sexta-feira, 28 de maio de 2010

SHABAT SHALOM MAIL - PARASHÁ BEHALOTECHÁ 5770

BS"D

A JANELA DO VIZINHO É MAIS BRILHANTE - PARASHÁ BEHALOTECHÁ 5770 (28 de maio de 2010)

"Renato vivia com seus pais em uma linda casa na montanha. Ele tinha tudo o que precisava, mas mesmo assim ele não era feliz. Qual era o motivo de sua infelicidade? Todas as manhãs ele abria a janela de seu quarto e via que do outro lado do vale havia uma casa muito grande. Mas não era o tamanho da casa que chamava sua atenção, o que era especial nela eram as janelas, que tinham um brilho dourado como o ouro. Como ele podia ser feliz tendo apenas janelas de vidro enquanto alguém tinha em sua casa janelas de ouro? Todos os dias ele sonhava em ir até aquela casa para pegar ao menos um daqueles vidros de ouro. Seus pais tentavam tirar de sua cabeça aquela idéia tola, mas a vontade o atormentava. Uma manhã ele levantou cedo, decidido que não poderia esperar mais. Se preparou para a caminhada e saiu.


A viagem foi extremamente difícil. O caminho para o vale estava bloqueado por enormes pedras e muitas árvores caídas. Na metade do dia ele chegou a um rio muito fundo que corria no meio do vale e quase se afogou. Do outro lado do vale a floresta era muito fechada e, na tentativa de atravessá-la, ele rasgou suas roupas e raspou a sua pele, causando feridas por todo o seu corpo.

O caminho até a casa do outro lado do vale era íngreme. Exausto, ele estava quase entregando os pontos quando finalmente chegou a uma clareira, onde de longe avistou a casa das janelas de ouro. Havia finalmente conseguido encontrá-la, aquele seria um momento muito especial. Reunindo suas últimas forças, ele correu em direção à casa. Ele queria ver as janelas douradas, queria tocá-las. Mas para a sua decepção, ele descobriu que elas eram feitas de vidro comum. Ele não se conformava com o que havia acontecido. Onde estavam as janelas de ouro? Será que ele havia se enganado por tanto tempo?


Abatido e amargurado pela terrível decepção, ele começou a sua lenta volta para casa. Ao levantar os olhos, ele viu sua própria casa do outro lado do vale. O sol iluminava a casa e, para sua surpresa, as janelas estavam brilhando, como se fossem feitas de ouro..."

Quanto tempo e saúde gastamos para conseguir mais do que precisamos, apenas porque vemos que os outros tem algo que nós não temos, ou por não conseguirmos estar felizes com o que já temos?

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Na Parashá desta semana, Behalotechá, a Torá nos ensina que o povo judeu não passou os 40 anos no deserto acampado em um único local, ao contrário, foram muitos locais de acampamento durante este período, algumas vezes em lugares mais convidativos, outras em lugares mais inóspitos. Segundo a nossa lógica, a permanência em cada um deles deveria ter sido de acordo com a comodidade do local, isto é, em locais mais cômodos eles deveriam ter permanecido por mais tempo, enquanto em lugares piores eles deveriam ter acampado por pouco tempo e logo ter seguido viagem. Mas não é isso o que a Torá nos ensina, pois assim está escrito por três vezes seguidas na Parashá: "De acordo com a palavra de D'us o povo judeu viajava e de acordo com a palavra de D'us o povo judeu acampava" (Bamidbar 9:18). O que estas palavras significam e por que tantas repetições?


