quinta-feira, 27 de novembro de 2025

UM VÍNCULO ETERNO - SABAT SHALOM M@IL - PARASHAT VAIETSÊ 5786

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R' Moishe Eliezer ben David Mordechai zt"l 
Sr. Avraham Favel ben Arieh z"l 

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PARASHAT VAIETSÊ 5786



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ASSUNTOS DA PARASHAT VAIETSÊ
  • Saída de Yaacov de Beer Sheva.
  • A visão de Yaacov.
  • Yaacov encontra Rachel e chora.
  • 7 anos de trabalho por Rachel.
  • A enganação de Lavan.
  • Após 7 anos de trabalho, Yaacov se casa com Lea.
  • Yaacov se casa com Rachel e trabalha mais 7 anos por ela.
  • Lea tem 4 filhos: Reuven, Shimon, Levi, Yehuda.
  • Yaacov se casa com Bilá, escrava de Rachel.
  • Bilá tem 2 filhos: Dan e Naftoli.
  • Yaacov se casa com Zilpá, escrava de Lea.
  • Zilpá tem 2 filhos: Gad e Asher.
  • Lea tem mais dois filhos: Issachar e Zevulun.
  • Lea tem uma filha: Diná.
  • Rachel tem um filho: Yossef.
  • Yaacov trabalha mais 6 anos para Lavan.
  • Lavan tenta enganar Yaacov.
  • Yaacov decide voltar.
  • Lavan persegue Yaacov e o alcança.
  • O Tratado de Yaacov e Lavan.
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UM VÍNCULO ETERNO - PARASHAT VAIETSÊ 5786 (28/nov/25)

Zalman e Rivka Rothberg (nomes fictícios) estavam casados há mais de quinze anos. Eles tinham oito filhos e Rivka estava esperando o nono. Os dois tinham uma convivência harmônica, apesar de uma diferença que, com frequência, criava atritos: Zalman era meticuloso, cuidadoso com os detalhes, enquanto Rivka era tranquila e, às vezes, até "desligada". Muitas vezes Zalman se irritava pelas coisas não terem saído como ele havia planejado, mas Rivka sorria e dizia suavemente em hebraico "Zé Ló Chashuv", que significa literalmente "isso não é importante". Em outras palavras, Rivka estava dizendo que não era algo que valia a pena brigar. Na verdade, esta era sua expressão favorita, e ela a utilizava constantemente. Se, por exemplo, Zalman estivesse pronto na hora para um compromisso e ela estivesse atrasada, ao vê-lo irritado ela sorria e dizia calmamente: "Zé Ló Chashuv". E, de fato, sua atitude tranquila acalmou muitas tensões.
 
Ainda assim, havia momentos em que Zalman ficava nervoso. Um destes momentos foi durante as férias, em uma quinta-feira à tarde, quando Rivka e as crianças estavam em sua casa de campo em Catskills. Rivka ligou para Zalman, que estava na cidade, e pediu para que ele pegasse no banco um novo talão de cheques e trouxesse para ela no dia seguinte, quando fosse passar o Shabat com a família. Quando ela falou com ele na sexta de manhã, lembrou-o mais uma vez para não esquecer de trazer o talão de cheques. Seria muito corrido para ele sair do trabalho e enfrentar as filas no banco para pegar o talão de cheques na véspera do Shabat, antes de viajar, mas se sua esposa estava insistindo tanto, então devia ser urgente. Em uma enorme correria, Zalman foi até o banco, apressado, enfrentou as filas e colocou o novo talão em uma das sacolas que estava trazendo para a família. Assim que chegou na casa de campo, ele entregou a ela a sacola com o talão de cheques dentro.
 
