quarta-feira, 5 de maio de 2021

O VERDADEIRO DONO - SHABAT SHALOM M@IL - PARASHIÓT BEHAR E BECHUKOTAI 5781

O e-mail desta semana é dedicado à elevação da alma do meu querido e saudoso avô

MEIR BEN ELIEZER BARUCH Z"L



Para dedicar uma edição do Shabat Shalom M@il, em comemoração de uma data festiva, no aniversário de falecimento de um parente, pela cura de um doente ou apenas por Chessed, entrar em contato através do e-mail 

efraimbirbojm@gmail.com.
  
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PARASHIÓT BEHAR E BECUKOTAI



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ASSUNTOS DA PARASHÁ
PARASHÁ BEHAR
  • Shmitá (O Ano Sabático).
  • Yovel (Jubileu) e o toque do Shofar em Yom Kipur.
  • Proibição de causar sofrimento (Onaát Mamon e Onaat Devarim).
  • Venda e Resgate da terra em Israel.
  • Casas em cidades muradas.
  • Casas nas Cidades dos Leviim.
  • Ajuda aos necessitados.
  • Leis dos escravos.
  • Resgate dos escravos que estão nas mãos de Goim.
PARASHÁ BECHUKOTAI
  • Recompensas pela obediência.
  • Advertência e Passos de afastamento espiritual.
  • Punições por desobediência (5 séries de advertências).
  • Destruição e arrependimento.
  • Conclusão das advertências e consolo.
  • Avaliações de doações ao Kodesh.
  • Doações de animais e imóveis para o Mishkan e possível resgate.
  • Maasser de animais.


 
BS"D
O VERDADEIRO DONO - PARASHIÓT BEHAR E BECHUKOTAI 5781 (07 de maio de 2021)
 
Certa vez o Rav Moshé Schreiber zt"l (Alemanha, 1762 - Eslováquia, 1839), mais conhecido como Chatam Sofer, emprestou a um vizinho uma grande quantidade de dinheiro, para que ele investisse em seus negócios. O homem investiu o dinheiro sabiamente e, em pouco tempo, foi capaz de devolver o empréstimo adquirido. Para mostrar sua profunda apreciação pelo enorme favor que o Chatam Sofer havia feito, o vizinho presenteou-o com um lindo diamante.
 
O Chatam Sofer, ao receber aquele presente, segurou o diamante em sua mão e ficou durante um longo tempo admirado a beleza daquela pedra. Ele aproximou-se da luz e examinou o diamante detalhadamente. Então ele agradeceu muito ao seu vizinho e devolveu a pedra para ele, dizendo que não poderia aceitar.
 
- Você não quer aceitar o meu presente, a minha demonstração de gratidão? Há algo de errado com este diamante? - perguntou o vizinho, incomodado - Por acaso esta pedra tem alguma falha? Eu paguei muito dinheiro por ela!
 
- De jeito nenhum - disse o Chatam Sofer - Seu diamante não tem absolutamente nenhum defeito, é uma pedra perfeita e maravilhosa. Porém, se eu o aceitasse, eu é que teria uma falha, pois estaria recebendo juros pelo meu empréstimo, algo que é proibido pela Torá.
 
- Me desculpe, mas não estou entendendo - disse o vizinho - Se a sua intenção era me devolver o diamante, então por que você o examinou tão cuidadosamente?
 
O Chatam Sofer sorriu e respondeu:
 
- Eu olhei para o diamante justamente para admirar sua beleza e perfeição. Desta maneira, consegui fortalecer em meu coração como é ainda mais bonita a Mitzvá de não cobrar juros"
 
Podemos muitas vezes achar que ganhamos algo fazendo o que é errado. Mas isso é uma grande autoenganação. Não há nada mais bonito e valioso do que fazer o que D'us nos pediu.

