sexta-feira, 15 de abril de 2022

SINCERIDADE DO CORAÇÃO - SHABAT SHALOM M@IL - PESSACH 5782

Para dedicar uma edição do Shabat Shalom M@il, em comemoração de uma data festiva, no aniversário de falecimento de um parente, pela cura de um doente ou apenas por Chessed, entrar em contato através do e-mail 
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PESSACH



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MENSAGEM DE PESSACH
BS"D

SINCERIDADE DO CORAÇÃO - PESSACH 5782 (15/abril/22)
 

O Rav Levi Yitzchak MiBerditchev zt"l (Polônia, 1740 - Ucrânia, 1809) certa vez estava diante de toda a comunidade, conduzindo os solenes serviços de Rosh Hashaná. Porém, algo inexplicável aconteceu. O Rav Levi Yitzchak simplesmente parou a Tefilá e ficou em silêncio por intermináveis minutos. Aquele silêncio começou a incomodar as pessoas. Por que o rabino não continuava a Tefilá? O que havia acontecido? Mas ninguém ousava incomodar o rabino, que parecia estar completamente absorto em seus pensamentos e reflexões. Após algum tempo, ele retomou a Tefilá e a concluiu sem nenhuma outra interrupção. Mais tarde, o Rav Levi Yitzchak explicou para as pessoas da comunidade o que havia acontecido:
 
- Há um rapaz na nossa cidade que é pastor. Ele ficou órfão muito jovem e nunca teve a oportunidade de se dedicar aos estudos de Torá e ao cumprimento das Mitzvót. Na verdade, ele não teve oportunidade nem mesmo de aprender a ler hebraico. Esta manhã, quando ele viu todos correndo para as sinagogas, ele perguntou para onde as pessoas estavam indo. Quando ele escutou que era Rosh Hashaná, se sentiu muito mal por não poder participar das Tefilót deste dia tão sagrado. Ele saiu ao campo, voltou os olhos para o Céu e disse: "D'us, eu nunca aprendi a fazer Tefilá como os outros. Tudo o que sei são as letras do Alef Beit. Então eu recitarei as letras para Você, e Você as juntará para formar as palavras apropriadas da Tefilá".
 
- O rapaz então começou a recitar o Alef, Beit, Guimel, Daled, etc - continuou o rabino - naquele momento em que eu parei de rezar, era justamente o momento em que o rapaz estava recitando o Alef-Beit. D'us estava ocupado juntando as letras para formar as palavras apropriadas da Tefilá dele. Por isso decidi adiar nossa Tefilá até que o rapaz terminasse a dele, para que D'us pudesse estar atento a nós".
 
O Baal Shem Tov sempre dizia: "D'us prefere a sinceridade do coração". Todos devem, é claro, tornar-se o mais fluentes possível na Tefilá. No entanto, a essência da Tefilá é o investimento emocional que colocamos nela. Aquele que não sabe rezar, mas está com o coração partido porque gostaria de rezar, sua Tefilá pode ser a mais preciosa de todas.

Nesta semana o Shabat coincide com uma das Festas mais importantes do calendário judaico: Pessach, também conhecida como "A Festa da nossa liberdade". É importante focar na liberdade que ocorreu no passado, quando D'us nos libertou da dura escravidão egípcia, mas também não podemos esquecer que, em certas áreas da vida, também somos escravos e precisamos da ajuda de D'us para sermos libertados novamente.
 
Durante todo o ano lembramos duas vezes por dia do evento da Saída do Egito, no terceiro parágrafo do Shemá Israel. Porém, há também outra Mitzvá, de contar sobre a Saída do Egito, que é cumprida especificamente na noite do Seder de Pessach. Qual é a diferença entre estas duas Mitzvót?
 
