sexta-feira, 24 de junho de 2022

SUPERVISÃO PARTICULAR DIVINA - SHABAT SHALOM M@IL - PARASHÁ SHELACH 5782

Para dedicar uma edição do Shabat Shalom M@il, em comemoração de uma data festiva, no aniversário de falecimento de um parente, pela cura de um doente ou apenas por Chessed, entrar em contato através do e-mail 
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PARASHÁ SHELACH



         São Paulo: 17h10                  Rio de Janeiro: 16h58 

Belo Horizonte: 17h06                  Jerusalém: 19h13
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MENSAGEM DA PARASHÁ SHELACH

ASSUNTOS DA PARASHÁ SHELACH
  • Explorando a Terra de Israel.
  • Moshé reza por Yehoshua, seu Talmid.
  • Calev vai para Hevron.
  • 10 espiões voltam falando mal da Terra de Israel.
  • Histeria e choro do povo.
  • Ameaça de Destruição.
  • O Decreto dos 40 Anos no deserto.
  • Parte do povo tenta entrar "à força"
  • Oblações para Sacrifícios.
  • A Oferenda da Massa (Chalá).
  • Oferendas de Pecado Comunal por Idolatria (não intencional).
  • Oferendas de Pecado Individual por Idolatria (não intencional).
  • Idolatria intencional.
  • Mekoshesh: O homem juntando lenha no Shabat.
  • A Penalidade por violação do Shabat.
  • Shemá Israel.
  • Tzitzit.
BS"D

SUPERVISÃO PARTICULAR DIVINA - PARASHÁ SHELACH 5782 (24/JUN/22)

"Há alguns anos, um rabino estava viajando para Nova York. Ao lado dele estava sentado um senhor que, logo após o avião decolar, virou-se para ele e disse "Shalom", revelando também ser judeu. Eles começaram a conversar e descobriram que ambos estavam a caminho de Israel. O rabino, que estava viajando para passar Rosh Hashaná e Yom Kipur em Israel, começou a falar sobre religião, mas o senhor sentado ao lado dele disse: "Não me fale de D'us. Não posso perdoá-Lo pelo que Ele me fez".

Este senhor, que tinha 70 anos de idade, havia passado pelo Holocausto. Ele tinha um filho, mas tinha sido separado dele durante a guerra e presumia que ele havia morrido. O senhor disse ao rabino que nunca perdoaria D'us por lhe ter tirado seu filho. O rabino perguntou: "Então por que você vai a Israel?". O senhor respondeu: "Não quero saber de D'us, mas o povo Dele é ótimo. Não existe lugar como Israel". O rabino tentou convencer o senhor a ir à sinagoga em Israel durante as Grandes Festas. Disse que a sinagoga que ele frequentava era bem pequena, mas que possuía um ótimo Chazan. Mesmo assim, o senhor se recusava a entrar em uma sinagoga.

Dias mais tarde, o rabino estava em Israel. No dia de Yom Kipur, após a leitura da Torá, ele saiu da sinagoga, durante o curto intervalo em que estava sendo recitado o Yizkor, a lembrança dos falecidos. Ele foi até uma pracinha e notou que havia alguém fumando. Era aquele senhor, seu amigo da viagem. Eles cumprimentaram-se com muita alegria. O rabino então convidou-o a entrar na sinagoga, mas sem sucesso. O rabino disse: "Pelo menos entre para recitar o Yizkor pelo seu filho. Você brigou com D'us, mas por que seu filho deve sofrer por isso? Todos os falecidos são lembrados no Yizkor, e seu filho merece ser lembrado também!". O homem respondeu que por seu filho faria qualquer coisa, inclusive ir à sinagoga para o Yizkor.

Como era uma sinagoga pequena, havia o costume de que quem quisesse poderia ir ao Chazan dar o nome do falecido, e o próprio Chazan recitava o nome da pessoa cuja memória seria lembrada. Ao entrar na sinagoga, aquele senhor se aproximou do Chazan e disse o nome do filho. Quando o Chazan ouviu, ele olhou para aquele senhor, ficou pálido e gritou em ídiche: "Tate!" (pai).