Porém, no Shabat de manhã, Zalman percebeu que Rivka havia pendurado a sacola no armário do quarto com os cheques ainda dentro, intocados! Zalman ficou extremamente irritado. Rivka havia lhe telefonado duas vezes para lembrá-lo do talão de cheques, o havia atrapalhado no trabalho, e ela nem mesmo tirou os cheques da sacola! Ele não disse nada, pois não queria estragar o Shabat. Fora isso, sabia que ela diria "Zé Ló Chashuv". No domingo, ele retornou à cidade para mais uma semana de trabalho e, na sexta-feira seguinte, voltou para a casa de campo. Para sua surpresa, a sacola continuava pendurada no mesmo lugar e com o talão de cheques na mesma posição! Ele ficou muito incomodado e pensou consigo mesmo: "Obviamente não era tão urgente! Então por que ela me fez ir correndo ao banco na sexta-feira para pegar este novo talão?". Mais uma vez ele se controlou e não disse nada, mas por dentro estava sentindo raiva da esposa. No domingo à tarde ele voltou para a cidade e retomou sua rotina semanal. Dois dias depois ele recebeu o telefonema de uma amiga de sua esposa. Rivka havia sido levada às pressas para o hospital. Havia complicações graves na gravidez. Desesperado, Zalman partiu imediatamente para Catskills. Porém, infelizmente, quando chegou ao hospital, já era tarde. Rivka havia falecido.
 
Zalman ficou arrasado. Os amigos e familiares, chocados com o ocorrido, o acompanharam de volta até a casa de campo. Quando ele entrou no seu quarto, a primeira coisa que viu foi a sacola pendurada no armário com o talão de cheques ainda dentro. Com lágrimas rolando no seu rosto, ele retirou o talão da sacola e colocou no seu bolso. Naquela noite ele preencheu o primeiro cheque do talão. Era para o Chevra Kadisha. No dia seguinte ele preencheu o segundo cheque. Era para o enterro. Após a Shivá, Zalman pegou a sacola vazia e a pendurou em um local bem visível e escreveu por fora do saco três palavras: "Zé Ló Chashuv". Cada vez que olhava para a sacola, ele pensava: "Ela estava certa! Essas bobagens eram insignificantes. Valia a pena brigar por bobagens?".
 
Explica o Rav Paysach Khron que a lição que Zalman aprendeu após a morte de sua esposa, nós devemos aprender em vida, antes que seja tarde. A maioria das discussões, seja em casa, na sinagoga ou no trabalho, começam com coisas pequenas e insignificantes, que realmente não são merecedoras de entrarmos em uma discussão por causa delas. Um comentário mais áspero leva a outro, e logo algo pequeno toma grandes proporções, trazendo rancor e discórdia. Portanto, na próxima vez que sentirmos que uma discussão está por vir, devemos perguntar a nós mesmos: "Será que este não é um assunto sobre o qual eu poderia dizer 'Zé Ló Chashuv'"?

Nesta semana lemos a Parashat Veietsê (literalmente "E saiu"), na qual Yaacov precisou fugir de sua casa para escapar da fúria de seu irmão, Essav, que queria matá-lo por causa da Brachá de primogenitura. Yaacov aproveitou para ir à casa de seu tio Lavan em busca de uma esposa, já que sua mãe, Rivka, não queria de maneira alguma que ele se casasse com as mulheres de Knaan, idólatras e imorais.
 
Yaacov empreendeu uma longa viagem. Ele parou na entrada da cidade de Lavan, onde havia um poço. Foi lá que ele conheceu Rachel, sua prima, e percebeu que era a esposa que estava procurando. Porém, a reação de Yaacov chama a atenção: "ele ergueu a voz e chorou" (Bereshit 29:11). Rashi (França, 1040 - 1105) t
raz dois motivos para este choro. Em primeiro lugar, Yaacov havia chegado sem nenhum dote de casamento. Como faria para convencer seu futuro sogro a permitir o casamento? Além disso, Yaakov previu, através de uma visão profética, que Rachel não seria enterrada com ele.
 
É compreensível que Yaacov tenha chorado por causa do primeiro motivo mencionado, a falta de um dote para se casar. Porém, como entender que o segundo motivo citado, que Yaacov previu que não seria enterrado ao lado de Rachel, o levou às lágrimas? Qual é a importância de que o marido e a esposa sejam enterrados juntos?
 