Durante todo o tempo no deserto, o momento de viajar e o momento de acampar eram definidos por uma nuvem que representava a presença de D'us. Quando a nuvem repousava sobre o Mishkan (Templo Móvel) o povo judeu acampava, e quando a nuvem se levantava o povo judeu levantava o acampamento e seguia viagem. Mas a vontade de D'us nem sempre coincidia com a vontade do povo judeu. Muitas vezes os judeus chegaram a lugares bons e quiseram ficar bastante tempo por ali, mas logo em seguida D'us os fez continuar a viagem. Outras vezes os judeus chegaram a locais desagradáveis e queriam logo ir embora, mas tinham que permanecer ali por muito tempo. Algumas vezes eles estavam cansados e queriam descansar por alguns dias, mas logo após eles acamparem a nuvem se movia e eles precisavam recomeçar a viagem. Foi o primeiro teste com o qual D'us testou o povo judeu após a entrega da Torá. E apesar da dificuldade deste teste, em um ambiente de stress e perigos, apesar de nem sempre eles entenderem o comando de D'us, o povo nunca se rebelou e nunca viajou ou acampou sem o consentimento Divino. É por isso que a Torá louva o povo judeu, repetindo várias vezes que eles viajaram de acordo com a palavra de D'us, e não de acordo com a sua própria vontade.

Ensina o Rav Yechezkel Levinshtein que a geração do deserto não meritou apenas passar por aquele teste. A geração do deserto meritou nos ensinar uma das lições mais importantes da nossa vida: tudo o que é a vontade de D'us é bom de verdade para nós, mas o que não é a vontade de D'us não é bom para nós. Mesmo que algumas vezes o acampamento em um certo lugar parecia ser algo ruim de acordo com a lógica humana, se esta era a vontade de D'us, então é porque era realmente algo bom. Este conceito pronunciamos todos os dias, nas três rezas diárias. Na primeira Brachá da Amidá (reza silenciosa) louvamos a D'us com as seguintes palavras: "Gomel Chassadim Tovim" (Aquele Quem nos faz bondades boas). O que é uma bondade boa? Existe alguma bondade não boa?


Quando uma pessoa de carne e osso quer fazer algo de bom para outra pessoa, ele nunca sabe as consequências futuras do seu ato. Por exemplo, se um pai dá para seu filho uma bala, é um ato de bondade. Mas se a bala causar uma cárie na criança depois de 2 meses então o ato de ter dado a bala não foi algo bom. Como o ser humano não conhece o futuro, suas bondades nem sempre são realmente boas. Apenas o Criador do mundo, que tem o controle do tempo e do espaço, pode nos fazer "bondades boas", isto é, bondades que são boas levando em consideração também todas as consequências futuras.


Se conseguíssemos aplicar a lição do deserto no nosso cotidiano, teríamos certamente uma vida muito melhor. Se colocássemos no coração a idéia de que somente a vontade de D'us é realmente boa, conseguiríamos vencer nossas más inclinações e apagar de dentro de nós características negativas como a inveja e a busca descontrolada por prazeres. Pois de onde vem a inveja e a busca pelos prazeres? Da nossa ilusão de que sempre nos falta algo, de que D'us não nos deu o que precisamos. Nunca estamos satisfeitos com o que temos, nossos olhos estão sempre voltados para o que os outros têm a mais do que nós. Nos convencemos de que precisamos de coisas que, na verdade, não precisamos. Nunca conseguimos aceitar que uma situação difícil no momento pode ser a preparação para algo muito melhor no futuro.


Nos ensinou David Hamelech (Rei David): "Não tenha para você um deus estranho e não se curve para um deus estrangeiro" (Salmos 81:10). Explica o Talmud que isto não se refere a uma pessoa que se curva diante de uma estátua e sim àquele que se curva diante do deus estranho que está dentro de cada um de nós – as nossas próprias vontades que vão contra a vontade de D'us. Se nós não controlamos as nossas vontades, então são elas que nos controlam e nos levam para onde querem.


A nossa vida se assemelha à viagem do povo judeu no deserto, em direção à Terra Prometida. Há acampamentos mais incômodos onde precisamos permanecer mais tempo, há outros que são muito agradáveis mas passam rápido demais. O nosso trabalho neste mundo é entender que tudo isto está dentro de um plano maior, dentro das "bondades boas" que D'us faz conosco. Somente quando entendermos que a vontade de D'us é sempre algo bom para nós então aproveitaremos muito melhor a viagem.


SHABAT SHALOM


Rav Efraim Birbojm

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