Nossos sábios explicam que há principalmente três diferenças entre estas duas Mitzvót. Enquanto a Mitzvá da recordação diária pode ser cumprida simplesmente mencionando a Saída do Egito, a Mitzvá de contar sobre a Saída do Egito na noite do Seder tem algumas outras exigências. Em primeiro lugar, ela deve ser feita através de perguntas e respostas. Por exemplo, o filho pergunta "Má Nishtaná" e o pai responde "Avadim Hainu". Além disso, é necessário contar não apenas a Saída do Egito, mas todos os eventos que a precederam, começando da parte negativa, tanto fisicamente ("Avadim Hainu") quanto espiritualmente ("Ovdei Avodá Zará Haiu Avoteinu"), e terminando com a parte positiva. Finalmente, também devem ser explicados os motivos das Mitzvót que cumprimos nesta noite, como nos ensina Raban Gamliel, que aquele que não mencionou "Pessach, Matsá e Maror" com suas devidas explicações não cumpriu sua obrigação.
 
Mas o conceito de perguntas e respostas não é apenas um detalhe "técnico" da Mitzvá de contar sobre a Saída do Egito. Na verdade, isso é parte fundamental da Festa de Pessach, pois a liberdade verdadeira começa através do questionamento, da busca pela verdade. O judaísmo encoraja o questionamento e a reflexão. No entanto, deve ser um questionamento com a intenção sincera de aprender e adquirir conhecimento, e não de provocação ou zombaria. E é esse o ponto principal de uma das partes centrais do nosso Seder de Pessach: as perguntas dos quatro filhos da Hagadá, isto é, o Chacham (sábio), o Rashá (perverso), o Tam (ingênuo) e o Sheinô Iodeia Lishol (que não sabe perguntar). Os quatro filhos trazem questionamentos que nos ensinam lições importantes.
 
O Chacham é o primeiro a perguntar. O que ele questiona? Por que tantas e tão variadas Mitzvót estão relacionadas à Saída do Egito? A expressão "Lembrança da Saída do Egito" é repetida 50 vezes na Torá. Repetimos esta mesma expressão em todas as outras Festas e em outros momentos importantes da nossa vida. Em outras palavras, o Chacham questiona: o que há de tão significativo nesse acontecimento histórico, que justifique sua lembrança em todas as facetas da vida cotidiana?
 
A resposta ao Chacham é: "Você não pode comer mais nada depois de ter comido o Korban Pessach". Por quê? Pois o Korban Pessach é o símbolo da libertação espiritual. A oferenda do Korban Pessach representa nossa rejeição da idolatria, com todo o seu materialismo e busca de prazeres inerentes. Portanto, deve-se permitir que o sabor desta liberdade espiritual permaneça, e devemos saboreá-la enquanto ela durar. Há muitos prazeres que despertam nossa tentação, e devemos estar cientes de que sabores agradáveis do mundo material podem obscurecer o sabor da nossa preciosa liberdade espiritual e, portanto, devemos tomar cuidado. Os prazeres físicos podem ser tão sedutores que às vezes chegamos a correr o risco de abrir mão da nossa espiritualidade por eles. Portanto, para nos protegermos, precisamos ser constantemente lembrados da Saída do Egito.
 
Já o perverso, o segundo a perguntar, não questiona para saber e entender. Sua mente está fechada, pois ele já tomou suas decisões. Ele prefere os prazeres materiais ao invés dos esforços espirituais, e sua atitude é: "Quem precisa de todo esse ritual, afinal? Se você deseja celebrar Pessach como um dia de independência e liberdade, faça-o com um desfile, piquenique e fogos de artifício, e depois vá viver a vida, e não pense mais nisso até o próximo ano!" Isso não é uma pergunta, mas sim um ataque, um desafio.
 
Há pouco valor em tentar argumentar com uma pessoa assim, porque ela não quer ouvir. Então dizemos para ela: "Houveram pessoas como você no Egito que se recusou a seguir Moshé no deserto, e acabaram ficando para sempre no Egito. Houveram também aqueles que partiram com Moshé, mas recaíram na idolatria com o Bezerro de Ouro. E houve quem se queixasse do Man, dizendo: "Gostaríamos de estar de volta ao Egito, quando tínhamos peixe, cebola, alho e melão". Havia também aqueles que diziam: "Vamos nomear um novo líder e retornar ao Egito". Em outras palavras, dizemos de forma dura ao filho perverso: "Se você estivesse lá, apesar da possibilidade de sair do Egito junto com todos os outros, você teria trocado facilmente a liberdade preciosa e duramente conquistada por prazeres físicas. Você está muito mais interessado em alimentar seu estômago do que em nutrir sua alma".
 