Há outra pergunta relacionada com o casamento judaico. O Talmud (Kidushin 2a) deriva algumas leis de casamento a partir do ato de aquisição do campo de Efron por Avraham Avinu, no momento em que ele procurava um lugar para enterrar sua esposa Sara. Mas por que leis de casamento são derivadas da aquisição de um terreno de sepultura? Qual é a conexão entre os dois assuntos?
 
Finalmente, nossos sábios fazem uma pergunta muito interessante. A Torá Oral é dividida em seis "ordens": Seder Zeraim (Sementes), Seder Moed (Festividades), Seder Nashim (Mulheres), Seder Nezikin (Danos), Seder Kodashim (Coisas Sagradas) e Seder Taharot (Purezas). Tudo isso foi organizado pelo Rabi Yehudá HaNassi, envolvendo uma enorme sabedoria, inclusive na posição de cada Tratado contido em cada um dos seis Sedarim. Porém, há algo que chama a atenção no Seder Nashim, que trata das leis de casamento, divórcio, promessas e assuntos familiares, pois ele começa com o Tratado de Yevamot, que trata principalmente das leis de "Yibum", e só bem depois vem o Tratado de Kidushin, que trata principalmente das leis de casamento. Yibum, uma Mitzvá da Torá, é cumprida caso um homem faleça sem deixar descendentes. Neste caso, seu irmão tem a possibilidade de se casar com a viúva, ou deve realizar um ritual de "desligamento espiritual" chamado "Chalitzá" caso não deseje este casamento. Porém, se uma mulher passa por uma situação de Yibum, isso pressupõe que houve um casamento anterior. Então o Tratado de Kidushin deveria vir antes do Tratado de Yevamot! Por que o Rabi Yehudá HaNassi inverteu a ordem? O que ele estava nos transmitindo?
 
Explica o Rav Yochanan Zweig shlita que antes de tudo precisamos nos aprofundar um pouco mais nesta interessante Mitzvá de Yibum. A primeira vez que este conceito aparece na Torá é no versículo: "Então Yehudá disse a Onan: 'Vá à esposa de seu irmão, cumpra o rito do Yibum e gere uma descendência para o seu irmão'" (Bereshit 38:8). O Ramban zt"l (Espanha, 1194 - Israel, 1270) diz que esta Mitzvá esconde grandes segredos espirituais e explica que, através da Mitzvá de Yibum, o irmão falecido continua o vínculo com sua esposa postumamente, através de seu irmão vivo. É a partir da Mitzvá de Yibum, portanto, que fica claro que a noção judaica de casamento é a de um vínculo eterno, que não é interrompido nem mesmo pela morte.
 
É por isso que, no Seder Nashim, o Rabi Yehudá HaNassi registrou as leis de Yibum antes das leis de Kidushin, pois o Yibum define o conceito judaico de casamento como sendo algo eterno. Somente depois que a definição de casamento foi estabelecida é que o Rabi Yehudá HaNassi registrou as leis específicas de casamento.
 
Avraham Avinu estava procurando um terreno para sepultura que garantisse que ele seria enterrado ao lado de Sara. Rashi explica que o nome "Mearat (caverna) HaMachpelá" vem da palavra "Kaful", que significa "duplo". Esta caverna destinava-se ao enterro de casais, marido e esposa. Enterrar o marido ao lado de sua esposa reflete a eternidade de sua união. Portanto, a compra da Mearat HaMachpelá por Avraham é uma fonte apropriada para aprender algumas leis do casamento judaico, que é eterno e transcende a morte.
 
