sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

SHABAT SHALOM M@IL - PARASHÁ KI TISSÁ 5774

BS”D


A CONTINUIDADE DO POVO JUDEU - PARASHÁ KI TISSÁ 5774 (14 de fevereiro de 2014)


“Moshe Chaim Ginsberg era um judeu ortodoxo que resolveu sair da sua pequena comunidade na Rússia para tentar a sorte nos Estados Unidos. Depois de 5 anos eles voltou para casa, já sem barba, sem Kipá e sem o Tsitsit. Seu pai olhou para ele, assustado, e perguntou:

- Filho, o que aconteceu? Onde está sua barba, sua kipá e seu Tsitsit? E que roupas são estas?

- Pai, nos Estados Unidos não é aceitável que um judeu seja diferente dos outros. A roupa que eu estou usando é um terno fino, pois agora eu sou um importante homem de negócios. Deixei minhas roupas tradicionais de lado, pois elas chamavam muito a atenção das pessoas.

- Mas filho, que nome é este no seu crachá? “John”? Não foi este o nome que eu e sua mãe te demos!

- Eu sei, pai, mas eu precisava de um nome mais americano para me dar bem nos EUA. Imagine que vergonha se as pessoas soubessem que eu me chamava “Moshe Chaim”...

- Espera, filho. Pelo menos você continua comendo comida Kasher?

- Pai, no local onde eu moro a comida Kasher não é facilmente acessível. E eu também não vou deixar de marcar almoços de negócio apenas por causa da comida Kasher...

- Filho, e o Shabat? Não vai me dizer que você não está guardando mais o Shabat...

- Não, pai, eu não estou mais guardando o Shabat – respondeu o filho – pois no Shabat eu tenho muito trabalho para fazer.

O pai, respirando fundo, juntou todas as suas forças e perguntou:

- Filho, ao menos você continua circuncidado???”

Daríamos risada da piada se infelizmente esta não fosse a realidade de muitos judeus ao redor do mundo. Estamos diante da difícil luta do povo judeu para se manter vivo e vencer os atuais movimentos de assimilação. A contribuição de cada um de nós pode fazer muita diferença.

********************************************

A Parashá desta semana, Ki Tissá, traz vários assuntos muito diferentes, e cada um deles levanta diversos questionamentos. A Parashá começa com a contagem do povo. Por ser proibido contar os judeus de forma direta, a contagem era feita através da doação de uma moeda de meio shekel por pessoa, e a contagem das moedas indicava quantos judeus havia no deserto. Mas a linguagem utilizada para a contagem, “Ki Tissá”, significa literalmente “quando você levantar”. Qual a relação entre a contagem do povo e o ato de levantar?

Depois disso a Parashá descreve a construção do “Kiór” (Lavatório), um utensílio feito de bronze que ficava no pátio do Mishkan (Templo Móvel), em cujo interior era armazenada água. Através de algumas torneiras que ficavam na parte inferior do Kiór, os Cohanim (sacerdotes) lavavam suas mãos e pés antes de iniciar os serviços do Mishkan. Mas por que a Torá deixou para descrever o Kiór apenas nesta Parashá, se todos os outros utensílios sagrados do Mishkan já haviam sido descritos nas Parashiót anteriores?

A Parashá também descreve os ingredientes para fabricar o óleo utilizado na unção dos Cohanim, do Mishkan e dos seus utensílios. Depois disso estão listadas as especiarias aromáticas utilizadas para fabricar o “Ketoret”, o incenso que era queimado duas vezes por dia no Altar de Ouro do Mishkan. Mas se a própria construção do Altar de Ouro foi descrita na Parashá da semana passada, por que a Torá esperou até esta Parashá para descrever os componentes do Ketoret?

Outro questionamento surge quando observamos as especiarias que compunham o Ketoret. Uma delas era chamada “Chelbená” (Gálbano). Segundo o Talmud (Kritut 6b), esta especiaria tinha um cheiro muito ruim. Deste ingrediente malcheiroso do Ketoret, o Talmud aprende que as comunidades estão obrigadas a incluir os pecadores em suas rezas. Qual o ensinamento que podemos aprender para nossas vidas desta afirmação do Talmud? E qual a ligação entre todos estes assuntos trazidos pela Parashá, que parecem tão desconexos?

Responde o Rav Yochanan Zweig que este censo, a primeira contagem do povo judeu desde a saída do Egito, indica que havíamos atingido o status de uma comunidade. Ser contados como uma comunidade significa que fomos elevados, de indivíduos que necessitam da infraestrutura e do apoio dos outros, a uma unidade autossuficiente com a habilidade de manter sua própria identidade e garantir sua sobrevivência e sua continuidade. É por isso a contagem começa com as palavras “quando você levantar”, pois representou uma elevação e mudança de status do povo.

