quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

MARIONETES NAS MÃOS DO CRIADOR - SHABAT SHALOM M@IL - PARASHÁ VAYIGASH 5783

BS"D
O e-mail desta semana é dedicado à Refua Shleima (pronta recuperação) de 

Sr. Gabriel David ben Rachel
Sr. Yakov Aharon ben Rivka Raisla
Haim David ben Esther
Chaim Michael ben Matania

--------------------------------------------------------

O e-mail desta semana é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de 
Haviva Bina bat Moshe  

Para dedicar uma edição do Shabat Shalom M@il, em comemoração de uma data festiva, no aniversário de falecimento de um parente, pela cura de um doente ou apenas por Chessed, entrar em contato através do e-mail 
efraimbirbojm@gmail.com.
NEWSLETTER R' EFRAIM BIRBOJM
NEWSLETTER EM PDF
NEWSLETTER EM PDF
 
HORÁRIO DE ACENDIMENTO DAS VELAS DE SHABAT


PARASHÁ VAYIGASH 5783



         São Paulo: 18h36                  Rio de Janeiro: 18h21 

Belo Horizonte: 18h17                  Jerusalém: 16h09
ARQUIVO EM PDF
ARQUIVO EM PDF
BLOG
BLOG
INSCREVA-SE
INSCREVA-SE
Facebook
Facebook
Instagram
Instagram
YouTube
YouTube
Twitter
Twitter
Telegram
Telegram

MENSAGEM DA PARASHÁ VAYIGASH

 
ASSUNTOS DA PARASHÁ VAYIGASH
  • Yehudá enfrenta o "vice-rei".
  • Yossef manda todos saírem da sala.
  • Yossef se revela.
  • Irmãos de Yossef voltam para casa, para buscar famílias.
  • Yossef manda presentes a Yaacov.
  • A família de Yaacov prepara-se para ir ao Egito.
  • Genealogia dos filhos de Yaacov.
  • O reencontro de Yaacov e Yossef.
  • O encontro de Yaacov e o Faraó.
  • A fome no Egito fica cada vez mais dura.
  • Yossef compra todo o Egito.
BS"D

MARIONETES NAS MÃOS DO CRIADOR - PARASHÁ VAYIGASH 5783 (30/dez/22)

 "Nos anos 80, o Irã estava envolvido em uma sangrenta guerra com o Iraque. Na cidade de Shiraz, no Irã, muitos jovens eram convocados diariamente para o serviço militar, entre eles jovens judeus. Certa vez, Menashe foi convocado. Felizmente ele não iria para a frente de batalha, ficaria no escritório, como contador do exército. Porém, mesmo assim, ele precisava participar diariamente de todos os treinamentos militares, para se preparar para a guerra junto com os outros soldados.
 
Certo dia, Menashe estava sentado na sala de aula, com dezenas de soldados árabes, aprendendo sobre campos minados e como neutralizar bombas. De repente, alguém entrou na sala de aula e pediu a ele que fosse urgentemente ao escritório central, pois o general o estava chamando. Menashe estranhou. O que poderia ser tão urgente, para que fosse necessário tirá-lo do meio de um treinamento importante? Assim que ele entrou no escritório, o general lhe deu um forte tapa na cara e disse:
 
- Seu judeu sujo! Você cometeu um erro nos seus cálculos. Você não consegue lidar nem mesmo com dados simples! Eu vou fazer você pagar caro por este erro!
 
Menashe ficou apavorado. Ele sabia que poderia ser punido de forma muito dura. Em sua cabeça passava somente um pensamento: "Por que D'us está fazendo isso comigo?". Menashe tentou manter a calma. Respirando fundo, ele começou a explicar ao general sua planilha, mostrando que não havia errado nos cálculos. Enquanto eles estavam discutindo sobre o assunto, ouviram o som de uma explosão muito forte. Seria algum ataque dos iraquianos? Menashe e o general deitaram-se no chão, para se proteger.
 
