quinta-feira, 1 de novembro de 2018

NO LIMITE DA HONESTIDADE - SHABAT SHALOM M@IL - PARASHAT CHAIEI SARA 5779

BS"D
Para dedicar uma edição do Shabat Shalom M@il, em comemoração de uma data festiva, no aniversário de falecimento de um parente, pela cura de um doente ou apenas por Chessed, favor entrar em contato através do e-mail efraimbirbojm@gmail.com.
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VÍDEO DA PARASHAT CHAIEI SARÁ

NO LIMITE DA HONESTIDADE - PARASHAT CHAIEI SARA 5779 (02 de novembro de 2018)

"Jairo, um professor brasileiro em um intercâmbio na Europa, entrou em uma estação de metrô em Estocolmo, capital da Suécia. Ele notou que havia, entre muitas catracas normais, uma de passagem livre. Ele então questionou à vendedora de bilhetes o porquê daquela catraca permanentemente liberada, sem nenhum segurança por perto. Ela então explicou que aquela catraca era destinada às pessoas que, por qualquer motivo, não tivessem dinheiro para o bilhete da passagem. Jairo, com sua mente incrédula, acostumada ao jeito brasileiro de pensar, não conteve a pergunta, que para ele era óbvia:
 
- E se a pessoa tiver dinheiro, mas simplesmente não quiser pagar?
 
A vendedora fechou os olhos, pensativa, e, ao abri-los de novo, perguntou, com a pureza de uma criança:
 
- Mas por que ela faria isso?
 
Sem resposta, Jairo pagou o bilhete e passou pela catraca, seguido de uma multidão que também havia pago por seus bilhetes. A catraca livre continuou vazia..."

Quando você pode roubar R$ 0,50 fazendo uma cópia de coisas pessoais na impressora do trabalho, você não perde a oportunidade. Quando você pode roubar R$ 5,00 levando para casa a caneta da empresa, você não perde a oportunidade. Quando você pode roubar R$ 25,00 pegando uma nota fiscal mais alta na hora do almoço para a empresa reembolsar, você não perde a oportunidade. Quando você pode roubar R$ 50,00 de um artista comprando um CD de música pirata, você não perde a oportunidade. Quando você pode roubar R$ 500,00 da Microsoft baixando um Windows pirata, você não perde a oportunidade. Quando você pode roubar R$ 2.000,00 do comprador ao esconder um defeito do seu carro na hora de vendê-lo, você não perde a oportunidade. E você não perde nenhuma oportunidade, pois sonega imposto, dá informações falsas para adquirir benefícios que não tem direito, não devolve troco a mais, etc. Se você trabalhasse no governo e pudesse roubar um milhão, como você não perde nenhuma oportunidade, certamente iria aproveitar esta também. Tudo é uma questão de acesso e oportunidade. Os brasileiros precisam entender que o problema do Brasil não é somente a meia dúzia de políticos no poder lá em cima, pois eles são apenas o reflexo dos quase 200 milhões aqui embaixo. Os políticos de hoje foram os oportunistas de ontem. Vai ser difícil limpar o Brasil enquanto cada brasileiro não mudar a sua mentalidade.

A Parashat desta semana, Chaiei Sara (literalmente "A vida de Sara"), nos conta sobre o falecimento de nossa primeira matriarca, Sara. Avraham foi então se ocupar com a Mitzvá de enterrar sua esposa. Ele queria enterra-la em um lugar específico, uma caverna chamada "Mearat Hamachpelá", onde estavam enterrados Adam e Chavá. O dono do terreno onde se encontrava a Mearat Hamachpelá era um homem do povo dos Hititas, chamado Efron. A Parashat então descreve a negociação que ocorreu entre Avraham e Efron.
 
Porém, os detalhes desta negociação despertam vários questionamentos. Em primeiro lugar, a Parashat descreve que antes de Avraham entrar diretamente em negociação com Efron, ele se aproximou dos Bnei Chet (Hititas) e pediu para que eles lhe dessem um local para poder enterrar sua esposa falecida. Quando eles concordaram com seu pedido, então Avraham pediu para que eles intercedessem em seu nome para convencer Efron a dar para ele a Mearat Hamachpelá. Após Efron concordar em doar o terreno, Avraham mencionou o desejo de pagar o preço completo e insistiu para que Efron aceitasse. Mas como entender este estranho comportamento de Avraham, que em um primeiro momento pediu o terreno de graça, mas depois insistiu para que Efron cobrasse o valor inteiro, mesmo depois dele já ter concordado em doar o terreno?
 
