quinta-feira, 14 de junho de 2018

APRECIANDO OS DEFEITOS DOS OUTROS - SHABAT SHALOM M@IL - PARASHAT KORACH 5778

BS"D
Para dedicar uma edição do Shabat Shalom M@il, em comemoração de uma data festiva, no aniversário de falecimento de um parente, pela cura de um doente ou apenas por Chessed, favor entrar em contato através do e-mail efraimbirbojm@gmail.com.
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APRECIANDO OS DEFEITOS DOS OUTROS - PARASHAT KORACH 5778 (15 de junho de 2018)

"O dono de um Pet Shop colocou um enorme anúncio na porta: "Cachorrinhos à venda". Esse tipo de anúncio sempre atraía as crianças. Logo um menininho apareceu na loja, perguntando o preço dos cachorrinhos. O dono respondeu que custavam entre R$ 100,00 e R$ 150,00. O menininho colocou a mão em seu bolso, tirou algumas moedas e notas amassadas, contou tudo e disse:
 
- Que pena, só tenho R$ 50,00. Posso pelo menos vê-los?
 
O homem sorriu e assobiou. De trás da loja saiu uma cachorra correndo, seguida por cinco cachorrinhos. Um dos cachorrinhos estava ficando consideravelmente para trás. O menininho imediatamente apontou para o cachorrinho que estava mancando e perguntou o que ele tinha de errado. O homem explicou que, quando o cachorrinho nasceu, o veterinário percebeu que ele tinha um defeito na perna e que andaria mancando pelo resto da vida. O menininho se emocionou muito e exclamou:
 
- Este é o cachorrinho que eu quero comprar! 

O vendedor se recusou a vender aquele cachorrinho com defeito na perna. Falou que, se ele quisesse levá-lo, então lhe daria de presente. O menininho não gostou do que escutou. Olhando nos olhos do homem, disse: 

- Eu não quero que você me dê de presente. Ele vale tanto quanto os outros cachorrinhos e eu pagarei o preço completo. Agora vou lhe dar meus R$ 50,00 e, a cada mês, darei R$ 10,00, até que o tenha pago por completo. 

O homem quis convencê-lo a não levar aquele cachorrinho defeituoso. Explicou que ele nunca seria capaz de correr, saltar e brincar como os outros cachorrinhos. Ao ouvir isso, o menininho se agachou e levantou a barra de sua calça, deixando à mostra sua perna esquerda, inutilizada, suportada por um grande aparato de metal. Olhou de novo para o vendedor e disse:
 
- Bom, eu também não posso correr muito bem. E o cachorrinho vai precisar de alguém que o entenda...
 
O homem ficou envergonhado e seus olhos se encheram de lágrimas. Ele sorriu e disse: 

- Filho, só rezo para que cada um destes cachorrinhos tenha um dono como você, que sabe focar nas qualidades, não nos defeitos." 

Na vida, devemos apreciar as pessoas pelo que elas são, do jeito que elas são, e não esperar que as pessoas sejam da maneira como gostaríamos que elas fossem.

Nesta semana lemos a Parashat Korach, que descreve um terrível erro cometido por um grupo de pessoas e que terminou de maneira trágica. Korach, primo de Moshé, liderou uma rebelião cujo intuito era derrubar Moshé e Aharon de seus cargos de liderança. Ele criou uma "Machloket" (disputa) que acabou envolvendo muitos seguidores e influenciou de forma negativa todo o povo judeu. Korach e os seus seguidores, além de morrerem, ficaram marcados para sempre na Torá como sendo "Baalei Machloket" (criadores de discussão e confusão).
 
Explica o Rav Yochanan Zweig que uma "Machloket", isto é, uma situação que envolve divergências e disputas, não necessariamente é algo negativo. Muitas vezes um assunto somente pode ser esclarecido através de intensas discussões entre dois lados que têm visões diferentes sobre o assunto. A maior parte da nossa Halachá (Lei judaica) é construída a partir de tremendas discussões que ocorreram entre os sábios do Talmud. São raras as páginas do Talmud que não contém discussões entre os nossos sábios. Porém, conforme ensina o Pirkei Avót (Ética dos Patriarcas), estas são consideradas "Machlokot Leshem Shamaim", isto é, discussões envolvendo pessoas que estão buscando a Emet (verdade) e que querem fazer o que é correto. As discussões não são motivadas pela honra ou para demonstrar quem está certo, são apenas disputas para alcançar a verdade.
 
Porém, este não é o caso de um "Baal Machloket", cujo ato de discutir é motivado pela honra e pelo egoísmo. O Talmud (Sanhedrin 110a) explica que todo aquele que se envolve neste tipo de Machloket está transgredindo a proibição da Torá de "Não seja como Korach e seu grupo" (Bamidbar 17:5). O Talmud também afirma que todo aquele que transgride esta proibição merece ser castigado com Tzaráat, a doença espiritual que se manifesta através de manchas na pele. Porém, sabemos que a Tzaráat era o castigo normalmente aplicado a quem falava Lashon Hará (palavras negativas em relação ao próximo, que podem causar danos físicos, espirituais ou psicológicos). Por que este mesmo castigo também era aplicado ao "Baal Machloket"?

Além disso, o Rabeinu Yona zt"l (Espanha, século 12) nos ensina que, apesar da gravidade da transgressão de Lashon Hará, é permitido falar de forma depreciativa em relação a uma pessoa que é um "Baal Machloket". Porém, se o Lashon Hará é tão grave, por que seria permitido? Qual ensinamento a Torá está nos transmitindo?
 