Algum tempo depois a verdade veio à tona. Enquanto Menashe estava no escritório do general, o instrutor do curso de explosivos foi demonstrar na prática como desativar uma mina. Porém, ele fez algo errado e a mina explodiu, matando todos os soldados. Apenas Menashe, que estava fora da sala de aula, sobreviveu"
 
É incontável o número de histórias nas quais situações que pareciam ruins demonstraram ser, na realidade, grandes salvações. Este é o conceito da "Hashgacha Pratit", saber que D'us acompanha de forma particular cada pequeno evento que ocorre em nossas vidas, tudo com o propósito de nos fazer bondade.

Nesta semana lemos a Parashá Vayigash (literalmente "E se aproximou"), que continua descrevendo a saga de Yossef e seus irmãos. Yossef havia testado seus irmãos, acusando Biniamin de roubo e condenando-o a ser escravo, para ver se eles estavam arrependidos de tê-lo vendido como escravo. Após Yehudá dizer que estava disposto a ficar como escravo no lugar de Biniamin, Yossef não aguentou e finalmente se revelou aos irmãos, deixando-os em estado de choque. Eles mal podiam acreditar que aquele jovem, que aos 17 anos havia sido vendido como escravo, agora havia se tornado o vice-rei do Egito, uma das pessoas mais poderosas do mundo.
 
Depois da emocionante revelação, Yossef disse aos irmãos: "E agora, não fiquem tristes, não se aflijam por terem me vendido, pois foi para propiciar o sustento que D'us me enviou à frente de vocês" (Bereshit 45:5). Yossef tentou deixá-los à vontade, demonstrando que não guardava nenhum ressentimento e assegurando-lhes que tudo o que havia acontecido com ele era parte de um grande plano de D'us.
 
Precisamos tentar trazer as histórias da Torá para o nosso cotidiano. Se nos colocássemos no lugar de Yossef, teríamos sido tão generosos? Yossef sofreu muito devido ao que seus irmãos lhe causaram. Quando relembramos sua história de vida, percebemos que Yossef foi muito maltratado. Ele foi condenado à morte pelos irmãos, atirado em um poço cheio de cobras e escorpiões e retirado para ser vendido como escravo. Depois disso, quando Yossef imaginou que seus sofrimentos haviam acabado, ele foi injustamente acusado de importunar a esposa de Potifar e foi atirado na prisão, sem direito de se defender, onde sofreu por longos 12 anos. Não era uma prisão com ar condicionado e televisão, era uma masmorra subterrânea, provavelmente com condições precárias. Em resumo, foram anos de muitos sofrimentos, físicos e psicológicos.
 
Esperaríamos que Yossef, ao se revelar aos seus irmãos, exigiria um pedido de desculpas deles. Agora que ele era poderoso, poderia exigir que implorassem pelo seu perdão. No entanto, Yossef não fez nada disso. Ele teve uma abordagem misericordiosa, não se aproveitou do fato de "estar por cima". Tentou, além de tranquilizar os irmãos, consolá-los pelo erro que haviam cometido, dizendo: "Não fiquem chateados, tudo acabou se transformando em algo melhor. D'us me enviou aqui para fornecer comida para vocês".
 
Como uma pessoa tem a força espiritual e psicológica para fazer isso? Afinal, Yossef era um ser humano, com sentimentos e fragilidades. Ele também estava submetido às emoções humanas de rancor e vontade de se vingar daqueles que fizeram tão mal a ele. Seria perfeitamente compreensível que um ser humano normal guardasse ressentimentos em tal situação. Porém, Yossef parece estar acima de tudo isso. Não apenas ele não guardou rancor, como também foi misericordioso e perdoou seus irmãos. Como ele conseguiu chegar neste nível?
 
Explica o Rav Yssocher Frand que Yossef está nos ensinando um segredo sobre como devemos lidar com pessoas que nos prejudicam. Normalmente nos irritamos e guardamos um profundo rancor. Porém, se a pessoa tem uma Emuná completa, se ela entende de forma profunda o conceito da "Hashgacha Pratit", de que há uma Providência Divina, um controle completo e soberano de D'us sobre tudo o que acontece no mundo, mesmo nos menores detalhes, então não há nenhuma razão para estar irritado com alguém que possa ter feito mal a ela.
 
