quinta-feira, 22 de novembro de 2018

TUDO É DESCARTÁVEL - SHABAT SHALOM M@IL - PARASHAT VAISHLACH 5779

BS"D
Para dedicar uma edição do Shabat Shalom M@il, em comemoração de uma data festiva, no aniversário de falecimento de um parente, pela cura de um doente ou apenas por Chessed, favor entrar em contato através do e-mail efraimbirbojm@gmail.com.
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TUDO É DESCARTÁVEL - PARASHAT VAISHLACH 5779 (23 de novembro de 2018)

Um corvo vivia na floresta e estava absolutamente satisfeito com a sua vida. Até que, certo dia, ele viu um papagaio. Imediatamente ele pensou:
 
- Este papagaio é colorido, enquanto eu só tenho uma cor. Como eu sou infeliz! Já o papagaio deve ser o pássaro mais feliz do mundo!".
 
Ele expressou seus pensamentos para o papagaio. Porém, para a sua surpresa, o papagaio explicou:
 
- Na verdade, eu realmente vivia uma vida muito feliz, até o dia em que vi o pavão. Eu tenho apenas duas ou três cores, enquanto o pavão tem dezenas de cores. Hoje sou infeliz, enquanto o pavão deve ser muito feliz!
 
O corvo então voou até o zoológico e visitou o pavão. Ele viu centenas de pessoas que se reuniam para ver o pavão, que mostrava suas belas penas multicoloridas. O corvo aproximou-se do pavão e disse:
 
- Querido pavão, você é tão lindo, tão colorido! Todos os dias centenas de pessoas vêm até aqui para ver você. Eu só tenho uma cor e isso não tem graça nenhuma. Eu acho que você é o pássaro mais feliz do planeta!
 
O pavão respondeu, com um sorriso triste no rosto:
 
- Eu me sentia o pássaro mais lindo e feliz do planeta. Porém, por causa da minha beleza, estou preso neste zoológico. Eu examinei o zoológico com atenção e percebi que o corvo é o único pássaro que não é mantido em uma gaiola. Então, nos últimos dias, tenho pensado que, se eu fosse um corvo, poderia vagar alegremente por toda parte e seria o pássaro mais feliz do mundo..."
 
Não sabemos dar valor para o que temos. Vivemos atualmente na "ditadura" do "preciso ter mais para ser feliz". Até mesmo nossas qualidades acabam sendo "descartáveis" e, assim, acabamos não percebendo as incríveis ferramentas que D'us deu, sob medida, para cada um de nós.

Na Parashat desta semana, Vaishlach (literalmente "E enviou"), Yaacov finalmente estava voltando para Eretz Israel, após mais de 30 anos longe de casa. Yaacov precisou atravessar o Rio Yabok com uma verdadeira comitiva, que incluía sua família inteira, isto é, 16 pessoas, sendo a maioria crianças, além de escravos e muitos camelos, bois, cabras e burros. Era praticamente um "projeto" atravessar um rio, em segurança, com tantas pessoas e animais.
 
Logo após a travessia, a Torá nos diz que Yaacov ficou sozinho, como está escrito: "E Yaacov ficou sozinho" (Bereshit 32:25). Porém, se até aquele momento Yaacov estava acompanhado de muitas pessoas, por que o versículo diz que, de repente, ele estava sozinho? O Talmud (Chulin 91a) explica que Yaacov lembrou-se que havia deixado no acampamento anterior alguns pequenos potes de barro e, por isso, voltou para recuperá-los. Foi neste momento que ele ficou sozinho.
 
Entretanto, esta explicação do Talmud é muito difícil de ser entendida. A Torá nos ensina que Yaacov havia enriquecido muito em Haran, a ponto de causar inveja em Lavan e seus filhos. Ele chegou a Haran sem nada, mas estava voltando com muitos bens e dinheiro. Então por que alguém tão rico se arriscaria, voltando sozinho, no meio da noite, apenas para recuperar alguns potes baratos? Isto faria tanto sentido quanto escutar que o Bill Gates, um dos homens mais ricos do mundo, atravessou a cidade inteira a pé, no meio da madrugada, para recuperar uma moeda de 25 centavos que havia deixado cair no restaurante onde havia jantado! Qual é o sentido de Yaacov, alguém tão desapegado do mundo material, alguém que está associado ao conceito de "Kedushá" (santidade), voltar para recuperar pequenos potes de barro sem valor?
 