O terceiro filho, o ingênuo, contrasta com o Chacham, aquele que entende o valor da liberdade espiritual. O ingênuo tem uma única pergunta: "De que maneira a Saída do Egito está relacionada com tantas Mitzvót variadas?". Ele fica impressionado com todo o ritual de Pessach. Ele não rejeita as Mitzvót, como o filho perverso. Em sua perplexidade, ele apenas pergunta com sinceridade: "Para que serve tudo isso?". Pelo seu interesse e honestidade, ele merece uma resposta. A resposta que damos é: "D'us nos livrou da escravidão egípcia com Mão forte". Isso não se refere apenas a forçar o Faraó a libertar o povo judeu, mas também ao fato de que mesmo muitos judeus tiveram que ser forçados a deixar o Egito. Moshé teve que convencer os escravos judeus de que a liberdade era preferível à escravização, mas nem todos os judeus conseguiram absorver esta mensagem. Portanto, explicamos à pessoa ingênua que ainda hoje existem muitas pessoas que podem se adaptar ao comodismo e cujo objetivo principal na vida é estarem confortáveis. Essas pessoas podem rejeitar a mensagem de se libertar da tirania de seus impulsos físicos. Precisamos ensiná-las que lutar pela espiritualidade, mesmo que isso possa interferir na nossa tranquilidade, é o nosso objetivo principal, e é o que torna o homem digno de ter sido criado à imagem Divina. A pessoa ingênua, pelo fato de estar ao menos atenta para questionar, pode aceitar esta resposta e estar disposta a investir em uma vida espiritual.
 
Finalmente, há um quarto filho que, apesar de participar do Seder e observar todos os rituais, não sabe nem mesmo questionar. Portanto, nós devemos iniciar o assunto por ele. Mas por que nos preocupamos com ele? Se ele já chegou ao ponto de nem mesmo saber perguntar, é porque realmente não se interessa mais! Mesmo assim a Hagadá está nos ensinando que ainda há pureza no coração dele. Apesar de ele não entender nada, ele está participando do Seder. Muitas vezes a pessoa está afastada da espiritualidade, mas consegue manter seu coração puro e sincero, bastando uma pequena faísca para reacendê-lo. É o caso de tantos Baalei Teshuvá da nossa geração, que após algum "estalo", voltam com alegria sincera para o caminho de Torá e Mitzvót.
 
Obviamente que apenas a pureza do coração não é suficiente para que nosso serviço para D'us seja completo. Por outro lado, uma das maiores armas do nosso Yetser Hará é nos fazer acostumar com as Mitzvót, a ponto de passarmos o dia inteiro cumprindo-as, porém absolutamente sem nenhum tipo de conexão com D'us. Isso também é uma forma de escravidão e comodismo. A Festa de Pessach é a oportunidade de despertarmos, de questionarmos, de sairmos da nossa escravidão particular. Que possamos aproveitar a oportunidade.
 

SHABAT SHALOM E CHAG SAMEACH
 

R' Efraim Birbojm

Este E-mail é dedicado à Refua Shlema (pronta recuperação) de: Chana bat Rachel, Pessach ben Sima.
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Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Ben Tzion (Benjamin) ben Shie Z"L e Frade (Fany) bat Efraim Z"L, que lutaram toda a vida para manter acesa a luz do judaísmo, principalmente na comunidade judaica de Santos. Que possam ter um merecido descanso eterno.
 
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Meir ben Eliezer Baruch Z"L e Shandla bat Hersh Mendel Z"L, que nos inspiraram a manter e a amar o judaísmo, não apenas como uma idéia bonita, mas como algo para ser vivido no dia-a-dia. Que possam ter um merecido descanso eterno.
 
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de minha querida e saudosa tia, Léa bat Meir Z"L. Que possa ter um merecido descanso eterno.
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