sexta-feira, 3 de abril de 2009

SHABAT SHALOM MAIL - PESSACH 5769

BS"D


O CERTIFICADO - PESSACH 5769 (03 de abril de 2009)

Certa vez, quando o Rav Israel Salanter voltava de uma de suas viagens, parou para dormir em um pequeno hotel cujo dono era judeu. Mas para sua surpresa, descobriu que o dono do hotel, antes um judeu temente a D'us, agora havia abandonado completamente o cumprimento das Mitzvót da Torá. O Rav Salanter perguntou o motivo e o homem explicou:

- Há alguns dias se hospedou aqui um judeu ateu. Começamos a discutir sobre a idéia de castigo e recompensa de D'us, e ele afirmava que tudo isso era uma grande tolice. Como a discussão não chegava a lugar nenhum, ele saiu e voltou com um pedaço de carne de porco. Ele desafiou D'us, dizendo que engoliria aquela carne de porco, e se realmente existisse supervisão Divina no mundo ele imediatamente morreria engasgado, mas se nada acontecesse seria uma prova de que não existe castigo e recompensa. Após desafiar D'us com tanto desrespeito, ele engoliu o pedaço de porco e nada aconteceu. Depois disso fiquei confuso e resolvi abandonar tudo.

O Rav Salanter escutou tudo em silêncio. Quando homem terminou, ele foi para o seu quarto sem falar nada. Algumas horas depois a filha do dono do hotel voltou da escola e contou, muito contente, que havia recebido um importante certificado de música. O rav Salanter chamou-a e pediu que ela cantasse para ele, para provar que ela realmente sabia cantar. A menina se irritou com o pedido e se recusou a cantar. O Rav Salanter chamou o pai e disse que a filha era uma mal educada, pois ele havia pedido para ela cantar e ela havia se recusado. O pai questionou o comportamento da filha e ela explicou:

- Não tem sentido eu cantar para as pessoas para mostrar que eu canto bem sem que seja o momento e o lugar adequados. Fora isso, o que ele pensa, que para todo mundo que duvidar do meu talento eu vou começar a cantar para provar? Foi justamente por isso que eu recebi um certificado, para mostrar para aqueles que duvidarem da minha capacidade!

O pai achou a resposta da filha satisfatória e deu razão para ela. O Rav Salanter virou-se para o dono do hotel e disse:

- Interessante, você acha que com este certificado de papel é suficiente para que ninguém duvide da habilidade de sua filha. Mas você tem dúvidas de D'us, que já nos provou, diante dos olhos dos outros povos, a Sua supervisão particular, inclusive através de milagres abertos, como aconteceu na Saída do Egito. Além disso, Ele nos deu um certificado que comprova isso, a Torá. E não foi uma única vez, mas muitas vezes na história D'us revelou Seu poder: nos dias de Mordechai e Ester (Purim), nos dias dos Chashmonaim (Chánuka), com o profeta Eliahu e os falsos profetas de Baal (que foram todos consumidos por um fogo celestial diante dos olhos de todo o povo). Você acha que agora, para qualquer tolo que vier e disser "não acredito", D'us mudará a ordem da Criação e as leis da natureza para provar algo para ele? Quem quer de verdade conhecer D'us pode buscar as provas dentro do "certificado" eterno que Ele nos entregou, e não há necessidade de nenhuma outra prova.
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Na próxima quarta-feira de noite (08 de abril) começa a festa de Pessach, um dos pilares centrais do judaísmo, quando revivemos a saída do povo judeu do Egito. Para entender a importância deste evento basta observar que em todas as festas, inclusive no Shabat, dizemos "Zecher Lietziat Mitzraim" (em recordação à Saída do Egito). Mas por a saída do Egito é tão marcante para o povo judeu até hoje em dia? Por que relembrar com tanta frequência algo que já ocorreu há mais de 3.300 anos?