Durante muitos anos, aquele senhor pensou que seu filho havia morrido no Holocausto. Na realidade, seu filho havia sobrevivido. Ele havia imigrado para Israel e se tornado um judeu religioso. Ele manteve as tradições que havia aprendido com o pai, aquela mesma pessoa que, desde a guerra, não queria mais se relacionar com D'us. Se o pai não tivesse entrado na sinagoga em Yom Kipur, se não tivesse dado essa "brecha" para D'us, passaria o resto da vida acreditando que seu filho havia morrido. No momento em que ele deu uma chance e entrou na sinagoga, mesmo que fosse apenas para recitar Yizkor pelo seu filho, ele se reencontrou com D'us."

Essa história, verídica, nos ensina a incrível Supervisão Particular de D'us em todos os acontecimentos de nossas vidas. Prestando atenção em todos os detalhes, percebemos que, na realidade, é Ele que faz tudo acontecer, em cada pequeno detalhe.

Nesta semana lemos a Parashá Shelach (literalmente "envie"), que começa falando sobre a desastrosa missão de espionagem da Terra de Israel, que terminou com o decreto que todo o povo judeu vagaria pelo deserto por 40 anos, após terem chorado por não confiar em D'us. Os espiões enviados, ao invés de trazerem as informações positivas de Israel, uma terra extremamente boa e fértil, preferiram enxergar tudo com olhos negativos.

Outro importante assunto aparece no final da nossa Parashá, no trecho que compõe o terceiro parágrafo do Shemá Israel. Neste trecho há um versículo extremamente importante para o nosso Serviço espiritual: "E se lembrarão de todas as Mitzvót de D'us, e as cumprirão, e não seguirão atrás dos seus corações e atrás dos seus olhos, que vocês se desviam atrás deles" (Bamidbar 15:39).

Se prestarmos atenção, notaremos que a linguagem "seguirão" é "Taturu", exatamente a mesma linguagem utilizada na missão dos espiões, "Latur". Qual é a conexão entre os espiões da Terra de Israel e o versículo que fala das Mitzvót e o cuidado para não tropeçar nas transgressões? Rashi explica que os olhos e o coração são os "espiões" do corpo e os "agentes" das transgressões. O olho vê, o coração deseja e o corpo faz a transgressão.

De acordo com o Rav Yechezkel Levenstein zt"l (Polônia, 1895 - Israel, 1974), a Torá está nos dando uma receita. Lembrar das Mitzvót é a maneira de evitarmos que os olhos e o coração nos arrastem para as transgressões. Portanto, este é o principal Serviço espiritual do ser humano. Mas o que significam estas palavras?

O entendimento começa com a explicação do Talmud (Brachót 12b) de que a expressão "seguir o coração" se refere à heresia, isto é, a negação de D'us. Poderíamos pensar que este conceito não se aplica a nós, pois nos consideramos pessoas que acreditam em D'us. Porém, há uma forma de heresia que sim se aplica a cada um de nós, e que devemos tomar cuidado: a forma equivocada de ver a vida, o erro de pensar que o ser humano pode fazer tudo o que lhe der vontade no coração, sem que haja ninguém que o obrigue a fazer nenhum ato e ninguém que o controle. Em hebraico, a linguagem para negação de D'us é "Hapikorsut", que vem da mesma raiz de "Hefker", que significa "algo sem dono" ou "algo sem controle".

Este tipo de pensamento de negação de D'us sobe no coração da pessoa como consequência dela seguir os seus olhos, pois quando julgamos as situações apenas de acordo com o que os nossos olhos conseguem enxergar, certamente erramos. Vemos o mundo material como se fossemos livres para fazer o que tivermos vontade. Mas a verdade é que a pessoa não tem absolutamente nenhum controle sobre seus atos.

Isto explica porque o principal Serviço espiritual da pessoa é lembrar de todas as Mitzvót de D'us. As Mitzvót foram entregues para afastar o ser humano dos pensamentos de negar D'us. Como? A palavra "Mitzvá" significa literalmente "obrigação, comando". As Mitzvót nos ensinam que a pessoa não é livre para fazer o que quiser, pois se existem comandos a serem cumpridos, existe Alguém que comandou. E quando lembramos que há Alguém que comandou, nos despertamos para questionar: de onde Ele tem força para nos comandar? A conclusão inevitável que devemos chegar é que Ele é Todo Poderoso e tem controle total sobre tudo, e que todos os atos dos seres humanos estão sujeitos à Sua supervisão e orientação, não existe nenhuma força que pode ir contra a vontade de D'us.

