| | ASSUNTOS DA PARASHÁ BEHAALOTECHÁ - Acendendo a Menorá.
- Inauguração dos Leviim.
- Responsabilidade dos Leviim.
- O primeiro Pessach no deserto (2º ano).
- Pessach Sheni.
- Sinais Divinos para iniciar as viagens.
- As Trombetas.
- Moshé convida Itró (Chovev) a se juntar ao povo judeu.
- A Viagem do Sinai.
- A Arca Parte (Nun invertido).
- Queixas e o fogo Celestial.
- Reclamação do Man e desejo por carne.
- Moshé reclama com D'us do peso do povo e D'us escolhe 70 anciãos.
- A Codorniz e a praga.
- Lashon Hará de Miriam e Aharon sobre Moshé.
- D'us ressalta o valor único de Moshé.
- A Punição de Miriam (Tzaraat).
- Miriam de Quarentena fora do acampamento e o povo espera.
| | | A FALTA QUE FAZ UMA MITZVÁ - PARASHÁ BEHAALOTECHÁ 5785 (13/jun/25) O Rav Kalonymus Kalman Shapira zt"l (Polônia, 1889 - 1943), mais conhecido como o Piaseczno Rebe, foi um grande sábio da Torá, muito respeitado na Polônia. Durante a Segunda Guerra Mundial, ele foi confinado no Gueto de Varsóvia, onde a vida judaica foi severamente restringida e ameaçada pela ocupação nazista. No gueto, as condições eram extremas: fome, doenças, medo constante, brutalidade e morte rondavam a comunidade judaica. Praticar o judaísmo de forma plena, tais como a observância do Shabat, as leis de pureza familiar, o estudo de Torá e o cumprimento das Mitzvót, tornou-se quase impossível. Mesmo diante desse cenário desolador, o Piaseczno Rebe dedicou-se incansavelmente a fortalecer a espiritualidade dos judeus presos no gueto. Ele dava Shiurim clandestinos e incentivava as pessoas a continuarem cumprindo as Mitzvót que fossem possíveis, mantendo viva a chama judaica. Seus escritos dessa época foram reunidos em um livro chamado "Esh Kodesh" (Fogo Sagrado), que contém seus Shiurim e suas reflexões profundas. O Rebe fala abertamente sobre o sofrimento pela impossibilidade de cumprir as Mitzvót, e a importância de não perder a sensibilidade espiritual, de sentir a dor e o anseio por se conectar com D'us, mesmo que o cumprimento fosse dificultado ou negado pelas circunstâncias. Essa dor espiritual, segundo ele, não deveria ser vista como fraqueza, mas como parte essencial do compromisso e da Emuná, uma expressão verdadeira de amor e conexão com a Torá. Em 1943, o Piaseczno Rebe foi deportado para o campo de concentração de Trawniki, onde foi assassinado pelos nazistas. Seus escritos, entretanto, foram salvos e servem como um testemunho poderoso da resistência espiritual e da profundidade da Emuná judaica mesmo nos momentos mais sombrios da nossa história. Mesmo quando o Rebe não conseguia cumprir as Mitzvót, ao menos ele sentia dor e tristeza. Ele nunca se acomodou. Ele sempre manteve a esperança de que tempos melhores, de liberdade espiritual, viriam ao povo judeu. | | Nesta semana lemos a Parashá Behaalotechá (literalmente "Quando você acender"), que dá início a uma série de Parashiót nas quais são recordadas muitas graves transgressões cometidas pelo povo judeu no deserto, que culminaram no decreto de que aquela geração não poderia entrar na Terra de Israel e deveria ficar por 40 anos no deserto. Um dos assuntos mais interessantes trazidos na nossa Parashá é o "Pessach Sheni", um ensinamento extremamente importante, não apenas pelas implicações na Halachá, mas principalmente pela mensagem que nos transmite em relação à forma correta como devemos nos comportar em relação às Mitzvót. Quando o povo judeu estava prestes a completar um ano da saída do Egito, eles foram ordenados a novamente oferecer o Korban Pessach, como está escrito: "D'us falou a Moshé no deserto do Sinai, no segundo ano após a saída deles da terra do Egito, no primeiro mês (Nissan), dizendo: 'Bnei Israel farão o Korban Pessach no tempo determinado. No entardecer do décimo quarto dia deste mês, vocês o farão em seu tempo determinado... conforme todas as suas leis" (Bamidbar 9:1-3). Porém, alguns judeus foram se queixar