Explica o Rav Simcha Barnett que atualmente nossa sociedade está sofrendo de uma terrível doença, chamada "Síndrome da Descartabilidade". Esquecemos o princípio de que tudo tem um valor. Quando nossos aparelhos elétricos quebram, não consertamos mais, simplesmente jogamos fora e compramos outro. Quando uma camisa rasga, não costuramos mais, jogamos fora e compramos uma nova. Tudo é descartável, nada mais tem valor. O grande perigo é que, de forma subconsciente, acabamos aplicando isto a todas as áreas da vida. Por exemplo, usamos cada vez mais louça e talheres descartáveis, causando um enorme impacto ambiental. E o pior de tudo é que desta maneira também acabamos conduzimos os nossos relacionamentos. Nossas amizades se tornaram descartáveis. Atualmente, o status de uma pessoa é medido por quantos "amigos" ela tem no Facebook ou quantos seguidores ela tem no Instagram. Por qualquer motivo banal amigos "se apagam" ou "se bloqueiam" nas redes sociais. Com isto, até mesmo nossos casamentos viraram descartáveis, a ponto de muitos casais que passam por dificuldades preferirem se divorciar e casar de novo a tentar consertar as dificuldades do casamento.
 
Porém, esta não é a visão da Torá e, nesta Parashat, Yaacov nos dá uma incrível lição sobre o verdadeiro valor das coisas. Yaacov vivia com o entendimento de que tudo o que D'us nos dá tem um propósito. Portanto, mesmo os objetos mais simples que nós temos são joias preciosas que precisam sem preenchidas com sentido e propósito. Para Yaacov, o fato daqueles pequenos potes de barro não terem valor monetário significativo não diminuía o valor intrínseco deles. Tudo o que existe no mundo material, mesmo os menores e mais insignificantes objetos, estão cheios de potencial aguardando para serem preenchidos. É por isso que Yaacov voltou, mesmo que eram apenas simples utensílios de barro sem valor monetário.
 
O Rav Ezriel Tauber traz uma incrível metáfora para entendermos este conceito. Quando uma pessoa está com muita sede, ela pede ao seu companheiro um copo d'água e recebe a água em um copo descartável. O que a pessoa faz quando termina de beber a água? Joga o copo descartável fora. Porém, se esta mesma pessoa estivesse vagando pelo deserto, quase morrendo de sede e, no desespero, levantasse seus olhos para o céu e implorasse: "D'us, eu estou morrendo. Por favor, faça um milagre e me mande um pouco de água!". Então, o milagre acontece e uma Mão Divina, estendida desde o céu, traz água em um copo descartável. O que a pessoa faria com o copo depois de beber, jogaria fora? Certamente que não! Ela nunca mais jogaria fora aquele "copo Divino". Ela guardaria aquele copo como uma incrível lembrança, um souvenir, algo de valor inestimável. Mas qual é a diferença, se nos dois casos trata-se do mesmo copo descartável?
 
A diferença é que o amigo, por não conseguir trazer apenas a água, traz também um copo descartável. Porém, D'us poderia ter enviado a água de qualquer maneira. Ele poderia ter feito chover, poderia ter criado um oásis ou poderia simplesmente ter feito com que a água caísse dentro da boca da pessoa. O fato de D'us ter mandado a água em um copo descartável nos ensina que Ele não queria apenas ter dado a água, mas também o copo. Da mesma maneira, nossas vidas estão repletas de objetos, itens, pessoas e ideias. Cada uma delas tem o seu próprio significado e propósito, aguardando para ser descoberto. Não podemos desprezar e descartar o que temos na vida como se tudo fosse sem importância, pois tudo foi mandado por D'us sob medida para nós.
 
