sexta-feira, 22 de julho de 2011

SHABAT SHALOM M@IL - PARASHÁ MATÓT 5771

BS"D

 

COMUNICAÇÃO COM O INFINITO - PARASHÁ MATÓT 5771 (22 de julho de 2011)

 

"Atualmente todos os edifícios de Israel são preparados para bombardeios e ataques aéreos. Um dos quartos de cada apartamento, ou pelo menos um ambiente no subsolo do edifício, é construído com paredes de concreto maciço e janelas blindadas. Em caso de ataques aéreos, como aconteceu na Guerra do Golfo e na Guerra de Gaza, sirenes alertam os habitantes sobre o ataque iminente e todos correm o mais rápido que podem para os abrigos blindados.

 

Mas nem sempre foi assim. Em 1967, durante a Guerra dos 6 dias, Jerusalém estava sendo severamente bombardeada pelos aviões de guerra árabes. Naquela época, poucas pessoas tinham abrigos para se refugiar no momento dos ataques. Um dos lugares um pouco mais seguros para os moradores do centro de Jerusalém era o refeitório da famosa Yeshivá de Mir. O que havia lá de especial? Parte do refeitório era enterrado, protegendo as pessoas e funcionando como um abrigo nos momentos de ataques aéreos. Quando os ataques começavam, toda a vizinhança corria para lá.

 

Durante um dos fortes ataques, muitos correram para o refeitório de Mir, inclusive os alunos e rabinos da Yeshivá, entre eles o Rav Chaim Shmulevitz, o Rosh Yeshivá (Diretor). O refeitório estava completamente lotado. Muitas bombas caiam perto do edifício da Yeshivá, causando um barulho assustador e deixando as pessoas apavoradas.

 

O Rav Chaim Shmulevitz percebeu então que, em um canto escuro do refeitório, uma mulher rezava com muito fervor. Com os olhos fechados, ela conversava com D'us com muita emoção, como se pudesse vê-Lo e senti-Lo. O sofrimento daquela mulher era muito conhecido no bairro, pois seu marido a havia abandonado e nunca mais tinha mandado notícias. Curioso, o Rav Chaim Shmulevitz aproximou-se para ouvir o que ela pedia e escutou as seguintes palavras de desabafo:

 

- D'us, desde que meu marido me abandonou, Você sabe o quanto eu sofro diariamente. Diante de todos os meus conhecidos e amigos eu passo uma enorme vergonha e humilhação. Mas, apesar de todo o mal que ele me causa, eu o perdôo de todo o coração. Por favor, D'us, perdoe também o Seu povo e nos salve das mãos dos nossos inimigos.

 

O Rav Chaim Shmulevitz ficou emocionado ao escutar aquela reza tão sincera. Alguns minutos depois escutaram um forte barulho, seguido de um violento tremor e depois um silêncio total. Quando foram verificar o que havia acontecido, descobriram que um grande míssil havia caído dentro da Yeshivá de Mir. Era grande o suficiente para ter mandado pelos os ares toda a Yeshivá, matando imediatamente todos os que estavam escondidos no refeitório. Mas, apesar do forte impacto com a estrutura do edifício, milagrosamente o míssil não explodiu, salvando centenas de homens, mulheres e crianças.

 

Quando o Rav Chaim Shmulevitz contava esta história aos seus alunos, ele fazia questão de ressaltar sua certeza de que todos os presentes naquele refeitório, uma centena de pessoas, tiveram suas vidas salvas por causa da Tefilá sincera de uma única mulher"

 

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Na Parashá desta semana, Matót, a Torá nos descreve a guerra de vingança que D'us comandou contra o povo de Midian, por eles terem propositalmente desviado o povo judeu, levando-o à idolatria e promiscuidades. O mais grave no ato dos Midianim é que eles não tinham nenhum motivo importante para nos prejudicar. Não era uma questão de defesa pessoal, não era uma briga por território, era apenas um sentimento de ódio gratuito. Moshé então formou o exército com participantes de todas as tribos. E assim descreve o versículo: "Mil de cada tribo, mil de cada tribo, de todas as tribos de Israel vocês devem enviar para o exército" (Bamidbar 31:4). Como eram 12 tribos, o total de soldados enviados para a frente de batalha foi de 12 mil homens.

 

Nos ensina o Midrash Rabá (parte da Torá Oral) que na verdade não foram mandados para a guerra apenas mil homens de cada tribo, e sim três mil homens. Mil eram os soldados enviados para a frente de batalha, mas também foram enviados mil homens para cuidar dos suprimentos do exército e mais mil homens para fazer Tefilá (reza) pelos soldados.