Essas foram as palavras que Yossef falou aos seus irmãos. Ele disse que não guardava rancor, pois havia enxergado que este era obviamente o plano de D'us, o Todo Poderoso. Ele havia sido enviado com o propósito de sustentar sua família durante os anos de fome extrema. Se isso não tivesse acontecido, todos teriam morrido de fome. Yossef entendeu, de forma clara e plena, que somos todos marionetes, participando de um grande plano, do qual quem tem controle é apenas o Criador do Universo. É Ele quem está movimentando as "cordas" das marionetes. Se olharmos o mundo através desta perspectiva, um indivíduo que foi injustiçado pode dizer sinceramente àquele que o prejudicou: "Não tenho queixas contra você, porque tudo isso era parte da Hashgacha Pratit, tudo foi planejado, supervisionado e implementado por D'us".
 
Ensina o Talmud (Shabat 105b) que qualquer um que fica furioso é como se tivesse feito idolatria. Mas o que isso significa? Entendemos que perder a cabeça é algo grave, que pode levar a consequências desastrosas, mas qual é a relação entre ficar com raiva e fazer idolatria? A resposta é que ficamos com raiva porque achamos que as coisas não estão indo da forma como gostaríamos. Se uma pessoa tivesse uma Emuná verdadeira, se colocasse no coração que tudo ocorre sob a Hashgacha Pratit do Criador, perceberia que quando as coisas não acontecem do jeito que gostaríamos, é porque o Todo Poderoso quer desta maneira. Somos limitados, nosso entendimento e nossa visão são limitados, enquanto D'us é infinito e ilimitado. Portanto, quando ficamos com raiva, estamos negando que D'us governa o mundo. Essa é exatamente a filosofia da idolatria, que é acreditar que existem outras forças além de D'us que controlam o que acontece no mundo.
 
O Sefer Hachinuch expressa a mesma ideia. Na Mitzvá 241, que explica a proibição da Torá de se vingar, assim está escrito: "A razão para a Mitzvá é que uma pessoa deve saber e colocar no coração que tudo o que acontece com ela, seja bom ou ruim, vem de D'us. E mesmo que venha através da mão de um homem, nada acontece sem a vontade de D'us. Portanto, quando uma pessoa lhe causa dor ou angústia, você deve saber que suas próprias transgressões são a causa, e foi D'us que decretou que isso deveria acontecer. Você não deve pensar em se vingar da pessoa que lhe prejudicou, pois ela não é a causa verdadeira do seu infortúnio; a transgressão é a causa". O Sefer Hachinuch então cita um interessante acontecimento na vida de David Hamelech. Quando ele estava fugindo de Shaul Hamelech, David foi amaldiçoado por um homem chamado Shimi ben Gueira. Quando os homens que acompanhavam David quiseram matá-lo por suas maldições contra o rei, David disse: "Deixe-o amaldiçoar, porque D'us disse a ele para fazer isso" (Shmuel II 16:11). David atribuiu o sofrimento pelo qual estava passando aos seus próprios erros, e não a Shimi ben Geira.
 
A analogia é que, se alguém nos acerta com um bastão, não ficamos bravos com o bastão. Percebemos que o bastão não é a causa da nossa dor, e sim aquele que o segura. D'us usa certas pessoas como "bastões" para fazer a Sua justiça. É óbvio que a pessoa que nos prejudicou é responsável por suas ações e será julgada por seus maus atos. D'us utiliza o livre arbítrio das pessoas para cumprir Sua vontade, mas cada um prestará contas por suas escolhas. O "bastão" também terá que enfrentar o Julgamento Divino por seus atos. A Emuná apenas nos ensina a não direcionarmos a raiva ao agressor, pois se alguém nos fez algum mal, foi com a permissão de D'us, para algum propósito bom, como nos trazer limpeza espiritual ou nos salvar de um perigo maior.
 
David Hamelech, em sua grandeza, percebeu que seu problema não era com Shimi ben Geira, seu problema era consigo mesmo, era entre ele e D'us. Não é um nível fácil de autocontrole e de Emuná, mas se tivéssemos essa atitude na vida, sentiríamos muito menos ódio e rancor. Se levássemos essas palavras ao coração, isso nos ajudaria muito a corrigirmos nossos próprios erros, além transformar o mundo em um lugar mais harmônico. 

