BS"D
PRIORIDADES CONFUSAS - PARASHÁ BESHALACH 5771 (14 de janeiro de 2011)
"Esta história aconteceu há muitos anos. Isaac (nome fictício) ligou para o seu rabino na véspera de Yom Kipur. O rabino atendeu e ficou preocupado, pois a voz de Isaac parecia tensa. Provavelmente ele tinha algum problema muito grave para resolver.
- Rabino, graças a D'us eu consegui falar com você - desabafou Isaac - Sei que daqui a pouco é Yom Kipur, e a primeira reza é o Kol Nidrei, na qual todas as nossas promessas feitas durante o ano são anuladas. Mas exatamente no mesmo horário estará acontecendo a final da "Libertadores da América", um campeonato de futebol muito importante, e meu time está pela primeira vez na final. Como é que eu vou fazer?
O rabino pensou por alguns instantes e respondeu:
- Isaac, D'us te ama. Para que você acha que Ele permitiu que o Vídeo Cassete fosse inventado? Justamente para que você pudesse gravar e assistir depois!
Isaac abriu um enorme sorriso e falou:
- Que ótimo, rabino. Nunca na minha vida imaginei que eu pudesse gravar o Kol Nidrei". (História Real)
Esta história pode até parecer uma piada. Mas na nossa vida, muitas vezes também confundimos as nossas prioridades e deixamos o nosso crescimento espiritual de lado.
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O povo judeu é milenar. Temos mais de 3.300 anos de história como povo. Por diversas vezes tentaram nos destruir e nos exterminar, mas sempre fomos salvos pela Providência Divina. Porém, há algo que pode destruir o judaísmo, que tem o poder de abalar nossas fundações de maneira como nenhum inimigo jamais conseguiu: a assimilação, a perda da identidade judaica, o comodismo espiritual. Estatísticas mostram que a assimilação vem destruindo o judaísmo de forma acelerada. Por que atualmente tantos judeus não se importam mais com todo o legado dos nossos avôs e bisavôs? Por que tantos deixam apagar a chama pela qual nossos antepassados deram a vida para manter acesa?
A resposta está na Parashá desta semana, Beshalach, quando finalmente o povo judeu saiu do Egito. D'us fez com que os judeus saíssem rapidamente, pois a convivência com os egípcios, suas idolatrias, valores distorcidos e promiscuidades haviam levado o povo judeu a 49 níveis de impureza espiritual. Se chegassem ao nível 50, não haveria mais caminho de volta. Os judeus abandonaram imediatamente o lugar onde foram escravos por mais de 200 anos, mas não se sentiam ainda livres e seguros, pois apesar das pesadas baixas egípcias, eles ainda tinham um exército forte. E o temor dos judeus se concretizou, pois logo os egípcios se arrependeram por terem libertado seus escravos e partiram em perseguição a eles. D'us preparou então o grande encerramento: abriu o Mar Vermelho para a passagem do povo judeu em solo seco, trouxe os egípcios para dentro do mar e fechou as águas sobre eles, acabando definitivamente com a escravidão.
Logo no começo da Parashá há um versículo interessante: "E aconteceu que, quando o faraó enviou o povo, D'us não os levou através da terra dos Plishtim (Filisteus), que estava mais perto… Mas D'us fez o povo dar a volta pelo caminho do deserto do Mar Vermelho" (Shemot 13:17,18). O que havia de tão negativo em passar pela terra dos Plishtim que levou D'us a desviar a rota do povo? Não era um caminho melhor do que ir através do deserto, um lugar cheio de perigos e incertezas?
Explica o rabino Isroel Meir HaCohen, mais conhecido como Chafetz Chaim, que D'us tinha realmente duas opções para a saída do povo judeu, uma pela terra dos Plishtim e outra pelo deserto, e cada uma delas apresentava vantagens e desvantagens. A terra dos Plishtim tinha como vantagens o fato de ser um caminho mais curto, além dos alimentos e a água poderem ser conseguidos com muito mais facilidade, por ser uma terra habitada. Como desvantagens havia, em primeiro lugar, uma possível guerra com os Plishtim, fato que amedrontaria os ainda assustados judeus. Além disso, desde a saída do Egito, D'us já estava começando um processo de purificação do povo judeu, para que pudessem receber a Torá. Cada dia eles se elevavam um nível espiritual, se afastando dos 49 níveis de impureza a que tinham chegado. O contato com os Plishtim, um povo também envolvido com idolatrias e com condutas morais questionáveis, poderia colocar em risco o crescimento espiritual do povo judeu. Já o deserto tinha como grande vantagem o fato de ser um local desolado, onde os judeus não entrariam em contato com nenhum tipo de impureza e poderiam desenvolver seu crescimento espiritual. Mas o deserto tinha uma grande desvantagem, que era a dificuldade, às vezes até mesmo a impossibilidade, de conseguir alimentos e água de forma natural.