 

Deste interessante Midrash surgem algumas perguntas. Em primeiro lugar, a guerra contra Midian havia sido comandada diretamente por D'us, para se vingar do ato desprezível deles. Se foi D'us Quem ordenou a guerra, certamente Ele ajudaria que o povo judeu tivesse sucesso. Portanto, com a vitória já garantida, por que era necessário rezar? Além disso, a linguagem do Midrash sugere que os homens que faziam Tefilá também saíram para a guerra junto com os soldados. Por que tiveram que fazer a Tefilá no local da batalha, ao invés de fazer a Tefilá no acampamento, junto com o resto do povo judeu? E finalmente, por que foi necessário designar mil homens de cada tribo para a Tefilá? Se estes homens não tivessem sido escolhidos, não é certeza de que Moshé e o resto do povo teriam rezando pelos soldados que foram para a batalha?

 

Explica o Rav Yechezkel Levinshtein que, por vivermos em um mundo material, onde a presença de D'us não é evidente e explícita, o ser humano vive muito próximo da mentira e da enganação. Por isso estamos tão propensos a viver com a idéia equivocada de que "minha força e o esforço de minhas mãos me trouxeram estas riquezas", esquecendo que D'us é o verdadeiro responsável por todo o nosso sucesso, em todas as áreas da vida. É necessário um grande e constante esforço para arrancar do nosso coração este tipo de idéia equivocada.

 

Apesar de Moshé ter mandado para o exército apenas Tzadikim (Justos) com elevado nível espiritual, escolhidos a dedo, eles também estavam sujeitos a, após a vitória na batalha, sentir orgulho por sua força e valentia. D'us quis ensinar, para a geração do deserto e para cada um de nós, uma das mais importantes lições de vida: as batalhas são vencidas através de méritos espirituais, não com a força física. Foi por isso que D'us mandou o mesmo número de soldados e de pessoas para fazerem Tefilá, demonstrando que, tão importante quanto a pessoa que segura a espada é aquele que está rezando e protegendo espiritualmente o exército.

 

Mas ainda fica uma pergunta: por que os homens que faziam Tefilá não podiam permanecer no acampamento? Explicam os nossos sábios que os 5 sentidos exercem muita influência sobre o ser humano, tanto para o bem quanto para o mal. Se os homens que faziam Tefilá tivessem permanecido longe do campo de batalha, os soldados não associariam sua vitória à Tefilá. Somente vendo com seus próprios olhos a força da Tefilá é que eles conseguiam fugir da falsa idéia de que a vitória era mérito dos seus golpes de espada. Se os soldados apenas imaginassem que o povo rezava por eles, sem ver com seus próprios olhos, não teria o mesmo impacto para salvá-los da mentira e enganação.

 

Quem estuda a história das modernas guerras de Israel logo percebe que elas não seguem nenhuma lógica. Vitória de 1 milhão de pessoas, com pouco treinamento militar e armas obsoletas, contra 12 milhões de árabes. Uma guerras vencida de forma arrasadora em 6 dias. Inimigos que fugiam sem estarem sendo perseguidos por ninguém, apenas por falsas informações de seus serviços de inteligência. Fatos que vão contra a lógica e o bom senso. Novamente a mão de D'us presente, para que tenhamos a certeza de que as vitórias não dependem de armamentos nem de soldados, e sim de méritos espirituais. Pois enquanto soldados iam para a frente de batalha, milhares de judeus no mundo inteiro rezavam fervorosamente, pedindo a ajuda e a proteção de D'us.

 

Mas se tudo depende da nossa Tefilá, por que temos que nos esforçar? Apenas para que D'us oculte Seus milagres atrás dos nossos atos. Fazemos a nossa parte, cumprimos a nossa obrigação, mas com a certeza de que os resultados dependem apenas de D'us.

 

Não apenas nas guerras corremos o risco de esquecer que nós somos apenas atores coadjuvantes neste mundo onde tudo o que acontece é controlado por D'us. Por este motivo nossos sábios decretaram que devemos pronunciar Brachót (bênçãos) antes de termos qualquer tipo de proveito do mundo material. É um lembrete que tudo que temos na vida, sem exceção, é um grande presente de D'us.

 

Portanto, este é um dos principais motivos pelos quais fazemos Tefilá: D'us sabe tudo o que necessitamos, mas quando fazemos uma Tefilá e abrimos nosso coração para pedir coisas para Ele, mesmo as nossas pequenas necessidades, estamos na verdade enraizando no nosso coração de que tudo vem de D'us.

   

SHABAT SHALOM

 

Rav Efraim Birbojm

 

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