sexta-feira, 25 de setembro de 2009

MENSAGEM YOM KIPUR 5770

BS"D
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Ensinam os nossos sábios que "Não existe um Tzadik (Justo) no mundo que faz o bem e não erra". Isto quer dizer que todos nós, seres humanos, temos a nossa má-inclinação constantemente nos testando, e nenhum de nós está isento de cometer erros.
Explica o Talmud que Yom Kipur serve para limpar os erros que cometemos com D'us, mas todos os erros que cometemos com o próximo não são perdoados por D'us até que sejamos perdoados pela pessoa com quem erramos. Não adianta passar o Yom Kipur inteiro rezando e chorando, é necessário antes pedir perdão para a pessoa que fizemos mal e convencê-la a nos perdoar.
Portanto, gostaria de aproveitar a oportunidade para, de coração aberto, pedir perdão a todos com quem eu possa ter cometido qualquer erro, tanto algum ato que eu tenha feito de errado quanto algo que esperavam de mim e eu não correspondi. Tanto os erros intencionais quanto os erros não intencionais, de todos eles eu me arrependo do fundo do coração e espero que vocês possam me perdoar. Por favor, se alguém tiver algo específico, me escreva para que eu possa pedir perdão diretamente.
Quando passamos por cima das nossas características pessoais e perdoamos os outros, D'us passa por cima de todas as nossas transgressões e nos perdoa. Portanto também perdôo de todo o coração a qualquer um que possa ter me feito algum mal, intencionalmente ou não intencionalmente.
Que todos possamos ter um ano maravilhoso, de muito crescimento espiritual, e que possamos neste ano aprender a conviver com o próximo com muita harmonia e respeito.
GMAR CHATIMÁ TOVÁ (QUE SEJAMOS SELADOS PARA O BEM)
Rav Efraim Birbojm
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SHABAT SHALOM MAIL - PARASHÁ HAAZINU E YOM KIPUR 5770

