sexta-feira, 5 de julho de 2013

SHABAT SHALOM M@IL - PARASHIÓT MATÓT E MASSEI 5773


BS"D

MEDO DO CASTIGO - PARASHIÓT MATÓT E MASSEI 5773 (05 de julho de 2013)

"Certa vez, em uma pequena cidade do interior, um grande incêndio se alastrou e começou a destruir as casas. As notícias do incêndio correram e chegaram à cidade vizinha, onde morava Alberto, o sobrinho de um dos moradores mais ricos daquela cidade. Quando ele escutou sobre o incêndio, imediatamente pediu ajuda a um amigo para tentar salvar a casa de seu tio da destruição. Correram o mais rápido que puderam para tentar chegar a tempo de ajudar.

Porém, quando Alberto chegou ao portão da casa de seu tio, viu que as coisas mais preciosas que ele tinha, como um antigo relógio de família, a caixa de joias de sua esposa e a sua coleção de moedas antigas, estavam espalhadas por todo o jardim. Alberto parou e, com tristeza, avisou ao amigo que de nada havia adiantado a corrida deles, pois haviam chegado tarde demais. Certamente o estrago já estava feito e a casa já havia sido completamente destruída pelo fogo.

Mas o amigo de Alberto não entendeu. Eles haviam chegado apenas até o portão da casa, não tinham nem visto se a casa havia sido atingida ou não. Como ele podia ter tanta certeza da destruição sem nem mesmo ter visto a casa do seu tio? Alberto explicou para ele:

- Normalmente, a pessoa guarda seus objetos mais valiosos nos lugares mais seguros dentro da casa. Mas podemos ver que os objetos mais valiosos estão completamente expostos, espalhados pelo jardim da casa. Isto significa que a casa já foi completamente consumida pelo fogo, e estas são as poucas coisas de valor que eles conseguiram salvar"

Explica o Chafetz Chaim que todo judeu tem uma "mansão" guardada para ele no Mundo Vindouro, que é construída através de cada bom ato e cada Mitzvá que ele cumpre na vida. Mas quando a pessoa se desvia do caminho correto, suas transgressões podem destruir sua "mansão espiritual". Ao viver apenas em busca do preenchimento dos seus desejos, a pessoa pode acabar com sua eternidade. E tudo o que restará a ela será aproveitar, ainda neste mundo, as poucas Mitzvót que ele conseguir salvar deste terrível "incêndio espiritual". Por isso, refletir sobre a consequência dos nossos maus atos nos ajuda a garantir a nossa eternidade.

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Nesta semana lemos duas Parashiót juntas, Matot e Massei, terminando o quarto livro da Torá, Bamidbar. Na Parashá Matót, a Torá fala, entre outros assuntos, sobre a guerra de vingança contra o povo de Midian e o pedido das tribos de Reuven e Gad para se estabelecerem do lado de fora da Terra de Israel. Já a Parashá Massei descreve as várias viagens que o povo judeu fez no deserto.

Também na Parashá Massei a Torá nos ensina qual a punição de uma pessoa que comete um assassinato não intencional. Por exemplo, se uma pessoa fosse cortar árvores e o machado escapasse de sua mão e atingisse letalmente outra pessoa, ela não era punida com a pena de morte, já que não havia a intenção de matar, mas deveria pagar pelo seu erro indo para o exílio. O exílio não poderia ser em qualquer lugar, havia cidades específicas para este fim, chamadas "Arei Miklat" (cidades de refúgio). O assassino não intencional precisava ir imediatamente para a cidade de refúgio e permanecer ali até a morte do Cohen Gadol (Sumo sacerdote).

Podemos perceber que estas cidades de refúgio envolvem dois conceitos diferentes: a salvação e o castigo. Por um lado, as cidades eram construídas pelo bem do assassino não intencional. De acordo com a Torá, apesar do assassinato não ter sido cometido com nenhuma má intenção, havia a permissão para que um parente do falecido vingasse a sua morte. Este parente era conhecido como "Goel HaDam" (vingador de sangue). Mas o assassino estava protegido dentro da cidade de refúgio, pois o "Goel HaDam" não tinha nenhuma permissão de causar qualquer mal ao transgressor lá dentro. A Torá exigia que os caminhos que levavam às cidades de refúgio fossem bem sinalizados, possibilitando que o assassino não intencional pudesse correr e salvar sua vida. Além disso, dois sábios de Torá acompanhavam o assassino não intencional até a cidade de refúgio, para acalmar e clamar pela sua vida caso o "Goel HaDam" o alcançasse no caminho. Portanto, as cidades de refúgio eram uma enorme bondade de D'us com o transgressor.

Mas, por outro lado, se o assassino saísse da cidade de refúgio, mesmo que por alguns poucos instantes, o "Goel HaDam" poderia matá-lo sem nenhum tipo de aviso ou advertência. A cidade de refúgio se tornava, portanto, uma prisão, um castigo para o transgressor. Não é contraditório que D'us por um lado se preocupe tanto com a vida do transgressor, mas que por outro lado mande um castigo tão duro, facilitando com que o "Goel HaDam" possa matá-lo caso ele apenas pise fora da cidade de refúgio?

