sexta-feira, 29 de março de 2013

SHABAT SHALOM MAIL - PESSACH II 5773


BS"D



SAIA DA PRISÃO - PESSACH II 5773 (29 de março de 2013)

"Havia um bando de ladrões que aterrorizava os habitantes de um distante reinado. Mas após uma longa caçada, o rei finalmente conseguiu prender o bando e todos os ladrões foram jogados na prisão.

Alguns ladrões continuaram sonhando com a liberdade e, apesar da prisão ser considerada impossível de escapar, eles continuavam motivados e ficavam o tempo inteiro tramando planos de fuga e esperando a oportunidade certa. Mas os outros ladrões com o tempo se acomodaram, se acostumaram com a ideia de que estavam presos e que sua liberdade havia acabado para sempre.

Certo dia, os portões da prisão amanheceram abertos. Tudo o que faltava para a sonhada liberdade era apenas se levantar e sair da prisão. Aqueles que ansiavam pela liberdade assim fizeram, e facilmente escaparam. Mas os outros, apesar das portas abertas, permaneceram na prisão, e pelos mais variados motivos. Alguns não acreditaram que as portas da prisão estavam realmente abertas. Outros tiveram medo de sair por causa do desconhecido, não sabiam o que os esperaria do lado de fora. E um terceiro grupo permaneceu na prisão apenas pela força do hábito. Já estavam tão acostumados com a ideia de estarem confinados dentro daquela estreita cela que já não podiam mais se imaginar completamente livres"

Assim acontece conosco. Vivemos em uma prisão, mas que está trancada apenas em nossas mentes. Uma prisão que nos limita, que não nos deixa crescer, que não nos deixa perceber nosso verdadeiro potencial. Se quisermos a liberdade verdadeira, o primeiro passo é querer sair. Pois uma das piores desgraças para o ser humano é quando abrimos mão da nossa liberdade e aceitamos viver uma vida de prisioneiros, mesmo quando as portas para escapar estão completamente abertas...


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Este Shabat coincide com um dos dias intermediários da festa de Pessach, mais conhecida como "A época da nossa liberdade". E no domingo de noite (31/03) novamente é Yom Tov, o "Shvii (sétimo dia) de Pessach". Apesar de ser a conclusão da festa de Pessach e não ter um caráter independente, o "Shvii de Pessach" tem uma motivação especial para ser um dia sagrado: foi o dia em que D'us abriu o Mar Vermelho, com muitos milagres, para salvar os judeus e afogar os egípcios que os perseguiam, acabando de vez com a escravidão.

Porém, há algo que nos chama a atenção sobre o "Shvii de Pessach". Quando a Torá se refere ao primeiro dia de Pessach, que também é Yom Tov, diversas vezes a saída do Egito é ressaltada como sendo o motivo para a festa. Mas quando a Torá fala sobre o sétimo dia de Pessach, o incrível milagre da abertura do Mar não é mencionado. Além disso, quando o milagre da abertura do Mar é descrito na Parashá Beshalach, nenhuma menção é feita sobre a data na qual ocorreu este milagre. Sabemos que a abertura ocorreu no sétimo dia de Pessach apenas por transmissão oral dos nossos sábios. Portanto, se foi um evento tão grandioso, e se o "Shvii de Pessach" é um dia tão sagrado por causa deste milagre, por que não foi mencionado explicitamente na Torá?

Responde o livro "The Book of Our Heritage", do Rav Eliyahu Kitov, que as festas judaicas não foram definidas para nos alegrarmos com a queda dos nossos inimigos, e sim para comemorarmos a salvação do nosso povo. Da mesma forma que D'us não se alegra quando os malvados são destruídos, o povo judeu também não se alegra por este motivo. Por exemplo, quando mencionamos as 10 pragas durante o Seder de Pessach, tiramos gotas de vinho do nosso copo, demonstrando nosso pesar por todos os sofrimentos que os egípcios passaram, apesar de tudo o que eles haviam nos causado durante os mais de 100 anos de brutal escravidão. Por isso a Torá "esconde" a conexão entre a abertura do Mar Vermelho e o "Shvii de Pessach", para que ninguém pense que a festa é em comemoração pela morte dos egípcios.

Quando o povo judeu saiu do Egito, apesar de toda a demonstração de força de D'us, o Faraó pensou que eles se ausentariam por apenas 3 dias e logo voltariam. Por isso ele enviou junto alguns espiões, que trariam as informações de cada passo do povo judeu no deserto. Quando terminou o prazo dos 3 dias, os espiões voltaram ao Faraó e informaram que o povo judeu não tinha nenhum intenção de voltar. Então D'us quis testar mais uma vez a Emuná (fé) do seu povo. Após estes 3 dias "sob as asas de D'us", Moshé tocou o Shofar e ordenou ao povo judeu que começasse a caminhar de volta ao Egito, sem informar o motivo da volta. A intenção de D'us era confundir o Faraó, deixando-o na dúvida sobre os motivos pelo qual os judeus voltavam, criando a ilusão de que ele poderia novamente escravizar o povo judeu. Era apenas uma "isca" para atrair o Faraó e seu exército, para levá-los ao Mar Vermelho e afogá-los, da mesma maneira como eles haviam afogado os bebês judeus ao atirá-los no Rio Nilo. Mas por que D'us não revelou ao povo judeu que tudo era parte de um plano? Por que D'us testou o povo desta maneira, com um teste tão difícil?