No livro "Hakuzari", o Rav Yehuda Halevi faz uma pergunta fantástica: no primeiro mandamento da Torá está escrito "Eu sou teu D'us, Quem te tirou da terra do Egito, da casa da escravidão" (Shemot 20:2). Apesar de D'us realmente ter feito muitos milagres abertos durante a saída do Egito, desde as 10 pragas até a abertura do Mar Vermelho, todos os milagres foram feitos com elementos que já existiam na natureza. Porém, na criação do mundo, o milagre e a demonstração do poder de D'us foram muito maiores, pois Ele criou o universo inteiro a partir do nada. Se na saída do Egito D'us quebrou as leis da natureza, na criação do mundo Ele as criou. Portanto, já que os atos da criação revelam ainda mais o poder de D'us, então por que no primeiro mandamento da Torá não está escrito "Eu sou teu D'us, Quem criou o mundo"?

A resposta é muito interessante. A criação do mundo foi justamente com o propósito de dar ao ser humano a livre escolha, tanto para o bem quanto para o mal. Mas para nos auxiliar em nosso trabalho espiritual e nos ajudar a fazer as escolhas corretas, D'us não queria que as pessoas vivessem baseadas apenas em fé cega, Ele nos deu um intelecto para que possamos utilizá-lo e chegar à verdade. Foi justamente por esse motivo que D'us ressaltou no primeiro Mandamento da Torá "Quem te tirou do Egito", pois a saída do Egito foi um evento com milhões de testemunhas, enquanto na criação do mundo não havia nenhuma testemunha. Se o judaísmo fosse embasado apenas no fato de nosso D'us ter sido o Criador o mundo, seria fé cega, pois não haveria nenhuma prova. Mas quando D'us nos tirou do Egito, isso provou que Ele participa do mundo e supervisiona tudo o que ocorre, e todos os milagres foram vistos por três milhões de pessoas. Para que Ele não tenha que se revelar com milagres e sinais em cada geração, Ele decretou aos nossos antepassados, que presenciaram a saída do Egito, que fizessem para sempre um lembrete e um sinal de tudo o que os olhos deles viram, para que pudessem transmitir aos seus filhos e aos filhos dos seus filhos, até a última geração. Este lembrete é Pessach.

Por isso, toda vez que nos sentamos durante o Seder de Pessach e recontamos todos os detalhes da saída do Egito, não estamos apenas relembrando uma história que aconteceu aos nossos antepassados. Estamos participando, de forma ativa, de uma corrente de transmissão ininterrupta de mais de 3.300 anos, de pai para filho, da base racional do judaísmo.

Todas as vezes que D'us faz milagres abertos e quebra as leis da natureza é para nos ressaltar que a natureza também é um milagre e é Ele quem a controla. E assim diz o Ramban (Nachmanides): "A pessoa não tem parte na Torá de Moshé Rabeinu até que acredite que, em todas as coisas e acontecimentos, tudo é milagre e não existe natureza". A palavra natureza, em hebraico, é "Téva", a mesma raiz da palavra "Matbea", que significa "cunha da moeda", para nos ensinar que, através da observação da natureza e sua perfeição podemos encontrar "encunhado na moeda" o seu autor.

Dizem nossos sábios que, na criação do mundo, o versículo "E disse D'us: 'Façamos o homem' " (Bereishit 1:26) está escrito no plural "façamos" para nos ensinar que D'us, dando um exemplo de humildade, se aconselhou com os anjos para saber se criava o ser humano ou não. Os anjos foram contra, pois diziam que o ser humano terminaria se esquecendo de suas obrigações e se voltando contra o Criador. E durante todo o ano os anjos vêem nossos maus atos e relembram D'us de que não valeu a pena criar o ser humano. Mas na noite de Pessach D'us junta todos os anjos do Céu e pede para que eles desçam na Terra e vejam o que os judeus estão fazendo. Então os anjos escutam, em cada casa judia, as famílias reunidas no Seder de Pessach, louvando a D'us e recordando todos os milagres da saída do Egito, num belo gesto de "Akarat Hatov" (gratidão). Então os anjos voltam e relatam para D'us o que viram, concordando que realmente a criação do ser humano valeu a pena.

Que possamos neste ano estarmos todos reunidos com nossas famílias no Seder de Pessach, revivendo a saída do Egito e todos os seus milagres, dando nossa contribuição para que a criação do ser humano tenha mais sentido e fazendo nossa parte nesta corrente, que vai desde os nossos dias até a saída do Egito.

Shabat Shalom e Chag Sameach

Rav Efraim Birbojm

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