BS"D
RECONHECENDO AS BONDADES OCULTAS - PARASHÁ VAIECHI 5771 (17 de dezembro de 2010)
"Certo dia um grande e rico empresário viajou com seu filho de oito anos até uma pequena cidade do interior. O empresário tinha o firme propósito de mostrar ao filho como existem pessoas pobres que não têm nada na vida. Passaram dois dias em um sítio muito simples, de uma família bem pobre. Quando retornaram da viagem, o pai perguntou ao filho:
- E aí filhão, como foi a viagem para você?
- Muito boa, pai - respondeu o pequeno.
- Você viu, filho, como as pessoas podem ser pobres? Não sei como é que existe gente assim no mundo, não é, filhão?
- Sim pai, retrucou o filho, pensativo.
- E o que você aprendeu com tudo o que viu nesses dias?
O menino respondeu, com toda a sinceridade de uma criança:
- É pai, eu vi que nós temos uma piscina que alcança o meio do jardim e eles têm um riacho que não tem fim. Nós temos uma varanda coberta e iluminada com lâmpadas fluorescentes e eles têm as estrelas e a lua no céu. Nós temos alguns canários que vivem tristes, presos em uma gaiola, e eles têm todas as aves que a natureza pode oferecer-lhes, soltas. Nossa comida é industrializada, a deles é pescada no riacho e colhida na horta. Eu observei que eles rezam antes de qualquer refeição, enquanto nós sentamos à mesa e falamos de negócios e eventos sociais, preocupados apenas com a etiqueta. Quando fui dormir no quarto do Tonho eu passei muita vergonha, pois não sabia sequer rezar, enquanto ele sentou-se antes de dormir e agradeceu a D'us por tudo, inclusive pela nossa visita em sua casa. Nós, aqui em casa, vamos para o quarto, deitamos, assistimos à televisão e dormimos.
- Outra coisa, pai – continuou o garoto - eu dormi na rede do Tonho, enquanto ele dormiu no chão, pois não havia rede para os dois. Já em nossa casa colocamos nossa empregada para dormir naquele quarto onde guardamos entulhos, sem nenhum conforto, enquanto temos camas macias e cheirosas sobrando, mas que ficam guardadas para aqueles hóspedes chatos e gananciosos que sempre vêm nos visitar.
Conforme o pequeno garoto falava, o pai ficava cada vez mais envergonhado. E o filho, na sua sábia ingenuidade, levantou-se, abraçou o pai e finalizou:
- Obrigado pai, por ter me mostrado o quão pobres e mesquinhos nós somos"
Tudo o que você tem depende da maneira como você olha, da maneira como você valoriza. Se você tem amor, amigos, família e saúde, você recebeu de D'us tudo o que você precisa. Porém, se você é egoísta e pobre de espírito, então você não tem nada.
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Com a Parashá desta semana, Vaiechi, que descreve a morte do nosso patriarca Yaacov, terminamos o primeiro livro da Torá, Bereshit, mais conhecido como o "Livro da Criação". Mas por que o livro inteiro é chamado de "Livro da Criação" se a criação do mundo se concentra apenas na primeira Parashá, Bereshit? Pois na Parashá Bereshit a Torá nos conta somente sobre a criação física do mundo, enquanto o resto do livro nos ensina sobre a construção espiritual do mundo, sendo os nossos três patriarcas, Avraham, Yitzchak e Yaacov, os três pilares de sustentação do mundo espiritual.
Yaacov, pouco antes de falecer, reuniu todos os seus filhos e deu para cada um deles Brachót (bençãos). Na Brachá que ele deu para Yossef está escrito: "E abençoou a Yossef e disse: D'us, diante de Quem andaram meus pais Avraham e Yitzchak, D'us que me alimentou desde quando eu nasci até este dia" (Bereshit 48:15). É interessante perceber que, quando Yaacov fez este agradecimento a D'us, ele já era um homem muito rico, além de ser o pai do vice-rei do Egito. Por que ele se referiu a D'us como "Aquele que me alimentou"? Ele não precisava agradecer por coisas maiores e mais importantes do que o pão que comeu todos os dias?
