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PENSANDO NOS OUTROS - PARASHÁ PINCHÁS 5769 (10 de julho de 2009)
"O Rav Eliezer Mann Shach, líder espiritual da Yeshivá de Ponovitch, foi um dos maiores rabinos da sua geração. Quando ele faleceu, há cerca de 8 anos atrás, participaram de seu enterro mais de 600 mil pessoas. Por que tanta gente? Pois o Rav Shach não era conhecido apenas pelo seu grande nível de estudo da Torá, mas principalmente pela sua preocupação com os outros. Praticamente ele não tinha vida particular, sua casa estava sempre aberta para quem necessitasse de um conselho ou de um direcionamento espiritual.
Uma das histórias que ressalta este lado do Rav Shach foi quando um rapaz jovem, que ainda não tinha filhos, foi pedir a ele uma Brachá (benção) para que sua esposa engravidasse. O casal estava há alguns anos tentando ter filhos mas não conseguiam. O Rav Shach anotou o nome do rapaz e disse que rezaria por ele.
Dez anos se passaram e o mesmo homem, que agora já tinha 3 filhos, foi ao Rav Shach pedir uma outra Brachá. Quando o homem falou o seu nome, o Rav Shach perguntou se ele tinha filhos. O homem disse que sim, surpreendendo o Rav Shach, que falou:
- Faz dez anos que eu rezo em todas as minhas Tefilót (rezas) para que você tenha um filho. Por que você não veio me avisar que já tinha conseguido?"
Durante dez anos, três vezes por dia, o Rav Shach incluiu em suas rezas uma pessoa que ele nem mesmo conhecia. Se importar com os outros é uma das principais características de um verdadeiro líder.
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Na Parashá desta semana, Pinchás, o povo começou a se aproximar da terra de Israel e D'us anunciou que a liderança de Moshé começava a chegar ao fim. Ao invés de pensar em si mesmo, Moshé pensou no povo e pediu para eles um bom líder. Entre as coisas que ele pediu a D'us, uma das principais era que o próximo líder fosse alguém que realmente se importasse com o povo. E assim ele pediu para D'us: "E que a congregação de D'us não seja como um rebanho que não tem para eles um pastor" (Bamidbar 27:17). Mas por que a Torá teve que se alongar e escrever "um rebanho que não tem para eles um pastor", ao invés de simplesmente escrever "um rebanho sem pastor"?
Explica o Maguid Mi Duvna que existem dois tipos de pastores de ovelhas, os que cuidam dos seus próprios rebanhos e os que cuidam gratuitamente dos rebanhos dos outros. A grande diferença é que o pastor que cuida das suas próprias ovelhas, mesmo que ele busque as melhores pastagens e águas límpidas, não é pelo bem do rebanho que ele faz, e sim por ele mesmo, pois esta é a sua profissão e assim ele ganha o seu sustento. Mas aquele que cuida gratuitamente das ovelhas dos outros, quando ele procura algo bom para as ovelhas, é pelo bem delas que ele se esforça.
Era com isso que Moshé se preocupava na escolha do seu sucessor. Ele sabia que o povo judeu não ficaria sem um líder, e sabia que não faltariam interessados em liderar o povo. A sua preocupação era com a intenção destas pessoas, se eles estariam buscando realmente o bem do povo ou se o interesse seria por sua própria promoção pessoal. É por isso que Moshé se alongou em suas palavras e pediu "para eles um pastor", isto é, para o bem deles, e não para o bem do novo líder. Pois um líder que não tem seus olhos voltados somente para o bem do povo não é um bom líder.
Esta diferença é muito marcante quando comparamos os líderes espirituais, desde Moshé até os grandes rabinos dos nossos dias, com os líderes políticos que governam hoje o mundo. Vemos como os políticos lutam para chegar ao poder, muitas vezes com discursos inflamados sobre os direitos do povo, mas quando finalmente sobem ao poder, demonstram que seus atos são todos voltados aos seus interesses particulares e aos interesses do seu partido político, ficando o povo em segundo plano.
Explica o Rav Eliahu Dessler, em seu livro Michtav MeEliahu, que existem duas forças espirituais no mundo, a "Koach Hanetiná" (Força de doação) e a "Koach Hanetilá" (Força de tomar o que é dos outros). Estas duas forças representam dois opostos, o altruísmo e o egoísmo. A "Koach Hanetiná" é a fonte de todas as coisas boas do mundo, enquanto a "Koach Hanetilá" é a fonte de todas as coisas ruins. Em todos os atos de nossas vidas utilizamos uma destas duas forças. Quando fazemos algo pelos outros, nos esforçando para buscar o bem das outras pessoas, então estamos utilizando a "Koach Hanetiná". Mas quando estamos sendo egoístas e pensando o que podemos ganhar com os outros, estamos utilizando a "Koach Hanetiná".
Portanto, a reflexão não deve ser apenas para os grandes líderes, mas para cada um de nós. Quando fazemos algo por outra pessoa, em quem estamos realmente pensando, no outro ou em nós mesmos? Estamos fazendo o melhor para o outro, ou fazemos as coisas apenas para parecer aos olhos de todos que somos Tzadikim (justos)? Será que muitos dos bons atos que fazemos em público também faríamos se ninguém estivesse olhando?
Resumindo, a pergunta que temos que fazer a nós mesmos é: nosso comportamento se assemelha mais aos grandes líderes espirituais da Torá, que doam parte de suas vidas ao bem estar dos outros, ou aos políticos, que somente pensam em si mesmos?
SHABAT SHALOM
Rav Efraim Birbojm
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