Se dependesse de nós a decisão, o que escolheríamos? Com certeza o caminho pelos Plishtim, pois é este o caminho que muitos vezes escolhemos para nossas vidas. Com um mercado de trabalho cada vez mais competitivo, é preciso se preparar bem. Além do colégio, é necessários cursos de línguas, música, esportes. Então chega o momento da faculdade, quando cada vez mais cedo começamos estágios e cursos extracurriculares. Depois disso surge a necessidade de um Mestrado, MBA e cursos de atualização. Tudo isso para garantir um bom sustento. Mas e para o lado espiritual, quanto tempo sobra? Nada. Escolhemos o caminho onde o sustento será mais fácil, enquanto nossa espiritualidade fica em segundo plano, como o caminho dos Plishtim.
Por isso vem a Parashá da semana para nos ensinar a tomar um caminho diferente na vida. D'us preferiu levar o povo judeu pelo deserto, e não pelo caminho dos Plishtim, para nos ensinar que o nosso foco principal na vida deve ser nosso desenvolvimento espiritual. Mas e o sustento? Isto não foi nenhum problema para a geração do deserto. D'us fez um grande milagre e cada um recebeu, na porta de sua casa, o Man (Maná), todos os dias, exatamente na quantidade necessária para seu sustento diário. Além disso, as roupas cresciam junto com o corpo, os sapatos não se gastavam e um poço de água acompanhava o povo. Se D'us pôde sustentou 3 milhões de pessoas no deserto, certamente também pode mandar o nosso sustento diário.
Mas se D'us teve que fazer milagres de qualquer maneira, então por que Ele não nos levou pelo caminho dos Plishtim e fez um milagre para garantir o nosso crescimento espiritual? Pois todo o motivo da criação do mundo material foi para que tivéssemos méritos pelo nosso crescimento espiritual, através das nossas escolhas corretas, o bom uso do nosso livre arbítrio. Em relação ao sustento, D'us pode nos mandar um presente do Céu sem tirar nosso livre arbítrio, mas o nosso crescimento espiritual deve depender apenas do nosso próprio esforço.
Então o que devemos fazer, apenas o nosso trabalho espiritual, enquanto esperamos que o nosso sustento caia do céu? O Talmud (Torá Oral) nos responde esta pergunta. No tratado de Pessachim está escrito "O sustento do ser humano é tão difícil quanto a abertura do Mar Vermelho". O que significa este ensinamento? Por acaso foi difícil para o Criador do universo abrir o Mar Vermelho?
Somos muito influenciados pelos filmes que assistimos na televisão. No clássico filme "Os 10 mandamentos", com o ator Charlton Heston, Moshé levantava seu cajado e imediatamente as águas do mar se abriam, e foi esta a imagem que ficou nas nossas cabeças. Mas segundo a Torá isto é um grande erro. As águas não se abriram imediatamente, ao contrário, o povo inteiro teve que entrar no mar, e somente quando a água chegou à altura do nariz, quando era impossível continuar, é que o mar se abriu. A dificuldade da abertura do mar foi confiar que, quando eles fizessem a parte deles até onde era possível, D'us faria a parte Dele. Assim também é a dificuldade no sustento do ser humano, pois devemos nos esforçar, estamos obrigados a fazer a nossa parte, mas sabendo que será D'us quem nos mandará o que necessitamos. E fazer a nossa parte significa ter um equilíbrio entre o material e o espiritual, investir no trabalho, mas sem deixar a espiritualidade de lado.
Por exemplo, muitos gostariam de respeitar o Shabat e não trabalhar, mas alegam que necessitam do dinheiro que recebem no Sábado. Será que para D'us é difícil mandar nosso sustento de outras formas? Aquele que sustentou 3 milhões de pessoas durante 40 anos no deserto, sem nunca faltar água nem comida, não consegue ajudar a uma pessoa que quer cumprir a Sua vontade? É preciso coragem e Emuná (fé), é preciso ir até o nosso limite, mas sabendo que todos aqueles que foram até onde era possível viram o mar se abrindo diante deles.
As decisões que tomamos não afetam apenas as nossas vidas, mas também as de nossos filhos, netos e bisnetos. Somos os modelos de nossos filhos. Se optamos por ganhar um pouco mais de dinheiro ao invés de ir na sinagoga no Shabat, a mensagem para os filhos é clara: dinheiro é importante, a parte espiritual é secundária. Com isto, os filhos vão crescendo cada vez mais alienados da educação religiosa, cada vez mais desinteressados. Isto causa assimilação, isto ameaça todo o povo judeu. Mais do que as ameaças iranianas, mais do que o surgimento do neonazismo, o que coloca em risco o povo judeu é a nossa apatia. O futuro do povo judeu está nas mãos de cada um de nós.
SHABAT SHALOM
Rav Efraim Birbojm
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