Em geral as pessoas sabem reconhecer e agradecer por uma bondade recebida. Uma pessoa que recebeu um presente imediatamente agradece. Mas um dos maiores problema do ser humano é que, quando recebemos bondades o tempo todo, nos acostumamos e deixamos de perceber e agradecer a quem nos fez o bem. Isso acontece no nosso trabalho, com nossos amigos e até mesmo com nossas famílias. Em geral, quanto mais próximo o benfeitor e quanto mais constante a bondade, menor o grau de percepção e agradecimento. Por exemplo, quantas vezes agradecemos aos nossos pais pelo almoço e pelo jantar? Estamos tão acostumados a chegar em casa e a comida estar pronta e servida na mesa que nos esquecemos o quanto as pessoas se esforçaram para aquele jantar estar tão caprichado. Com o tempo consideramos inclusive que a pessoa não fez mais do que sua obrigação. O problema é que este fenômeno ocorre também no nosso relacionamento com D'us, pois Dele recebemos bondades tão constantes e tão importantes na nossa vida que deixamos de apreciar e reconhecer.
Foi justamente por isso que nossos sábios instituíram a obrigação de recitarmos Brachót antes de termos qualquer tipo de proveito do mundo material ou como agradecimento por coisas boas que recebemos, como, por exemplo, as Brachót da manhã, nas quais agradecemos por nossa visão, por podermos caminhar e até mesmo pelas roupas e sapatos que vestimos. Outro exemplo são as Brachót que fazemos antes de consumir qualquer tipo de alimento. Se alimentar é algo tão natural e tão cotidiano que fazemos sem prestar atenção. Por isso nossos sábios fixaram as Brachót, para despertar nosso reconhecimento de que todos os alimentos vêm de D'us. Justamente por ser um ato tão cotidiano, poderíamos pensar que não é mais do que obrigação D'us nos mandar os alimentos. As Brachót nos lembram que todos os alimentos que consumimos são uma grande bondade Dele.
Um dos principais propósitos da Tefilá (reza) também é nos conectar com D'us para que possamos reconhecer Suas bondades. É por isso que nossos sábios, quando fixaram as palavras da Amidá (reza silenciosa), começaram com três Brachót de louvor para D'us antes dos pedidos pessoais. E logo na primeira Brachá nossos sábios escreveram que D'us é "Konê Hakol". A tradução literal é que D'us é o Dono de tudo, pois foi Ele quem criou todo o universo a partir do nada. Mas nossos sábios explicam que "Konê Hakol" também significa "Aquele que recria tudo a cada instante". Mas o que isto significa? D'us não criou tudo durante os 7 dias da Criação? Por exemplo, quando um marceneiro faz uma mesa, depois que ela está pronta não é necessário recriá-la a cada instante. Então por que dizemos na Tefilá que D'us recria tudo a cada instante?
Existe uma grande diferença entre os atos de criação de um ser humano e os atos de criação de D'us. Quando um marceneiro faz uma mesa, na verdade ele não está criando nada, está apenas transformando algo que já existe. Ele pega pedaços de madeira e apenas corta, cola e prega. Por isso, depois da mesa estar pronta, não é necessário recriar, pois na verdade nada foi criado, tudo existente foi apenas transformado. Já as criações de D'us foram feitas a partir do nada, por isso precisam ser recriadas a cada instante.
Muitas coisas que existem no mundo material servem como exemplos para entender conceitos espirituais. Um paralelo interessante deste conceito são as sessões de cinema antigas, que utilizavam os velhos projetores com fitas. Cada fita continha milhares de pequenos quadros com fotos estáticas que, ao serem passadas em alta velocidade, causavam a ilusão de movimento. Imagine se o responsável pelo projetor resolvesse, no meio do filme, cortar alguns pequenos quadros, o que aconteceria? O filme ficaria esburacado, poderia até mesmo parar. Assim também ocorre conosco, cada instante é como se fosse um pequeno quadro no filme de nossas vidas, cujo script D'us precisa reescrever a cada instante. O que isto quer dizer? Que, apesar de não percebermos, D'us está recriando o mundo a cada instante. Se Ele parasse de criar por um instante, tudo terminaria imediatamente. Isto é uma bondade que não tem tamanho, e vivemos sem nem mesmo perceber.
Portanto, recebemos bondades de D'us a cada segundo, a cada instante, mas não reconhecemos. É este o grande louvor que a Torá está dando para Yaacov, que, apesar de toda a sua riqueza, sabia que até mesmo cada pequeno pedaço de pão que comia era uma grande bondade de D'us. Assim devemos nos comportar, refletindo e tentando prestar atenção a tudo de bom que recebemos dos outros, principalmente daqueles que mais nos fazem bem e menos são reconhecidos.
SHABAT SHALOM
Rav Efraim Birbojm
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