Desta maneira podemos entender, portanto, a reação de Yaacov. Quando ele viu de forma profética que não seria enterrado junto com Rachel, a mulher com quem se casaria, ele chorou, pois para ele significava uma falha na eternidade do seu relacionamento com ela. E esta reação de Yaacov é um grande "tapa na cara" da nossa geração. Nossos pais, avós e bisavós tinham a noção de que casamento é para sempre. A frase dita em muitos casamentos, "até que a morte os separe", nunca foi um conceito judaico. O casamento sempre foi visto como uma conexão eterna. Porém, em nossa geração, tudo é descartável, inclusive os relacionamentos, e isso também se reflete nos nossos casamentos. Pequenos atritos se transformam em barreiras intransponíveis. Ao invés de aprender a lidar com as diferenças, as pessoas preferem "partir para a próxima". O egoísmo e a honra nos impedem de vivermos de forma harmônica. É verdade que o casamento tem seus desafios, mas é algo sagrado, e superar os desafios é o que nos transforma em pessoas melhores e nos conecta a D'us. Copos e pratos podem ser descartáveis, mas o casamento é eterno. Assim devemos enxergá-lo, e assim devemos vivê-lo.

SHABAT SHALOM 

R' Efraim Birbojm

 

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sexta-feira, 21 de novembro de 2025

ESTAR CANSADO NÃO É UMA OPÇÃO - SHABAT SHALOM M@IL - PARASHAT TOLDOT 5786

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ASSUNTOS DA PARASHAT TOLDOT
  • Ytzchak e Rivka fazem Tefilá.
  • Rivka engravida.
  • Bebê se mexe.
  • Profecia.
  • Nascimento de Yaacov e Essav.
  • Venda da primogenitura.
  • Fome na terra.
  • Ytzchak e os Plishtim.
  • Disputa pelos poços.
  • O Casamento de Essav.
  • Ytzchak fica cego.
  • Ytzchak dá a Brachá de primogenitura para Yaacov.
  • Ytzchak dá Brachá para Essav.
  • Yaacov vai para a casa de seu tio Lavan procurar uma esposa.
  • Essav se casa com a filha de Ishmael.
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ESTAR CANSADO NÃO É UMA OPÇÃO - PARASHAT TOLDOT 5786 (21/nov/2025)

Um rei bondoso havia ordenado a construção de um palácio magnífico, feito com enormes blocos de pedra. Dois homens foram contratados para trabalhar na obra. O trabalho era árduo, pois consistia em carregar pedras pesadas e empurrar carrinhos ladeira acima, repetindo o mesmo esforço dezenas de vezes ao dia.
 
À distância, os dois trabalhadores pareciam estar se esforçando igualmente. Porém, de perto, a diferença entre eles era enorme. O primeiro carregador caminhava arrastando os pés. Seu rosto estava sempre tenso, suas sobrancelhas franzidas. Em poucos minutos de trabalho, ele já resmungava: "Por que tudo isso? Para que serve? Minha vida é só carregar pedras, nada muda!". A cada viagem, ele se sentia mais pesado. E mesmo antes do meio-dia, já estava completamente exausto. Não apenas cansado, mas derrotado. Ele vivia cansado, não apenas o corpo, mas a alma estava sem forças.
 
O segundo carregador, por outro lado, estava sempre feliz. Trabalhava no mesmo ritmo que o outro trabalhador, sob o mesmo sol, com as mesmas pedras, mas havia algo diferente no olhar dele, uma luz tranquila, uma espécie de alegria silenciosa. Ele assobiava enquanto empurrava o carrinho e carregava as pedras. Às vezes até cantava. Parecia que o cansaço não o alcançava.
 
Certo dia, alguém que observava a obra não resistiu e perguntou ao primeiro carregador por que ele parecia estar sempre tão esgotado. Ele respondeu, irritado:
 
- Você não vê? Carrego pedras o dia todo! Pedras inúteis! Pedras sem sentido! Odeio meu trabalho!
 
A mesma pessoa então procurou o segundo carregador e perguntou como ele conseguia fazer o mesmo esforço que o outro e não parecer tão cansado. O homem limpou o suor da testa e respondeu com um sorriso simples, mas profundo:
 
- Eu não estou carregando pedras. Eu estou ajudando a construir o palácio do rei."
 
Quando você sabe qual é o propósito do seu esforço, cada pedra se torna leve. O peso só machuca quando não faz sentido. E assim acontece conosco também. Dois caminhos podem ter o mesmo esforço, as mesmas dificuldades, o mesmo peso, mas quem vê um propósito maior encontra forças que outros não encontram. O cansaço físico existe para todos, mas o cansaço da alma nasce quando a vida está vazia de sentido.

