quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

SHABAT SHALOM MAIL - PARASHÁ VAYIGASH 5774

BS"D


CUIDADO COM A HONRA DOS OUTROS - PARASHÁ VAYIGASH 5774 (06 de dezembro de 2013)

O Rav Elazar Man Shach (Lituânia, 1899 - Israel, 2001), um dos maiores sábios da geração passada, era frequentemente visitado por um jovem emocionalmente desequilibrado. Toda vez que o rapaz se sentia triste ou deprimido, ele procurava o Rav Shach, que o recebia com alegria e passava horas sentado com ele, tranquilizando-o. Certa vez um familiar do Rav Shach, incomodado com o fato de ele dedicar tanto tempo para este rapaz, disse:

- Rav, não há um limite de quanto você deve ajudar outras pessoas? Se você fosse uma pessoa normal, com tempo sobrando, eu entenderia. Mas você é um dos grandes rabinos da geração, você não tem um minuto sobrando nem para você mesmo. Você não acha que deveria proibir este rapaz de vir aqui e dedicar seu precioso tempo para o seu próprio crescimento espiritual?

- Este rapaz tem sérios problemas psiquiátricos – respondeu o Rav Shach. Ele veio me visitar mês passado, e veio novamente há duas semanas. Certamente ele estará de volta em duas semanas, e também daqui a um mês. Eu o encorajo, eu o acalmo, mas vejo que isso não é suficiente para curá-lo. Certamente é um caso no qual a cura somente virá através de um milagre, diretamente das mãos de D'us.

- Mas então por que você se esforça tanto, conversando intermináveis horas com ele? – insistiu o familiar.

- Pois eu acredito que D'us fará um milagre acima das leis da natureza apenas se nós também nos esforçarmos acima das leis da natureza. É por isso que, apesar de ter uma vida tão corrida, eu faço minha parte dedicando bastante tempo a este rapaz. Pois eu acredito que ele merece uma cura completa da sua doença, e isto vem antes do meu próprio bem estar.

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Na Parashá desta semana, Vayigash, a Torá descreve o feliz desfecho da história de Yossef e o emocionante reencontro com Yaacov, seu pai, depois de 22 anos de separação, como está escrito: "E Yossef preparou sua carruagem e subiu ao encontro de seu pai Israel em Goshen. Ele apresentou-se diante dele, e atirou-se sobre seu pescoço e chorou muito sobre seu pescoço" (Bereshit 46:29). Depois disso, Yaacov ainda viveu mais 17 anos no Egito, até o seu falecimento.

Yossef, que era apenas um jovem imaturo quando foi vendido como escravo por seus irmãos, aos 17 anos, agora havia se tornado o vice rei do Egito e tinha em suas mãos muito poder, como está escrito no final da Parashá: "E fez o povo (egípcio) trocar de cidades, de um extremo ao outro extremo das fronteiras" (Bereshit 47:21). Yossef obrigou todos os egípcios a saírem de suas casas e mudarem de cidade, até que ninguém mais permanecesse no mesmo lugar em que vivia anteriormente. Por que ele fez isto? O Faraó havia sonhado que viriam sete anos de fartura e sete anos de fome, e Yossef aconselhou-o a armazenar comida durante os anos de fartura. Quando chegaram os anos de fome, as pessoas precisaram vender até mesmo suas terras para poder comprar comida. Assim, todas as terras do Egito passaram a ser propriedade do Faraó. Portanto, um dos motivos pelo qual Yossef mudou os egípcios de cidade foi para que ficasse claro que as terras não pertenciam mais a eles.

Mas sabemos que a Torá é um livro de ensinamentos para nossa vida e, portanto, nenhuma informação foi escrita desnecessariamente. Se a atitude de Yossef tivesse apenas motivações administrativas, não haveria necessidade da Torá nos contar este detalhe. Então por que a Torá quis ensinar que Yossef mudou todas as pessoas de lugar no Egito?

Explica Rashi (França, 1040 - 1105), comentarista da Torá, que o versículo foi escrito para louvar um excelente traço de caráter desenvolvido por Yossef. Apesar do final feliz, Yossef poderia ter guardado muito rancor dos seus irmãos por terem-no vendido como escravo ao Egito. Tendo tanto poder, Yossef poderia até mesmo ter se vingado deles. Mas Yossef conseguiu perdoar seus irmãos e chegou ao nível de colocar seu poder em risco apenas para cuidar da honra deles. Quando Yossef mudou as pessoas de uma cidade para outra, sua verdadeira intenção era que seus irmãos não fossem vistos como "os exilados". Yossef fez com que todos os egípcios também se transformassem em exilados, tirando dos irmãos este "rótulo" negativo. Yossef poderia ter causado uma rebelião popular, poderia perder seu cargo caso o Faraó não gostasse de sua atitude. Apesar disso, Yossef não mediu esforços para poupar a honra dos irmãos.

