quinta-feira, 7 de julho de 2022

ENTENDENDO QUE NÃO CONSEGUIMOS ENTENDER - SHABAT SHALOM M@IL - PARASHÁ CHUKAT 5782

BS"D
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MENSAGENS DA PARASHÁ CHUKAT

ASSUNTOS DA PARASHÁ CHUKAT
  • A vaca vermelha
  • A morte de Miriam
  • Reclamação por falta de água.
  • Água da Rocha - Erro e castigo de Moshé e Aharon.
  • Encontro com Edom.
  • A morte de Aharon.
  • Confrontação com Canaan (Amalek).
  • A reclamação, as Serpentes e o Mastro de cobre.
  • Jornadas Posteriores.
  • Cântico do Poço.
  • Confrontações com Sichon e Og.
BS"D

ENTENDENDO QUE NÃO CONSEGUIMOS ENTENDER - PARASHÁ CHUKAT 5782 (08/jul/22)


"Um rabino vivia muito feliz com sua família: uma esposa admirável e seus dois filhos queridos. Certa vez, o rabino precisou fazer uma longa viagem, ausentando-se de casa por muitos dias. No período em que estava ausente, um grave acidente provocou a morte dos seus dois filhos amados. A mãe sentiu o coração dilacerado pela dor da enorme perda. Por ser uma mulher forte, sustentada pela Emuná, suportou o choque com bravura. Entretanto, uma preocupação lhe vinha à mente: como dar ao marido a triste notícia?
 
Alguns dias depois, em um final de tarde, o rabino retornou ao lar. Abraçou a esposa e perguntou pelos filhos. Ela pediu para que ele não se preocupasse, que tomasse um bom banho e logo depois ela lhe falaria sobre os rapazes. Alguns minutos depois estavam ambos sentados à mesa. Ela lhe perguntou sobre a viagem, e logo ele perguntou novamente pelos filhos. A esposa, visivelmente incomodada com a situação, respondeu ao marido:

- Deixe os filhos para depois. Primeiro quero que você me ajude a resolver um problema grave.

- O que aconteceu? - perguntou o marido, preocupado - Notei você abatida. Fale, resolveremos juntos.

- Enquanto você esteve ausente, um amigo querido visitou-me e deixou duas joias para que eu as guardasse. São muito preciosas, jamais vi algo tão belo. Ele quer vir buscá-las, mas já me afeiçoei a elas. O que me diz?

- Querida, não estou entendendo. Você nunca cultivou vaidades! Por que isso agora?

- É que nunca tinha visto joias assim. São maravilhosas. Não consigo aceitar a ideia de perdê-las!

- Ninguém perde o que não possui - respondeu com firmeza o marido - Não devolvê-las seria roubo! Vamos devolvê-las, eu a ajudarei. Faremos isso juntos, hoje mesmo.

- Pois bem, meu querido, que seja feita a sua vontade. Na verdade, isso já foi feito. As joias preciosas eram nossos filhos. D'us os confiou à nossa guarda, e durante a sua viagem, Ele veio buscá-los. Eles se foram...
 
O rabino entendeu a mensagem. Abraçou a esposa e juntos derramaram muitas lágrimas."
 
Muitas vezes nos deparamos com situações que estão além da nossa compreensão. Situações de perda, de sofrimentos e de dificuldades. Mas nos traz tranquilidade ao coração saber que tudo está sob o controle de D'us, um Criador misericordioso, que nos criou e nos mantém apenas por bondade. Um dia entenderemos tudo. Porém, por enquanto, devemos confiar Nele e seguir Seus caminhos, sem questionamentos.

A Parashá desta semana, Chukat (literalmente "A Lei"), traz diversos assuntos importantes, que mudaram a história do povo judeu, como os falecimentos de Miriam e de Aharon, além da reclamação do povo por água e o evento no qual Moshé golpeou a pedra e recebeu o decreto de não entrar na Terra de Israel.
 
