SHAVUÓT

BS"D



VOCÊ JOGARIA FORA SEM ABRIR?


Imagine se você estivesse na Hebraica, andando tranquilamente em um Domingo ensolarado, pensando apenas na temperatura da piscina, quando uma pessoa bem vestida te aborda, estende um envelope selado e diz:

- Perdão pelo incômodo, mas eu gostaria de lhe oferecer algo. Dentro deste envelope há um bilhete de loteria. Na verdade, é o bilhete vencedor da loteria da semana passada, e o prêmio é milionário, pois já estava acumulado há algumas semanas. E eu gostaria de dar o bilhete para você, sem exigir nada em troca.

Terminando de falar, o homem se afasta. Você fica parado, sozinho com o envelope na mão. O que você faria? Você rasgaria o envelope e jogaria no primeiro lixo que encontrasse, sem nem mesmo ver o que tem dentro, ignorando completamente o incidente com aquele maluco? Ou você pelo menos abriria o envelope, afinal, o que você tem a perder?

O judaísmo é transmitido, de forma ininterrupta, há mais de 3.300 anos. Infelizmente, muitos judeus têm abandonado o judaísmo sem ao menos ver o que há dentro do “envelope”. Não seria razoável ao menos abrí-lo, para ver o que tem dentro?


O VALOR DE SHAVUOT

 

Quando comemoramos a Independência do Brasil no dia 7 se setembro, estamos apenas relebrando o “Grito do Ipiranga”, evento histórico que aconteceu em 1822. Porém, o judaísmo enxerga o tempo não como algo linear, e sim como uma espiral. Isto quer dizer que as mesmas influências espirituais se repetem ciclicamente a cada ano. Portanto, nas festas judaicas não apenas recordamos os acontecimentos históricos do povo judeu, e sim revivemos a mesma influência espiritual que ocorreu naquela época.

Shavuot revive a entrega da Torá ao povo judeu, no Monte Sinai. Celebrada exatamente 50 dias após o primeiro dia de Pessach, é também chamada de Zman Matan Torateinu - "A época da entrega da nossa Torá”, quando o povo judeu inteiro, unidos em um só coração, receberam a Torá, evento que mudaria para sempre a história da humanidade. Será que conhecemos o seu impacto?


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"Em relação aos Judeus"

"Se as estatísticas estão corretas, os Judeus constituem somente 1% da raça humana. Isto faz lembrar um sopro de poeira cósmica perdida no explendor da Via Láctea. Seria lógico que quase não escutássemos falar de um judeu, mas se escuta sobre eles, e sempre se escutou... Suas contribuições para a lista mundial de grandes nomes da literatura, ciência, arte música, finanças, medicina e conhecimentos ocultos também não guardam nenhuma proporção com a fragilidade de seu número. O judeu tem feito uma luta maravilhosa neste mundo, em todas as épocas; e o fez com as mãos atadas.

Os egípcios, os babilônios e os persas surgiram, encheram o planeta de ruído e esplendor, para logo desvanecer em um pesado sono e desaparecer. Seguiram os gregos e os romanos e fizeram um grande estrondo, mas já não se encontram mais. Outros povos surgiram e sustentaram a tocha no alto durante um tempo, mas se apagaram e agora descansam no crepúsculo, ou desapareceram. O judeu viu a todos eles, venceu a todos, e é agora o que sempre foi, sem mostrar nenhum indício de decadência, de deterioração pelo passar do tempo, de debilidade de seus membros, de diminuição de suas energias, de saturação de sua mente desperta e lúcida. Tudo é mortal, com excessão do judeu. Todas as outras forças passam, mas ele permanece. Qual o segredo de sua imortalidade?" (Mark Twain, escritor americano, revista Harpers 1899).


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ANIMAIS E SERES HUMANOS – ONDE ESTÁ A DIFERENÇA?

 

A linha que diferencia entre um ser humano e um animal selvagem são seus valores morais. Uma pessoa sem valores morais mata um ser humano simplesmente porque ele usa a camisa de outro time de futebol. Uma pessoa sem valores morais mata para roubar um tênis. Uma pessoa sem valores morais acha que a traição é algo natural do ser humano. Um mundo sem valores morais se comporta como se "cada um quisesse engolir seu companheiro" (Pirkei Avót - Ética dos Patriarcas). E quem trouxe para o mundo todos os conceitos de moralidade? A Torá, que nos eleva acima de toda a criação, nos ajuda a descobrir o nosso potencial de grandeza e utilizá-lo plenamente. Não somos macacos evoluídos, somos anjos materializados. Mas será que percebemos o seu valor?