Os utensílios utilizados no Mishkan eram feitos com os materiais doados pelo povo inteiro, inclusive os outros utensílios feitos de cobre. Mas o Kiór era uma exceção, pois foi inteiramente feito com os espelhos de cobre polido doados exclusivamente pelas mulheres. Porém, o que havia de tão especial para que simples espelhos, usados normalmente para as mulheres se embelezarem, fossem utilizados para fabricar um dos utensílios do Mishkan? A pergunta fica ainda mais forte pelo fato de Moshé não ter aceitado inicialmente esta doação, pois considerava que os espelhos eram objetos utilizados para criar desejo físico e, portanto, inapropriados para serem utilizados em utensílios sagrados. Os espelhos somente foram aceitos quando D’us revelou a Moshé que eles eram sagrados, pois representavam a luta pela sobrevivência do povo judeu. Qual a relação entre os espelhos e a continuidade do povo?

Quando os egípcios infligiam duros sofrimentos aos judeus, durante os terríveis anos de escravidão, os homens chegavam tão cansados em casa que não tinham mais forças nem mesmo para o relacionamento íntimo com suas esposas. Isto colocava em risco as futuras descendências dos judeus. Para garantir a continuidade do povo, as mulheres usavam os espelhos para ficarem mais bonitas e desejadas pelos seus maridos. Enquanto os outros utensílios foram doados por indivíduos, os espelhos foram doados com um senso de comunidade. O Kiór, portanto, representa a importância de preservar a continuidade do povo judeu, e simboliza os esforços requeridos para possibilitar a formação da vida comunitária judaica.

Ao incluir nas especiarias do Ketoret um ingrediente com cheiro ruim, a Torá está nos definindo os requerimentos para uma comunidade. Um grupo de judeus somente pode ser considerado uma comunidade se não há nenhuma parte do povo que está sendo excluída. Como uma comunidade, nós temos a responsabilidade de suprir as necessidades e garantir o bem estar de cada indivíduo. Um grupo somente se torna uma comunidade quando deixamos de ser egoístas, quando passamos a pensar no coletivo com a mesma importância que pensamos no particular.

Enquanto o Kiór representa os aspectos sociológicos de uma comunidade, como a continuidade e a autopreservação, o Ketoret reflete a maneira como os indivíduos de uma comunidade devem se relacionar entre si. É por isso que o Kiór e o Ketoret foram “guardados” para serem escritos na Parashá Ki Tissá, a Parashá na qual o povo judeu se transformou em uma comunidade.

O povo judeu continua, passados mais de três mil anos da construção do Mishkan, em sua luta pela sobrevivência. Passamos atualmente por um momento difícil, no qual nossos jovens cada vez mais se assimilam e abandonam nossas raízes. É obrigação de cada judeu, como parte da comunidade, se preocupar com cada um de seus irmãos em particular, e com a continuidade do povo judeu como um todo. É obrigação de cada um de nós garantir que todos os nossos irmãos possam ter uma vida digna. Somos o povo do Chessed (bondade), o povo da perseverança, o povo que já passou por terríveis perseguições e tentativas de extermínio, mas que sempre soube levantar a cabeça e seguir em frente.

Nossos antepassados fizeram a parte deles, lutaram para que o judaísmo chegasse até nós e venceram. Agora é a hora de cada um de nós fazer a sua parte, para assegurar que o povo judeu, uma verdadeira comunidade, nunca tenha fim.

SHABAT SHALOM

Rav Efraim Birbojm

**************************************************************************

HORÁRIO DE ACENDIMENTO DAS VELAS DE SHABAT:
São Paulo: 19h27  Rio de Janeiro: 19h13  Belo Horizonte: 19h12  Jerusalém: 16h49
**************************************************************************


Este E-mail é dedicado à Refua Shlema (pronta recuperação) de: Frade (Fanny) bat Chava, Chana bat Rachel, Pessach ben Sima, Rachel bat Luna, Avraham ben Chana, Bentzion ben Chana, Ester bat Rivka, Clarice Chaia bat Nasha Blima, Rena bat Salk, Duvid ben Rachel, Chaia Lib bat Michle, Michle bat Enque, Miriam Tzura bat Ite, Fanny bat Vich, Zeev Shalom ben Sara Dvorah, Pece bat Geni, Baruch ben Yaacov, Salomão ben Sara, Tamara bat Shoshana, Sara Myriam bat Dina, Yolanda bat Sophie, Chai Shlomo ben Sara, Eliezer ben Esther, Lea bat Sara, Debora Chaia bat Gueula, Felix ben Shoshana, Chana Meirel bat Feigue.
--------------------------------------------
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) do meu querido e saudoso avô, Ben Tzion (Benjamin) ben Shie Z"L, que lutou toda sua vida para manter acesa a luz do judaísmo, principalmente na comunidade judaica de Santos. Que possa ter um merecido descanso eterno.

Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Meir ben Eliezer Baruch Z"L e Shandla bat Hersh Mendel Z"L, que nos inspiraram a manter e a amar o judaísmo, não apenas como uma idéia bonita, mas como algo para ser vivido no dia-a-dia. Que possam ter um merecido descanso eterno.

Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de minha querida e saudosa tia, Léa bat Meir Z"L. Que possa ter um merecido descanso eterno.
-------------------------------------------
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de: Avraham ben Ytzchak, Joyce bat Ivonne, Feiga bat Guedalia, Chana bat Dov, Kalo (Korin) bat Sinyoru (Eugeni), Leica bat Rivka, Guershon Yossef ben Pinchas; Dovid ben Eliezer, Reizel bat Beile Zelde, Yossef ben Levi, Eliezer ben Mendel, Menachem Mendel ben Myriam, Ytzhak ben Avraham, Mordechai ben Schmuel, Feigue bat Ida, Sara bat Rachel, Perla bat Chana, Moshé (Maurício) ben Leon, Reizel bat Chaya Sarah Breindl; Hylel ben Shmuel; David ben Bentzion Dov, Yacov ben Dvora; Moussa HaCohen ben Gamilla, Naum ben Tube (Tereza); Naum ben Usher Zelig; Laia bat Morkdka Nuchym; Rachel bat Lulu; Yaacov ben Zequie; Moshe Chaim ben Linda; Mordechai ben Avraham; Chaim ben Rachel; Beila bat Yacov; Itzchak ben Abe; Eliezer ben Arieh; Yaacov ben Sara, Mazal bat Dvóra, Pinchas Ben Chaia, Messoda (Mercedes) bat Orovida, Avraham ben Simchá, Bela bat Moshe, Moshe Leib ben Isser, Miriam bat Tzvi, Moises ben Victoria, Adela bat Estrella, Avraham Alberto ben Adela, Judith bat Miriam, Sara bat Efraim, Shirley bat Adolpho, Hunne ben Chaim, Zacharia ben Ytzchak, Aharon bem Chaim, Taube bat Avraham, Yaacok Yehuda ben Schepsl, Dvoire bat Moshé, Shalom ben Messod, Yossef Chaim ben Avraham, Tzvi ben Baruch, Gitl bat Abraham, Akiva ben Mordechai, Refael Mordechai ben Leon (Yehudá), Moshe ben Arie, Chaike bat Itzhak, Viki bat Moshe, Dvora bat Moshé, Chaya Perl bat Ethel, Beila Masha bat Moshe Ela, Sheitl bas Iudl, Boruch Zindel ben Herchel Tzvi, Moshe Ela ben Avraham, Chaia Sara bat Avraham, Ester bat Baruch, Baruch ben Tzvi, Renée bat Pauline, Menia bat Toube, Avraham ben Yossef, Zelda bat Mechel, Pinchas Elyahu ben Yaakov, Shoshana bat Chaskiel David, Ricardo ben Diana, Chasse bat Eliyahu Nissim, Reizel bat Eliyahu Nissim, Yossef Shalom ben Chaia Musha, Amelia bat Yacov, Chana bat Cheina, Shaul ben Yoshua, Milton ben Sami, Maria bat Srul, Yehoshua Reuven ben Moshe Eliezer, Chaia Michele bat Eni, Arie Leib ben Itschak, Chaia Ruchel bat Tsine, Malka bat Sara, Penina bat Moshe, Schmuel ben Beniamin, Chaim ben Moshe Leib, Avraham ben Meir, Shimshon ben Baruch, Yafa bat Salha, Baruch ben Yaacov, Sarita bat Miriam.
--------------------------------------------
Para inscrever ou retirar nomes da lista, para indicar nomes de pessoas doentes ou Leilui Nishmat (elevação da alma), e para comentar, dar sugestões, fazer críticas ou perguntas sobre o E-mail de Shabat,favor mandar um E-mail para ravefraimbirbojm@gmail.com

(Observação: para Refua Shlema deve ser enviado o nome do doente e o nome da mãe. Para Leilui Nishmat, os Sefaradim devem enviar o nome do falecido e o nome da mãe, enquanto os Ashkenazim devem enviar o nome do falecido e o nome do pai).


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Por favor, deixe aqui a sua pergunta ou comentário sobre o texto da Parashá da semana. Retornarei o mais rápido possível.