sexta-feira, 1 de maio de 2009

SHABAT SHALOM MAIL - PARASHIOT ACHAREI MÓT E KEDOSHIM 5769

BS"D

APROVEITANDO DE VERDADE - PARASHIOT ACHAREI MÓT E KEDOSHIM 5769 (01 de maio de 2009)

"Apesar de nunca ter terminado nem mesmo o primeiro grau, Roberto havia vencido na vida e se tornado uma pessoa muito rica. Como os negócios começaram a se expandir, ele precisou, pela primeira vez na vida, viajar de avião. Sua secretária comprou a passagem e fez o Check-in pela internet, e tudo o que ele precisou fazer foi embarcar.

Quando ele entrou no avião, viu a Primeira Classe e ficou deslumbrado com tanto luxo e comodidade. Poltronas largas e espaçosas, com bancos reclináveis e com apoio para os pés. Mas como viu que todas as pessoas passavam reto e seguiam até a outra parte do avião, ele decidiu seguir também. E olhando mais uma vez para aquelas poltronas maravilhosas, pensou: quem seriam os felizardos que viajariam com tanto luxo e conforto?

Quando chegou à Classe Econômica, viu as poltronas pequenas e apertadas. Como o avião não estava muito cheio, ele escolheu um lugar, encolheu as pernas e sentou. Quando quis ir ao banheiro, ficou meia hora na fila, enquanto os passageiros da Primeira Classe tinham um banheiro exclusivo só para eles. Na hora do jantar, recebeu uma comida sem graça, servida em descartáveis, enquanto viu que os passageiros da Primeira Classe comiam uma comida saborosa, em pratos de porcelana e com talheres de metal. Finalmente ele tentou dormir, mas não conseguia encontrar uma posição naquela poltrona apertada que mal deitava. Deu uma olhada na Primeira Classe e invejou aqueles felizardos que, com suas poltronas largas e completamente deitadas, dormiam como bebês.

Na manhã seguinte, quando o avião já se aproximava do destino, Roberto teve curiosidade de saber como era viajar de Primeira Classe. Pediu então para uma das aeromoças:

- Por favor, eu poderia aproveitar 5 minutinhos da Primeira Classe? Eu estou quebrado, não consegui dormir nada a noite inteira!

- Perdão – desculpou-se a aeromoça – mas a Companhia Aérea é muito rigorosa com estas regras, e apenas os passageiros que possuem o cartão de embarque vermelho podem usufruir da Primeira Classe.

Roberto voltou triste para sua poltrona. Quando o avião já estava pousando, retirou a carteira para pegar os documentos, viu de relance seu cartão de embarque e notou que era vermelho. Olhando mais atentamente, percebeu que estavam escritas as palavras "Primeira Classe". Ele ficou mal, que tamanho desperdício! Ele havia comprado um bilhete da Primeira Classe e, por total desconhecimento, havia viajado na Classe Econômica! Passou o dia inteiro se lamentando por ter perdido todos os prazeres e comodidades da viagem apenas por não ter sabido das regras antes"

Assim é a vida. D'us nos dá muitos prazeres, que nos ajudam na nossa "viagem" até nosso destino final. Mas muitos, por total desconhecimento, deixam de aproveitar os verdadeiros prazeres da vida...
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Nesta semana lemos duas Parashiot juntas, Acharei Mót e Kedoshim, e as duas tratam do mesmo assunto: o que fazer para chegar a um nível espiritual de Kedushá (santidade). A Parashá Acharei Mót começa nos ensinando as principais leis do dia mais sagrado do calendário judaico, Yom Kipur, e os principais detalhes de todo o serviço realizado pelo Cohen Gadol (Sumo sacerdote). Um dos principais momentos de Yom Kipur era quando o Cohed Gadol entrava no Kodesh Hakodashim (Santo dos Santos), o lugar mais sagrado do mundo, e pronunciava um dos nomes de D'us que continha 72 letras. Este nome evocava uma força espiritual tão grande que só podia ser pronunciado pelo Cohen Gadol, neste local e neste momento do ano. Depois de falar sobre Yom Kipur a Parashá então começa a descrever vários tipos de relações íntimas proibidas pela Torá, como por exemplo a relação entre parentes próximos. Mas por que a mesma Parashá que fala justamente do dia mais sagrado do ano também fala sobre relações ilícitas?

Um dos conceitos mais mal entendidos pela humanidade é o relacionamento íntimo entre o homem e a mulher. Segundo muitas religiões, qualquer contato íntimo é visto como algo sujo e pecaminoso e, portanto, proibido. Entende-se que chegar a elevados níveis de santidade só é possível através da total abstinência de prazeres mundanos, e um dos principais pontos é o voto de castidade, isto é, a total anulação do desejo humano pelo contato íntimo. Algumas religiões vão além e ensinam que o desejo deve ser controlado através de autopunição e sofrimentos auto-infligidos. De onde vieram estes conceitos? Será que esta é a visão judaica?