Nesta semana lemos duas Parashiót juntas, Behar (literalmente "Na montanha") e Bechukotai (literalmente "Nos Meus estatutos). A Parashá Behar traz importantes Mitzvót, como a Shemitá, o "Ano Sabático" no qual todos os campos de Eretz Israel deveriam "descansar", e o Yovel (Jubileu), ano no qual as terras voltavam aos seus donos originais e os escravos eram libertados. Além disso, a Parashá também traz algumas importantes Mitzvót "Bein Adam Lehaveiró", tais como a proibição de enganar uma pessoa em assuntos monetários (Onaat Mamon), a proibição de causar sofrimentos a uma pessoa através de palavras ofensivas (Onaat Devarim) e a obrigação de ajudar um companheiro que está com dificuldades financeiras. Já na Parashá Bechukotai, D'us nos instruiu a andarmos nos caminhos corretos, nos garantindo muitas Brachót pelos nossos bons atos, mas também nos advertindo das consequências negativas dos nossos desvios.
 
Na Parashá Behar, uma das Mitzvót trazidas é a proibição de cobrar juros em um empréstimo, como está escrito: "Seu dinheiro não deve ser emprestado com juros" (Vayikrá 25:37). Cobrar juros, apesar de ser algo aparentemente "leve", é tratado pela Torá como uma transgressão muito grave, a ponto de causar a perda do mérito da ressureição dos mortos na época da vinda do Mashiach. Mas por que esta transgressão é assim tão grave? Afinal de contas, a pessoa que empresta dinheiro está fazendo uma grande bondade com a pessoa necessitada. Quem precisa de dinheiro desesperadamente prefere devolver futuramente um valor maior do que foi emprestado, pois ao menos pode resolver seus problemas financeiros momentâneos. Então o que há de tão errado em cobrar juros em um empréstimo?
 
Explica Rashi (França, 1040 - 1105) que "juros" em hebraico é "Neshech". A palavra "Neshech" vem da mesma raiz da palavra "Neshichá", que significa "picada de cobra". Qual é a relação entre a cobrança de juros e a picada de uma cobra? Quando a cobra pica, deixa na pessoa apenas dois pequenos furinhos, como se nada tivesse acontecido. Porém, com o tempo, o veneno injetado vai se espalhando por todo o corpo da pessoa, até que ela morre. Da mesma forma, os juros de um empréstimo parecem, em um primeiro momento, algo pequeno e sem importância, apenas uma pequena porcentagem a mais. Porém, com o passar do tempo, a dívida se transforma em uma "bola de neve", até chegar ao ponto no qual a pessoa não tem mais condições de pagá-la, tornando-se escravo da situação. Emprestar dinheiro com juros, portanto, é uma enganação, pois parece uma bondade no início, mas se torna uma crueldade no final.
 
De maneira semelhante, o Sefer HaChinuch explica que D'us, em Sua bondade ilimitada, nos criou com o propósito de podermos conviver de forma harmoniosa e sustentável. Por isso, Ele nos ordenou tirarmos os tropeços no nosso relacionamento com o próximo, entre eles a cobrança de juros nos empréstimos, para que uma pessoa não consuma os bens de seu companheiro sem que ele perceba, deixando sua casa completamente vazia e fazendo-o perder tudo. De forma invisível e sem que a pessoa possa perceber, os juros vão consumindo tudo o que a pessoa tem, o que é uma grande crueldade e a destruição do propósito da criação Divina.
 
Já o Rav Chaim Shmulevitz zt"l (Lituânia, 1902 - Israel, 1979) explica de outra maneira a gravidade existente na transgressão de cobrar juros em um empréstimo. Normalmente estamos acostumados a fazer as coisas esperando receber algo em troca. Por exemplo, trabalhamos em troca de um salário no final do mês e damos presentes na expectativa de recebermos presentes de volta. Na verdade, desde criança acabamos sendo educados desta maneira, a fazermos as coisas apenas quando recebemos uma recompensa por isso. Porém, na área de fazer bondades, é muito importante termos a intenção de fazer as coisas apenas pelo ato de bondade, pelo bem dos outros, sem esperar receber nada em troca. Aprendemos este comportamento de D'us, que nos faz bondades o tempo todo sem receber absolutamente nada em troca. É por isso que participar de um enterro é chamado de "Chessed shel Emet" (Bondade de verdade), pois é um ato que fazemos pela honra do falecido sem esperar dele nada em troca.
 