E esta não foi a única vez em que Yossef demonstrou este cuidado com a honra dos irmãos. No momento de se revelar para eles, Yossef sabia que seus irmãos sentiriam vergonha. Por isso, ele pediu para que todos os egípcios saíssem do salão, inclusive os homens da sua guarda pessoal, colocando sua própria vida em risco para não envergonhar publicamente seus irmãos. Também sempre que Yossef resolvia problemas de ordem pública, ele o fazia em seu gabinete. Mas quando ele quis aplicar seu plano para testar se seus irmãos estavam arrependidos de tê-lo vendido, ele recebeu-os na sua própria casa, e não no seu gabinete, para não humilha-los em público.

Há um Midrash (parte da Torá Oral) que ensina algo ainda mais impressionante sobre esta característica de Yossef. O Midrash afirma que durante os 17 anos em que seu pai esteve no Egito, Yossef não o procurou, pois não queria ficar sozinho com ele. Mas esta informação do Midrash é um pouco estranha, pois a Torá descreve o enorme amor que havia entre Yaacov e Yossef, o seu filho preferido. Eles estavam há 22 anos separados, certamente estavam com muitas saudades um do outro, teriam muito o que conversar. Além disso, Yossef poderia ter crescido muito estudando com seu pai, poderia ter alcançado níveis espirituais muito mais elevados. Então por que Yossef não procurou Yaacov durante todos estes anos? Pois Yossef sabia que se ficasse sozinho com seu pai, Yaacov perguntaria como ele havia chegado ao Egito, e Yossef precisaria contar sobre a sua venda. Para não envergonhar seus irmãos, Yossef abriu mão do amor que sentia pelo pai e do seu próprio crescimento espiritual.

Até onde vai a obrigação de se preocupar com a honra do próximo? Se prestarmos atenção no versículo que descreve o reencontro entre Yaacov e Yossef, há algo que nos chama a atenção. Explica o Talmud (Tratado de Kalá, capítulo 3) que quando Yossef e seu pai se reencontraram, Yaacov não o beijou. Por que? Pois ele suspeitava que Yossef, um homem extremamente bonito, havia se impurificado com as mulheres egípcias durante os anos em que esteve sozinho no Egito. Yossef, que era muito sábio, rapidamente entendeu o motivo pelo qual seu pai, que o amava tanto, não o havia beijado. Yossef tinha, portanto, mais um importante motivo para ter procurado seu pai durante aqueles anos. Yossef poderia se explicar para ele, poderia provar que se manteve o tempo inteiro em um nível espiritual elevado. Se Yossef tivesse contado para o pai todos os testes que havia vencido, como quando fugiu das investidas da bela esposa do Potifar, certamente Yaacov teria mudado de opinião sobre seu filho. Apesar de tudo isso, Yossef nunca foi procurar seu pai. Ele preferiu ficar com a sua própria honra manchada e sob suspeita de ter cometido graves transgressões apenas para poupar seus irmãos. Daqui vemos que para Yossef, a honra dos seus irmãos estava acima da sua própria honra.

Aprendemos de Yossef o quanto devemos nos esforçar para cuidarmos da honra dos outros. Quando uma pessoa não se importa com a honra dos outros, pode acabar cometendo algumas das piores transgressões da Torá, como falar Lashon Hará (maledicência sobre o próximo) ou humilhar alguém em público, que é considerada pelos nossos sábios algo tão grave quanto o assassinato.

Esta característica de Yossef também foi ensinada pelos nossos sábios: "Que a honra do seu companheiro seja tão preciosa para você quanto a sua própria honra" (Pirkei Avót 2:10). Da mesma maneira que não gostamos de ser humilhados, principalmente em público, também devemos tomar muito cuidado com a honra dos outros. Apesar de vermos o esforço de Yossef para cuidar da honra de seus irmãos, muitas vezes, mesmo sem más intenções, nos descuidamos e acabamos humilhando outras pessoas. Atitudes aparentemente inofensivas, como contar uma piada que denigre os outros ou dar apelidos pejorativos, podem causar muito sofrimento. Por isso, temos que ser muito mais cuidadosos e sempre pensar bastante antes de falar. Assim estaremos garantindo que nunca estaremos desrespeitando outras pessoas.

"Quem é a pessoa honrada? Aquele que honra e respeita as outras pessoas" (Pirkei Avót 4:1).

SHABAT SHALOM

Rav Efraim Birbojm

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