com Moshé, pois uma das regras em relação aos Korbanót é que a pessoa que o oferece esteja em estado de pureza espiritual. Alguém que, por exemplo, esteve em contato com mortos, não pode oferecer um Korban. Estas pessoas estavam impuras e, por isso, não poderiam cumprir a Mitzvá do Korban Pessach. Moshé então foi se aconselhar com D'us. A resposta de D'us foi a criação de uma nova Mitzvá, o "Pessach Sheni", uma segunda chance. Pelo mérito daquelas pessoas que foram se aconselhar com Moshé, qualquer pessoa que em Pessach estivesse impuro ou no meio de uma viagem, impossibilitado de voltar e oferecer o Korban na data certa, teriam uma nova oportunidade de oferecer o Korban Pessach um mês depois, no dia 14 de Yiar. Porém, no Talmud (Kidushin 37b), há uma explicação surpreendente do Tossafot. Ele afirma que quando a Torá descreve o conceito do "Pessach Sheni", na verdade está fazendo uma crítica ao povo judeu, por não ter oferecido o Korban Pessach durante os 39 anos seguintes. Tossafot se refere ao fato de que, após este evento do Pessach Sheni registrado na Torá, que ocorreu no final do primeiro ano no deserto, nos próximos 39 anos nunca mais o Korban Pessach foi oferecido pelo povo judeu. Isso significa que esta vez em que o Korban Pessach foi mencionado na Torá foi a primeira e única vez que eles trouxeram o Korban Pessach durante os 40 anos no deserto. A próxima vez em que ofereceram o Korban Pessach é descrito apenas no Sefer Yehoshua, isto é, depois que o povo já havia entrado na Terra de Israel, pouco após cruzarem o rio Yarden no dia 10 de Nissan. O Rav Yitzchak Meir Rotenberg zt"l (Polônia, 1799 - 1866), mais conhecido como Chidushei HaRim, questiona a afirmação do Tossafot de que isso é uma crítica ao povo judeu. A razão pela qual eles não ofereceram o Korban Pessach durante os anos no deserto não foi porque não se importavam com a Mitzvá. Na verdade, havia um motivo técnico. A Halachá exige que todos os que trazem o Korban Pessach tenham feito Brit Milá, e que todos os homens de sua família também o tenham feito. Porém, durante os 40 anos no deserto, devido às condições adversas e as constantes viagens, que ocorriam sem aviso prévio, o Brit Milá representaria um perigo de vida para os bebês. Durante 40 anos eles estavam de mãos atadas, vítimas de circunstâncias que estavam além do seu controle. Isso era uma questão técnica, e não uma indiferença ou um comodismo por parte deles. Então por que o Tossafot chama isso de uma crítica ao povo judeu? O Chidushei HaRim responde que a crítica está no contraste entre a atitude daquelas pessoas que não conseguiam trazer o Korban Pessach naquele ano e todo o povo judeu nos 39 anos seguintes. O que aconteceu na história do "Pessach Sheni"? As pessoas que estavam carregando o caixão de Yossef vieram a Moshé e reclamaram: "Estamos impuros por causa do contato com os mortos. Por que deveríamos perder a oportunidade de trazer o Korban Pessach?" (Bamidbar 9:7). Mas qual foi o sentido da pergunta "Por que deveríamos perder a opotunidade"? Eles mesmos haviam acabado de explicar que estavam impuros, isto é, havia claramente uma questão técnica que os impedia de cumprir a Mitzvá! Então, qual era exatamente a pergunta deles? O Chidushei HaRim explica que eles não estavam perguntando, eles estavam sofrendo pelo fato de estar perdendo a oportunidade de cumprir uma Mitzvá. Entendiam as exigências da Halachá, mas estavam implorando desesperadamente: "Mas e o nosso bem espiritual? O que vai acontecer conosco? Como vamos ficar sem poder trazer o Korban Pessach?" Eles não estavam questionando a Halachá, eles estavam expressando sua dor. As pessoas que não puderam oferecer o Korban Pessach naquele segundo ano expressaram sua angústia ao entender que não poderiam cumprir a Mitzvá por questões técnicas. E isso foi uma atitude incrível. Mesmo que alguém não consiga cumprir uma Mitzvá por uma força maior, mesmo