Muito apontam a fonte deste conceito na própria Torá. No início da criação, Adam e Chavá (Adão e Eva) foram criados no Gan Éden (Paraíso), mas por seu pecado de não escutarem o comando de D'us, caíram espiritualmente e foram expulsos. Somente depois da expulsão a Torá descreve o primeiro contato íntimo entre Adam e Chavá, que gerou Cain. Como aparentemente este primeiro contato íntimo ocorreu apenas fora do Gan Éden, muitas religiões deduziram que este era um ato pecaminoso e mundano, algo que era proibido no Gan Éden. Portanto o ideal do ser humano passou a ser voltar a este nível espiritual de antes do pecado, isto é, através do total afastamento dos prazeres materiais. Historiadores defendem a tese de que este "mito" ganhou mais força ainda na Idade Média, época em que o Clero, formado pelos sacerdotes da Igreja, possuía quase 2/3 das terras da Europa. O voto de celibato tornou-se então obrigatório para todos os sacerdotes, justamente para que os participantes do Clero deixassem, ao morrer, suas fortunas para a Igreja.

Infelizmente muitos judeus, por desconhecimento, acreditam que esta também é a visão judaica. Mas a Torá, nosso "Manual de instruções", nos ensina justamente o contrário. Rashi, famoso comentarista da Torá, diz que a forma como o versículo de Adam e Chavá foi escrito nos ensina que o relacionamento íntimo entre Adam e Chavá aconteceu dentro do Gan Éden, com o total consentimento de D'us. O judaísmo vai além e afirma que não existe nenhum prazer que a Torá proíbe, pois D'us criou o mundo de forma a podermos ter muitos prazeres na vida. O Talmud nos ensina que se uma pessoa perde a oportunidade de provar uma fruta que nunca experimentou, ela será cobrada por isso. D'us poderia nos alimentar com "cápsulas nutritivas" sem cheiro, sem gosto e sem cor, mas Ele nos deu uma grande variedade de frutas, legumes e comidas para que possamos saborear. Ele criou um mundo maravilhoso, apenas para mostrar Seu amor por nós.

Então de onde vem a idéia incorreta de que a Torá nos tira prazeres? Do preconceito com o qual olhamos o judaísmo. Olhamos as Mitzvót como algo negativo, que aparentemente nos limitam. Não podemos comer o que queremos, não podemos fazer tudo o que temos vontade nem da maneira que desejamos. Mas isso não é uma desvantagem, é um presente que D'us nos deu. Um dos principais benefícios que a Torá traz para nossas vidas, ao regrá-la com as Mitzvót, é nos dar autocontrole. Assim a pessoa pode canalizar os prazeres, para que possam ser utilizados de maneira mais completa e duradoura.

Um dos melhores exemplos para mostrar a diferença da visão judaica é justamente na área do contato íntimo entre o homem e a mulher. Em Lashon Hakodesh (língua sagrada com o qual D'us criou o mundo), a palavra "Kedushá" significa "santidade". Estranhamente, as mesmas letras, mudando apenas os pontos que representam as vogais, também formam a palavra "Kadeshá", que significa uma pessoa que vende seu corpo por dinheiro. Qual a relação entre santidade e vender corpo, que parecem coisas tão opostas? Segundo o judaísmo, quando um homem e sua mulher estão intimamente conectados, da maneira correta e com as motivações corretas, a presença de D'us paira sobre eles, pois o ato íntimo é algo muito sagrado e elevado. Porém, se a pessoa utiliza o ato íntimo apenas pensando nos seus prazeres, sem nenhuma motivação de conexão espiritual, ele se comporta como um animal, e é como se estivesse apenas vendendo seu corpo por um pouco de prazer imediato. O ato íntimo voltado ao espiritual preenche o ser humano, enquanto o ato animal somente causa ainda mais desejo e insatisfação.

Prazeres sem controle são limitados, muitas vezes nos tiram prazeres ainda maiores e podem arruinar nossas vidas. Quantas famílias não se despedaçam quando um dos cônjuges sente uma atração por outra pessoa e, por alguns instantes de prazer, joga tudo para cima? O autocontrole nos ajuda a manter um casamento feliz e estável por toda a vida. Segundo o judaísmo, o marido e a esposa precisam se separar por alguns dias todos os meses, renovando o relacionamento íntimo como se fossem recém casados. Em um mundo cada vez mais egoísta, as pessoas se preocupam apenas com o seu próprio prazer, sem se importar com o outro. O judaísmo nos ensina a pensar no prazer do outro antes do nosso próprio prazer. É por isso que a Torá traz, junto com o conceito de Yom Kipur, que representa a santidade, o conceito das relações ilícitas, que representa a imoralidade e a decadência, para nos ensinar que neste mundo, o mesmo ato pode ser feito com as motivações mais elevadas e sagradas, ou com as motivações mais baixas e animalescas.

Se prestarmos atenção na natureza, percebemos que muitos dos nossos atos cotidianos, tais como comer, beber e ter relações íntimas, também são feitos pelos animais. Isso nos ensina que, se fizermos nossos atos com as intenções corretas, podemos nos igualar aos anjos. Mas se fizermos com as intenções incorretas, estaremos nos comportando apenas como animais.

"Você come para viver ou vive para comer?"

SHABAT SHALOM

Rav Efraim Birbojm

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