Além disso, há um Midrash muito interessante, que afirma que a expressão "Bnei Chet" (Hititas) é repetida 10 vezes durante a negociação entre Avraham e Efron. O Midrash aprende desta repetição que todo aquele que ajuda um Tzadik (Justo) em uma negociação é considerado como se tivesse cumprido os 10 Mandamentos da Torá. Qual é a relação entre a aquisição do terreno feita por Avraham e o cumprimento dos 10 Mandamentos?
 
Outro ponto que nos chama a atenção são as palavras de Efron. Quando ele escutou que Avraham estava disposto a pagar o valor inteiro pela terra, então deu seu preço: "A terra vale 400 moedas de prata. Entre eu e você, o que é isto?" (Bereshit 23:15). Aparentemente Efron estava minimizando os gastos envolvidos naquela aquisição, dizendo que aquele valor, extremamente elevado, não era problema para indivíduos tão ricos como ele e Avraham. Entretanto, Rashi não interpreta esta afirmação de Efron desta maneira, como um desprezo com os gastos de Avraham. Ao contrário, Rashi explica que as palavras de Efron significavam que mesmo aquela alta soma de dinheiro não era problema entre amigos. Como Rashi pode afirmar que o comentário de Efron não foi um desprezo, e sim uma referência à sua amizade com Avraham? Que atitude de Efron demonstrou seu sentimento de amizade em relação a Avraham?
 
Finalmente, sabemos que, dos milhares de eventos que ocorreram na história da humanidade, a Torá registrou apenas aqueles que trazem mensagens eternas e ensinamentos às futuras gerações. A negociação de compra e venda de um terreno é aparentemente algo supérfluo. Então o que podemos aprender para nossas vidas desta negociação entre Avraham e Efron, gravada para sempre na Torá?
 
Será que nós sabemos o que é honestidade? Temos ideia do que significa ser correto nas nossas transações comerciais? Infelizmente acabamos fechando os olhos para "pequenos desvios" no nosso cotidiano, como usar objetos sem a permissão do dono, andar no acostamento das estradas e não devolver o troco a mais no banco. Estes "pequenos desvios" têm duas graves consequências. Em primeiro lugar, a Torá nos ensina que não existem "pequenos desvios". Mesmo quando se tratam de valores pequenos, utilizar sem permissão os bens dos outros ou não devolver o troco a mais é uma transgressão, com impactos espirituais negativos.
 
Porém, a consequência mais grave destes "pequenos desvios" é nos acostumarmos com a desonestidade, como se fosse algo normal. Começamos com pequenos desvios, mas terminamos racionalizando até mesmo grandes transgressões, sempre com o convincente argumento de "todo mundo faz isso", a melhor forma de autoenganação. Quando apontamos o dedo para os políticos corruptos, nos esquecemos de que, ao olhar no espelho, talvez veremos uma pessoa que, de pouco em pouco, também acabou corrompendo seu caráter.
 
Quais são os parâmetros da Torá de honestidade? Até onde devemos nos esforçar para sermos pessoas íntegras e honestas? Um incrível exemplo é trazido pelo Rambam (Maimônides) (Espanha, 1135 - Egito, 1204) nas leis referentes a compras e vendas. Se uma pessoa não quer vender algo, mas é pressionada a fazer isto pela quantia de dinheiro que o comprador oferece, então este comprador está transgredindo o último dos 10 Mandamentos da Torá, "Ló Tachmód" (Não cobiçarás). Quando a pessoa já declarou não ter interesse em vender, forçá-la a fazer isto, mesmo que seja oferecendo dinheiro, é considerado pela Torá uma transgressão. Este é o nível de cuidado e retidão que a Torá exige de nós.
 