Quando não sabemos o valor de algo que temos, é como se nunca tivéssemos adquirido. Portanto, para que possamos entender o valor da Torá, precisamos refletir um pouco: se não fosse esse dia, como estaria o mundo? Como seria a vida humana sem os seus ensinamentos universais, tais como "Não matarás", "Não roubarás" ou "Não cometerás adultério"?

John Adams (Segundo presidente dos Estados Unidos): "Eu insisto que os Hebreus fizeram mais pelo homem civilizado do que qualquer outra nação... eles são a mais gloriosa nação que já habitou este Terra...  Eles trouxeram religião para três quartos do planeta e influenciaram os assuntos da humanidade mais, e com mais alegria, do que qualquer outra nação, antiga ou moderna". (Carta de John Adams para F.A. Van der Kemp, 1808; Pennsylvania Historical Society)

A palavra "Torá" vêm de "Torat Chaim", que significa "Instruções de vida". A Torá é o nosso manual de instruções, que nos ensina como aproveitar o melhor da vida. Para aprender a utilizar seu Palm, é preciso estudar o manual de instruções por alguns minutos. Para aprender a pilotar um Boeing, é preciso estudar o manual de instruções do avião alguns meses. Para aprender a fazer uma cirurgia cerebral, é preciso estudar os manuais de medicina alguns anos. E para “pilotar” a vida, com todas as suas complexidades e dificuldades, não é ainda mais importante estudar um pouco o “manual de instruções”?


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"Dois amigos se reencontram, um deles estava dirigindo seu carro novo. O outro contou que também tinha comprado um carro igualzinho. Ficaram um longo tempo conversando sobre as vantagens daquele carro, até que um deles falou que o acessório que ele mais gostava era a máquina de fazer café. O motorista estranhou o comentário, devia ser um engano, pois ele tinha certeza de que no seu carro não tinha nenhuma máquina de fazer café! A discussão continuou, até que o dono do carro estendeu a chave para o amigo e pediu para que ele fizesse um café.

O amigo tranquilamente pegou a chave, colocou no contato, girou 45 graus e apertou um botão vermelho embaixo do painel. Imediatamente saiu um copo de café quente. O dono ficou perplexo. Quanto tempo ele tinha andado naquele carro sem aproveitar tudo o que ele tinha para oferecer! O amigo não entendia, pois esta função aparecia logo na página 4 do manual de instruções do carro. O dono do carro, com um sorriso envergonhado, confessou que nunca havia lido o manual de instruções..."

Quem de nós não gostaria de saber como sempre tomar as decisões corretas na vida?  A Torá nos orienta em todas as áreas: como construir e manter relacionamentos, como trabalhar honestamente, como utilizar o mundo material sem virar seu escravo, como contribuir para transformar o mundo em um lugar melhor para todos. Estes são alguns entre os muitos valores ensinados pela Torá, que nos ensinam a aproveitar da melhor maneira possível cada instante da vida.


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ENTENDENDO SHAVUOT E SUAS INFLUÊNCIAS ESPIRITUAIS

O nome Shavuot significa literalmente “semanas”, em referências às 7 semanas que contamos desde o segundo dia da festa de Pessach, época conhecida como os 49 dias da contagem do Omer, em que cada dia o povo judeu subia um nível espiritual, se preparando para receber a Torá no Monte Sinai. Esta contagem demonstra o amor do povo judeu, a vontade de receber a Torá, como um prisioneiro que conta as horas, os minutos e os segundos para o momento da sua libertação. E é esse o amor que mantém o povo judeu vivo até hoje.

Diferente das outras festas, Shavuot não tem nenhum símbolo, pois é uma festa de caráter totalmente espiritual. Em Pessach fomos libertados fisicamente da escravidão, e em Shavuot fomos libertados espiritualmente. Animais não são livres, pois agem de acordo com seus instintos. Muitas vezes os seres humanos também não são livres, pois estão presos aos modismos e às tendências, cada geração muda seus valores de acordo com as suas necessidades, e o próprio valor da vida muda de acordo com os interesses envolvidos, mesmo que vá contra valores morais. A liberdade verdadeira é poder ir contra estes modismos, vivendo de acordo os valores éticos e morais. E a fonte de todos os valores éticos e morais, eternos e imutáveis, é a Torá.

