quinta-feira, 23 de julho de 2009

SHABAT SHALOM MAIL - PARASHÁ DEVARIM 5769

BS"D

LADRÃO, EU? - PARASHÁ DEVARIM 5769 (24 de julho de 2009)

"O Rav Isroel Salanter certa vez foi visitar o Sr. Fitzgerald (nome fictício), um homem muito rico que ajudava muito as Yeshivót. O Sr. Fitzgerald tinha em cima de sua escrivaninha uma grande quantidade de dinheiro e estava no meio das contas quando o Rav Salanter entrou. Imediatamente ele parou de contar o dinheiro e se levantou em respeito ao grande rabino. Começaram a falar e, quando estavam no meio da conversa, um funcionário do Sr. Fitzgerald entrou na sala apressado, disse algumas palavras no ouvido dele e saiu apressado. O Sr. Fitzgerald se desculpou, dizendo que precisava se ausentar por alguns minutos, mas que o Rav Salanter podia esperá-lo sentado na sala.

Alguns minutos se passaram e o Sr. Fitzgerald voltou para a sala. Para sua surpresa, o Rav Salanter não estava mais lá. Procurou-o por toda a casa e não o encontrou. Finalmente um dos seus funcionários veio avisá-lo de que o Rav Salanter estava esperando-o do lado de fora. Quando o homem perguntou por que o Rav Salanter havia saído, ele respondeu:

- Você saiu da sala e deixou diante de mim uma grande quantidade de dinheiro não contado. Eu vim justamente aqui pedir dinheiro para a Yeshivá, senti que aquele dinheiro poderia se tornar para mim uma grande tentação. Segundo a Torá, é proibido se colocar em qualquer teste sem necessidade, e portanto eu preferi esperar aqui fora até que você voltasse para a sala"

O Rav Salanter seria certamente a última pessoa do planeta que roubaria um único centavo do dinheiro dos outros. Mas sua atitude mostra a rigorosidade com que ele lidava com o assunto. Nós, que somos muito menores espiritualmente, não somos tão rigorosos e muitas vezes nos colocamos em testes que não conseguimos passar.
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Nesta semana começamos o último livro da Torá, Devarim, no qual Moshé fez seu último discurso para o povo judeu e recordou muitos erros cometidos durante os 40 anos no deserto. E na Parashá desta semana, Devarim,um dos pontos que Moshé relembrou foi que D'us o havia colocado como juiz único do povo judeu, mas o povo preferiu que o trabalho fosse dividido entre outras pessoas. Aparentemente foi uma atitude bonita do povo, querendo tirar o peso das costas de Moshé, pois era difícil julgar todo o povo sozinho. Mas Moshé sutilmente relembrou o povo de que a real intenção deles era dividir o trabalho para facilitar a corrupção, já que todos sabiam que Moshé nunca receberia um suborno nem desviaria seus julgamentos por nenhum motivo, enquanto as outras pessoas não estavam em um nível assim tão elevado e seriam mais facilmente subornadas. E assim Moshé ressaltou aos juízes: "Não tenham medo de nenhum homem, pois o julgamento é de D'us" (Devarim 1:17), advertindo para que eles não se deixassem influenciar pelo medo de pessoas grande e importantes, o que também é uma forma de suborno. Mas o que significa que "o julgamento é de D'us"?

Rashi, comentarista da Torá, explica que toda vez que um juiz comete um erro no seu julgamento, é como se D'us dissesse "Com este dinheiro que você tirou de um e deu para o outro, você Me obriga a ter que intervir e fazer a justiça com as Minhas mãos". D'us não permite que uma injustiça prevaleça, então Ele tem outros meios para fazer com que aquele que foi roubado receba seu dinheiro e o que roubou perca o dinheiro roubado. Então por que é tão grave um juiz se corromper? Pois D'us tenta estar sempre oculto, para manter nossa livre escolha, e um erro de um juiz "força" D'us a "aparecer" mais na situação.

Mas há ainda um outro ponto interessante que aprendemos do comentário de Rashi: toda vez que uma pessoa engana outra em termos monetários, ela não está apenas cometendo uma transgressão com o próximo, ela está cometendo algo diretamente contra D'us. Temos a tendência de ser muito mais lenientes em assuntos que envolvam D'us diretamente do que em assuntos entre o homem e o seu semelhante. Em relação ao jejum de Yom Kipur, por exemplo, somos estritos no limite, mas em assuntos monetários muitas vezes buscamos opiniões lenientes e justificamos transgressões com "apoio" da lei judaica. Isto ocorre porque esquecemos que toda transgressão entre o homem e seu semelhante também envolve uma transgressão com D'us.

O Talmud afirma que a grande maioria das pessoas cai na transgressão do roubo. Mas como entender esta afirmação do Talmud? Não vemos pessoas em todas as esquinas roubando carteiras nem assaltando bancos! O Talmud está se referindo à formas mais sutis de roubo, muitas das quais as pessoas cometem sem perceber que estão roubando. Um exemplo clássico é não devolver objetos emprestados. Pegamos livros e nunca mais devolvemos, pedimos um CD para escutar e ele nunca mais volta para o dono. Parece algo comum, sem gravidade, mas é roubo. Obviamente que ninguém tem intenção de roubar, mas esta negligência vem do descaso com a propriedade dos outros, e a principal motivação do roubo é o descaso com o que é do outro. Outro exemplo é utilizar objetos dos outros sem pedir permissão, assumindo que o outro certamente nos deixaria utilizar se estivesse presente. Isto também é uma forma de roubo, pois alguns tipos de objetos precisam de permissão explícita para serem utilizados. E fora estes, poderíamos citar outras centenas de exemplos de situações nas quais roubamos sem saber.

Podemos tentar encontrar muitas razões para justificar nossas atitudes nos assuntos monetários, mas devemos nos lembrar que, em última instância, tudo o que um judeu faz deve estar baseado no que D'us nos ensinou no Monte Sinai. Temos um código de leis, que compreende milhares de situações. Temos grandes rabinos que podem nos orientar, baseados nos ensinamentos da Torá. Não temos nenhuma permissão de "achar" que coisas são permitidas. Da mesma forma que não comemos algo que "achamos" que é Kasher, também não devemos nos comportar assim em assuntos monetários.

Na próxima 4ª feira de noite (29 de julho) começa Tishá be Av, um dia de luto e muita tristeza para o povo judeu, no qual não comemos nem bebemos por causa da tristeza e desolação que sentimos. É o dia em que revivemos as destruições dos dois Beit-Hamikdash (Templos Sagrados) e várias outras tragédias que recaíram sobre o povo judeu nesta data. E o principal causador de todo este luto e tristeza foram transgressões entre o homem e seu semelhante, principalmente o descaso com o próximo. O conserto é exatamente se importar mais com os outros. E nesta área em que tantos tropeçam com facilidade, podemos dar a nossa contribuição e ser um pouco mais rigorosos com o dinheiro do próximo, ser mais responsáveis com objetos emprestados e objetos que não temos permissão de utilizar. Ao invés de buscar leniências, devemos buscar rigorosidades, pois nos ensina a Torá: "Que o dinheiro do seu companheiro seja tão querido para você quanto o seu próprio dinheiro".

O Talmud ensina que aquele que se afasta do roubo tem méritos para si e para todos os seus descendentes até o final dos tempos. Que possamos nos esforçar um pouco mais para que já nesta Tishá Be Av o dia de tristeza se transforme em um dia de muitas alegrias com a pronta vinda do Mashiach.

SHABAT SHALOM

Rav Efraim Birbojm

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