que sejam razões realmente válidas, ao menos a pessoa deveria se sentir mal por isso. Essa foi, portanto, a crítica ao povo judeu. É verdade que durante os 39 anos restantes eles não puderam trazer o Korban Pessach por questões técnicas da Halachá. Porém, isso deveria tê-los incomodado, deveria ter doído neles. A situação deveria ter sido para eles algo insuportável! Eles deveriam ter procurado Moshé e questionado: "Como poderemos viver sem esta importante Mitzvá?". Mas eles não questionaram. Parecia que tinham se livrado de uma responsabilidade. Essa foi a grande crítica da Torá. Há muitas situações na vida nas quais passamos pela mesma experiência. Situações de força maior, nas quais realmente nada pode ser feito, impedimentos que nos impossibilitam de tecnicamente cumprir as Mitzvót. Por exemplo, tivemos tempos difíceis em nossa história, quando as Mitzvót foram proibidas ou quando as condições não nos permitiam cumprir as Mitzvót de maneira plena. Nestes casos, ao menos devemos sentir a dor e a angústia da perda da oportunidade de nos conectarmos um pouco mais com D'us. Temos um paralelo interessante no mundo material, no qual podemos nos espelhar e até mesmo nos inspirar. Quando alguém acorda no meio da noite e, ao se levantar para ir ao banheiro, bate o dedo do pé na quina da cama, o que ele faz? Ele grita de dor. Mas o que gritar ajuda? Claramente o grito não ajuda nada, não contribui em nada para resolver o problema e aliviar a dor. Mas, quando algo dói, nós gritamos de dor. E se isso vale para um machucado material, mais ainda deveria valer para a perda de uma oportunidade espiritual. Esta foi a crítica ao povo judeu, e este é o questionamento que devemos fazer a nós mesmos. Atualmente também estamos impossibilitados de oferecer o Korban Pessach e de fazer muitas outras Mitzvót. Não temos o nosso Beit Hamikdash e estamos todos com impureza de morte. Porém, mesmo quando não podemos fazer nada sobre nossa impossibilidade técnica de trazer o Korban Pessach e de cumprir algumas Mitzvót, deveríamos ao menos chorar por isso. Deveríamos ao menos ter sensibilidade para sentir a dor da perda. Deveríamos ao menos gritar. Pois, como em Pessach Sheni, quando D'us escutar o nosso grito, quem sabe Ele nos dê uma segunda chance. SHABAT SHALOM R' Efraim Birbojm | | Este E-mail é dedicado à Refua Shlema (pronta recuperação) de: Chana bat Rachel, Pessach ben Sima. --------------------------------------------  Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Ben Tzion (Benjamin) ben Shie Z"L e Frade (Fany) bat Efraim Z"L, que lutaram toda a vida para manter acesa a luz do judaísmo, principalmente na comunidade judaica de Santos. Que possam ter um merecido descanso eterno. Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Meir ben Eliezer Baruch Z"L e Shandla bat Hersh Mendel Z"L, que nos inspiraram a manter e a amar o judaísmo, não apenas como uma idéia bonita, mas como algo para ser vivido no dia-a-dia. Que possam ter um merecido descanso eterno. Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de minha querida e saudosa tia, Léa bat Meir Z"L. Que possa ter um merecido descanso eterno. -------------------------------------------  Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de: Moussa HaCohen ben Gamilla z"l, Renée bat Pauline z"l. -------------------------------------------- Para inscrever ou retirar nomes da lista, para indicar nomes de pessoas doentes ou Leilui Nishmat (elevação da alma), e para comentar, dar sugestões, fazer críticas ou perguntas sobre o E-mail de Shabat,favor mandar um E-mail para ravefraimbirbojm@gmail.com (Observação: para Refua Shlema deve ser enviado o nome do doente e o nome da mãe. Para Leilui Nishmat, os Sefaradim devem enviar o nome do falecido e o nome da mãe, enquanto os Ashkenazim devem enviar o nome do falecido e o nome do pai). | | | | | | |
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