SHABAT SHALOM 

R' Efraim Birbojm

 
Este E-mail é dedicado à Refua Shlema (pronta recuperação) de: Chana bat Rachel, Pessach ben Sima.
--------------------------------------------
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Ben Tzion (Benjamin) ben Shie Z"L e Frade (Fany) bat Efraim Z"L, que lutaram toda a vida para manter acesa a luz do judaísmo, principalmente na comunidade judaica de Santos. Que possam ter um merecido descanso eterno.
 
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Meir ben Eliezer Baruch Z"L e Shandla bat Hersh Mendel Z"L, que nos inspiraram a manter e a amar o judaísmo, não apenas como uma idéia bonita, mas como algo para ser vivido no dia-a-dia. Que possam ter um merecido descanso eterno.
 
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de minha querida e saudosa tia, Léa bat Meir Z"L. Que possa ter um merecido descanso eterno.
-------------------------------------------
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de: Moussa HaCohen ben Gamilla z"l, Renée bat Pauline z"l.
--------------------------------------------

Para inscrever ou retirar nomes da lista, para indicar nomes de pessoas doentes ou Leilui Nishmat (elevação da alma), e para comentar, dar sugestões, fazer críticas ou perguntas sobre o E-mail de Shabat,favor mandar um E-mail para ravefraimbirbojm@gmail.com
 
(Observação: para Refua Shlema deve ser enviado o nome do doente e o nome da mãe. Para Leilui Nishmat, os Sefaradim devem enviar o nome do falecido e o nome da mãe, enquanto os Ashkenazim devem enviar o nome do falecido e o nome do pai).
Copyright © 2016 All rights reserved.


E-mail para contato:

efraimbirbojm@gmail.com







This email was sent to efraimbirbojm.birbojm@blogger.com
why did I get this?    unsubscribe from this list    update subscription preferences
Shabat Shalom M@il · Rua Dr. Veiga Filho, 404 · Sao Paulo, MA 01229090 · Brazil

Email Marketing Powered by Mailchimp

quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

CUIDANDO DAS NOSSAS PALAVRAS - SHABAT SHALOM M@IL - PARASHÁ MIKETZ 5783

BS"D
O e-mail desta semana é dedicado à Refua Shleima (pronta recuperação) de 

Sr. Gabriel David ben Rachel
Sr. Yakov Aharon ben Rivka Raisla
Haim David ben Esther
Chaim Michael ben Matania

--------------------------------------------------------

O e-mail desta semana é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de 
Haviva Bina bat Moshe  

Para dedicar uma edição do Shabat Shalom M@il, em comemoração de uma data festiva, no aniversário de falecimento de um parente, pela cura de um doente ou apenas por Chessed, entrar em contato através do e-mail 
efraimbirbojm@gmail.com.
NEWSLETTER R' EFRAIM BIRBOJM
NEWSLETTER EM PDF
NEWSLETTER EM PDF
 
HORÁRIO DE ACENDIMENTO DAS VELAS DE SHABAT


PARASHÁ MIKETZ



         São Paulo: 18h33                  Rio de Janeiro: 18h18 

Belo Horizonte: 18h14                  Jerusalém: 16h05
ARQUIVO EM PDF
ARQUIVO EM PDF
BLOG
BLOG
INSCREVA-SE
INSCREVA-SE
Facebook
Facebook
Instagram
Instagram
YouTube
YouTube
Twitter
Twitter

MENSAGEM DA PARASHÁ MIKETZ

 
ASSUNTOS DA PARASHÁ MIKETZ
  • Os dois sonhos do Faraó.
  • Yossef é chamado para interpretar os sonhos.
  • Yossef se torna o vice rei.
  • Yossef se casa com Osnat.
  • A estratégia de Yossef é implantada no Egito.
  • Yossef tem dois filhos: Efraim e Menashé.
  • Começam os anos de fome no Egito.
  • Yaacov manda seus filhos aos Egito.
  • Yossef reconhece seus irmãos, mas eles não o reconhecem.
  • Yossef acusa os irmãos de serem espiões.
  • Os irmãos de Yossef se arrependem.
  • Yossef prende Shimon e exige a vinda de Biniamin.
  • Yaacov se recusa a enviar Biniamin.
  • A fome continua e Yaacov é obrigado a enviar Biniamin.
  • Yossef testa seus irmãos e esconde cálice de prata na sacola de Biniamin.
  • Biniamin é acusado de roubo e condenado a virar escravo.
BS"D