Paul Johnson (historiador): “Certamente o mundo sem os judeus teria sido um lugar radicalmente diferente... Os judeus nos deram este presente. A eles devemos as idéias de igualdade perante a lei, tanto divina quanto humana; a santidade da vida e a dignidade da pessoa humana; a consciência individual e a redenção pessoal; a consciência coletiva e a responsabilidade social; a paz como uma idéia abstrata e o amor como um dos fundamentos da justiça; e muitos outros itens que constituem o mobiliário da moral básica do intelecto humano”  (History of the Jews)

Mas se Shavuot é um dia espiritual, por que comemos, bebemos e festejamos? A Torá não nos proibe de termos prazeres na vida, ao contrário, aumenta e potencializa os nossos prazeres, nos dando o  equilíbrio necessário para que possamos aproveitar a vida de verdade.


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LEIS E COSTUMES DA FESTA DE SHAVUOT:

 

• ACENDIMENTO DAS VELAS:

 

ברוך אתה יי
אל-הינו מלך העולם
אשר קדשנו במצוותיו
וצונו להדליק נר
.של (שבת ושל) יום טוב

Baruch Atá A-do-nai, E-lo-hê-nu Mêlech haolam, asher kideshánu bemitsvotav, vetsivánu lehadlic ner shel Shabat veshel Yom Tov.

Bendito és Tu, Hashem, nosso D'us, Rei do Universo, que nos santificou com Seus mandamentos e nos ordenou acender a vela de Shabat e de Yom Tov.

ברוך אתה יי
אל-הינו מלך העולם
שהחינו וקימנו
.והגיענו לזמן הזה

Baruch Atá A-do-nai, E-lo-hê-nu Mêlech haolam, shehecheyánu vekiyemánu vehiguiánu lizman hazê.

Bendito és Tu, Hashem, nosso D'us, Rei do Universo, que nos deu vida, nos manteve e nos fez chegar até a presente época.

 

 

- Estudo na noite de Shavuot: Você lembra-se daquela viagem para o exterior, quando você mal conseguia dormir de tanta emoção?

 

Na primeira noite de Shavuot é costume passar toda a noite dedicando-se ao estudo da Torá, e a Cabalá enfatiza a importância deste costume. Uma das explicações é que a Torá foi entregue de manhã, mas o povo judeu não acordou cedo para recebê-la. O conserto, através das gerações, foi o costume de permanecer acordado por toda a noite estudando a Torá, mostrando nossa ansiedade em recebê-la.

 

Para você, que já virou a noite na balada, estudando para a prova ou tentendr acabar aquele trabalho... Por que não vivar a noite por um ideal?

 

- Meguilat Ruth: Na manhã do segundo dia de Shavuot é lida a Meguilat Ruth. A história nos conta a história de Ruth, uma mulher não-judia que demonstrou uma sincera vontade de se juntar ao povo judeu, eternizada com a frase dita a sua sogra Naomi “Teu povo será meu povo, e teu D’us será meu D’us”.

 

- Plantas e Flores: Em Shavuot é costume enfeitar as casas e as sinagogas com flores e folhagens. O Midrash (Torá Oral) relata que quando a Torá foi entregue ao povo judeu, o Monte Sinai - uma montanha deserta e árida - foi repentinamente coberto de flores, árvores e grama. As folhagens simbolizam também um costume da época do Templo Sagrado, quando os agricultores levavam para Jerusalém as primícias, ou seja, os primeiros frutos colhidos dentre as sete espécies que caracterizam a Terra de Israel.

 

Este “detalhe” no cenário da entrega da Torá nos ensina uma lição eterna: a capacidade da Torá de colocar o nosso potencial para fora. Da mesma forma que até mesmo um deserto floresceu, assim todos nós temos um imenso potencial de crescimento, que necessita apenas que seja regado e cuidado para que possa florescer.

 

- Comidas a base de leite: Outro costume é consumir em Shavuot alimentos derivados do leite, por diferentes motivos:

a) A Torá é comparada ao leite, pois a Torá é a fonte de vida. Da mesma maneira que o leite alimenta e mantém um recém-nascido, assim também a Torá nos alimenta espiritualmente e nos mantém.

b) A palavra hebraica para leite é חלב (Chalav), cuja Guemátria (soma do valor numérico das letras,  ח = 8, ל = 30, ב = 2) é quarenta, o mesmo número de dias que Moisés passou no Monte Sinai recebendo a Torá.

c) A partir da entrega da Torá, as leis de Cashrut tornaram-se obrigatórias. No entanto, como a Torá foi entregue no Shabat, nenhum animal podia ser abatido e nem os utensílios casherizados, e portanto eles comeram apenas comidas de leite, para imediatamente começar a cumprir tudo o que estava escrito na Torá.


CHAG SAMEACH


R' Efraim Birbojm


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