Explica o Rav Yohanan Zweig que desta maneira podemos entender o estranho comportamento de Avraham. Ele era extremamente cuidadoso com seus atos, fazia de tudo para se afastar de qualquer tipo de transgressão. Avraham não queria chegar nem perto da transgressão de "Ló Tachmód". A única forma de Avraham garantir que Efron não estava sendo pressionado na venda de seu terreno era se, em um gesto de amizade, Efron estivesse disposto a dar a ele o terreno de presente. Foi por isto que Avraham ficou mais tranquilo quando Efron concordou em doar o terreno. Porém, como Avraham não estava interessado em receber o terreno de presente, ofereceu a ele o dinheiro, com a tranquilidade de saber que não estava forçando Efron a vender seu terreno. É por isso que Rashi entendeu que a frase de Efron "entre eu e você" não era um desprezo pelo valor do terreno, e sim uma expressão de sua amizade com Avraham.
 
O Rabeinu Bechaya explica que o número 10 incorpora todos os números anteriores. Da mesma maneira, os 9 Mandamentos que vêm antes do "Ló Tachmód" estão incorporados no décimo Mandamento. Todos os traços de caráter negativos encontrados nos primeiros 9 Mandamentos derivam do egocentrismo, que é a fundação da transgressão de cobiçar o que é do próximo.
 
Se pararmos para refletir sobre este incrível ensinamento da Parashat, perceberemos que é muito comum nos colocarmos em situações nas quais nos impomos sobre outras pessoas e acabamos esperando que elas façam por nós coisas que elas não querem fazer de verdade. Aprendemos de Avraham a importância de avaliarmos se os outros estão fazendo as coisas por nós como uma demonstração de afinidade e proximidade ou se elas se sentem pressionadas a nos ajudar. Se chegarmos à conclusão de que as pessoas fazem as coisas por nós apenas por se sentirem obrigadas, ter proveito desta ajuda beira a proibição da Torá de "Ló Tachmód".
 
A honestidade não é medida nos grandes testes. São os pequenos testes do cotidiano que demonstram o nosso verdadeiro nível de honestidade. Devolver o troco a mais, não querer levar vantagem em tudo e evitar malandragens são formas de moldar o nosso caráter. Pequenas atitudes, como não usar a catraca livre do metrô, vão mudando a nossa mentalidade e nos transformando, pouco a pouco, em campeões de honestidade.

SHABAT SHALOM

R' Efraim Birbojm

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HORÁRIO DE ACENDIMENTO DAS VELAS DE SHABAT - PARASHAT CHAIEI SARÁ 5779:

São Paulo: 18h00  Rio de Janeiro: 17h47  Belo Horizonte: 17h45  Jerusalém: 16h13
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Este E-mail é dedicado à Refua Shlema (pronta recuperação) de: Chana bat Rachel, Pessach ben Sima, Rachel bat Luna, Eliahu ben Esther, Moshe ben Feigue, Laila bat Sara, Chana Mirel bat Feigue, eliezer ben Shoshana.
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Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Ben Tzion (Benjamin) ben Shie Z"L e Frade (Fany) bat Efraim Z"L, que lutaram toda a vida para manter acesa a luz do judaísmo, principalmente na comunidade judaica de Santos. Que possam ter um merecido descanso eterno.
 
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Meir ben Eliezer Baruch Z"L e Shandla bat Hersh Mendel Z"L, que nos inspiraram a manter e a amar o judaísmo, não apenas como uma idéia bonita, mas como algo para ser vivido no dia-a-dia. Que possam ter um merecido descanso eterno.
 
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de minha querida e saudosa tia, Léa bat Meir Z"L. Que possa ter um merecido descanso eterno.
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Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de: Moussa HaCohen ben Gamilla z"l, Renée bat Pauline z"l, Eliezer ben Arieh z"l; Arieh ben Abraham Itzac z"l, Shmuel ben Moshe z"l, Chaia Mushka bat HaRav Avraham Meir z"l, Dvora Bacha bat Schmil Joseph Rycer z"l, Alberto ben Esther z"l, Malka Betito bat Allegra z"l.
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(Observação: para Refua Shlema deve ser enviado o nome do doente e o nome da mãe. Para Leilui Nishmat, os Sefaradim devem enviar o nome do falecido e o nome da mãe, enquanto os Ashkenazim devem enviar o nome do falecido e o nome do pai).
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