CUIDANDO DAS NOSSAS PALAVRAS - PARASHÁ MIKETZ 5783 (23/dez/22)

"Era domingo de manhã e Sara estava tranquila em casa quando, de repente, alguém tocou a campainha. Sara ficou preocupada, pois ela não estava esperando visitas. Pelo olho mágico ela viu que era Miriam, uma antiga conhecida da família. Curiosa, ela abriu a porta.

- Olá, Miriam, quanto tempo! - disse Sara, com um sorriso - Entre, por favor, e fique à vontade. A que devo a honra desta sua inesperada visita?

- Você não está sabendo, Sara? - disse Miriam, em tom de mistério - Agora estou trabalhando como vendedora autônoma de livros. A cada semana eu passo nas casas oferecendo um livro diferente.

- Que trabalho interessante! - disse Sara, surpresa - E qual livro que você está vendendo nesta semana?

- Nesta semana estou vendendo o livro "Shemirat Halashón" (Cuidados com a fala), do Chafetz Chaim - respondeu Miriam, empolgada - Esta é uma edição especial, com capa de couro, e está com um preço muito especial. Você gostaria de dar uma olhada?

- Não precisa, Miriam, muito obrigado - disse Sara, recusando o livro - Aqui em casa não falamos Lashón Hará de jeito nenhum. Nós tomamos muito cuidado com o que falamos sobre os outros. Como você pode observar, aqui na porta colocamos a plaquinha "Lashón Hará não entra nesta casa", e olha só que lindo quadro do Chafetz Chaim nós penduramos na parede da sala!

- Que bom, Sara. Fico feliz - disse Miriam - Bom, vou indo, pois ainda tenho que bater em muitas portas.

- Antes que eu me esqueça, queria pedir um favor - disse Sara, baixando seu tom de voz - Não deixe de bater na porta dos meus vizinhos do andar de cima, pois eles precisam comprar e ler este livro. Ele falam muito Lashón Hará. O tempo todo vivem fofocando e falando mal dos outros..."
 
Talvez uma das características mais graves do Lashon Hará é que as pessoas transgridem sem perceber. Conseguem enxergar os erros dos outros, mas não conseguem ver seus próprios defeitos.

Nesta semana lemos a Parashá Miketz (literalmente "Ao final"), que começa descrevendo os sonhos do Faraó, que o deixaram angustiado, pois ele sabia que os sonhos continham alguma mensagem importante, mas não havia ninguém que conseguia interpretá-los corretamente. Foi então que o copeiro-chefe disse ao Faraó: "Hoje menciono minhas falhas. O Faraó irou-se contra os seus servos e me colocou na prisão... a mim e ao padeiro-chefe. E tivemos um sonho na mesma noite... E ali conosco estava um jovem hebreu, escravo do açougueiro-chefe, e contamos a ele, e ele interpretou nossos sonhos... E aconteceu assim como ele havia interpretado" (Bereshit 41:9-12).

Rashi (França, 1040 - 1105) explica que os malvados são pessoas amaldiçoadas, pois mesmo quando fazem uma bondade, a fazem de forma incompleta. Quando o copeiro-chefe estava na prisão, Yossef cuidou dele e se preocupou com seu bem estar. Certo dia, quando Yossef viu que ele estava com o rosto preocupado, se importou e interpretou corretamente seu sonho. Yossef pediu a ele um único favor: quando ele fosse libertado e voltasse a servir o Faraó, que se lembrasse dele e mencionasse que ele estava preso injustamente. Porém, logo que saiu da prisão, o copeiro-chefe se esqueceu de Yossef e das bondades que havia recebido dele.