Nesta semana lemos a Parashat Toldot (literalmente "Gerações"), que continua contando um pouco da vida do nosso segundo casal de patriarcas, Ytzchak e Rivka, e em especial o momento em que Rivka engravidou de gêmeos, após passar muitos anos sem conseguir ter filhos. A Parashat então descreve o nascimento e os "primeiros passos" do nosso terceiro patriarca, Yaacov, e a difícil convivência com seu irmão gêmeo, Essav. Eles escolheram caminhos opostos na vida. Enquanto Yaacov escolheu os caminhos de retidão, seguindo os passos de seu pai e seu avô, Essav escolheu o caminho das transgressões, tornando-se uma vergonha para a família.
 
Porém, nem sempre foi assim. Nossos sábios explicam que até os treze anos de idade os dois irmãos tinham comportamentos muito parecidos, não era possível perceber que eles seguiriam caminhos tão diferentes. E o auge da diferença entre os irmãos foi atingido aos quinze anos de idade, quando Essav chegou a um nível tão grande de maldade que D'us quis poupar Avraham de ver no que seu neto havia se transformado, levando-o embora do mundo cinco anos antes do que ele estava destinado a viver.
 
No próprio dia do falecimento de Avraham, a Torá descreve algo interessante sobre Essav: "E Essav voltou do campo e estava cansado (Ayef)" (Bereshit 25:29). Esta é a primeira vez na Torá que encontramos a utilização da palavra "Ayef", indicando que alguém estava cansado. Mas por que a Torá não utilizou esta expressão anteriormente? Por exemplo, em relação a Avraham, não houve nenhum momento em que ele se sentiu cansado? Se examinarmos a vida dele, certamente encontraremos muitos motivos para ele estar exausto e, mesmo assim, a Torá nunca afirma que ele estava "Ayef".
 
Quando Avraham já não era mais tão jovem, ele teve que deixar sua casa e sua família, abrir mão de tudo e viajar para Eretz Knaan. Lá, foi confrontado com uma época de fome e precisou descer para o Egito, onde sua esposa Sara foi sequestrada. Após retornar a Eretz Knaan, ele se envolveu no que foi literalmente a "Primeira Guerra Mundial" para salvar seu sobrinho Lót, que havia sido sequestrado. Na sequência, Sara foi novamente sequestrada na terra dos Plishtim, certamente mais um momento de muito estresse. Finalmente, Avraham teve filhos já em idade avançada, mas precisou expulsar seu filho Ishmael de casa e enfrentou o trauma de quase ter sacrificado seu filho Ytzchak. Em resumo, Avraham teve uma vida dura, longa e extremamente cansativa. Apesar disso, a Torá nunca descreve Avraham como "cansado". Já Essav, que não passou por tantos testes quanto Avraham, é a primeira pessoa sobre quem encontramos a palavra "Ayef" escrita. O que isso nos ensina?
 
O Rav Yssocher Frand shlita explica que "Ayef" não se trata apenas de um cansaço que podemos resolver com uma boa noite de sono. Ayef se trata de estar cansado das dificuldades da vida. Avraham, apesar dos testes e dificuldades, nunca quis se aposentar e nem desistir. O fato de "Ayef" aparecer pela primeira vez em relação a Essav nos ensina que estar cansado da vida não é um conceito judaico.
 
Mas por que Avraham nunca desistiu? Por que ele nunca ficou "Ayef"? Se a vida de uma pessoa está envolvida com espiritualidade, com Torá e Mitzvót, então há uma Brachá especial: "Mas os que depositam suas esperanças em D'us renovarão suas forças; subirão com asas como águias; correrão e não se cansarão; caminharão e não se fatigarão" (Yeshayahu 40:31). Isso significa que aqueles que fazem Avodat Hashem não ficam cansados. A Avodat Hashem, na verdade, revigora. Às vezes podemos ter frustrações na vida, e a pessoa pode pensar que está ficando sem forças, mas a Brachá é que, de fato, isso não acontecerá. Ela conseguirá, através da sua conexão com a espiritualidade, renovar suas energias. Foi isso o que aconteceu com Avraham.
 