O primeiro assunto da nossa Parashá é a Mitzvá da Pará Adumá, uma vaca completamente vermelha cujas cinzas eram utilizadas para purificação espiritual. Quando alguém entra em contato com o corpo de uma pessoa morta, ele se torna "Tamê", espiritualmente impuro. Existem diversas fontes de impureza, mas a mais forte delas é justamente a impureza de um corpo. O único modo através do qual a pessoa com esta impureza pode voltar ao seu estado de pureza é sendo aspergido com uma água que contenha as cinzas da vaca vermelha e alguns outros elementos, como um galho de cedro, uma lã tingida de vermelho e hissopo, um pequeno arbusto.

A Mitzvá da Pará Adumá é um exemplo de "Chok", uma lei que, ao menos para o nosso limitado entendimento, parece ser irracional. Em primeiro lugar, como as cinzas de uma vaca vermelha podem tirar a impureza espiritual de uma pessoa que entrou em contato com um corpo? Além disso, o mais intrigante é o fato que, apesar de as cinzas da vaca vermelha poderem purificar alguém impuro, aqueles envolvidos no processo de preparar as cinzas se tornam impuros. Como algo pode purificar quem está impuro e, ao mesmo tempo, impurificar quem está puro? Por isso, esta Mitzvá é classificada como "Chok", uma Mitzvá sem uma razão lógica aparente, como está escrito: "Esse é o 'Chok' (Lei) da Torá que D'us ordenou: 'Diga ao povo de Israel que tragam uma vaca vermelha perfeita, sem defeito e sem jugo'" (Bamidbar 19:2).
 
O Rav Chaim ben Atar zt"l (Marrocos, 1696 - Israel, 1743) , mais conhecido como Or HaChaim Hakadosh, faz uma interessante pergunta: por que está escrito "Essa é a lei da Torá"? Não deveria estar escrito "Essa é a lei da impureza espiritual"? Parece que esta Mitzvá da Pará Adumá representa todas as outras Mitzvót da Torá. Qual é a mensagem tão abrangente desta Mitzvá aparentemente tão específica?

O Or HaChaim Hakadosh responde que a Pará Adumá é, de fato, a "Lei da Torá", pois essa Mitzvá contém a essência da Torá. Não importa o quanto nos aprofundamos em suas leis e nos esforçamos para entendê-la, a Torá nos foi entregue com a condição de que a pessoa deve cumpri-la mesmo não entendendo logicamente todos os seus motivos e mesmo que não tenha respostas para todos os seus questionamentos. A base da aceitação da Torá no Monte Sinai foi "Naassê ve Nishmá", isto é, "Faremos e ouviremos". A condição para receber a Torá é a pessoa estar preparada para aceitá-la mesmo sem o seu completo entendimento. É isto que o versículo vem enfatizar, "Essa é a Lei da Torá", pois a Pará Adumá, uma Mitzvá completamente ilógica, personifica a Torá, que deve ser cumprida mesmo quando não a entendemos com nosso intelecto limitado.

Mas sabemos que na Torá existem muitos "Chukim", tais como a proibição de misturar na mesma roupa lã e linho (Shaatnez), a proibição de misturar carne e leite, e todas as outras leis de pureza e impureza espiritual. Então por que justamente a Mitzvá da Pará Adumá foi utilizada pela Torá para nos ensinar esse princípio de que o cumprimento das Mitzvót deve ser independente do nosso entendimento?

Explica o Rav Issocher Frand que originalmente o ser humano deveria viver para sempre. Porém, ele recebeu uma terrível punição como resultado do incidente com a árvore do conhecimento do bem e do mal. Apesar de D'us ter avisado a Adam e Chavá que eles não poderiam comer do fruto desta árvore, eles violaram a proibição e comeram. Como consequência, a morte veio ao mundo.
 
