como o sol e a lua, que realmente contém forças espirituais, mas que são meros servidores de D'us), pois tinha controle sobre absolutamente tudo.
O que aprendemos para nossas vidas? Procuramos a Mão de D'us apenas em grandes atos. Nos esquecemos que, na verdade, D'us revela a Sua força através de pequenos acontecimentos cotidianos e nos manda mensagens o tempo inteiro. Não existem coincidências, não existe acaso. Por causa da característica de Midá Kenegued Midá, cada pequeno acontecimento é, na realidade, uma forma de D'us nos comunicar se estamos ou não nos caminhos corretos. Mas para escutá-las, precisamos estar atentos e constantemente refletindo, como fez Itró. Se vencermos o nosso orgulho de pensar que estamos sempre certos e tudo o que acontece de "ruim" é um mero acaso, poderemos aprender preciosas lições de vida todos os dias.
SHABAT SHALOM
Rav Efraim Birbojm
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