A resposta começa em um dos fundamentos principais do judaísmo: nada acontece por acaso, tudo é supervisionado pelo Criador do mundo. Ninguém morre acidentalmente, tudo já está previsto e decretado. Se o machado voou da mão de uma pessoa e atingiu letalmente outra pessoa, é porque a outra pessoa já estava destinada a morrer naquele momento. Mas por outro lado, se uma pessoa mata outra, mesmo que não intencionalmente, isto significa que há algo de errado em sua alma. Por ela ter sido utilizada por D'us como um "instrumento" para cumprir uma pena de morte já decretada nos mundos espirituais, isto significa que esta pessoa perdeu a sensibilidade de qual o valor da vida.

Este era o motivo pelo qual o assassino deveria ficar na cidade de refúgio. Em primeiro lugar, o decreto espiritual de exílio era uma Kapará (expiação) pelo seu erro. Todo o sofrimento de estar longe da família e dos amigos limpava a sua alma do erro cometido. Além disso, nas cidades de refúgio morava a tribo de Levi, composta por pessoas que se dedicavam ao estudo de Torá e ao autoaprimoramento. A influência espiritual positiva da tribo de Levi ajudava a pessoa a crescer e a se arrepender dos erros que a levaram ao assassinato não intencional.

Mas se este conserto era tão importante para a alma do infrator, e D'us protegia tanto a vida dele para permitir que ele chegasse a esta cidade de refúgio, por que D'us permitiu ao "Goel HaDam" matá-lo caso saísse de lá, mesmo que só por alguns instante? Não era óbvio que a pessoa racionalmente gostaria de ficar ali, consertando seus erros e obtendo uma limpeza espiritual por sua terrível transgressão? Não era desnecessária esta ameaça à vida do assassino não intencional?

D'us criou todo o universo e, por isso, Ele conhece cada pequeno detalhe de cada uma de Suas criaturas. Ele sabe que no momento em que o transgressor sentisse saudades de sua família, ele teria vontade de sair da cidade de refúgio. Se não houvesse o medo do "Goel HaDam", no momento em que os desejos falassem mais alto, as suas convicções intelectuais seriam facilmente deixadas de lado. A ameaça do "Goel HaDam" era o que, na prática, mantinha a pessoa na cidade de refúgio, mesmo quando apertava a vontade de abandonar tudo e ir embora.

Este conceito ensinado na Parashá nos ajuda a entender algo que nos incomoda. Em geral, as pessoas não gostam de sentir medo. O medo inibe, assusta, trava. Mas sabemos que há na Torá inclusive uma Mitzvá de sentir medo: a Mitzvá de temer a D'us. O temor principal que precisamos sentir para cumprir esta Mitzvá é um temor mais elevado, chamado "Irat Haromemut", que se refere ao medo que devemos sentir por causa da grandeza de D'us. É um temor que vem do reconhecimento de quanto D'us é grande e perfeito, enquanto nós somos pequenos e imperfeitos. É um temor que vem junto com uma admiração. Mas existe também um nível de temor mais baixo, chamado "Irat HaOnesh", o medo do castigo. É o medo de que, se cometermos um erro, D'us nos punirá. Porém, se o principal temor para cumprir a Mitzvá de "temer a D'us" é o medo da grandeza Dele, para que serve este nível mais baixo de temor, o medo do castigo? Se o ideal é realmente sentir um temor que vem da admiração da grandeza de D'us, qual o benefício que nos traz sentir medo da punição?

Ensina o Rav Yaacov Kanievsky, mais conhecido com "Staipler", que muitas vezes uma pessoa sente uma forte atração e desejo para cometer uma transgressão. Neste momento, em que o Yetser Hará (má inclinação) está atacando a pessoa com força máxima, os desejos quase incontroláveis da pessoa entorpecem seu coração, a ponto da pessoa não levar em consideração as consequências espirituais negativas de seu ato. Por isto, a única coisa que realmente funciona neste momento é o medo do castigo, a pessoa se lembrar de que toda transgressão será duramente castigada. Este medo é o único freio que consegue parar a pessoa que está sendo levada atrás dos seus desejos. É por isso que quanto mais a pessoa internalizar as consequências negativas de suas transgressões, quanto mais ela refletir sobre o peso do castigo que virá caso cometa um erro, maior a chance de ela conseguir vencer suas tentações. Da mesma forma que o medo do "Goel HaDam" ajudava o assassino não intencional a vencer a sua vontade irracional de sair da cidade de refúgio, o que interromperia seu conserto espiritual, assim também o medo do castigo serve para nos despertar, quando o desejo fala mais alto do que as nossas convicções.

Por isso, o sentimento de medo não é algo negativo. Se o medo for mal utilizado, ele realmente nos bloqueia e não nos deixa crescer. Mas quando bem utilizado, o medo nos ajuda a cumprir a nossa missão neste mundo e a fugir dos erros e tentações que nos desviam. Como em uma escada, começamos a subir pelo primeiro degrau, o medo do castigo, para somente depois atingir o degrau mais alto, o medo da grandeza de D'us. Assim, poderemos utilizar o nosso medo para garantir que a nossa "mansão espiritual" estará guardada, são e salva, para quando chegar o momento de partir deste mundo.

SHABAT SHALOM

Rav Efraim Birbojm

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