Mas se Adam e Chavá eram criaturas espiritualmente tão elevadas, qual foi a motivação do erro deles? Não era simples entender e cumprir este comando direto de D'us? Eles descumpriram o comando pois se deixaram enganar pela cobra, como está escrito: "Assim a cobra disse para Chavá: 'Pois D'us sabe que no dia em que vocês comerem [do fruto], os seus olhos se abrirão e vocês serão como os anjos, conhecedores do bem e do mal'" (Bereshit 3:5). Adam e Chavá acharam que poderiam ser como D'us, conhecedores do bem e do mal. Portanto, o que os motivou a comer o fruto proibido foi o desejo de querer saber o porquê de tudo.

O ser humano não é um robô. Ele é dotado de curiosidade, do desejo de saber e entender o porquê das coisas, e isto o levou a comer do fruto proibido. O resultado foi que recebemos como punição a morte. Por que justamente a morte? Em primeiro lugar, não temos controle sobre a morte. Podemos encontrar curas para as doenças, técnicas que retardem o nosso envelhecimento, remédios que alongam a nossa vida, mas no final todos nos depararemos com a morte. Além disso, quando a pessoa lida com a morte, ela consequentemente precisa da purificação da Pará Adumá, que justamente representa nossa inabilidade de saber o porquê de tudo.

Portanto, o desejo humano de saber o porquê de tudo o levou à morte, e a morte faz o homem lidar com a Pará Adumá, que o ensina que ele nem sempre pode saber o porquê das coisas. Faz parte da vida às vezes não entender o porquê das coisas. E é nisso que essa Mitzvá representa a essência da Torá: cumprir as Mitzvót, mesmo quando não sabemos exatamente a motivação lógica do que fazemos. Cumprir pelo único motivo de ser o correto, por D'us, de sabedoria e bondade infinitas, conhecedor do bem e do mal, ter nos comandado.
 
Mas há uma aparente contradição. A própria Torá nos estimula, desde pequenos, a questionarmos. No Seder de Pessach, as crianças fazem as 4 perguntas do "Má Nishtaná". Desde pequenos somos incentivados a perguntar "Por que esta noite é diferente?". Qual é a diferença? Podemos questionar, mas em buscas de respostas para entender melhor os caminhos de D'us, mas não para questionar se vamos ou não cumprir Sua vontade.
 
O mesmo conceito aparece no final da nossa Tefilá de Shacharit. Dizemos "Ein Ke Elokeinu" (Não há ninguém como D'us) e, logo depois, perguntamos "Mi Ke Elokeinu?" (Quem é como D'us?). Se já dissemos que não há ninguém como D'us, por que logo depois questionamos "Quem é como D'us?" Pois podemos questionar "Quem é como D'us" para entender melhor, mas já sabendo que "Não há ninguém como D'us". Questione, para cumprir as Mitzvót com mais alegria e entendimento, com mais significado, mas não com desconfiança.   
 
Nem sempre é fácil fazer coisas que não entendemos. Mas a essência da Torá não é focar no comando, e sim em Quem nos comandou. Quanto mais refletirmos sobre as bondades de D'us, sobre a perfeição e profundidade de Suas criações, mais teremos a tranquilidade de cumprir a Torá com a certeza de que estamos fazendo o que é correto e bom, mesmo quando não conseguimos entender.

SHABAT SHALOM 

 R' Efraim Birbojm

Este E-mail é dedicado à Refua Shlema (pronta recuperação) de: Chana bat Rachel, Pessach ben Sima.
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Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Ben Tzion (Benjamin) ben Shie Z"L e Frade (Fany) bat Efraim Z"L, que lutaram toda a vida para manter acesa a luz do judaísmo, principalmente na comunidade judaica de Santos. Que possam ter um merecido descanso eterno.
 
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Meir ben Eliezer Baruch Z"L e Shandla bat Hersh Mendel Z"L, que nos inspiraram a manter e a amar o judaísmo, não apenas como uma idéia bonita, mas como algo para ser vivido no dia-a-dia. Que possam ter um merecido descanso eterno.
 
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de minha querida e saudosa tia, Léa bat Meir Z"L. Que possa ter um merecido descanso eterno.
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Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de: Moussa HaCohen ben Gamilla z"l, Renée bat Pauline z"l.
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