Após dois anos, quando finalmente o copeiro-chefe mencionou Yossef ao Faraó, somente o fez por interesses próprios. Além disso, fez questão de mencionar Yossef de maneira que o desprezasse. Segundo Rashi, a linguagem "jovem" significava que Yossef era um tolo imaturo, não estava apto a nenhum tipo de grandeza. A linguagem "hebreu" significava que nem a língua egípcia ele conhecia. A linguagem "escravo" era para lembrar ao Faraó que, segundo os estatutos egípcios, Yossef nunca poderia reinar. Portanto, o copeiro-chefe fez tudo o que podia para destruir a reputação de Yossef.

Porém, o Rav Pessach Eliahu Falk zt"l (Inglaterra, 1944-2020) faz um interessante questionamento. O copeiro-chefe havia convivido com Yossef na prisão durante algum tempo. Ele certamente havia testemunhado a sabedoria dele, muito longe de ser tolo e imaturo. Ele viu a força de Yossef ao interpretar corretamente os dois sonhos. Como ele ousou ser tão descarado, a ponto de falar mentiras tão absurdas ao Faraó?
 
A resposta é que, na realidade, o copeiro-chefe não falou em nenhum momento ao Faraó que Yossef era tolo e imaturo. Ele falou apenas a verdade, que Yossef era um jovem escravo hebreu. Porém, quando alguém diz sobre outra pessoa ele é um "jovem", o primeiro pensamento que vem à cabeça de quem escuta é que se trata de alguém imaturo e, provavelmente, tolo. Além disso, os escravos eram pessoas pouco inteligentes, sem nenhum tipo de estudo, incapazes de realizar atividades intelectuais. Podemos ver, portanto, o nível de crueldade do copeiro-chefe, pois por um lado ele não falou nenhuma mentira, já que queria se resguardar de qualquer consequência negativa das suas palavras, mas, por outro lado, quis causar o máximo de dano possível a Yossef, fazendo o Faraó indiretamente se acostumar com a ideia de que Yossef era uma pessoa incapaz.

Deste ensinamento aprendemos uma incrível regra espiritual: a primeira impressão que temos de alguém fica profundamente gravada em nosso coração, a ponto de ser difícil arrancar posteriormente. Por isso, este é um dos maiores danos causados através do Lashon Hará. Quando alguém denigre seu companheiro, mesmo que depois a pessoa se arrependa e queira arrancar suas palavras do coração daquele que ouviu, não terá sucesso, pois sempre ficará um resíduo no coração do outro. Por isso devemos tomar muito cuidado com as nossas palavras, pois os danos causados à imagem do outro podem ser permanentes.

É isso que nos ensina David Hamelech: "As flechas do valente são afiadas, e levam com elas brasas de 'Retamim'" (Tehilim 120:4). Explica o Midrash que "Retamim" são árvores cuja madeira tem a capacidade de queimar por um tempo extremamente longo. Assim também são as palavras de Lashon Hará, pois após serem escutadas, elas se alojam no coração e lá ficam queimando por muito tempo. Por exemplo, se uma pessoa fala ao dono de uma empresa que certo funcionário é preguiçoso, mesmo que o dono da empresa testemunhe por mais de 10 anos o funcionário trabalhando de forma ágil e prestativa, se uma única vez o funcionário tropeçar e for preguiçoso, o dono da empresa pensará: "meu amigo tinha razão, esse funcionário é realmente preguiçoso".

Por que David Hamelech comparou o Lashon Hará com flechas afiadas que carregam brasas? Pois fora a destruição imediata que o Lashon Hará causa na vida da pessoa difamada, como uma flecha afiada que rasga a carne, há mais uma terrível consequência negativa, que é a permanência das palavras difamatórias por muito tempo no coração daqueles que ouviram, não sendo esquecidas, como brasas que queimam por muito tempo.

Há um interessante ensinamento do Talmud (Eruvin 14a): "Por que Beit Hilel tiveram o mérito de que a Halachá foi fixada de acordo com suas palavras? Pois eles repetiam as palavras de Beit Shamai. E não apenas isso, mas eles ainda falavam as palavras de Beit Shamaim antes das suas". O que o Talmud está nos ensinando?
 