Para respondermos estas perguntas, precisamos entender a fonte do erro de um "Baal Machloket". Quando uma pessoa entra em uma discussão por motivos egoístas ou por honra, então a discussão vai muito além da discordância entre ideias ou pontos de vista. O "Baal Machloket" acha impossível coexistir com o indivíduo com quem ele discorda. A percepção é que "esta cidade é pequena demais para nós dois".
 
De acordo com o Rav Yehuda Loew zt"l (Polônia, 1525 - República Checa, 1609), mais conhecido como Maharal de Praga, o povo judeu é uma entidade única e, portanto, tem o potencial da coexistência harmônica. Todo o povo judeu tem uma realidade compartilhada, pois emanamos da mesma fonte: D'us. Quando enxergamos o povo judeu como uma única realidade, isto é uma indicação de que acreditamos na Unicidade de D'us. Mas, ao contrário, em um nível mais profundo, quando um "Baal Machloket" não consegue ter uma existência compartilhada com outra pessoa de forma harmônica, está demonstrando uma falha em sua Emuná, sua fé na Unicidade de D'us. Esta pessoa vê o povo judeu apenas como indivíduos separados, se recusando a ver os indivíduos como partes de um todo.
 
É exatamente esta visão "míope" que também atinge o "Baal Lashon Hará", aquele que não se importa em denegrir os outros e apontar seus defeitos. O "Baal Lashon Hará" foca sempre nas deficiências dos outros e se recusa a enxergar a realidade inteira da pessoa. Todos têm defeitos, mas quando conseguimos enxergar a pessoa como um todo, os defeitos ficam "diluídos" dentro de suas inúmeras qualidades. Entretanto, o "Baal Lashon Hará" se recusa a fazer isso, preferindo focar na pessoa como se ela fosse composta por diversas partes separadas, identificando e ressaltando apenas seus erros, ao invés de vê-la como uma entidade única.
 
É por isto que, medida por medida, a Torá nos permite falar Lashon Hará daquele que é um "Baal Machloket". Pelo fato dele enxergar as pessoas apenas como peças separadas, ao invés de enxergá-las como partes de um todo, então ele também é tratado da mesma maneira, com seus defeitos sendo identificados e ressaltados.
 
Quando vemos alguém com um pequeno defeito físico, apesar de a pessoa ser completamente normal no resto do corpo, a tendência é focarmos no defeito, ao invés de olharmos a pessoa como um todo. É por isto que a Tzaráat era a punição apropriada, tanto para o "Baal Machloket" quanto para o "Baal Lashon Hará", pois a Tzaráat era uma mancha, um defeito físico em um local visível do corpo da pessoa contaminada. Isto causava com que as pessoas focassem apenas na área defeituosa de quem tinha Tzaráat, ao invés de focar na pessoa completa. A punição era, portanto, um reflexo da transgressão que ela havia cometido. Da mesma forma que o "Baal Machloket" e o "Baal Lashon Hará" focaram apenas em uma parte da pessoa, ou focaram na pessoa apenas como uma peça isolada, ao invés de olhá-la como um todo, então eles eram tratados da mesma maneira.
 
Os nossos sábios ensinam uma maneira de fugirmos das terríveis transgressões de Machloket e Lashon Hará: "Julgue toda a pessoa para o bem" (Pirkei Avót 1:6). Se prestarmos atenção, perceberemos que não está escrito "julgue todas as pessoas para o bem", e sim "julgue toda a pessoa". Isto significa que, quando vamos julgar alguém, não podemos focar apenas nos seus defeitos, em suas pequenas "manchas". Devemos olhá-la como um todo, levando em consideração também as suas qualidades. Desta maneira, certamente os defeitos ficarão completamente "diluídos" e conseguiremos julgar a pessoa de uma maneira positiva e verdadeira.
 
A pessoa que se torna um "Baal Machloket" não encontra paz, nem neste mundo nem no Mundo Vindouro. Enquanto o Pirkei Avót traz como exemplo de discussão positiva a Machloket entre os sábios Shamai e Hilel, a discussão de Korach e seu grupo é trazida como exemplo de Machloket negativa e destruidora. Porém, não está escrito "A Machloket de Korach e Moshé", e sim "A Machloket de Korach e seu grupo". Korach e as pessoas de seu grupo representavam também partes conflitantes. Quando uma Machloket é criada por motivos egoístas, cada um tem seus próprios interesses. Embora eles tivessem unido forças contra Moshé, eles divergiam entre si em relação aos seus objetivos. Mesmo que tivessem vencido a disputa com Moshé, a briga não terminaria, pois certamente eles brigariam entre si.


A solução, portanto, é curarmos a nossa "miopia espiritual", tentando enxergar cada um como parte de um todo maior, e cada defeito como parte de uma pessoa completa, que também tem muitas qualidades. Somente assim, além de cumprirmos a Mitzvá de julgar a pessoa para o bem, certamente estaremos acertando o julgamento.

Shabat Shalom

R' Efraim Birbojm

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São Paulo: 17h08  Rio de Janeiro: 16h57  Belo Horizonte: 17h04  Jerusalém: 19h11
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Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Meir ben Eliezer Baruch Z"L e Shandla bat Hersh Mendel Z"L, que nos inspiraram a manter e a amar o judaísmo, não apenas como uma idéia bonita, mas como algo para ser vivido no dia-a-dia. Que possam ter um merecido descanso eterno.
 
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de minha querida e saudosa tia, Léa bat Meir Z"L. Que possa ter um merecido descanso eterno.
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