Após D'us ter arrasado completamente os egípcios, o povo judeu saiu do Egito em pleno dia, de cabeça erguida, e não no meio da noite, como ladrões fugitivos. Mas mesmo assim os judeus ainda se sentiam escravos. Não era suficiente D'us ter destruído a terra do Egito, era necessário destruir o Egito que havia dentro de cada judeu. A palavra "Mitzraim", que significa "Egito", vem da mesma raiz de "Metzarim", que significa "limitações". Foi por isso que D'us novamente testou o povo judeu, fazendo-os marchar de volta ao Egito. Na saída do Egito, D'us havia aberto as portas da prisão, mas os judeus precisavam se levantar e querer sair. E apesar de todo o sofrimento de mais de 100 anos de escravidão, a grande maioria do povo confiou em D'us e marchou de volta, confiante. Apenas um pequeno grupo se desesperou, a ponto de rasgar suas próprias roupas, mas foram tranquilizados pelas palavras de Moshé, que revelou os planos de D'us e garantiu que eles estavam livres para sempre.

Toda a escravidão do Egito teve como único propósito despertar dentro do povo judeu a Emuná (fé), aperfeiçoando ainda mais o incrível nível de conexão com D'us que os nossos patriarcas Avraham, Yitzchak e Yaacov já haviam atingido. Por isso foi tão importante o povo judeu passar por este último teste, um grande teste de Emuná, que demonstrou que o povo estava disposto a escutar as palavras de D'us e confiar Nele mesmo quando parecia algo tão ilógico quanto voltar para o Egito, para o local onde eles haviam sido tão brutalmente escravizados. O teste tirou de dentro de cada judeu a força de querer ser livre de verdade, de acabar com o "Egito" que havia dentro de cada um deles.

Todos nós queremos ser grandes, em todas as áreas. Queremos ser grandes profissionais, grandes pais, grandes esposos. Mas por que tão poucos alcançam realmente a grandeza? Pois todos encontram na vida obstáculos para o seu crescimento. Cada um tem os seus próprios desafios a serem vencidos. Cada um vive em seu próprio "Egito" pessoal, e para podermos ser livres, antes de tudo precisamos acreditar que podemos vencer. Porém, quantas vezes nos rendemos e desistimos, muitas vezes sem lutar, aceitando passivamente nossa "prisão", quando surgem dificuldades e obstáculos no caminho? Os vencedores que atingem a grandeza são aqueles que não desistem diante de um fracasso, que não param apenas porque parece difícil demais. Como dizia Thomas Edison, o inventor da lâmpada, que o talento é composto por 1% de inspiração e 99% de transpiração.

Quando comemoramos uma festa no judaísmo, não estamos apenas relembrando algo histórico que aconteceu com nossos antepassados. Ensina o Rav Chaim Luzzato, em seu livro "Derech Hashem", que qualquer conquista que foi atingida, qualquer luz que foi irradiada em certo período da história, quando este mesmo momento volta no ciclo anual, o brilho daquela luz volta novamente a nos iluminar, e os frutos daquela conquista podem voltar a ser recebidos por todos aqueles que desejarem. É um momento no qual podemos crescer espiritualmente de uma maneira muito mais intensa.

Esta é a oportunidade especial de Pessach. Embora o esforço e a dedicação durante o ano nos ajuda a vencer os obstáculos que limitam nosso crescimento, especialmente durante Pessach o mesmo esforço resulta em conquistas muito maiores e mais duradouras. Em qualquer momento do ano, se quisermos atingir a liberdade verdadeira, isto é possível apenas através de trabalho duro e muita determinação. Mas durante Pessach as portas da prisão se abrem, e tudo o que precisamos é decidir levantar e sair.

SHABAT SHALOM e PESSACH KASHER VE SAMEACH

Rav Efraim Birbojm

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Um comentário:

  1. Olá! Meu nome é Akim e gostei muito do post, sou psicólogo e o tema da "prisão" é muito comum em psicoterapia.
    “Somos livres para escolher nossas prisões”. Este é o pensamento do Existencialismo que, a meu ver, é importante de ser lembrado hoje.
    Cada escolha é uma prisão no sentido de que tem seus limites, somos livres para escolher estes limites e vivê-los ciente do que são.
    Isso é importante para “combater” a noção de liberdade hoje em voga na qual livre é um sinônimo de indefinido, algo como a pessoa livre é aquela que “não está presa à nenhuma escolha” o que é, obviamente apenas mais uma prisão.
    www.akimneto.wordpress.com

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