BS"D
O REI, UM DESCONHECIDO? – PARASHÁ HAAZINU E YOM KIPUR 5770 (25 de setembro de 2009)
"O rei de um país muito distante tinha um único filho, e nele colocou todo o seu amor. Tudo o que o rei fazia era pensando no bem estar do príncipe, era um investimento para que ele tivesse um futuro maravilhoso. Mas um dos ministros do rei, uma pessoa muito invejosa, não se conformava com a alegria da família real e bolou um terrível plano: seqüestrou o filho do rei e o levou para um lugar distante. Para que ninguém reconhecesse a criança, trocou suas roupas por farrapos para que parecesse ter vindo de uma família muito pobre. O príncipe foi criado em uma pequena fazendo, com uma vida muito simples, trabalhando como camponês, longe da suntuosidade e do luxo do palácio do rei.
Muitos anos se passaram, mas o amor do rei era tanto que ele não desistia de ter seu filho de volta. Contratou os melhores detetives do reino para que buscassem notícias do paradeiro do seu filho. Até que um dia um dos detetives descobriu que o príncipe vivia como um simples camponês em uma fazenda distante. O rei, com o coração cheio de alegria, mandou emissários para trazerem seu filho de volta.
O rapaz, quando foi convidado a voltar ao palácio, a princípio teve medo de ir. Ele não conhecia o rei, sabia apenas que era alguém que morava longe. Ele nunca havia saído da sua pequena vila, não imaginava o que era um palácio. Mas os emissários insistiram até que ele concordou. Vestiram-no com roupas nobres, apropriadas para o filho do rei, montaram-no em um majestoso cavalo e começaram o caminho de volta ao palácio.
Quando começaram a se aproximar da capital, o príncipe começou a ver casas cada vez mais bonitas e luxuosas, diferentes da sua pequena casinha na fazenda. Começou então a ter flashes de quando era pequeno, de como era a vida dentro do palácio do rei. Mas quando finalmente chegaram ao palácio, o príncipe foi tomado de um terrível pavor. Tudo parecia muito rico e imenso, ele não sabia o que fazer, não sabia como deveria se comportar no palácio real. Na sua cabeça ele não conseguia entender o que o rei queria. Afinal, ele era apenas um estranho.
Os emissário trouxeram-no até uma gigantesca porta e anunciaram que lá dentro estava o rei sentado em seu trono. O rapaz ficava cada vez mais apavorado, imaginando como aquele rei estranho o receberia e o trataria. A porta começou a se abrir lentamente e finalmente o rapaz viu o rei, o homem mais poderoso do reino, a pessoa cujas palavras direcionavam a vida de milhares de pessoas. Ele tremia e mal conseguia se aproximar. Até que, quando chegou mais perto, ele viu que não era o rei, era o seu pai! Eles se abraçaram e choraram muito com a alegria daquele reencontro, depois de tanto tempo que viveram afastados"
Somos os filhos do Criador do mundo, para quem Ele criou o universo inteiro. Ele nos criou para que possamos ficar próximos Dele e receber Suas bondades. Mas o Satan, nossa má inclinação, nos engana e nos faz desviar para longe, para uma vida fora do "palácio". Mesmo assim o Rei não desiste, ele espera todos os dias pela nossa volta. No mês de Elul nós começamos nossa volta para casa. Em Rosh Hashaná nós entramos no palácio, mas nos sentimos apavorados por causa do julgamento. Somente quando chega Yom Kipur é que sentimos a alegria de entender que na verdade nós somos os Seus filhos.
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Nesta semana lemos a Parashá Haazinu, e no Domingo de noite começa Yom Kipur, o Dia do Perdão, um dos dias mais sagrados no judaísmo. Qual a conexão entre os dois? Explica o Rav Guedaliah Shor que a Parashá Haazinu é um cântico entoado por Moshé que mostra a harmonia da criação, juntando passado, presente e futuro. O passado nos ensina sobre o futuro e o futuro nos esclarece sobre os eventos do passado, revelando assim a perfeição do Criador. E justamente esta é a natureza de Yom Kipur, buscar a proximidade com o Criador do mundo e entender a perfeição de Sua criação.
Todos nós estamos familiarizados com o dia de Yom Kipur. Jejuamos, passamos o dia inteiro na sinagoga imersos em rezas e pedidos de perdão por nossos erros, escutamos discursos de Torá do rabino da sinagoga. É um momento solene, é um momento importante no nosso ano, mas para a grande maioria das pessoas não é um momento feliz. Porém, o rabino Israel Salanter nos ensina que não há dia mais feliz para o povo judeu do que Yom Kipur, e que neste dia deveríamos cantar e dançar. Por que devemos sentir assim tanta alegria?
Explicam nossos sábios que durante todo o ano temos um relacionamento distante com D'us. Ele é o Rei do universo, mas sentimos que não temos nenhuma proximidade com Ele. Vivemos nossa vida dentro de uma rotina onde sobra muito pouco tempo para pensarmos em D'us. E talvez o mais difícil é entender exatamente o que significa D'us ser o nosso Rei. Infelizmente não temos bons exemplos de reis no mundo. Durante a história subiram ao poder muitos reis tiranos, que ao invés de buscarem o bem do seu povo, buscaram acumular poder, fortuna e prestígio. A insatisfação era tanta que muitas vezes o povo fazia revoluções para derrubar seus monarcas e implantar novas formas de governo. Na Inglaterra, uma das poucas monarquias que sobreviveram, a família real está sempre envolvida em escândalos e são apenas um enfeite, sem nenhum poder. Com exemplos assim, realmente é difícil entender o conceito de D'us ser o nosso Rei.
Então temos que buscar na Torá o comportamento de um rei verdadeiro. O povo judeu teve diversos reis cuja grandeza, sabedoria e bondade iluminaram e iluminam o mundo inteiro até os nossos dias. Reis como o Rei David, que nos deixou os Salmos, que são recitados por todos os povos do mundo, e o Rei Salomão, que nos deixou sua vasta sabedoria em livros como os Provérbios e o Cântico dos Cânticos. Um rei, segundo o judaísmo, deve ser uma pessoa que tem em suas mãos um imenso poder, honra e tesouros, mas que utiliza tudo isso apenas para o benefício do seu povo. Ele direciona o potencial das pessoas para que possam trabalhar juntas por um objetivo comum. Ele utiliza seu poder para estabelecer uma sociedade onde as pessoas vivam com paz e tranqüilidade, podendo utilizar seus esforços para desenvolver seus potenciais. É isso que significa que D'us é o nosso Rei, pois assim Ele cuida de nós, e todos os Seus atos são apenas para o nosso benefício.
Mas D'us não se limita a apenas ser o nosso Rei, Ele vai além, Ele se comporta como o nosso Pai, Avinu Malkeinu (Nosso Pai, Nosso Rei). Ele nos criou para que possamos estar perto Dele, recebendo os prazeres da Sua proximidade. Então por que não sentimos esta proximidade? Pois perdemos o foco do que queremos de verdade. Quantas vezes nós já lemos um livro ou assistimos um filme e sentimos uma faísca de inspiração para mudarmos nossas vidas, mas depois nossas decisões ficaram simplesmente esquecidas?
A vida é como uma estrada que nos leva à D'us. Existem placas, as Mitzvót, que nos orientam para que possamos saber, a cada instante, se estamos indo na direção correta. Mas durante o ano acabamos muitas vezes pegando a estrada errada e caminhamos na direção contrária ao nosso crescimento. A palavra "transgressão", em hebraico, é "Chet", que vem da mesma raiz da palavra "desviar". Quando fazemos o mal aos outros e a nós mesmos, certamente estamos nos afastando do nosso propósito e ficando cada vez mais longe de casa.
Mas apesar de estarmos tão distantes durante todo o ano, apesar de esquecermos de D'us e tirarmos Ele das nossas vidas, Ele não se esquece de nós e nos dá a chance de voltar. Mesmo se erramos muito, mesmo se nos desviamos, Ele abre todas as portas em Yom Kipur para nos perdoar. A tradução da palavra "Teshuvá" é "retorno", pois quando nos arrependemos dos nossos erros e mostramos para Ele que queremos mudar, Ele nos coloca de volta na estrada correta. Por isso Yom Kipur é uma festa tão alegre, e deveríamos dançar de alegria. Pois é mais do que um presente de um Rei, é um abraço apertado de um Pai.
SHABAT SHALOM e TZOM KAL (Que todos tenhamos um jejum leve em Yom Kipur)
Rav Efraim Birbojm