Portanto, ao nos proibir de cobrarmos juros nos nossos empréstimos, a Torá quer nos "treinar" a realizarmos atos de bondade com os outros sem receber nenhum ganho por isso. Não apenas é proibido receber um valor a mais por ter emprestado dinheiro a um companheiro, como também a pessoa que pegou o dinheiro emprestado não deve fazer nenhum tipo de retribuição ou favor especial à pessoa que lhe emprestou dinheiro, pois isso se caracterizaria como sendo juros.
 
Ensina o Rav Zelig Pliskin que há uma tendência natural das pessoas pensarem, em tudo o que fazem na vida, "o que eu vou ganhar com isso?". Ao não vislumbrarem nenhum tipo de lucro ou benefício no que estão fazendo, as pessoas frequentemente perdem a motivação em realizar algo. No entanto, a Torá nos ensina que devemos nos motivar e desenvolver a vontade de ajudar os outros sem ganhos pessoais. Devemos fazer bondades apenas pela vontade de fazer o bem aos outros. Esta é a lição contida no mandamento de emprestar dinheiro sem juros.
 
Porém, há outro importante ensinamento em relação à proibição da cobrança de juros. D'us escreveu esta proibição na mesma Parashá em que são ensinadas as leis de Shemitá, o Ano Sabático no qual todas as terras em Eretz Israel precisavam descansar, sendo proibido arar, semear, irrigar e ter qualquer lucro com a venda dos frutos da terra. Qual é a conexão entre estes dois assuntos?
 
A arrogância do ser humano faz com que passemos a vida achando que as coisas que temos são realmente nossas. Afinal, racionalizamos que elas foram adquiridas com o fruto do nosso esforço e da nossa sabedoria. Porém, esquecemos que tudo o que temos na verdade pertence a D'us. Foi Ele que nos criou e fez tudo o que existe no universo, e foi Ele que nos deu a força e a inteligência para trabalharmos e ganharmos nosso sustento. Um dos motivos pelos quais D'us nos deu a Mitzvá de Shemitá é justamente para nos lembrar que a terra que utilizamos diariamente não é nossa, é um presente de D'us. Tudo o que temos, portanto, é apenas um "empréstimo", para que possamos usar, em especial para cumprir as Mitzvót e fazer o bem ao próximo.
 
Esta é a conexão entre a Mitzvá de Shemitá e a proibição de cobrar juros em um empréstimo. Sentimos que o dinheiro que temos é nosso, é fruto do nosso esforço. A proibição de cobrar juros é um lembrete de que o dinheiro que emprestamos aos outros pertence, na realidade, a D'us, e por isso não é adequado receber juros por ele.
 
Quando o ser humano adquire esta consciência, certamente se comporta com mais bondade e com mais humildade. Este é um trabalho que devemos fazer em todas as áreas da nossa vida, procurando fazer o bem a todos sem esperar nada em troca e lembrando que tudo o que temos pertence a D'us. Ele, o verdadeiro Dono de tudo, quer que utilizemos o que temos em prol da construção de um mundo mais justo, harmonioso e sustentável.
 

SHABAT SHALOM
 

R' Efraim Birbojm

 

Este E-mail é dedicado à Refua Shlema (pronta recuperação) de: Chana bat Rachel, Pessach ben Sima, Rachel bat Luna, Eliahu ben Esther, Moshe ben Feigue, Laila bat Sara, Eliezer ben Shoshana, Mache bat Beile Guice, Feiga Bassi Bat Ania, Mara bat Chana Mirel, Dina bat Celde, Celde bat Lea, Rivka Lea bat Nechuma, Mordechai Ben Sara, Simcha bat Shengle, Chaia bat Yehudit.
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Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Ben Tzion (Benjamin) ben Shie Z"L e Frade (Fany) bat Efraim Z"L, que lutaram toda a vida para manter acesa a luz do judaísmo, principalmente na comunidade judaica de Santos. Que possam ter um merecido descanso eterno.
 
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Meir ben Eliezer Baruch Z"L e Shandla bat Hersh Mendel Z"L, que nos inspiraram a manter e a amar o judaísmo, não apenas como uma idéia bonita, mas como algo para ser vivido no dia-a-dia. Que possam ter um merecido descanso eterno.
 
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de minha querida e saudosa tia, Léa bat Meir Z"L. Que possa ter um merecido descanso eterno.
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