O Ramban (Nachmânides) (Espanha, 1194 - Israel, 1270), no final da Parashá Bô, ensina: "A pessoa não tem parte na Torá de Moshé até que acredite que todas as suas coisas e acontecimentos são milagres, e que não existe natureza. A intenção de todas as Mitzvót é nos fazer confiar em D'us". A explicação mais simples destas palavras do Ramban é que aquele que não acredita na Supervisão Divina, também não acredita na Torá, pois um dos grandes fundamentos da Torá está sintetizado no seguinte versículo: "Quem é grande em conselho e poderoso em executá-lo? Pois Teus olhos estão abertos para todos os caminhos da humanidade, para dar a cada um de acordo com seus caminhos e de acordo com o fruto dos seus atos" (Bamidbar 32:19). De acordo com este versículo, todas as Mitzvót da Torá são para nos dar uma recompensa. Todo aquele que não acredita na Supervisão Divina, é como se estivesse dizendo que não é possível pagar para a pessoa de acordo com seus atos, já que eles não são completamente conhecidos. Portanto, todo aquele que não acredita na Supervisão Divina não tem parte na Torá de Moshé.

Porém, de acordo com o conceito que explicamos anteriormente, podemos dar um novo significado às palavras do Ramban. O propósito de toda a Torá e de todas as Mitzvót é única e exclusivamente nos permitir reconhecer a Supervisão Divina. Todos os testes pelos quais passamos na vida são apenas para checar se reconhecemos este fundamento, de que tudo está sob o controle total de D'us e que, em última instância, não há qualquer participação do ser humano no que ocorre. É por isso que a Torá nos ordenou Mitzvót para todos os nossos passos, para que o ser humano saiba e reconheça que em cada passo que ele dá, ele está sujeito ao direcionamento Divino. Portanto, caso a pessoa não reflita e não chegue neste reconhecimento, automaticamente se encaminhará para a negação de D'us. Este é, portanto, o fundamento da nossa Emuná: acreditar que tudo está entregue nas mãos de D'us e nada está entregue nas mãos do ser humano.

Este também é o objetivo verdadeiro da nossa Tefilá: acreditar e reconhecer que tudo é de D'us, e é por isso que nós rezamos e pedimos que Ele nos mande o que necessitamos. Quando nos voltamos para D'us em nossa Tefilá, demonstramos nossa consciência de que nossa força não pode criar absolutamente nada e que dependemos totalmente Dele. A recompensa deste reconhecimento é que D'us atende os nossos pedidos.

O Rav Simcha Zissel Ziv Broida zt"l (Lituânia, 1824 - 1898), o Saba MiKelem, faz uma pergunta interessante. Está escrito no versículo "E se lembrarão de todas as Mitzvót". Mas como alguém pode lembrar todas as Mitzvót em apenas um instante? O Saba MiKelem responde que a intenção do versículo é que possamos lembrar, a todo instante, a desgraça que nos causa o orgulho, a raiz de todos os nossos traços de caráter negativos. A pessoa orgulhosa pensa que tudo depende dela, demonstrando que não acredita na Supervisão Particular de D'us. Quando a pessoa se recorda do mal que faz o orgulho, adota uma postura humilde e reforça em seu coração a Emuná. Desta maneira ela poderá enfim juntar méritos para o Mundo Vindouro.

SHABAT SHALOM
 

R' Efraim Birbojm

Este E-mail é dedicado à Refua Shlema (pronta recuperação) de: Chana bat Rachel, Pessach ben Sima.
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Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Ben Tzion (Benjamin) ben Shie Z"L e Frade (Fany) bat Efraim Z"L, que lutaram toda a vida para manter acesa a luz do judaísmo, principalmente na comunidade judaica de Santos. Que possam ter um merecido descanso eterno.
 
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Meir ben Eliezer Baruch Z"L e Shandla bat Hersh Mendel Z"L, que nos inspiraram a manter e a amar o judaísmo, não apenas como uma idéia bonita, mas como algo para ser vivido no dia-a-dia. Que possam ter um merecido descanso eterno.
 
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de minha querida e saudosa tia, Léa bat Meir Z"L. Que possa ter um merecido descanso eterno.
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