O que define um "Tzadik", uma pessoa completamente justa, que vive em um nível de Kedushá? São os seus bons atos? É o seu comportamento devoto? São os seus traços de caráter impecavelmente trabalhados? Na realidade, tudo isto são atributos de um Tzadik. Porém, o que verdadeiramente define um Tzadik é que ele olha cada objeto seu e cada situação pela qual passa na vida como tendo vindo diretamente de D'us. Desta maneira, tudo na vida se torna significativo. É por isso que a mensagem do valor verdadeiro dos potes de barro é transmitida justamente por Yaacov, um Tzadik que representa a Kedushá.
 
Esta perspectiva de como devemos olhar todas as nossas posses é ressaltada novamente em outro ponto da nossa Parashat. Depois de mais de 30 anos separados, os irmãos Yaacov e Essav se reencontraram. Ao descreverem seu status de vida um ao outro, há uma sutil, porém ao mesmo tempo profunda, diferença entre eles. Enquanto Essav disse "Eu tenho muito" (Bereshit 33:9), Yaacov disse "Eu tenho tudo" (Bereshit 33:11). Essav estava dizendo "Eu tenho muito, mas eu certamente poderia utilizar ainda mais do mundo material", enquanto Yaacov estava dizendo "De acordo com a minha parte, no grande plano de D'us, eu tenho tudo, exatamente como eu necessito". Yaacov demonstrou, em sua frase, sua claridade de que tudo é um presente especial que nos foi entregue por D'us, sob medida. Portanto, até mesmo os objetos mais simples carregam em si uma oportunidade de nos aproximarmos um pouco mais de D'us.
 
Devemos guardar bem as ferramentas que a vida nos dá: nossos talentos, nossas ideias, nossos amigos e todos os nossos recursos, e procurar o significado e o propósito de tudo o que temos na vida. Precisamos viver com a certeza de que nada é nosso por acaso. Devemos ser agradecidos por tudo o que temos e não podemos ser tão rápidos em descartar nossas coisas. E o mais importante é reconhecer o quanto a vida é ordenada exatamente da forma como ela deveria ser, pois o caminho da felicidade é perceber a beleza completa e o potencial de cada pequeno instante das nossas vidas.

SHABAT SHALOM

R' Efraim Birbojm

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HORÁRIO DE ACENDIMENTO DAS VELAS DE SHABAT - PARASHAT VAISHLACH 5779:

São Paulo: 19h14  Rio de Janeiro: 19h00  Belo Horizonte: 18h57  Jerusalém: 16h01
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Este E-mail é dedicado à Refua Shlema (pronta recuperação) de: Chana bat Rachel, Pessach ben Sima, Rachel bat Luna, Eliahu ben Esther, Moshe ben Feigue, Laila bat Sara, Chana Mirel bat Feigue, Eliezer ben Shoshana.
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Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Ben Tzion (Benjamin) ben Shie Z"L e Frade (Fany) bat Efraim Z"L, que lutaram toda a vida para manter acesa a luz do judaísmo, principalmente na comunidade judaica de Santos. Que possam ter um merecido descanso eterno.
 
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Meir ben Eliezer Baruch Z"L e Shandla bat Hersh Mendel Z"L, que nos inspiraram a manter e a amar o judaísmo, não apenas como uma idéia bonita, mas como algo para ser vivido no dia-a-dia. Que possam ter um merecido descanso eterno.
 
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de minha querida e saudosa tia, Léa bat Meir Z"L. Que possa ter um merecido descanso eterno.
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Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de: Moussa HaCohen ben Gamilla z"l, Renée bat Pauline z"l, Eliezer ben Arieh z"l; Arieh ben Abraham Itzac z"l, Shmuel ben Moshe z"l, Chaia Mushka bat HaRav Avraham Meir z"l, Dvora Bacha bat Schmil Joseph Rycer z"l, Alberto ben Esther z"l, Malka Betito bat Allegra z"l, Shlomo ben Salha z"l.
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