Explica o Rav Chaim Shmulevitz zt"l 
(Lituânia. 1902 - Israel, 1979) que há uma Halachá que proíbe um juiz de escutar um dos litigantes antes que chegue o outro litigante. Qual é o motivo? Para que não entre no coração do juiz os argumentos de um dos lados. Nos ensina Shlomo Hamelech: "Aquele que argumenta primeiro em uma disputa está certo, e vem seu companheiro para investigar". Quando o primeiro fala, o juiz imediatamente acredita como sendo verdadeiras suas palavras, mas quando o segundo chega para dar a sua versão, o juiz já não acredita e vai verificar bem suas palavras. Mesmo que racionalmente o juiz sabe que está diante de uma pessoa que tem interesses, e que certamente vai contar a sua própria versão dos fatos, e que quando o outro litigante chegar ele vai contradizer tudo o que foi dito e trazer a sua própria versão dos fatos, ainda assim as palavras do primeiro litigante entram no seu coração e, em sua cabeça, esta versão será a "imagem" do que realmente aconteceu. Por isso é proibido o juiz escutar um dos lados sem o outro lado estar presente.
 
Se isso vale para ideias que escutamos dos outros, muitos mais quando nós decidimos que certa informação negativa sobre o próximo é verdadeira, pois isso vai se fixar com muita força em nosso coração. Mesmo que depois outra pessoa venha trazer argumentos para provar que as informações negativas não são verdadeiras, ainda assim será difícil escutar. Esta é a grandeza de Beit Hilel. Pelo amor que tinham pela verdade, eles foram sábios ao antecipar as palavras de Beit Shamai antes de suas próprias palavras, para que não houvesse uma inclinação natural de achar que suas próprias palavras eram a verdade absoluta. Este é um dos motivos pelos quais as disputas entre Beit Shamai e Beit Hilel são consideradas "Machloket Leshem Shamaim" (disputas em Nome de D'us), baseadas na busca sincera pela verdade, e não apenas para "ganhar a discussão".
 
Esta Parashá, portanto, nos ensina algo fundamental se quisermos viver de maneira verdadeira e honesta. Precisamos tomar cuidado com o que falamos e escutamos. Tão grave quanto falar Lashon Hará é escutar, pois as palavras se fixam no coração, às vezes pela vida toda. 

SHABAT SHALOM 

R' Efraim Birbojm

 
Este E-mail é dedicado à Refua Shlema (pronta recuperação) de: Chana bat Rachel, Pessach ben Sima.
--------------------------------------------
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Ben Tzion (Benjamin) ben Shie Z"L e Frade (Fany) bat Efraim Z"L, que lutaram toda a vida para manter acesa a luz do judaísmo, principalmente na comunidade judaica de Santos. Que possam ter um merecido descanso eterno.
 
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Meir ben Eliezer Baruch Z"L e Shandla bat Hersh Mendel Z"L, que nos inspiraram a manter e a amar o judaísmo, não apenas como uma idéia bonita, mas como algo para ser vivido no dia-a-dia. Que possam ter um merecido descanso eterno.
 
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de minha querida e saudosa tia, Léa bat Meir Z"L. Que possa ter um merecido descanso eterno.
-------------------------------------------
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de: Moussa HaCohen ben Gamilla z"l, Renée bat Pauline z"l.
--------------------------------------------

Para inscrever ou retirar nomes da lista, para indicar nomes de pessoas doentes ou Leilui Nishmat (elevação da alma), e para comentar, dar sugestões, fazer críticas ou perguntas sobre o E-mail de Shabat,favor mandar um E-mail para ravefraimbirbojm@gmail.com
 
(Observação: para Refua Shlema deve ser enviado o nome do doente e o nome da mãe. Para Leilui Nishmat, os Sefaradim devem enviar o nome do falecido e o nome da mãe, enquanto os Ashkenazim devem enviar o nome do falecido e o nome do pai).
Copyright © 2016 All rights reserved.


E-mail para contato:

efraimbirbojm@gmail.com







This email was sent to efraimbirbojm.birbojm@blogger.com
why did I get this?    unsubscribe from this list    update subscription preferences
Shabat Shalom M@il · Rua Dr. Veiga Filho, 404 · Sao Paulo, MA 01229090 · Brazil

Email Marketing Powered by Mailchimp