Porém, o mesmo não se aplica quando se trata de alguém como Essav, cujo foco principal da vida era estar no campo, "caçando". Essav abandonou completamente a sua espiritualidade. Nossos sábios dizem que, no mesmo dia em que Essav voltou reclamando que estava cansado, ele havia acabado de cometer cinco crimes hediondos, incluindo as três piores transgressões: idolatria, assassinato e relações ilícitas. Portanto, não é surpresa que ele tenha voltado dizendo que estava cansado. Se a vida de uma pessoa está vazia de espiritualidade, se ela não tem propósito, é muito fácil se desgastar. Quando alguém fica o dia inteiro jogando cartas, rapidamente se cansa de jogar cartas. Mas aqueles que confiam em D'us não se cansarão nem se fatigarão.
 
Os nossos sábios são um grande exemplo de como isto é verdade na prática, não apenas na teoria. Por exemplo, o Rav Moshe Feinstein zt"l (Império Russo, 1895 - EUA, 1986) viveu até os noventa anos. Quando sua saúde enfraqueceu e ele foi levado ao hospital pouco antes de falecer, literalmente em seu leito de morte, ele comentou: "Não tenho mais forças". Logo depois ele faleceu. Naquele momento, seu propósito espiritual e sua missão haviam se cumprido. Quando a missão de vida de alguém está completa, não restam mais forças. Mas até aquele momento, embora tivesse 90 anos e estivesse doente, ele cumpriu as palavras "os que depositam suas esperanças em D'us renovam suas forças". Já o Rav Yossef Shalom Elyashiv zt"l (Lituânia, 1910 - Israel, 2012), que viveu até os 102 anos, era tão dedicado ao estudo que passava mais de 18 horas por dia aprendendo Torá, mesmo em idade avançada. Um visitante certa vez perguntou como ele conseguia estudar tantas horas sem parecer exausto, especialmente aos 100 anos. O Rav Elyashiv respondeu simplesmente: "Quando se ama algo, não se cansa". Seus filhos relatam que, já muito idoso, ele ainda acordava antes do amanhecer para estudar, e quase nunca tirava férias ou fazia pausas longas. Finalmente, o Rav Elazar Menachem Man Shach zt"l (Lituânia, 1899 - Israel, 2001) foi o Rosh Yeshivá de Ponivezh até mais de 100 anos de idade. Quando tinha quase 100 anos, alguns alunos sugeriram que talvez fosse hora de diminuir o ritmo e se aposentar. Ele respondeu: "A Torá não se aposenta. A minha vida é a Torá. Se eu parar, quem cuidará dela?". Mesmo com uma idade avançada, ele discursava durante horas na Yeshivá, com voz firme e clareza, e participava de reuniões decisivas para dirigir o mundo da Torá.
 
Muitas vezes, nossos grandes sábios, apesar da idade avançada, têm forças para permanecer de pé e falar por horas. Mesmo já bem idosos, encontram forças para cuidar das necessidades da comunidade. De onde vem essa resistência? A resposta é que estar cansado não é um conceito judaico. Essav pode ficar cansado e parar, mas não Avraham.
 
Obviamente que às vezes nos sentimos cansados com as dificuldades da vida. Sofremos constantemente com as aparentes injustiças, com a violência das grandes cidades, com as preocupações com os nossos filhos e com a volta cada vez mais forte do antissemitismo. Mas a história mostra que um judeu não desiste diante das dificuldades. Ele reforça a sua Emuná e continua nas suas lutas, com forças renovadas. Os judeus sobreviveram às perseguições, expulsões e massacres. Sobreviveram à inquisição, aos pogroms e ao Holocausto. Às vezes perderam batalhas dolorosas, mas nunca perderam a guerra. Pois nós herdamos a força dos nossos patriarcas, que nos ensinaram que quando estamos cansados nós descansamos, mas nunca desistimos.

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R' Efraim Birbojm

 

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